Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
ÓPTIMO 2009
Não esquecendo que "nenhum problema pode ser resolvido pela mesma consciência que os criou" (Albert Einstein), desejo a todos os que já aceitaram fazer parte do CAES, aos inscritos na lista de discução e aos visitantes habituais do Blog Terra Livre, um Óptimo 2009.
Teófilo Braga
A PODA 9 MESES DEPOIS
Em Fevereiro deste ano critiquei a entidade que havia procedido à poda de algumas árvores no Pico da Pedra,a qual, por incrível que pareça, foi "apoiada" pelo Presidente da Cada do Povo do Pico da Pedra.
A Câmara Municipal da Ribeira Grande e a Junta de Freguesia do Pico da Pedra lamaentaram o ocorrido e passaram a "culpa" para a empresa que a realizou.
A minha curiosidade é saber se a empresa foi paga pelo "arboricidio".
Abaixo, deixo algumas fotos tiradas hoje, bem como o texto enviado na altura ao presidente da Casa do Povo do Pico da Pedra.
A FOLHA DE COUVE DA CASA DO POVO DO PICO DA PEDRA
Manchando o nome de um boletim homónimo, entretanto desaparecido na freguesia, a actual direcção da Casa do Povo publica uma folha de couve que no seu número 122, do corrente mês de Fevereiro, apresenta uma preocupação com o que se passa na freguesia das Furnas e com o "risco de (se) perder toda a credibilidade" por parte dos Amigos dos Açores.
Por se tratar de uma questão de "lana caprina", tentarei responder à letra ao escriba da nota intitulada "Poda radical" ou ao presidente da referida instituição já que a mesma não vem assinada.
Deixando de parte a questão técnica das podas, vamos ao que interessa:
Em primeiro lugar é injusto afirmar que "é mais fácil "malhar" numa Junta de Freguesia do que numa Secretaria Regional" pois, segundo é do meu conhecimento o ofício dos Amigos dos Açores a criticar a pseudo poda realizada, na Avenida da Paz, foi dirigido ao Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, entidade que era suposto ser a responsável pelo atentado. Apenas foi dado conhecimento ao sr. Presidente da Junta de Freguesia do Pico da Pedra e só soubemos, posteriormente, através de notícia publicada no jornal Açoriano Oriental e através de gentil ofício do sr. Presidente da Junta que foram responsabilidade desta as podas já referidas.
Em segundo lugar não é o presidente da Casa do Povo a pessoa mais indicada (ou é?) em falar em perda de credibilidade. Não será por isso que a Casa do Povo tem o número reduzido de sócios que tem?
Termino, afrimando que o Presidente da Casa do Povo perdeu uma boa oportunidade para estar quieto e calado, já que a nota publicada na rúbrica "Radar", para além de infeliz não acertou no alvo.
Pico da Pedra, 15 de Fevereiro de 2007
Teófilo Braga
A Câmara Municipal da Ribeira Grande e a Junta de Freguesia do Pico da Pedra lamaentaram o ocorrido e passaram a "culpa" para a empresa que a realizou.
A minha curiosidade é saber se a empresa foi paga pelo "arboricidio".
Abaixo, deixo algumas fotos tiradas hoje, bem como o texto enviado na altura ao presidente da Casa do Povo do Pico da Pedra.
A FOLHA DE COUVE DA CASA DO POVO DO PICO DA PEDRA
Manchando o nome de um boletim homónimo, entretanto desaparecido na freguesia, a actual direcção da Casa do Povo publica uma folha de couve que no seu número 122, do corrente mês de Fevereiro, apresenta uma preocupação com o que se passa na freguesia das Furnas e com o "risco de (se) perder toda a credibilidade" por parte dos Amigos dos Açores.
Por se tratar de uma questão de "lana caprina", tentarei responder à letra ao escriba da nota intitulada "Poda radical" ou ao presidente da referida instituição já que a mesma não vem assinada.
Deixando de parte a questão técnica das podas, vamos ao que interessa:
Em primeiro lugar é injusto afirmar que "é mais fácil "malhar" numa Junta de Freguesia do que numa Secretaria Regional" pois, segundo é do meu conhecimento o ofício dos Amigos dos Açores a criticar a pseudo poda realizada, na Avenida da Paz, foi dirigido ao Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, entidade que era suposto ser a responsável pelo atentado. Apenas foi dado conhecimento ao sr. Presidente da Junta de Freguesia do Pico da Pedra e só soubemos, posteriormente, através de notícia publicada no jornal Açoriano Oriental e através de gentil ofício do sr. Presidente da Junta que foram responsabilidade desta as podas já referidas.
Em segundo lugar não é o presidente da Casa do Povo a pessoa mais indicada (ou é?) em falar em perda de credibilidade. Não será por isso que a Casa do Povo tem o número reduzido de sócios que tem?
Termino, afrimando que o Presidente da Casa do Povo perdeu uma boa oportunidade para estar quieto e calado, já que a nota publicada na rúbrica "Radar", para além de infeliz não acertou no alvo.
Pico da Pedra, 15 de Fevereiro de 2007
Teófilo Braga
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Terra Livre nº4
Já está disponível o boletim Terra Livre nº4, relativo ao mês de Janeiro de 2009.
Todos os interessados poderão lê-lo aqui.
sábado, 27 de dezembro de 2008
Viana do Castelo acaba com touradas
Fim das touradas foi a "medida mais popular"
PAULO JULIÃO, Viana do Castelo
Câmara inundada com parabéns de todo o mundo
Autarca diz que nunca tinha sido tão felicitado por uma decisão
Depois da contestação inicial por parte dos aficionados, o fim das touradas em
Viana do Castelo afigura-se, afinal, como uma das medidas "mais populares" do
autarca socialista que lidera a câmara local desde 1993. A revelação foi
feita ontem pelo próprio Defensor Moura, dando conta de que desde que a
autarquia anunciou a compra da Praça de Touros para reconverter o espaço em
museu foi "inundada" por mensagens de felicitações de todo o mundo.
"Nunca tomei uma medida tão popular, internacionalmente. São mais de mil
e-mails que recebemos de todo o mundo felicitando pelo fim das touradas",
anunciou o socialista. Durante mais de um século, a tourada esteve intimamente
ligada a Viana do Castelo, o que agora acabará com a compra, pela Câmara
Municipal, da actual Praça de Touros. O objectivo passa por transformar o
espaço num Museu de Ciência Viva, de forma a aproveitar a proximidade ao
Parque Urbano, onde funciona o Centro de Monitorização e Interpretação
Ambiental.
A compra será feita por 5127,74 euros e, reconheceu Defensor Moura,
representará o fim das touradas em Viana do Castelo, tradição que remonta a
1871, com a instalação da primeira praça de touros, ainda de madeira, num
outro local da cidade, já então integrada na Romaria da Senhora d'Agonia.
"Temos recebido mensagens de apoio, por Viana do Castelo ser uma cidade sem
touradas", afirmou ainda, acrescentando: "No século XXI é uma atrocidade
continuar a sacrificar animais em público daquela maneira", diz o autarca,
sublinhando que a cidade não tem nenhuma tradição enraizada do género. "Não
temos toureiros, forcados, touros ou cavalos", afirma.
O actual edifício foi construído em 1949, para que a cidade passasse a dispor
de um espaço definitivo, dispondo mesmo de uma pequena capela no interior.
Actualmente recebia apenas uma tourada por ano, por ocasião da Romaria
d'Agonia.
http://dn.sapo.pt/2008/12/24/cidades/fim_touradas_a_medida_mais_popular.html
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Diversidade Socioambiental
O capitalismo é um sistema político-religioso cujo princípio consiste em tirar das pessoas o que elas têm e fazê-las desejar o que não têm -sempre
A diversidade das formas de vida na Terra (e sabe-se lá mais onde) é consubstancial à vida enquanto forma da matéria. Essa diversidade é o movimento mesmo da vida enquanto informação, tomada de forma que interioriza a diferença -- as variações de potencial existentes em um universo constituído pela distribuição heterogênea de matéria/energia -- para produzir mais diferença, isto é, mais informação. A vida, nesse sentido, é uma exponenciação -- um redobramento ou multiplicação da diferença por si mesma. Isso se aplica igualmente à vida humana. A diversidade de modos de vida humanos é uma diversidade dos modos de nos realcionarmos com a vida em geral, e com as inumeráveis formas singulares de vida que ocupam (informam) todos os nichos possíveis do mundo que conhecemos (e sabe-se lá de quantos outros). A diversidade humana, social ou cultural, é uma manifestação da diversidade ambiental, ou natural -- é a ela que nos constitui como uma forma singular da vida, nosso modo próprio de ineriorizar a diversidade "externa"(ambiental) e assim reproduzi-la. Por isso a presente crise ambiental é, para os humanos, uma crise cultural, crise de diversidade, ameaça à vida humana.
A crise se instala quando se perde de vista o caráter relativo, reversível e recursivo da distinção entre ambiente e sociedade. O poeta e pensador Paul Valéry constatava sombrio, pouco depois da Primeira Guerra Mundial, que "nós, civilizações [européias], sabemos agora que somos mortais". Neste começo algo crepuscular do presente século, passamos a saber que, além de mortais, "nós, civilizações", somos mortíferas, e mortíferas não apenas para nós, mas para um número incalculável de espécies vivas -- inclusive para a nossa. Nós, humanos modernos, filhos das civilizações mortais de Valéry, parece que ainda não desesquecemos que pertencemos à vida, e não o contrário. E olhem que já soubemos disso. Algumas civilizações sabem disso; muitas outras, algumas das quais matamos, sabiam disso. Mas hoje, começa a ficar urgentemente claro até para "nós mesmos" que é do supremo e urgente interesse da espécie humana abandonar uma perspectiva antropocêntrica. Se a exigência parece paradoxal, é porque ela o é; tal é nossa presente condição. Mas nem todo paradoxo implica uma impossibilidade; os rumos que nossa civilização tomou nada têm de necessário, do ponto de vista da espécie humana. É possível mudar de rumo, ainda que isso signifique -- está na hora de encararmos a chamada realidade -- mudar muito daquilo que muitos considerariam como a essência de nossa civilização. Nosso curioso modo de dizer "nós", por exemplo, excluindo-se dos outros, isto é, do "ambiente".
O que chamamos ambiente é uma sociedade de sociedades, como o que chamamos de sociedade é um ambiente de ambientes. O que é "ambiente" para uma dada sociedade será "sociedade" para um outro ambiente, e assim por diante. Ecologia é sociologia, e reciprocamente. Como dizia o grande sociólogo Gabriel Tarde, "toda coisa é uma sociedade, todo fenômeno é um fato social". Toda diversidade é ao mesmo tempo um fato social e um fato ambiental; impossível separá-los sem que não nos despenhemos no abismo assim aberto, ao destruirmos nossas próprias condições de existência.
A diversidade é, portanto, um valor superior para a vida. A vida vive da diferença; toda vez que uma diferença se anula, há morte. "Existir é diferir", continuava Tarde; "é a diversidade, não a unidade, que está no coração das coisas". Dessa forma, é a própria idéia de valor, o valor de todo valor, por assim dizer -- o coração da realidade --, que supõe e afirma a diversidade.
É verdade que a morte de uns é a vida de outros e que, nesse sentido, as diferenças que formam a condição irredutível do mundo jamais se anulam realmente, apenas "mudam de lugar" (o chamado princípio da conservação de energia). Mas nem todo lugar é igualmente bom para nós, humanos. Nem todo lugar tem o mesmo valor. (Ecologia é isso: avaliação do lugar). Diversidade socioambiental é a condição de uma vida rica, uma vida capaz de articular o maior número possível de diferenças significativas. VIda, valor e sentido, são, finalmente, os três nomes, ou efeitos, da diferença.
Falar em diversidade socioambiental não é fazer uma constatação, mas um chamado à luta. Não se trata de celebrar ou lamentar uma diversidade passada, residualmente mantida ou irrecuperavelmente perdida -- uma diferença diferenciada, estática, sedimentada em identidades separadas e prontas para consumo. Sabemos como a diversidade socioambiental, tomada como mera variedade no mundo, pode ser usada para substituir as verdadeiras diferenças por diferenças factícias, pos distinções narcisistas que repetem ao infinito a morna identidade dos consumidores, tanto mais parecidos entre si quanto mais diferentes se imaginam.
Mas a bandeira da diversidade real aponta para o futuro, para uma diferença diferenciante, um devir onde não é apenas o plural (a variedade sob o comando de uma unidade superior), mas o múltiplo (a variação complexa que não se deixa totalizar por uma transcendência) que está em jogo. A diversidade socioambiental é o que se quer produzir, promover, favorecer. Não é uma questão de preservação, mas de perseverança. Não é um problema de controle tecnológico, mas de auto-determinação política.
É um problema, em suma, de mudar de vida, porque em outro e muito mais grave sentido, vida, só há uma. Mudar de vida -- mudar de modo de vida; mudar de "sistema". O capitalismo é sistema político-religioso cujo princípio consiste em tirar das pessoas o que elas têm e fazê-las desejar o que não têm -- sempre. Outro nome desse princípio é "desenvolvimento econômico". Estamos aqui em plena teologia da falta e da queda, da insaciabilidade infinita do desejo humano perante os meios materiais finitos de satisfazê-los. A noção recente de "desenvolvimento sustentável" é, no fundo, apenas um modo de tornar sustentável a noção de desenvolvimento, a qual já deveria ter ido para usina de reciclagem das idéias. Contra o desenvolvimento sustentável, é preciso fazer valer o conceito de suficiência antropológica. Não se trata de auto-suficiência, visto que a vida é diferença, relação com a alteridade, abertura para o exterior em vista da interiorização perpétua, sempre inacabada, desse exterior (o fora nos mantém, somos o fora, diferimos de nós mesmos a cada instante). Mas se trata sim de auto-determinação, de capacidade de determinar para si mesmo, como projeto político, uma vida que seja boa o bastante.
O desenvolvimento é sempre suposto ser uma necessidade antropológica, exatamente porque ele supõe uma antropologia da necessidade: infinitude subjetiva do homem -- seus desejos insaciáveis -- em insolúvel contradição com a finitude objetiva do ambiente -- a escassez dos recursos. Estamos no coração da economia teológica do Ocidente, como tão bem mostrou Marshall Sahlins; na verdade, na origem de nossa teologia econômica do "desenvolvimento". Mas essa concepção econômico-teológica da necessidade é, em todos os sentidos, desnecessária. O que precisaríamos é de um conceito de suficiência, não de necessidade. Contra a teologia da necessidade, uma pragmática da suficiência. Contra a aceleração do crescimento, a aceleração das transferências de riqueza, ou circulação livre das diferenças; contra a teoria economicista do desenvolvimento necessário, a cosmo-pragmática da ação suficiente. A suficiência é uma relação mais livre que a necessidade. As condições suficientes são maiores -- mais diversas -- que as condições necessárias. Contra o mundo do "tudo é necessário, nada suficiente", a favor de um mundo onde "muito pouco é necessário, quase tudo é suficiente". Quem sabe assim tenhamos um mundo a deixar para nossos filhos.
Eduardo Viveiros de Castro
Antropólogo do Museu Nacional (UFRJ),
Especial para o Almanaque Brasil Socioambiental 2008.
Extraído daqui.
sábado, 20 de dezembro de 2008
O Desenvolvimento Ecologicamente Sustentado...
Por Jacinto Rodrigues
Resumo
Não é possível construir uma sociedade de justiça social sem mudança do modelo territorial energético, baseado na sustentabilidade ecológica.A ecologia, como fundamento substantivo da política e da técnica, torna-se essencial para a alternativa ao paradigma do capitalismo na fase da globalização.
Palavras-chave:
Desenvolvimento ecologicamente sustentado
Ecodesenvolvimento
Eco-ciência planetária
Mesmo para o cidadão comum, de hoje, é uma evidência constatar a evolução do capitalismo e reconhecer a especificidade desta etapa que se designa de globalização.Porém, a questão essencial é saber se a natureza do sistema capitalista mudou.
a) Será que desapareceram a exploração, dominação e as injustiças sociais que advêm desse modelo social?
b) Encontrou este modelo capitalista um processo de concertação dos seus antagonismos, inerentes ao seu processo de funcionamento?
c) Que ocorreu em relação à capacidade de resposta dos grupos sociais explorados e dominados, aos novos processos de economia transnacionalizada na sua nova fase do capitalismo financeiro, “financiarização”, de cibernetização tecnológica, “informatização” e alargamento manipulatório “mediatização”? (AMIN 1997))
No estado actual, a etapa da globalização alargou a economia de mercado para uma fase cada vez mais gravosa para com o equilíbrio da biosfera. O valor de uso dos produtos tornou-se presa de interesses financeiros dominantes. O oligopolismo, ou seja, o capital financeiro sobrepôs-se à lógica de investimentos produtivos. A geopolítica do capital transnacionalizado impôs modelos sociais/militares e tecnológicos mundializados.
A generalização de uma tecnologia que produza um antagonismo crescente em relação à biosfera.
Esse antagonismo crescente revela-se essencialmente pelo facto de que este modelo tecnológico funciona como uma predacção exterminadora dos bens planetários criando simultaneamente resíduos superiores à reciclagem de que dispõe a biosfera.
Os eco-sistemas são violentados pelo alargamento duma tecnologia produtora de esgotamento energético e matérias-primas, ao mesmo tempo que gera lixos tóxicos.
A generalização desse antagonismo capitalismo versus natureza, acompanha e agrava outros antagonismos essenciais. Cresce o fosso ente os grupos cada vez mais reduzidos, detentores do meios de dominação, produção e alienação e o resto da sociedade que, por sua vez, se decompõe em grupos sociais integrados e outros excluídos.
Cresce o fosso entre regiões onde o crescimentos se realizou à custa da periferia despojada dos seus próprios meios naturais de subsistência.Por outro lado, ocorrem antagonismos também entre os próprios detentores do capital porque a concentração e a concorrência inerente ao modelo mercantil acentua rivalidades em torno da conquista do poder dominante. A concentração faz-se através do aniquilamento dos mais fracos que têm de se sujeitar a essa geo-estratégia de concentração.
O modelo tecnológico, aparece com uma lógica de produtivismo quantitativo que insinua um progresso social. A tecno-ciência mecanicista/positivista (sem uma base ecológica e assente na energia fóssil e na poluição) constitui a trama essencial da produção. Com efeito, dos transportes à agro-indústria, o modelo tecno-científico hegemoniza o tipo de crescimento da economia capitalista.
O sistema de ensino do Estado, privado ou empresarial, constitui um pilar de reprodução do próprio sistema. A socialização cultural é substituída pela institucionalização escolar. Esses referentes paradigmáticos interferiram na estrutura cognitiva, criando e reflectindo uma concepção de ciência e de cultura. Os “epistemes” são produzidos e reproduzidos nesta “grelha de interpretação” (WALLACE 1963) que interessem a manutenção social.
A organização territorial consolida a integração social de maiorias e exclusão de minorias não adaptativas.
A concentração urbana caracteriza esse habitat alheado do eco-sistema. Mas a organização territorial desta fase de globalização tem gerado dispositivos topológicos (FOUCAULT, 1976) que constituem formas de integração e de dominação cada vez mais sofisticadas. A maquilhagem formal, a espectacularidade das edificações, escondem adestramentos comportamentais das populações e marcam com geo-estratégias complexas, a reprodução alargada da força de trabalho, o domínio manipulatório e/ou compulsivo de hábitos (BOURDIEU-PASSERON, 1964)), de formas de vida e de consumo.
Durante o processo da mundialização da economia capitalista, através das formas coloniais ou neo-coloniais, as sociedades tradicionais de economia de subsistência apresentaram, e apresentam ainda hoje, resistências à imposição desse modelo capitalista, social, tecnológico, territorial e educativo.
Essas sociedades tradicionais não têm actividades puramente económicas. A caça e a agricultura são actividades familiares e comunitárias. Como refere Polanyi,(POLANYI, 1980)) os princípios dessas sociedades vernaculares são formas de reciprocidade que estabelecem um tecido de obrigações mútuas estreitando os laços entre os membros da comunidade. (Goldsmith, 1995)
A tecnologia e o habitat das sociedades vernaculares constituem as formas de estar duma sociedade em busca da auto-suficiência, que obedece às imposições do nicho ecológico em que a comunidade se insereO processo educativo na sociedade, confunde-se com a socialização, vigorando o processo de adaptação à comunidade e ao eco-sistema de que são dependentes.
O processo colonial e neo-colonial instaura-se essencialmente pelo sistema tecnológico e pelos novos dispositivos territoriais. São estes elementos fortes que facilitam a “pilhagem” e produzem a catástrofe das populações nativas.
O habitat e a tecnologia tradicionais, não produziam esgotamento dos bens naturais. Os detritos eram reciclados pelo ecosistema local.A transmissão de doenças era menos fatal nas comunidades isoladas do que em populações concentradas e em situações degradadas das aglomerações urbanas.
As relações de economia de mercado vieram acelerar a desintegração dos ecosistemas pois os valor de uso ao ser substituído por valor de troca, provocou a delapidação das florestas, aumentou a desertificação e intensificou processos de concorrência que levaram a conflitos étnicos e às guerras.
Ao estabelecermos estas constatações sobre as sociedades vernaculares não queremos, contudo, considerá-las isentas de limitações e portanto não é nosso ensejo apresentá-las como o paradigma alternativo ao modelo técnico-científico do capitalismo.
As ideologias colonial e neo-colonial esforçaram-se em tecer juízos de valor sobre as sociedades vernaculares, querendo ddemonstrar a supremacia do modelo cultural e civilizacional dos países de economia dominante.
Foi o pretexto para legitimarem a colonização. Foi e é o discurso ideológico dominante.Quisemos caracterizar a situação das sociedades vernaculares mostrando como as sociedades colonizadoras, contribuíram para o desequilíbrio entre o homem e a biosfera.
O que se pretende nesta comunicação é formular uma decifração ecológica dos paradigmas entre essas sociedades, que ultrapasse a mera análise “económica”. Por isso formular uma alternativa significa ultrapassar os quadros referenciais do paradigma científico e moderno. Significa também ultrapassar antigos paradigmas em que a sujeição da humanidade ao envolvimento ecosistémico era quase total.
Ultrapassar a atitude destruidora do modelo capitalista e ultrapassar a atitude adaptativa do modelo de sociedade tradicional é o desafio que se põe para a formulação dum paradigma futurante.
Entre destruição e sujeição existe a possibilidade de uma sociedade capaz de integrar os ecosistemas de um modo activo, de maneira a tornar mais conscientes as relações dos homens com os seres vivos e com o biótopo.O alargamento da consciência planetária, o aparecimento de propostas ecotécnicas (energias renováveis e uma produção com resíduos recicláveis) e ainda o surgimento das novas formas de organização territorial ecologicamente sustentada, permitem apontar como possível, esta “utopia” social, baseada no desenvolvimento ecologicamente sustentado.
Para isso há que encarar as soluções para os antagonismos sociais mas também formular, simultaneamente, respostas às conflitualidades na biocenose e entre a biocenose e o biótopo.
Não existem portanto, soluções político-económicas em estrito senso. Política e economia enquadram-se numa eco-política mais geral, como seja a gestão do próprio planeta. Em última instância é de uma eco-sofia em processo a que teremos de recorrer para esta hipótese alternativa de paradigma.
A história da humanidade aparece apenas como um processo parcelar duma mais vasta aventura planetária. No entanto, para a humanidade, as experiências já vividas nos diferentes modos de produção, nos diversos complexos tecnológicos e energéticos, nos diversos paradigmas político-filosóficos, permitem experiência e teoria para o desenvolvimento futuro.
As aspirações por uma sociedade mais justa e solidária, ficaram assinaladas ao longo da história, por grandes movimentos de libertação. Estes movimentos sociais, só de uma forma vaga e às vezes paradoxal, referenciaram a problemática ecológica. Essas aspirações confundiram-se, umas vezes, com o mimetismo passivo à mãe terra, outras vezes, com o grito Prometaico, portador da sociedade industrial. Outras vezes ainda, ao contrário, orientaram-se para uma sabotagem do surto tecno-científico do sistema fabril.
Com o advento da teoria ecológica, reformulam-se os quadros da ciência positivista e das ideologias sociais. Reencontramos proximidades entre a geo-cosmogonia mágica nativista e as revelações duma complexidade holística da teoria ecológica. Mas há diferenças qualitativas no alargamento da consciência planetária e na capacidade de controlo da humanidade para o equilíbrio ou desequilíbrio entre a organização social e a biosfera.
Se, através da tecnociência se conseguiram autênticos massacres na biosfera, criando a poluição generalizada, a devastação das florestas, a desertificação dos solos, a contaminação das águas, a partir da investigação eco-técnica é possível a produção de protótipos de energias renováveis que não esgotem os bens naturais nem poluam o planeta.A evolução do conhecimento nas ciências do território, permite a implantação de novos habitats integrados no ecosistema.
O habitat, território, desenvolvimento, bioagricultura, ecotécnica, produção e reciclagem, são corolários sistémicos para um desenvolvimento ecologicamente sustentado.
É nesta configuração territorial e com estes novos dispositivos eco-tecnológicos que se podem propiciar novos comportamentos e atitudes solidárias mais consentâneas com as aspirações de justiça social.Estes lugares matriciais podem assim, facilitar uma socialização solidária, uma eco-territorialização e uma eco-técnica imprescindíveis para a concretização desta utopia realizável.
Esta utopia não é um “modelo”. É um processo de mudança alternativa à sociedade tradicional de subsistência e à sociedade de globalização do capitalismo neo-liberal.
No terreno prático, o que se pretende, neste artigo, é defender o eco-desenvolvimento (SACHS, 1995) como alternativa para qualquer das sociedades. Qualquer que seja a etapa de crescimento, terá que ter uma opção tecnológica e territorial ecologicamente sustentável que possa auferir experiência prática, teórica e científica da humanidade.
As sociedades vernaculares ou tradicionais, têm uma proximidade material das preocupações ecológicas. Mas, ao mesmo tempo, encontram-se longe das opções reflexivas que podem garantir pela eco-técnica actual, uma melhoria das tecnologias apropriáveis, tradicionais. Contudo, nas sociedades do capitalismo global, será necessária a reconversão da tecnociência à ecotécnica. Terá que surgir uma “medicina planetária” (LOVELLOCK, 1998) capaz de curar as mazelas do crescimento produtivista.
Cresceram os perigos gerados pelo modelo de crescimento. A vida quotidiana dos cidadãos é cada vez mais marcada pelos desastres ecológicos, quer sejam alimentares quer sejam climatéricos.Há cada vez mais movimentos que tomam consciência planetária desses perigos e mais claramente surgem alternativas concretas no domínio da eco-técnica, da organização territorial e do modo de vida. São experiências exemplares que tendem a multiplicar-se.
Novas formas organizativas, como redes não hierarquizadas onde a unidade se estabelece pelo direito à diferença, despontam em todos os países. Da federação destas organizações e da participação duma “ciência cidadã” (IRWIN 1998) surgem já expressões dum internacionalismo solidário no desenvolvimento ecologicamente sustentado, visível em Seatle e Porto Alegre.
Referências bibliográficas
(1)Amin, Samir, “Imperialismo e Desenvolvimento Desigual”, 1998, Ed. Ulmeiro“Eurocentrismo”, 1999, Ed. Dinossauro“Desafios da Mundialização”, 2001, Ed. Dinossauro
(2) Bourdieu-Passeron, “Les Heretiers”, 1964, Ed. Minuit, Paris
(3) Foucault, Michel, “La gouvernementalité” in « Magazine Litteraire », nº 269, 1998« Surveiller et Punir », 1976, Ed. Gallimard, Paris
(4) Goldsmith, Edouard “Desafio ecológico”, 1995, Ed. Inst. Piaget
(5) Irwin, Alane, “Ciência Cidadã”, 1998, Ed. Inst. Piaget
(6) Lovellock, James, “Ciência para a Terra”, 1998, Ed. Terramar
(7) Polanyi, K. “The Great Transformation”, 1980, N.Y.
(8) Sachs, Ignacy, “Norte-Sul: Confronto ou Cooperação?” in “Estado do Ambiente no Mundo”, 1995, Ed. Inst. Piaget
(9) Wallace, A.F.C. “Culture and Personality”, 1963, Ed. Rondon House, N.Y.
Artigo da autoria de:
Professor Doutor Jacinto Rodrigues, catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
2005
Etiquetas:
capitalismo,
ecodesenvolvimento,
globalização,
justiça social
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Aranhas dos Açores
Uma página Web sobre aranhas dos Açores pode ser consultada aqui.
Caso encontre alguma aranha e tenha curiosidade em saber de que espécie se trata contacte os responsáveis pela página ou mande-nos um mail que o faremos chegar aos destinatários.
Nunca se sabe se não será uma espécie desconhecida ou , ainda, insuficientemente estudada. Para além de satisfazer a sua curiosidade poderá estar a contribuir para um melhor conhecimento da riqueza faunística dos Açores.
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
A propósito da Lagoa do Fogo e da Sua Liga de Amigos
No passado dia 29 de Outubro, em reunião realizada em Ponta Delgada, foi criada a Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo, movimento cívico que tem como missão a conservação da Reserva Natural da Lagoa do Fogo.
Este movimento cívico e o CAES- Colectivo Açoriano de Ecologia Social que se encontra associado ao Blog Terra Livre, constituem uma lufada de ar fresco no quase apático movimento ambientalista nos Açores.
Com efeito, apesar da crescente institucionalização das ONGAS, que se tem traduzido em mais apoios governamentais, o panorama é desolador. Assim, numa breve referência às maiores associações verifica-se o seguinte:
1-A Quercus- São Miguel não tem tido qualquer actividade pública, desde o falecimento de Veríssimo Borges, seu principal dirigente;
2-A Azórica mantém tem uma actividade bastante reduzida, muito longe dos primeiros tempos áureos;
3-A Gê- Questa, tem, hoje, uma actividade irregular;
4-Os Montanheiros, tem, maioritariamente, a sua actividade centrada no desporto de ar livre e na gestão turística de cavidades vulcânicas;
5-A associação Amigos dos Açores é a única que tem tido uma actividade relevante, não só em termos de sensibilização/formação, mas também de denúncia de atentados ambientais.
O carácter inovador da Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo é, para já, a sua não formalização, o agrupar um conjunto de activistas membros de várias associações existentes e o centrar a sua actividade no voluntariado e na acção directa.
A título de exemplo, registaria a primeira actividade da Liga que consistiu numa acção de limpeza de plantas invasoras ocorrida, na Reserva Natural da Lagoa do Fogo, no passado dia 22 de Novembro. De acordo com notícia publicada no Blog da Liga, participaram na acção cerca de 20 elementos, apoiados por dois Vigilantes da Natureza, que removeram exemplares das seguintes espécies invasoras: conteira (Hedychium gardneranum), silva-mansa (Leycesteria formosa), pica-ratos (Ulex europaeus), nespereira (Eriobotrya japonica), polígono de jardim (Persicaria capitata) e cletra (Clethra arborea).
Outra questão que tem preocupado a Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo é a reflorestação de uma mata que está a ser cortada em plena Reserva Natural, num terreno com um declive muito elevado.
Não contestamos, tal como a Liga, a autorização para o abate de criptomérias, o que não podemos aceitar é que a reflorestação seja feita com a mesma espécie, em detrimento de espécies nativas e endémicas dos Açores.
Teófilo Braga
(Publicado no Jornal Terra Nostra, nº 383, 12 de Dezembro de 2008, p. 27)
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Madeira- A propósito do teleférico do Rabaçal
Caros Amigos / Caríssimas Amigas,
Ontem, o Secretário Regional do Ambiente e Recursos Naturais, durante o debate do Plano e Orçamento para 2009, revelou que tinha aprovado o Estudo de Impacto Ambiental, viabilizando a construção do teleférico no Rabaçal, em plena floresta Laurissilva, classificada como Zona Especial de Conservação da Rede Natura 2000, Reserva Biogenética do Conselho da Europa e Património Natural Mundial pela UNESCO.
Informou ainda que tal aprovação dependia de três requisitos: “a adopção de medidas de minimização dos impactos, um plano de gestão de acesso àquela área e um pedido de parecer à UNESCO, cujas recomendações serão escrupulosamente seguidas”.
Quanto à minimização de impactos, trata-se dum mero analgésico para acalmar a opinião pública. O exemplo da urbanização que está crescendo de forma assustadora na Ponta de São Lourenço, Sítio da Rede Natura 2000 e Reserva Natural Parcial (Parque Natural da Madeira) é a prova inequívoca de que os estudos apresentados aquando da aprovação dos projectos não são minimamente respeitados após o início das obras.
O “plano de gestão de acesso” é algo que soa a estranho, pois o que é urgente é o Plano de Gestão da Laurissilva, bem como os planos de gestão dos outros 10 sítios da Rede Natura, que até ao momento o Governo Regional da Madeira não foi capaz de implementar.
Estranho que só dois anos após a abertura do concurso para a concepção e construção do teleférico seja pedido um parecer à UNESCO. Julgo que se trata duma reacção ao envio à UNESCO e ao Comissário do Ambiente da petição dinamizada por um grupo de cidadãos da QUERCUS e da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, que já ultrapassou as 5800 assinaturas.
E já que estamos a falar da UNESCO, seria interessante que o Senhor Secretário esclarecesse quando ficará pronta a reformulação da proposta de candidatura das Selvagens a Património Mundial. Ou será que a candidatura foi mesmo chumbada?
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
Ontem, o Secretário Regional do Ambiente e Recursos Naturais, durante o debate do Plano e Orçamento para 2009, revelou que tinha aprovado o Estudo de Impacto Ambiental, viabilizando a construção do teleférico no Rabaçal, em plena floresta Laurissilva, classificada como Zona Especial de Conservação da Rede Natura 2000, Reserva Biogenética do Conselho da Europa e Património Natural Mundial pela UNESCO.
Informou ainda que tal aprovação dependia de três requisitos: “a adopção de medidas de minimização dos impactos, um plano de gestão de acesso àquela área e um pedido de parecer à UNESCO, cujas recomendações serão escrupulosamente seguidas”.
Quanto à minimização de impactos, trata-se dum mero analgésico para acalmar a opinião pública. O exemplo da urbanização que está crescendo de forma assustadora na Ponta de São Lourenço, Sítio da Rede Natura 2000 e Reserva Natural Parcial (Parque Natural da Madeira) é a prova inequívoca de que os estudos apresentados aquando da aprovação dos projectos não são minimamente respeitados após o início das obras.
O “plano de gestão de acesso” é algo que soa a estranho, pois o que é urgente é o Plano de Gestão da Laurissilva, bem como os planos de gestão dos outros 10 sítios da Rede Natura, que até ao momento o Governo Regional da Madeira não foi capaz de implementar.
Estranho que só dois anos após a abertura do concurso para a concepção e construção do teleférico seja pedido um parecer à UNESCO. Julgo que se trata duma reacção ao envio à UNESCO e ao Comissário do Ambiente da petição dinamizada por um grupo de cidadãos da QUERCUS e da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, que já ultrapassou as 5800 assinaturas.
E já que estamos a falar da UNESCO, seria interessante que o Senhor Secretário esclarecesse quando ficará pronta a reformulação da proposta de candidatura das Selvagens a Património Mundial. Ou será que a candidatura foi mesmo chumbada?
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
A nova geopolítica da fome
João Pedro Stédile; 25 de Novembro de 2008
Nos anos 60, 80 milhões de pessoas sofriam fome no mundo. Estava no auge o capitalismo industrial e as empresas multinacionais expandiam-se por todo o planeta para dominar os mercados e explorar a mão-de-obra barata e os recursos naturais dos países periféricos. Nesse contexto, foi lançada a Revolução Verde, que prometia acabar com a fome. O seu mentor, Norman Borlaug, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1970. O verdadeiro objectivo era introduzir uma nova matriz produtiva na agricultura com base no uso intensivo de insumos industriais. A produtividade por hectare aumentou e a produção mundial quadruplicou. Mas os famintos passaram de 80 milhões para 800 milhões.
Hoje em dia, 70 países dependem das importações para alimentar os seus povos. Isto demonstra que o novo modelo de agricultura serviu para concentrar a produção e o comércio agrícola mundial de alimentos em não mais de 30 multinacionais: Bunge, Cargill, ADM, Dreyfuss, Monsanto, Syngenta, Bayer, Basf, Nestlé, etc. Uma notícia ruim recente diz-nos que, segundo as estimativas, as reservas de petróleo, fonte de energia dominante no mundo contemporâneo, não vão durar mais de 30 anos. Outra avaliação inquietante nos alerta que avança perigosamente o aquecimento global.
Diante desta perspectiva formou-se uma aliança diabólica entre as empresas petroleiras, automobilísticas e agro-industriais para produção em grande escala de agrocombustíveis (que enganosamente são chamados de biocombustíveis) como o etanol em países com abundância de terra, sol, água e mão-de-obra barata. Nos últimos cinco anos, milhões de hectares antes dedicados à alimentação e controlados por camponeses foram captadas por grandes empresas e utilizadas para implantar monoculturas de cana-de-açúcar, soja, milho, palma africana ou girassol a fim de produzir etanol ou óleos vegetais.
Está repetir-se a manipulação da Revolução Verde. Neste caso, como o preço do etanol está vinculado ao preço do petróleo, a taxa média de lucro da agricultura sobe de nível e faz aumentar os preços da comida. Entretanto, os agrocombustíveis não resolverão o dilema da energia nem do aquecimento global. Os cientistas alertam-nos que para substituir apenas 20% de todo o petróleo consumido no mundo actualmente teríamos de utilizar todas as terras férteis do planeta. Já estávamos a viver uma situação anómala na produção e nos preços dos alimentos quando sobreveio a crise do capital financeiro.
Muitos detentores de volumosas quantias de capital financeiro, seja na forma de dinheiro ou de capital fictício (títulos do Tesouro, obrigações, hipotecas), temerosos de enfrentar perdas, correram para investir nas bolsas de mercadorias e futuros e comprar bens naturais – terra, energia, água – nos países periféricos. Com consequência desses movimentos de capitais, as cotações dos produtos agrícolas em todo o mundo já não estão relacionadas com os custos de produção e nem mesmo com os volumes da oferta e da procura. Agora oscilam rapidamente ao ritmo das especulações na bolsa e do controle oligopólico exercido pelas multinacionais sobre o mercado internacional de alimentos. Isto é, que a humanidade está nas mãos de um punhado de multinacionais e de grandes especuladores.
Resultado: segundo a FAO, os famintos aumentaram novamente, somente nos dois últimos anos, de 800 milhões para 925 milhões. E milhões de camponeses na América Latina, Ásia e África estão a perder as suas terras e a emigrar. Diante desta nova situação, a Via Camponesa, que reúne dezenas de organizações de camponeses de todo o mundo, postula uma transformação radical no sistema da produção e do comércio dos alimentos. Defendemos o princípio da soberania alimentar: que em cada região e em cada país os governos apliquem políticas públicas que estimulem e garantam a produção e o acesso a todos os alimentos necessários para as suas respectivas populações.
Não existe nenhuma região no mundo que não tenha capacidade potencial de produzir a sua própria alimentação. Como explicou na década de 50 Josué de Castro, autor de Geopolítica da fome, a fome e a falta de alimentos não provêm de uma condição geográfica ou climática, mas são resultado de relações sociais de produção. Afirmamos que a humanidade deve considerar a alimentação como um direito natural de todo o ser humano. Isto implica que os produtos agrícolas não devem ser tratados como uma mercadoria cuja finalidade seja o lucro empresarial, e que se deve estimular e fortalecer os pequenos agricultores, já que esta é a única política que pode manter a população nas áreas rurais. E desde já, com a meta de obter alimentos sãos e seguros, excluímos o uso de agrotóxicos. Até agora, os governantes fizeram-se de surdos às nossas reclamações. Mas, a menos que adoptem mudanças radicais, as contradições e os problemas sociais se agravarão e, cedo ou tarde, explodirão.
Fonte: Brasil de Fato
Extraído daqui.
Nos anos 60, 80 milhões de pessoas sofriam fome no mundo. Estava no auge o capitalismo industrial e as empresas multinacionais expandiam-se por todo o planeta para dominar os mercados e explorar a mão-de-obra barata e os recursos naturais dos países periféricos. Nesse contexto, foi lançada a Revolução Verde, que prometia acabar com a fome. O seu mentor, Norman Borlaug, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1970. O verdadeiro objectivo era introduzir uma nova matriz produtiva na agricultura com base no uso intensivo de insumos industriais. A produtividade por hectare aumentou e a produção mundial quadruplicou. Mas os famintos passaram de 80 milhões para 800 milhões.
Hoje em dia, 70 países dependem das importações para alimentar os seus povos. Isto demonstra que o novo modelo de agricultura serviu para concentrar a produção e o comércio agrícola mundial de alimentos em não mais de 30 multinacionais: Bunge, Cargill, ADM, Dreyfuss, Monsanto, Syngenta, Bayer, Basf, Nestlé, etc. Uma notícia ruim recente diz-nos que, segundo as estimativas, as reservas de petróleo, fonte de energia dominante no mundo contemporâneo, não vão durar mais de 30 anos. Outra avaliação inquietante nos alerta que avança perigosamente o aquecimento global.
Diante desta perspectiva formou-se uma aliança diabólica entre as empresas petroleiras, automobilísticas e agro-industriais para produção em grande escala de agrocombustíveis (que enganosamente são chamados de biocombustíveis) como o etanol em países com abundância de terra, sol, água e mão-de-obra barata. Nos últimos cinco anos, milhões de hectares antes dedicados à alimentação e controlados por camponeses foram captadas por grandes empresas e utilizadas para implantar monoculturas de cana-de-açúcar, soja, milho, palma africana ou girassol a fim de produzir etanol ou óleos vegetais.
Está repetir-se a manipulação da Revolução Verde. Neste caso, como o preço do etanol está vinculado ao preço do petróleo, a taxa média de lucro da agricultura sobe de nível e faz aumentar os preços da comida. Entretanto, os agrocombustíveis não resolverão o dilema da energia nem do aquecimento global. Os cientistas alertam-nos que para substituir apenas 20% de todo o petróleo consumido no mundo actualmente teríamos de utilizar todas as terras férteis do planeta. Já estávamos a viver uma situação anómala na produção e nos preços dos alimentos quando sobreveio a crise do capital financeiro.
Muitos detentores de volumosas quantias de capital financeiro, seja na forma de dinheiro ou de capital fictício (títulos do Tesouro, obrigações, hipotecas), temerosos de enfrentar perdas, correram para investir nas bolsas de mercadorias e futuros e comprar bens naturais – terra, energia, água – nos países periféricos. Com consequência desses movimentos de capitais, as cotações dos produtos agrícolas em todo o mundo já não estão relacionadas com os custos de produção e nem mesmo com os volumes da oferta e da procura. Agora oscilam rapidamente ao ritmo das especulações na bolsa e do controle oligopólico exercido pelas multinacionais sobre o mercado internacional de alimentos. Isto é, que a humanidade está nas mãos de um punhado de multinacionais e de grandes especuladores.
Resultado: segundo a FAO, os famintos aumentaram novamente, somente nos dois últimos anos, de 800 milhões para 925 milhões. E milhões de camponeses na América Latina, Ásia e África estão a perder as suas terras e a emigrar. Diante desta nova situação, a Via Camponesa, que reúne dezenas de organizações de camponeses de todo o mundo, postula uma transformação radical no sistema da produção e do comércio dos alimentos. Defendemos o princípio da soberania alimentar: que em cada região e em cada país os governos apliquem políticas públicas que estimulem e garantam a produção e o acesso a todos os alimentos necessários para as suas respectivas populações.
Não existe nenhuma região no mundo que não tenha capacidade potencial de produzir a sua própria alimentação. Como explicou na década de 50 Josué de Castro, autor de Geopolítica da fome, a fome e a falta de alimentos não provêm de uma condição geográfica ou climática, mas são resultado de relações sociais de produção. Afirmamos que a humanidade deve considerar a alimentação como um direito natural de todo o ser humano. Isto implica que os produtos agrícolas não devem ser tratados como uma mercadoria cuja finalidade seja o lucro empresarial, e que se deve estimular e fortalecer os pequenos agricultores, já que esta é a única política que pode manter a população nas áreas rurais. E desde já, com a meta de obter alimentos sãos e seguros, excluímos o uso de agrotóxicos. Até agora, os governantes fizeram-se de surdos às nossas reclamações. Mas, a menos que adoptem mudanças radicais, as contradições e os problemas sociais se agravarão e, cedo ou tarde, explodirão.
Fonte: Brasil de Fato
Extraído daqui.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Leycesteria formosa
Planta invasora em São Miguel
No Sábado, 15 de Novembro, realizei, com os “Amigos dos Açores”, o percurso pedestre entre o Monte Escuro e a Lagoa do Congro, com passagem pela Lagoa do Areeiro.
Conheço a área em causa desde 1993, ano em que realizei para a RTP a série de documentários “Madeira e São Miguel à Luz da Geografia”, tendo ali voltado mais algumas vezes, a última das quais em Abril de 2003.
No intervalo de 5 anos que mediou as últimas duas visitas, a flora daquela área sofreu uma preocupante alteração devido à invasão duma espécie arbustiva de folha caduca, a Leycesteria formosa, da família Caprifoliaceae, que em São Miguel ainda não tem nome popular, mas que na literatura inglesa da especialidade é referenciada como ‘Purple Rain’ ou ‘Hymalayan Honeysucke’.
Leycesteria formosa
Esta ‘Madressilva dos Himalaias’ é oriunda da mesma região do globo da mais agressiva invasora da vegetação micaelense, a Conteira (Hedychium gardnerianum).
A Leycesteria formosa atinge dois metros de altura, é bastante popular nos jardins ingleses e deve ter sido importada como planta ornamental. Possui flores pequenas e brancas, envolvidas por brácteas avermelhadas, dispostas em cachos pendentes bastante atractivos.
Em São Miguel floresce muito bem no Verão e frutifica abundantemente. Os frutos são bagas purpúreas quando maduras, com 1 cm de diâmetro, doces e muito apreciadas pelos pássaros, que dispersam as sementes, que germinam muito facilmente em locais com boa exposição solar ou meia sombra. É uma espécie de crescimento rápido, muito rústica quanto a solos e que suporta ventos fortes desde que não sejam carregados de sal.
Segundo testemunho de alguns amigos, que com frequência visitam a Lagoa do Congro, foi especialmente nos últimos dois anos que a espécie invadiu os taludes e as bermas dos caminhos, chegando a ocultar as hortênsias (Hidrangea macrophylla).
A Leycesteria formosa nos últimos dois anos cobriu as bermas dos caminhos que envolvem a Lagoa do Congro, chegando a ocultar as Hortênsias (Hydrangea macrophylla)
Na Segunda-feira, 17 de Novembro, ao longo da estrada entre as Caldeiras da Ribeira Grande e as Lombadas, detectei a presença da Leycesteria formosa, embora em muito menor densidade.
Na Terça-feira, 18 de Novembro, voltei a encontrar aquele arbusto dos Himalaias nas matas à volta da Lagoa das Furnas.
É importante referir que a Leycesteria formosa não faz parte da longa lista de plantas invasoras à escala mundial, integrantes do livro de Quentin Cronk e Janice Fuller, “Plant Invaders”, publicado em 1995, com o apoio de da UNESCO e do WWF.
Posteriormente tem vindo a ser referenciada como espécie invasora na Nova Zelândia e na Austrália (http://www.hear.org/gcw/species/leycesteria_formosa).
O botânico sueco Erik Sjögren, no livro “Açores – Flores”, publicado em 1984, trata o Hedychium gardnerianum, o Solanum mauritianum, a Gunnera tinctoria e o Pittosporum undulatum como espécies invasoras, mas não faz qualquer referência à Leycesteria formosa, o que leva a crer que há 25 anos não passaria duma planta de jardim, com uma presença muito discreta na paisagem micaelense.
Em 2002, no livro “Flora of the Azores – a Field Guide”, Hanno Schäfer já refere a Leycesteria formosa como uma planta que tinha escapado ao cultivo ornamental e que se tornara comum em taludes e beiras de estradas. Informava, ainda, que as sementes desta invasora recente eram importante alimento do Priôlo (Pyrrhula murina).
Os caminhos de acesso à Lagoa do Areeiro estão literalmente invadidos pela Leycesteria formosa
Pelo que tive oportunidade de observar, e pelos relatos de amigos que têm percorrido a pé a ilha de São Miguel, as populações de Leycesteria formosa têm crescido muito rapidamente nos últimos anos. Atendendo ao impacto desta invasora nas formações vegetais da maior ilha do arquipélago dos Açores, o Governo Regional deve, urgentemente, delinear uma estratégia para a sua erradicação antes que se torne irreversível como o Hedychium gardnerianum.
Raimundo Quintal
No Sábado, 15 de Novembro, realizei, com os “Amigos dos Açores”, o percurso pedestre entre o Monte Escuro e a Lagoa do Congro, com passagem pela Lagoa do Areeiro.
Conheço a área em causa desde 1993, ano em que realizei para a RTP a série de documentários “Madeira e São Miguel à Luz da Geografia”, tendo ali voltado mais algumas vezes, a última das quais em Abril de 2003.
No intervalo de 5 anos que mediou as últimas duas visitas, a flora daquela área sofreu uma preocupante alteração devido à invasão duma espécie arbustiva de folha caduca, a Leycesteria formosa, da família Caprifoliaceae, que em São Miguel ainda não tem nome popular, mas que na literatura inglesa da especialidade é referenciada como ‘Purple Rain’ ou ‘Hymalayan Honeysucke’.
Leycesteria formosa
Esta ‘Madressilva dos Himalaias’ é oriunda da mesma região do globo da mais agressiva invasora da vegetação micaelense, a Conteira (Hedychium gardnerianum).
A Leycesteria formosa atinge dois metros de altura, é bastante popular nos jardins ingleses e deve ter sido importada como planta ornamental. Possui flores pequenas e brancas, envolvidas por brácteas avermelhadas, dispostas em cachos pendentes bastante atractivos.
Em São Miguel floresce muito bem no Verão e frutifica abundantemente. Os frutos são bagas purpúreas quando maduras, com 1 cm de diâmetro, doces e muito apreciadas pelos pássaros, que dispersam as sementes, que germinam muito facilmente em locais com boa exposição solar ou meia sombra. É uma espécie de crescimento rápido, muito rústica quanto a solos e que suporta ventos fortes desde que não sejam carregados de sal.
Segundo testemunho de alguns amigos, que com frequência visitam a Lagoa do Congro, foi especialmente nos últimos dois anos que a espécie invadiu os taludes e as bermas dos caminhos, chegando a ocultar as hortênsias (Hidrangea macrophylla).
A Leycesteria formosa nos últimos dois anos cobriu as bermas dos caminhos que envolvem a Lagoa do Congro, chegando a ocultar as Hortênsias (Hydrangea macrophylla)
Na Segunda-feira, 17 de Novembro, ao longo da estrada entre as Caldeiras da Ribeira Grande e as Lombadas, detectei a presença da Leycesteria formosa, embora em muito menor densidade.
Na Terça-feira, 18 de Novembro, voltei a encontrar aquele arbusto dos Himalaias nas matas à volta da Lagoa das Furnas.
É importante referir que a Leycesteria formosa não faz parte da longa lista de plantas invasoras à escala mundial, integrantes do livro de Quentin Cronk e Janice Fuller, “Plant Invaders”, publicado em 1995, com o apoio de da UNESCO e do WWF.
Posteriormente tem vindo a ser referenciada como espécie invasora na Nova Zelândia e na Austrália (http://www.hear.org/gcw/species/leycesteria_formosa).
O botânico sueco Erik Sjögren, no livro “Açores – Flores”, publicado em 1984, trata o Hedychium gardnerianum, o Solanum mauritianum, a Gunnera tinctoria e o Pittosporum undulatum como espécies invasoras, mas não faz qualquer referência à Leycesteria formosa, o que leva a crer que há 25 anos não passaria duma planta de jardim, com uma presença muito discreta na paisagem micaelense.
Em 2002, no livro “Flora of the Azores – a Field Guide”, Hanno Schäfer já refere a Leycesteria formosa como uma planta que tinha escapado ao cultivo ornamental e que se tornara comum em taludes e beiras de estradas. Informava, ainda, que as sementes desta invasora recente eram importante alimento do Priôlo (Pyrrhula murina).
Os caminhos de acesso à Lagoa do Areeiro estão literalmente invadidos pela Leycesteria formosa
Pelo que tive oportunidade de observar, e pelos relatos de amigos que têm percorrido a pé a ilha de São Miguel, as populações de Leycesteria formosa têm crescido muito rapidamente nos últimos anos. Atendendo ao impacto desta invasora nas formações vegetais da maior ilha do arquipélago dos Açores, o Governo Regional deve, urgentemente, delinear uma estratégia para a sua erradicação antes que se torne irreversível como o Hedychium gardnerianum.
Raimundo Quintal
domingo, 30 de novembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Lagoa de Fogo, Desrespeito pela Área Protegida!
Várias pessoas têm falado acerca de um corte de uma mata de critpoméria na Lagoa do Fogo, normalmente contestando a autorização dada pela Direcção Regional dos Recursos Florestais.
Não sendo, por princípio, contra o abate de matas de produção, só consideramos aceitável que, naquele local sensível, a autorização ocorra com a condição de na reflorestação serem exclusivamente utilizadas espécies nativas e endémicas. Parece que tal aconteceu, como se poderá deprender de declarações neste sentido proferidas pelo eng. José Mendes, Director Regional dos Recursos Florestais, em Agosto, na TVNET.
Recentemente, tomámos conhecimento de que nas áreas já cortadas estão a ser replantadas criptómérias. Afinal, quem não está a cumprir?
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo põe mãos à obra
Sem autorização do Governo Regional para proceder à remoção de plantas invasoras na Lagoa do Fogo,movimento cívico mantém visita de amanhã à Reserva Natural, a fim de documentar a situação existente
O recém-formado movimento cívico “Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo” inicia amanhã as suas actividades com uma visita à Reserva Natural, sem que tenha obtido da Direcção Regional do Ambiente autorização para cumprir o objectivo a que se tinha proposto inicialmente. A Liga pretendia desenvolver uma acção simbólica de remoção de espécies exóticas invasoras nas margens da Lagoa do Fogo mas até ao dia de ontem não tinha recebido qualquer resposta do Governo Regional. O primeiro pedido foi endereçado há um mês, por e-mail, e ainda na semana passada repetiu o pedido, desta vez por fax. Mas por parte da tutela nem uma palavra.
Deste modo, uma vez que a Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo se recusa a agir à revelia da Direcção Regional do Ambiente, não vai proceder à remoção de plantas invasoras mas vai manter a visita ao local, a fim de documentar a situação existente e promover junto dos participantes um melhor conhecimento acerca da flora nativa e invasora. A primeira acção, realizada um dia antes do “Dia da Floresta Autóctone”, terá início pelas 10h00 no miradouro que dá acesso ao trilho para a Lagoa do Fogo. Até ontem estavam inscritos cerca de vinte participantes. Como explicou Luís Silva, porta-voz da Liga, os interessados poderão participar, ainda que não estejam inscritos. O objectivo da iniciativa é alertar a população de São Miguel para a necessidade de tomar medidas concretas de preservação da Reserva Natural, uma vez que, tal como denunciou a Liga, está a aumentar o número de invasoras na Lagoa do Fogo.||
paula gouveia (Açoriano Oriental, 21 de Setembro de 2008)
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Primeira Acção da Liga de Amigos da Lagoa do Fogo
A invasão por plantas exóticas é um problema que tende a agravar-se na Reserva Natural da Lagoa do Fogo.
O movimento cívico “Liga dos Amigos da Lagoa do Fogo”, cujo objectivo fundamental é a recuperação e preservação daquele património natural da Ilha de São Miguel, iniciará as suas actividades com uma acção simbólica de remoção de espécies exóticas invasoras.
Esta primeira acção será realizada no dia 22 de Novembro, sábado, antecedendo o “Dia da Floresta Autóctone”, com início pelas 10h00m, no miradouro que dá acesso ao trilho para a Lagoa do Fogo. A acção constará da remoção manual de algumas plantas invasoras ainda não muito abundantes no local como o verdenaz, e de outras exóticas como a nespereira e o araçazeiro.
A Liga aguarda autorização da autoridade ambiental para a realização da acção. Caso não seja obtida a referida autorização, a Liga manterá a visita à Reserva Natural no dia 22 de Novembro, com os objectivos de documentar a situação existente e de promover um melhor conhecimento acerca da flora nativa e invasora.
Pretende-se com esta acção alertar a população da Ilha de São Miguel para a necessidade de tomar medidas concretas de preservação da Reserva Natural, e divulgar a existência deste movimento cívico que seguirá uma estratégia geral inclusiva, aberto a qualquer entidade ou cidadão com vontade de participar.
Ponta Delgada, 18 de Novembro de 2008
(texto extraído daqui)
domingo, 16 de novembro de 2008
Terra Livre/Caes no contexto do Associativismo Ambiental nos Açores
Nos Açores, o movimento ambientalista está a passar por uma fase de menor combatividade. Com efeito, embora nunca tenha sido um movimento forte, nos últimos anos, devido à contínua perda de capacidade de mobilização dos cidadãos e das cidadãs e ao desgaste dos membros dos órgãos dirigentes das principais associações, o seu peso, quer em termos de capacidade de sensibilização/educação, quer em termos de protesto ambiental é muito reduzido.
Fazendo uma breve análise, ainda que superficial, à actividade, nos últimos anos, das principais associações, como os Amigos dos Açores, os Montanheiros, a Azórica e Gê-Questa e a Quercus- São Miguel, verifica-se o seguinte:
1- A Quercus- São Miguel esteve quase sempre dependente da disponibilidade do seu principal dirigente que faleceu recentemente.
2- A Azórica que mantém a mesma liderança há longos anos, tem uma actividade bastante reduzida, muito longe dos primeiros tempos áureos.
3- A Gê- Questa, a associação onde tem havido maior renovação dos seus principais dirigentes, depois de uma fase inicial mediática, tem, hoje, uma actividade irregular.
4- Os Montanheiros, associação onde não tem havido renovação dos principais dirigentes, tem maioritariamente a sua actividade centrada no desporto de ar livre e na gestão turística de cavidades vulcânicas.
5- A associação Amigos dos Açores, cujos órgãos sociais foram recentemente renovados, tem tido uma actividade relevante, não só em termos de sensibilização/formação, mas também de denúncia de atentados ambientais. A continuar assim, diríamos mesmo que está mais activa do que nos últimos anos.
A institucionalização das ONGAS, levou a que algumas delas tenham assumido papéis que deveriam caber à administração pública, como a gestão financeira de projectos da iniciativa do governo.
É neste contexto, que surge o Blog Terra Livre cuja finalidade é promover a criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
(Texto colectivo)
sábado, 15 de novembro de 2008
Mudam-se os secretários, para quê?
(imagem extraída daqui)
Alguns telefonemas e muitas mensagens tenho recebido relacionadas com a saída de Ana Paula Marques da pasta do ambiente e nalguns casos a pedir para que dê a minha opinião sobre o novo secretário.
Como é habitual, acho que não devo dar opinião sobre pessoas, mas sim sobre políticas. Mas, abro uma pequena excepção para dizer o seguinte: se os problemas ambientais fossem problemas técnicos e científicos, Álamo Menezes, seria um dos possíveis "homens" certos. Como as questões ambientais são questões sociais e de modelo de sociedade, nada será feito muito diferente do que tem sido feito até aqui.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Energia- O Cerne da Questão
Da autoria de António Regedor, abaixo transcreve-se extracto de mail recebido:
Hoje há um um modelo de produção energética concentrada e o que se deve reivindicar é a produção descentrada. A democratização da produção. a liberdade de todos poderem produzir a energia de que necessitam. E isso é tecnicamente possível. Para além do solar térmico e do fotovoltaico já há microeólicas. É necessário incluir nos novos direitos sociais o direito da produção e comercialização de energia. Tal como há o direito de circulação,ou de expressão ou de reunião.
O modelo de rede que é de controlo único tem também que se democratizar e passar a ser descentrado. Passar a ser uma rede de redes. Redes de incidência local que se interligam a outras e assim formam outras redes regionais e estas a redes mais largas. Dessa forma nunca há colapso, nem imposição única.
Sabemos que este paradigma energético esgotou. Então pensemos coerentemente em mudar o paradigma e deixemo-nos de procurar remendos neste.
Não se vai a lado nenhum contestando alqueva porque é grande de mais, a construção de mais barragens porque são muitas, até se chega ao ponto de contestar as mini-hidricas.
Enquanto andarmos a perder tempo com isto, a produção continua a ser concentrada e na mão de meia dúzia de multinacionais, a rede continua a ser única e o modelo continua a ser totalitário.
Apostemos sim em gastar a nossa energia intelectual na mudança de paradigma.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
SOS cagarro ou o Nervosismo de alguns funcionários da SRAM
Deixamos aqui os comentários ao video
- 1º (Funcionário da Sram)- Quem ouvir o senhor Diogo Caetano falar pensa que foram os amigos dos açores que deram inicio à campanha SOS Cagarro. Falso!!!!
Esta campanha tem mais de 10 anos e pouco deve a essa associação.
- 2º (Voluntário)- Não foi, de facto, mas ao longo desses 10 anos que diz que tem, só este ano é que vi uma campanha com uma boa divulgação e merecida graças a quem? Acho que não necessito responder.
O mais intrigante é quererem ficar com louros que para a "AA" pouco importa, preocupem-se mais em contribuir para um bom ambiente e não com politiquices que não leva a lado nenhum.
- 3º (ex-presidente dos AA)- Estão os dois enganados. Como já não está entre nós o Doutor Luis Monteiro, estou eu para confirmar que isto começou, em 1992, com um projecto Life liderado pelo Dop e que tinha como parceiros os Amigos dos Açores, a DRA e a RSPB. Se o senhor NL quiser posso passar pelo seu serviço e provar o que digo. Tem razão o djsousa ao afirmar que o que interessa é fazer algo para a espécie e pelo ambiente nos Açores, o resto são tretas.
Enquanto presidi aos AA esta associação nunca reinvidicou nada, todas as conquistas foram para o Ambiente e para os Açores e os açorianos, espero que a nova direcção faça o mesmo.
Parece que nos serviços do governo há quem deteste voluntários.
Ainda petição contra a construção do teleférico no Rabaçal
Caros Amigos / Caríssimas Amigas
O Amigo Virgilio Silva criou uma galeria dedicada ao Rabaçal no Flickr, comunidade que agrega milhares de fotógrafos de todo o mundo e carrega 3 a 4 milhões de fotos por dia. Muitas delas sobre a Madeira.
A galeria está domiciliada em http://www.flickr.com/groups/madeirastop
Visite a galeria e se tem fotos sobre o Rabaçal participe neste grande movimento.
Vamos mostrar a todo o Mundo os encantadores recantos do Rabaçal, Risco e 25 Fontes.
A petição contra a construção do teleférico no Rabaçal já atingiu 4500 participantes.
Não vamos permitir a destruição de mais uma importante parcela da Laurissilva da Madeira!
Agradeço a divulgação desta mensagem.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
Uma queixa enigmática!
Por falta de tempo, não vou comentar as afirmações proferidas pela Directora da Ecoteca da Lagoa, apenas gostaria de dizer que é sempre importante concretizar o que dizemos. Assim, seria de bom tom ter apresentado o nome das associações que não deram a colaboração pretendida?
Até à pouco tempo presidi a uma delas e que eu saiba nunca nos chegou qualquer pedido.
Teófilo Braga
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Mais uma vez a Mata Santa
Padre Duarte Melo defende atitude diferente: Serviços florestais deviam ter ponderado melhor a decisão
11 Novembro 2008 [Regional]
Duarte Melo, além de padre, é director do Museu Carlos Machado. É um dos micaelenses mais bem credenciados para falar sobre o abate de metade da mata da santa. E, pelo que afirma, a atitude dos Serviços Florestais pode ser diferente.
Para ler o resto da notícia do Correio dos Açores clique aqui.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Andar a Pé, de David Henry Thoreau
“Enquanto quase todos os homens sentem uma atração irresistível que os arrasta para a sociedade, poucos são atraídos fortemente para a natureza. Em suas relações com a natureza, os homens parecem-me, em sua maior parte, e em que pese sua arte, inferiores aos animais. Nem sempre se estabelece uma bela relação, como no caso dos animais. Como, entre nós, se aprecia pouco a beleza do panorama! É preciso que nos digam que os Gregos chamavam o mundo Beleza ou Ordem, mas não percebemos claramente por que assim faziam e consideramos o fato, quando muito, apenas como curiosidade filológica.”
Leia a obra completa aqui e verá que andar a pé para Thoreau nada tem ver com o que se faz por aí: andar como cabras loucas a correr para chegar ao fim o mais cedo possível ou andar em rebanhos à procura de troféus, sejam eles quais forem.
sábado, 8 de novembro de 2008
Petição contra o teleférico no Rabaçal
Caros Amigos / Caríssimas Amigas
No momento em que vos envio esta mensagem a “Petição contra o teleférico no Rabaçal”, colocada na Internet na noite de 31 de Outubro, já tem registadas mais de 3500 pessoas.
Entre os assinantes da petição constam algumas centenas de Amigos e Amigas a quem enviei um pedido de adesão no dia 1 de Novembro. E sei que muitos reenviaram a mensagem. Numa semana cresceu a indignação perante a absurda ideia de implantar um teleférico no Rabaçal por parte da Sociedade de Desenvolvimento Ponta Oeste, que já deu provas de quanto é capaz em matéria de ambiente e finanças públicas com a triste Marina do Lugar de Baixo.
Os defensores da Laurissilva, nascidos na Madeira e nos quatro cantos do Mundo, estão a exercer o seu direito de cidadania, opondo-se ao lóbi que teima em destruir a Madeira do mar à serra.
A petição (que será enviada para a União Europeia e para UNESCO) é apenas a primeira etapa dum conjunto de acções já devidamente ponderadas. Vamos, sempre com elevação cívica, demonstrar que a Laurissilva é património da Humanidade e não é propriedade privada do Governo Regional.
O Senhor Secretário Regional do Ambiente ainda não entendeu que o mundo está a mudar. Não percebeu que muitos madeirenses já não têm medo de assumir publicamente as suas convicções. Tenta convencer os madeirenses menos informados que o movimento contra o teleférico no Rabaçal é fictício, que não tem credibilidade.
O comunicado da Secretaria Regional do Ambiente, publicado na edição de hoje do Jornal da Madeira (08.11.08) não consegue beliscar a credibilidade da petição, que com elevada honra subscrevi. Infelizmente, algumas pessoas (sabe-se lá a mando de quem) colocaram na petição e por duas vezes o nome do Senhor Presidente do Governo Regional e possivelmente duma ou doutra pessoa que não está de acordo com os princípios do nosso movimento. A Internet permite-nos participar nesta extraordinária corrente de solidariedade para com o património natural da Madeira, mas não nos possibilita impedir a entrada de pessoas mal intencionadas. No entanto, estou profundamente convicto que a esmagadora maioria das mais de 3500 adesões são de pessoas bem formadas.
A credibilidade dum movimento ecológico, felizmente não necessita do beneplácito do Senhor Secretário do Ambiente e muito menos o apoio do “Jornal da Madeira”, órgão de comunicação que na última quarta-feira (05.11.08) publicou na penúltima página cinco fotografias do Pico do Areeiro coberto de granizo sem ter referido o autor, que por acaso seu eu. São exactamente as mesmas fotos que vos mostrei num mail enviado na segunda-feira (03.11.08) e que estão expostas no sítio da Internet da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (http://bisbis.blogspot.com) desde o dia 4.
Perante comportamentos deste tipo praticados pelo órgão de comunicação oficial, por favor não voltem a falar de credibilidade.
É tempo de aprender a respeitar quem de forma frontal, mas educada, discorda do discurso e dos projectos governamentais. É tempo de começar a perceber que a Terra não termina na Ponta de São Lourenço e que todos somos poucos para recuperar o bom nome e a imagem da Madeira!
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
A ESCOLA E O CAGARRO VERSUS SOS-CAGARRO
Atavés da página web dos Amigos dos Açores fica-se a saber que a campanha SOS-cagarro foi criada em 1995 pelo Doutor Luís Monteiro, no âmbito do projecto LIFE “Conservação das comunidades de aves marinhas dos Açores”.
O que a maioria das pessoas não sabe é que esta campanha surgiu no seguimento de outras duas, também iniciativa do Doutor Luis Monteiro, que contaram com a colaboração activa dos Amigos dos Açores.
Assim, em Março de 1993 foi lançada a campanha "Um espaço para os garajaus" e em Novembro do mesmo ano a campanha "A Escola e o Cagarro", no âmbito da qual foi aplicado um inquérito, sobre a espécie, destinado a alunos das escolas, nomeadamente do 1º e 2º ciclos do ensino básico e distribuidos 10 mil folhetos.
Para saber mais consulte o blog Memória Ecológica
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Ainda a Mata Santa
O caso da "Santa do Livramento": Populares podem avançar com providência cautelar
05 Novembro 2008 [Regional]
A direcção regional dos Serviços Florestais decidiu autorizar o corte de árvores na “mata da santa”, localizada entre a Canada das Socas e a Canada Nova do Pópulo, sem que a câmara municipal da Lagoa tenha sido ouvida e ao arrepio do Plano Director Municipal.
Apesar da insistência do jornalista do “Correio dos Açores”, o presidente da edilidade, João Ponte, não quis pronunciar-se sobre a atitude dos serviços florestais. Também o vice-presidente da autarquia, Roberto Medeiros, não quis prestar declarações e, perante as questões colocadas, acabaria por dizer, entretanto, que não tinha havido qualquer pedido de parecer à câmara.
Numa primeira fase, João Ponte deu instruções a um dos elementos do seu gabinete para dizer que o presidente “não se iria pronunciar”, que o governo “já se tinha pronunciado e era soberano”.
Perante a questão do jornalista de que o Plano Director Municipal é que é soberano sobre estas questões, o mesmo elemento do “staff” de João Ponte informou, posteriormente, que a câmara iria tornar hoje pública uma nota de Imprensa com a sua posição sobre esta questão.
Além de nesta mata se encontrar o túmulo de uma imagem de santa, esta mata de acácias, incensos e louros é um dos poucos, senão o único, pulmão verde entre os concelhos de Ponta Delgada e Lagoa que onde nidifica o milhafre, o mocho e o pombo torcaz.
Populares das canadas das Socas e Nova do Pópulo estão a desencadear, entretanto, uma acção popular e desenvolver, rapidamente, diligências para dar entrada uma Providência Cautelar no Tribunal Administrativo para que seja suspenso o corte de árvores e se proceda a uma investigação judicial.
“Vamos começar a envolver os tribunais nestas decisões arbitrárias do poder regional”, justifica um dos populares.
Fonte: Correio dos Açores
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Governo planta espécie invasora
NOVA DENÚNCIA DO “TERRA LIVRE” ASSINADA POR TEÓFILO BRAGA : Governo planta espécie invasora
04 Novembro 2008 [Regional]
O ecologista açoriano Teófilo Braga assinada um artigo no boletim “Terra Livre Açores” onde realça que o Penacho, considerado “uma espécie invasora em várias zonas do mundo, (…) é plantado ao longo das estradas da ilha de São Miguel pelos serviços da Secretaria Regional da Habitação e Obras Públicas”.
O blogue de Teófilo Braga, http//terralivreaçores.blogspot.com, pugna pela criação de um colectivo açoriano de ecologia social.
O Penacho (Cordaderia selloana), erva vivaz de grande porte e grandes plumas branco-prateadas, é uma espécie oriunda da parte Sul da América, Chile e Argentina.
De harmonia com o ecologista, a proliferação de Penachos ao longo das estradas micaelenses “é o melhor modo de facilitar a dispersão, ao longo dos corredores”
“Tal como já ocorreu no passado, virão uns senhores sabichões com as suas manobras de diversão dizer que tudo está controlado (…) e que erramos ao não falar noutras espécies, e que há outros problemas ambientais mais graves…”, refere Teófilo Braga.
Entretanto, lê-se no boletim “Terra Livre”, a denúncia de plantação de espécies invasoras nas Portas do Mar, em Ponta Delgada, “foi um autêntico ovo de Colombo”.
“Toda a gente sabia que aquelas plantas ali estavam, mas ninguém tomava a iniciativa de agir, esperando-se que a prometida remoção se faça em breve”, desejo dos ecologistas.
Fonte: Correio dos Açores
Mata Santa, O que se Passa?
Mata da Santa transformada em pastagem
04 Novembro 2008 [Regional]
A direcção regional dos Serviços Florestais confirmou ontem ao “Correio dos Açores” que autorizou a transformação da conhecida “mata da santa” em pastagem, decisão que está a gerar fortes protestos de moradores, ecologistas e ambientalistas.
Na direcção regional do Ambiente, foi ainda ontem à tarde comunicado pessoalmente a moradores que o Plano Director Municipal (posto em causa por esta decisão dos Serviços Florestais) é soberano e a proprietária tem dois anos para reflorestar a zona.
Os responsáveis pelo Ambiente que falaram com os moradores disseram que, à partida, não podiam agir neste caso, mas que a câmara deve fazer cumprir o Plano Director Municipal.
Objectivamente, a proprietária da “mata da santa” foi autorizada a abater 50 mil metros quadrados (38 alqueires) de árvores numa zona florestal (principalmente acácias e incensos), transformando toda a área numa pastagem.
O túmulo onde se encontra a imagem de uma santa, venerada por muitos populares que lá depositam flores, ficará no meio de uma pastagem em vez de, como historicamente sempre aconteceu, numa mata.
Esta decisão dos Serviços Florestais não respeita o Plano Director Municipal da Lagoa quando classifica a zona como um espaço silvo-pastoril onde está interdita “a destruição da camada arável do solo e do relevo natural bem como do coberto vegetal quando altera o valor estético da paisagem ou contribua para acelerar o processo erosivo dos solos”.
É objectivamente interdito “o corte raro de árvores, salto se estiver abrangido em projecto de reflorestação aprovado por entidade competente”, o que não é o caso.
Está também interdita a deposição no local de materiais sobrantes, ou de sucata, mesmo que temporariamente. E o facto é que, recentemente, camiões transportaram para a zona materiais sobrantes de um aterro feito no Livramento de um espaço destinado à habitação.
Contactada por populares, da câmara municipal da Lagoa foi comunicado que nada poderia fazer perante a decisão da direcção regional dos Serviços Florestais.
Rolando Cabral foi muito claro nas declarações ao ‘Correio dos Açores’. “Os serviços florestais analisaram o pedido de transformação de um terreno em pastagem. Tecnicamente, não viram inviabilidade”.
O director dos Serviços Florestais minimizou a relevância da mata. Trata-se, como disse, de “vegetação dispersa e instantânea”.
Pretendeu sublinhar que os Serviços Florestais “têm a preocupação de não aumentar a área de pastagem, salvo casos pontuais em que, tecnicamente, são justificáveis, que é o caso em apreço”, diz Rolando Cabral.
O facto é que a conhecida “mata da santa”, entre as canadas das Socas e Nova do Pópulo, está, na realidade, a ser devastada mediante autorização governamental.
A nota de reportagem do “Correio dos Açores” a chamar a atenção para o culto de uma imagem de santa no meio de uma mata, no Livramento, despertou a curiosidade de muitos micaelenses e estrangeiros que acorreram à mata para verem com os próprios olhos o que o jornalista descreveu.
Um grupo de moradores interessou-se particularmente por denunciar o avanço de máquinas na mata transformando o arvoredo em pastagem e protestou junto da câmara municipal da Lagoa e direcção regional dos Serviços Florestais.
A mata está enquadrada num trilho turístico de cavalos, por onde circulam europeus nórdicos e fica localizada numa zona de moradias e potencialmente turística.
Autor: João Paz
(Extraído do jornal Correio dos Açores)
domingo, 2 de novembro de 2008
Em Defesa da Macaronésia- Em Defesa da Laurissilva
Caro Amigo / Caríssima Amiga
Acabou de ser lançada uma petição online contra a construção do teleférico projectado para a ligação do Paul da Serra ao Rabaçal.
Se discorda desta obra, assine e divulgue a petição.
O endereço é http://www.petitiononline.com/247132/petition.html
A Laurissilva da Madeira não é propriedade privada do Governo Regional. A Laurissilva é património da Humanidade!
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
BRIÓFITOS RAROS DOS AÇORES
Da autoria de Nídia Homem e Rosalina Gabriel foi editado no passado mês de Setembro o livro "Briófitos Raros dos Açores".
Para as autoras a publicação tem como objectivo principal "contribuir para aumentar o interesse por estas plantas, encorajar a sua observação e o seu estudo e partilhar a beleza microscópica e frágil que eles possuem com todos quantos se interessam pela natureza".
Estão de parabéns as autoras, bem como todos os investigadores universitários que se preocuapm com a importante, mas por vezes menosprezada, tarefa de fazer chegar os conhecimentos ciêntíficos aos não especialistas.
sábado, 1 de novembro de 2008
A Morte da Terra pela Economia
A economia está a matar a Terra: afinal, eles (os economistas e os políticos) são irresponsáveis e loucos obsessivos ( segundo a New Scientist)
Se foi preciso apenas alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas económicas liberais ortodoxas (a favor do mercado e da não-intervenção do Estado), para tentar salvar o sistema financeiro capitalista de um colapso, por que se há-de demorar mais tempo para se introduzir um plano para parar o colapso do planeta provocado por uma gestão e política irresponsável que poderiamos apelidar por obsessão pelo crescimento?
Em plena crise global com os governos e os mercados financeiros preocupados com uma possível recessão mundial, a revista científica britânica New Scientist dedica a capa da sua última edição à obsessão e irresponsabilidade demonstrada pelos políticos e economistas em continuarem apostados no crescimento económico quando tal se torna comprovadamente impossível pelo um cenário de recursos finitos o que tem como efeito que a procura obsessiva por mais crescimento económico está a matar o planeta.
Por via de série de entrevistas e artigos de especialistas em desenvolvimento sustentável, a revista New Scientist no seu último número, publicado nesta semana, traça um quadro em que todos os esforços para desenvolver combustíveis limpos, reduzir as emissões de carbono e buscar fontes de energia renováveis podem ser inúteis enquanto o nosso sistema económico continuar apostado no crescimento económico.
“A Ciência diz-nos que se for para levarmos a sério as tentativas para salvar o planeta, temos que reformar a nossa economia”, afirma a revista.
Segundo os analistas consultados pela publicação, o grande problema na equação do crescimento económico está no facto de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados.
“Os economistas não perceberam um facto simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta. A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo”, afirma num artigo o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e ex-consultor do departamento para o meio ambiente do Banco Mundial.
Para Daly, o facto do nosso sistema económico ser baseado na busca do crescimento acima de tudo o mais, faz com que o mundo estejamos a caminhar para um desastre ecológico e também económico, dadas as limitações dos recursos.
“Para evitar este desastre, precisamos de mudar a nossa aposta no crescimento quantitativo para um qualitativo e impôr limites nas taxas de consumo dos recursos naturais da Terra”, escreve.
“Nesta economia de estado sólido, os valores das mercadorias ainda podem aumentar, por exemplo, por causa de inovações tecnológicas ou melhor distribuição. Mas o tamanho físico dessa economia deve ser mantido num nível que o planeta consiga sustentar”, conclui Daly, que compara a actual economia a um avião em alta velocidade e a sua proposta a um helicóptero, capaz de voar sem se mover.
Mas essas mudanças no sistema não serão fáceis. Na entrevista à revista, James Gustav Speth, ex-conselheiro do governo Jimmy Carter (1977-1981) e da ONU, afirma que o movimento ambiental nunca conseguirá vencer dentro do actual sistema capitalista.
“A única solução é reformarmos o capitalismo actual. Os Estados Unidos cresceram entre 3% e 3,5% por um bom tempo. Há algum dividendo deste crescimento? Existem melhores condições sociais? Não. Os Estados Unidos têm que apostar em indústrias sustentáveis, necessidades sociais, tecnologias e atendimento médico decente, e não sacrificar isso para fazer a economia crescer.”, diz.
“A comunidade ambientalista, pelo menos nos Estados Unidos, é muito fraca quando falamos sobre mudança de estilo de vida, consumo e sobre sua relutância em desafiar o crescimento ou o poder das corporações. Nós precisamos de um novo movimento político nos EUA. Cabe aos cidadãos injectarem valores que reflictam as aspirações humanas, e não apenas fazer mais dinheiro.
Obsessão pelo crescimento
A revista também traz um artigo que discute o argumento de que o crescimento económico é necessário para erradicar a pobreza e que quanto mais ricos ficam alguns, a vida dos mais pobres também melhora. É a chamada Teoria do Gotejamento.
Segundo Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, em Londres, este argumento, além de “não ser sincero”, sob qualquer avaliação, é “ impossível”.
“Durante os anos 1980, para cada 100 dólares adicionados na economia global, cerca de 2,20 dólares chegavam àqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres estão a tornarem-se cada vez mais pobres e os ricos a ficar muito mais ricos”.
“A humanidade está indo para além da capacidade da biosfera ao sustentar as actuais actividades anuais desde meados dos anos 1980. Em 2008, nós ultrapassamos essa capacidade anual em 23 de Setembro, cinco dias antes do ano anterior”.
Ele ainda afirma ser impossível que um dia toda a humanidade tenha o padrão de vida dos países desenvolvidos.
“Seriam necessários pelo menos três planetas Terra para sustentar essas necessidades se todos vivessem nos padrões da Grã-Bretanha. Cinco se vivêssemos como os americanos”.
Para Simms, a Terra estaria inabitável há muito tempo antes que o crescimento económico pudesse erradicar a pobreza.
Para que o mundo possa ter uma economia ecologicamente sustentável, segundo Simms, é preciso acabar com o preconceito de alguns em relação ao conceito de “redistribuição”, que, para ele, é o único modo viável de acabar com a pobreza.
“Só foi preciso alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas económicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?”.
Fonte: BBC Brasil
http://www.newscientist.com/home.ns
Editorial: Time to banish the god of growth
How our economy is killing the Earth
Economics blind spot is a disaster for the planet
The facts about overconsumption
Extraído do Blog Pimenta Negra
ESTE ANO SALVE UM CAGARRO
As associações Amigos dos Açores e Amigos do Calhau proclamam, este ano, o dia 1 de Novembro como o dia do cagarro.
O Cagarro (*Calonectris diomedea borealis*) é uma ave marinha muito abundante nos Açores, e é nestas ilhas que esta espécie nidifica. No fim de Outubro os cagarros juvenis, ao atingirem a plumagem e o tamanho adulto, são abandonados nos ninhos pelos progenitores e, movidos pela fome, lançam‐se ao mar, enfrentando vários perigos. Vamos ajudar o cagarro a seguir a sua rota.
Este ano salve um cagarro!
*Como salvar um cagarro*
Se encontrar um cagarro ferido ou desorientado:
- Prepare uma caixa de papelão e faça-lhe alguns furos.
- Aproxime-se lentamente do cagarro, usando luvas;
- Com uma camisola, casaco ou manta cubra o cagarro;
- Apanhe o cagarro, segurando-o pelo pescoço e cauda;
- Coloque o cagarro na caixa de papelão;
- Mantenha-o na caixa durante a noite, em local tranquilo e escuro;
- Na manhã seguinte, dirija-se a um local perto do mar;
- Solte o cagarro, deixando-o pousado no chão e afaste-se do local;
- Ao fim de pouco tempo, o cagarro começará a voar e encontrará o seu caminho.
*Atenção:*
- Não alimente o cagarro, para que ele não se habitue;
- Não se aproxime da ave quando não sabe exactamente como proceder;
- Não segure a ave pelas asas, nem permita que ela abra as asas enquanto a manipula, pois esta ficará cada vez mais agitada;
- Não force a ave a ir para o mar, ela seguirá a sua viagem quando se sentir em condições.
No caso de querer participar alguma situação ou a localização de aves mortas pode ligar para:
- Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR) Da sua área de reisdência (296306350 ou 961196202 - Ilha de São Miguel)
- Serviço de Ambiente da sua área de residência (296 206 785)
- Amigos dos Açores - Associação Ecológica (296498004 ou 9699866372)
- Associação Amigos dos Calhau (919978026 ou 9699866372)
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
A Reserva Natural da Lagoa do Fogo, localizada na Ilha de São Miguel, foi instituída em 1974. Ao longo dos últimos 15 anos a paisagem observada no miradouro de acesso à Lagoa tem-se alterado. De facto, embora seja actualmente classificada como Sítio de Importância Comunitária, a Reserva Natural já não corresponde à visão idílica do passado.
A quantidade e variedade de plantas invasoras têm aumentado de modo contínuo. Numa breve descida à lagoa é possível encontrar uma espécie de margarida (Erigeron karwinskianus), dezenas de criptomérias (Cryptomeria japonica), dispersas e de variados tamanhos, formações de conteira (Hedychium gardneranum) com diferentes dimensões, um elevado número de fetos arbóreos (Sphaeropteris cooperi), várias árvores jovens de verdenaz (Clethra arborea), que já não é uma invasora apenas localizada na zona leste da ilha, acácia (Acacia melanoxylon), um arbusto semelhante aos brincos-de-princeza (Leycesteria formosa), com as suas bagas vermelhas com numerosas sementes, disponíveis para as aves transportarem, e até o incenso (Pittosporum undulatum). Existem também várias espécies nitidamente introduzidas acidentalmente pelos visitantes, nomeadamente nespereira, araçazeiro e macieira. Para além disso, existe também uma espécie invasora aquática (Egeria densa) muito conhecida na Lagoa das Sete Cidades. Existem ainda plantas ruderais, comuns em zonas sob forte influência humana, como a avoadeira (Conyza bonariensis) e a erva mole (Holcus lanatus), a invadir vários habitats, incluindo zonas húmidas.
Nestas condições, a Lagoa do Fogo está a tornar-se, gradualmente, numa reserva de espécies invasoras. É necessário travar este processo de um modo célere e sem hesitações. Todos temos obrigação de participar, e ninguém deve esperar que os outros resolvam este problema, em especial as comunidades mais próximas. Surgiu, assim, a ideia de organizar um movimento cívico, com o único e, a nosso ver, importante objectivo de travar este processo degenerativo.
Este movimento iniciará as suas actividades com a realização de uma acção simbólica, no próximo mês de Novembro.
Ponta Delgada, 29 de Outubro de 2008,
Luís Silva
Diogo Caetano
José Pedro Medeiros
Luís Noronha Botelho
Maria Manuela Livro
Lúcia Ventura
Eva Lima
Teófilo Braga
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Práticas de Energias Renováveis
Editada pela Arena- Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma dos Açores, esta nova publicação pretende ser uma ferramenta e um veículo de informação, para jovens e professores da Região Autónoma dos Açores, sobre um dos conceitos mais unificadores da Ciência- A energia.
(Extraído do Blog Educar para a Energia)
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
AJUDE A SALVAR O CAGARRO
O cagarro, de nome científico Calonectris diomedea borealis, é uma ave marinha que passa grande parte do ano no alto mar e vem a terra, entre Março e Outubro, para nidificar.
No fim de Outubro, os cagarros jovens, que já atingiram o tamanho e a plumagem dos adultos, são abandonados, nos ninhos, pelos progenitores. Movidos pela fome, aventuram-se ao primeiro voo, enfrentando vários perigos. Esta ave orienta-se aparentemente pelas estrelas e são atraídas e encandeadas pelas luzes das povoações e automóveis. Assim sendo, muitos morrem por colisão ou atropelamento.
O que pode fazer?
☺ Se encontrar durante o dia cagarros nas estradas ou povoações, coloque cada um numa caixa e liberte-os junto ao mar;
☺ Se o encontrar durante a noite, não tente alimentá-los e devolva-os ao mar apenas na manhã seguinte.
ATENÇÃO: Aconselha-se a protecção das mãos (por exemplo com uma peça de vestuário), pois a ave, desconhecendo as suas intenções e ao tentar proteger-se, poderá defender-se com o bico.
Caso tenha dúvidas clique aqui ou mande um mail para soscagarro@gmail.com.
(Cagarro recolhido hoje na Escola Secundária das Laranjeiras e devolvido ao mar na Praia de Água d'Alto)
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