segunda-feira, 31 de agosto de 2009

NAS CAPELAS, NÚCLEO DE VIDÁLIAS EM RISCO?


A vidália (Azorina vidalii) é uma espécie da flora pertencente ao único género endémico dos Açores. Um pequeno núcleo, com poucos exemplares desta planta protegida pela Convenção de Berna e pela Directiva Habitats corre o risco de ficar soterrado por entulhos, na freguesia das Capelas.

Esta espécie, que está presente em vários jardins tanto a nível internacional como nacional, com destaque para o mais notável jardim do arquipélago da Madeira, entre nós não tem merecido o respeito devido.

O monte de entulho que tivemos a oportunidade de observar, ontem, nas Capelas, junto aos Poços, poderá ser o indício de que estará para breve o seu desaparecimento.
Esperamos que este alerta, venha a tempo de evitar mais um atentado ambiental.

TB


Prémio Fernando Pereira para José Carlos Marques – Edições Sempre em pé


A Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente instituiu em 1999 o Prémio Nacional de Ambiente “Fernando Pereira”. Anualmente, a Confederação assegura os prémios entregues aos galardoados e as menções honrosas, bem como a organização do evento, nomeadamente a escolha do local, o processo de nomeação e apuramento dos premiados e a cerimónia de entrega.

O nome escolhido é uma homenagem a um dos mártires da causa ambiental, o fotógrafo português Fernando Pereira, morto no acto de sabotagem do navio do Greenpeace que há 20 anos tentava impedir a realização de testes nucleares franceses no atol de Muroroa no Pacífico.

O prémio destina-se a galardoar a pessoa, instituição ou empresa que em cada ano se distinga na sua acção como “amiga do ambiente”.

Este ano entre os galardoados encontra-se José Carlos Costa Marques um dos pioneiros do movimento ecologista e de defesa do ambiente em Portugal.


José Carlos Marques – Edições Sempre em pé.


As Edições Sempre-em-Pé começaram a publicar no final de 2004 e são resultado da actividade de um pequeno editor independente em nome individual sediado na região do Porto. Publicou até hoje vinte títulos. Embora sendo um editor generalista, duas linhas avultam na sua actividade: a poesia, por um lado, a natureza e o ambiente, por outro lado. Aliás, o editor considera que há entre ambas um nexo e um parentesco, podendo ser a poesia uma forma de aceder à beleza e ao significado do universo e da natureza. Entre os títulos publicados avulta o clássico The Sand County Almanac, de Aldo Leopold, na versão portuguesa com o título Pensar Como Uma Montanha, livro traduzido em 10 línguas e o mais debatido em todo o mundo no que se refere à ética ambiental. Embora a edição original date de 1949, nunca nenhum editor de língua portuguesa, incluindo Brasil, se tinha aventurado a traduzi-lo e publicá-lo (2007). Anteriormente (2004), tinha sido editada uma obra que marcou época (1985) na muito debatida corrente conhecida como deep ecology, com o título em português Ecologia Profunda - dar à natureza prioridade na nossa vida. Em 2007, saíram os dois primeiros Cadernos Schumacher para a Sustentabilidade (Schumacher Briefings), traduzidos da série inglesa inspirada no pensamento de E. F. Schumacher, o célebre autor de Small is Beautiful, e que abordam a questão da sustentabilidade de um ponto de vista ambientalmente consequente: Transformar a Economia e Criar Cidades Sustentáveis. A publicação, em 2006, integrada na comemoração dos 30 anos de rejeição do nuclear pelo povo de Ferrel, Peniche, do romance A Maldição das Bruxas de Ferrel, de Mariano Calado, baseado em factos reais, e de dois livros para crianças e jovens, Estrela Voadora e O Mistério da Torre Verde, que cultivam a sensibilidade à harmonia com a natureza e ao combate contra a destruição dos espaços verdes em ambiente urbano, completam uma primeira fase da actividade editorial na dimensão ecológica. Outros projectos aguardam.
José Carlos Costa Marques nasceu no Porto, em 1945. No domínio da ecologia, participou desde o 25 de Abril em várias intervenções, tendo criado, ou colaborado em, diversas publicações, desde o jornal Frente Ecológica, do Movimento Ecológico Português (colaboração) à revista Alternativa, do Grupo Autónomo de Intervenção Ecológica do Porto, e ainda A Urtiga, Terra Mãe, Terra Mágica (colaboração), Ar Livre, e as folhas Menina Terra, Sol Sorridente e Avisos e Saudações. Em 1974 fundou a colecção de livros Viver é Preciso (Edições Afrontamento), que integrou os Cadernos de Ecologia e Sociedade. Esta colecção, ue tinha, até 2000, 20 títulos publicados, recomeçou no início de 2009 a ser editada com dois novos títulos, mantendo-se o mesmo coordenador que a criou. Fundador e membro da direcção da Campo Aberto - que actua sobretudo no Noroeste e Norte do país. Licenciado em filosofia, foi professor do ensino secundário, tradutor free lance, editor, assessor e leitor editorial, responsável pelo centro de documentação e edições da Universidade do Algarve de 1982 a 1986, e tradutor principal nos serviços de tradução do Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia, hoje reformado. Um dos quatro fundadores da série DiVersos - Poesia e Tradução. Esteve igualmente na origem das Edições Afrontamento (1963), do Porto, e das Edições Sempre-em-Pé (2004). Foi assessor editorial na Enciclopédia Mirador, Brasil, publicada por Encyclopaedia Britannica do Brasil, e trabalhou nas edições da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Fontes: texto- CPADA, foto- Amigos dos Açores

sábado, 29 de agosto de 2009

AMBIENTE EM PERÍODO ELEITORAL


Há alguns anos a palavra ambiente era usada pelos políticos de todo o espectro partidário para ornamentar os seus discursos e os programas eleitorais.

Depois do seu desgaste devido ao uso e abuso de que foi alvo, o vocábulo deu lugar a outros como sustentável ou sustentado, sendo a sua utilização mais intensa quanto mais destruidores do ambiente e dos recursos naturais são os projectos a implementar.

Aproveitando-se da crise que assola o mundo, os políticos de serviço já nem precisam de iludir os mais distraídos e quase dispensaram o embelezamento dos seus textos com termos associados ao ambiente.

A provar o que escrevemos, nos programas para as eleiçoes legislativas que conhecemos até ao momento (CDU, PS e BE) a educação ambiental não merece qualquer referência.

Se a nível nacional é o que se vê, aquela, nos Açores, tem vindo a ser desincentivada e terá os seus dias contados. Com efeito, todas as promessas feitas, pelo partido que suporta o governo, de reforço da educação ambiental, através da implantação de pelo menos uma ecoteca por concelho (investimento anual de cerca de um milhão de euros) (*) foram colocadas no caixote do lixo da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.

Por falarmos em caixote do lixo, parece-nos que a falta de esforço na implementação da recolha selectiva está associada à intenção de algumas autarquias e agora de alguns membros do governo de optar pela queima de resíduos sólidos. Assim sendo, nunca teremos na Região uma gestão eficaz de resíduos que, em vez de ter como objectivo primeiro a criação de um negócio para os mesmos do costume, tenha como prioridades a participação efectiva dos cidadãos, o apoio à redução e à reutilização, o tratamento da componente orgânica e a descentralização.

Por último, não poderíamos deixar passar sem um comentário as declarações de alguns autarcas de elogio a todas as pessoas e associações idóneas e credíveis que têm trabalhado em prol do ambiente e dos direitos dos animais.

Vindo de quem pouco ou nada faz pelo ambiente e pelo direito dos animais, a não ser a promoção ou apoio a touradas onde elas nem tradição são, estes elogios fazem-nos lembrar os regimes totalitários que também gostam da participação dos cidadãos, não na tomada de decisões, mas sim através da aceitação acrítica e no aplauso das decisões pelos dirigentes tomadas.

Será por mero acaso que, em período eleitoral, temos assistido a silêncios cúmplices de quem se auto intitula de ambientalista?

(*) Ver: Fórum 2013. Açores ilhas de Futuro, p. 19

TB

A Vidália


A Vidália (Azorina vidalii) é uma pequena planta arbustiva, endémica do arquipélago dos Açores, que tem o seu habitat nas escarpas rochosas do litoral.

Esta espécie de flores campanuladas, cor-de-rosa, muito graciosas, tem grande potencialidade como planta ornamental. No entanto, se exceptuar um exemplar que vi há anos no Jardim de Santana e que já definhou, não tem sido cultivada nos jardins públicos de Ponta Delgada. Espécie emblemática da flora litoral açoriana teria sido uma excelente aposta para a recente área ajardinada das Portas do Mar, onde até foi utilizada uma espécie invasora (Polygonum capitatum) e algumas muito sensíveis à maresia.

Na Quinta do Palheiro Ferreiro, o mais notável jardim da Ilha da Madeira, a Vidália é cultivada há muitos anos. Começa a florir em Julho e a floração estende-se até Setembro. Como podem comprovar pelas fotografias, em anexo, esta nossa amiga açoriana é uma gracinha.

Texto e foto: Raimundo Quintal

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Regresso da Caça à baleia aos Açores



A 21 de Agosto de 1987, depois de três anos de interregno os baleeiros das Lajes do Pico caçaram um cachalote de 20 toneladas e 15 m de comprimento, a cerca de 15 milhas da costa.
Assim terminou, sem ter trazido quaisquer problemas para a economia regional, uma indústria que nos últimos anos sobrevivia à custa dos impostos de todos nós. Com efeito, sobretudo depois da directiva europeia 348/81 que proibia a importação de todos os produtos derivados de cetáceos no espaço da Comunidade Económica Europeia, a exportação de óleo só era possível mediante auxílio financeiro que o Governo Regional dos Açores prestava.
Vivia-se, na altura, no auge do amaralismo e tal como agora eram poucas as pessoas que tinham a coragem de abertamente manifestar a sua opinião. Nos primeiros anos da década de oitenta do século passado, além de uma ou outra voz que a título individual se fizeram ouvir, duas pequenas entidades manifestaram-se contra a continuidade da caça à baleia nos Açores: o Núcleo Português de Estudos e Protecção da Vida Selvagem- Delegação dos Açores, sedeado em Vila Franca do Campo e que tinha como principais dinamizadores Duarte Soares Furtado e Gerald le Grand, e o Grupo “Luta Ecológica” com sede em Angra do Heroísmo e que era dinamizado por José Alberto Lopes, Paulo Borges, Rogério Medeiros e Teófilo Braga.
Passados 22 anos, por intermédio de um ex-governante amaralista, defensor acérrimo da sorte de varas e dos touros de morte, ressurge a peregrina ideia de retomar a caça à baleia nos Açores. Até ao momento, a sua proposta já conta com os adeptos do costume, isto é, daqueles que defendem ser necessário debater serenamente a questão, dos que acham que é possível conciliar a observação de cetáceos com a sua matança, sem qualquer justificação de carácter económico, social, religioso ou ecológico e mais dia, menos dia surgirão aqueles que do alto da sua cátedra virão dizer que a observação de cetáceos tal como se faz actualmente não satisfaz os mesmos e que estes divertem-se à brava se, para além de serem importunados, houver derramamento de sangue.
Terminaríamos, acrescentando que este assunto, tal como outros que são indício de um retrocesso civilizacional, como a tortura quer estejam em causa seres humanos ou outros animais, não merece qualquer debate.
A tortura e a morte para satisfazer a mente doentia de uns poucos não se debatem. Combatem-se.

JS

sábado, 22 de agosto de 2009

Decrescimento Caminho para a Sustentabilidade


Não é possível o crescimento contínuo num planeta limitado.

O conceito de desenvolvimento sustentável é cientificamente "inconstruível", culturalmente desorientador e politicamente enganador.

Lei mais sobre o conceito de descrescimento, aqui, através de um texto de Pepa Gisberg, membro de Ecologistas en Acció del País Valenciá, editado pelo Ateneo Confederal Rojo e Negro.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

GRUTA DO CARVÃO- UMA PROMESSA QUE URGE CUMPRIR



Ao pobre não prometas…

Na primeira metade da década de oitenta do século passado, incentivado pelo Dr. George Hayes e com a sua imprescindível companhia e de outros amigos e familiares, iniciámos a exploração de grutas vulcânicas da ilha de São Miguel, entre elas a Gruta do Carvão.
Após aquela data e quase até hoje, temos investido muito do nosso tempo naquela cavidade vulcânica, através do seu estudo, da inventariação da sua riqueza em termos de estruturas, no acompanhamento de dezenas de visitas de estudo com alunos de diversas escolas, na elaboração de uma proposta de classificação da mesma como área protegida, em trabalhos de limpeza de que resultaram a retirada de algumas toneladas de lixos e entulhos, etc.
Em ofícios recebidos pela Associação Amigos dos Açores, da qual fomos presidente da direcção, o então Secretário Regional da Habitação e Equipamentos, Dr. José Contente, comunicou que, após a construção do abrigo de acesso situado na “Variante à ER 1-1ª em Ponta Delgada, Trecho Nó de São Gonçalo - Aeroporto” entregaria a posse útil do mesmo à Associação Amigos dos Açores.
Ainda na qualidade de presidente da direcção dos Amigos dos Açores efectuamos diligências, junto da Vice-Presidência do Governo Regional dos Açores, com a concordância da Senhora Secretária Regional do Ambiente, Dr.ª Ana Paula Marques, com vista a que aquela promessa fosse cumprida.
Já não tendo quaisquer funções de direcção nos Amigos dos Açores, tomei conhecimento que contrariando o que anteriormente estava acordado a actual tutela do ambiente não pretende cumprir o anteriormente prometido.
Hoje, desencantado com quem gere a coisa pública e com a chamada sociedade civil que está apática perante as injustiças e não participa, como seria seu dever, quer na denúncia de todas as irregularidades e mesmo ilegalidades, quer na construção de alternativas, pouco me resta senão continuar a exigir publicamente que o uso do abrigo de acesso da Gruta do Carvão seja cedido aos Amigos dos Açores.

Teófilo Braga

(Publicado no Jornal Terra Nostra, nº 418, p.23, 21 de Agosto de 2009)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tourada na Caloura Contestada por Pescadores e não Só



Para além da contestação por parte da comunidade local, 107 cidadãs e cidadãos suscreveram uma carta aberta dirigida ao Presidente da Câmara Municipal da Lagoa a contestar a promoção, por parte desta autarquia, da referida tourada.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Barbaridade no Pico da Pedra

Há momentos, por volta das 16 h deparei com o triste espectáculo que poderão observar nas fotos abaixo.



Para além de terem matado três pombos, creio que por puro prazer de matar, ainda quiseram expor os seus troféus de caça num portão da Rua Capitão Manuel Cordeiro, no Pico da Pedra.
Este facto associado a outros actos de malvadez contra os animais é a prova provada que nos Açores muito há para fazer em termos de educação em prol do bem-estar animal e em defesa dos direitos dos animais, por muito que isto custe a muitos pseudo iluminados.



Espero que não me perguntem:come carne? Também não quero ouvir o que é habitual: a culpa é dos professores.

Pico da Pedra, 17 de Agosto de 2009
Teófilo Braga

Cultura, ambiente e touradas


Tenho notado ultimamente que correm desejos de implementar a tourada à corda em S. Miguel, e até mesmo já se realizaram vários desses espectáculos, ao que parece com o acolhimento da massa acrítica local. Promover touradas à corda em S. Miguel, é o mesmo que colocar uma caprichosa praxe, aonde ela nunca teve existência. É o mesmo que impingir uma cultura ou evento popular, quando este nunca pertenceu ao passado desse local. Cheira a coisa importada, ou por negócio interesseiro ou por aproveitamento, com finalidades de duvidoso eleitoralismo. Porque é sempre mais fácil apelar à ignorância e aos instintos primários, do que motivar nas pessoas o gosto pelos melhores e mais frutuosos horizontes culturais. O curioso e até paradoxal é que são algumas autarquias a validarem estas iniciativas, na intenção óbvia de captar simpatias. Porém e sem que me mova qualquer intenção fundamentalista, respeito a prática desse espectáculo nos lugares ou ilhas onde tem forte raiz cultural e popular e não vejo qualquer utilidade cultural e até civilizacional na sua implantação, em ilhas ou lugares onde tal prática nunca existiu. Teremos que ter ainda em conta que a utilização de animais para espectáculos em que eles possam ser violentados é hoje uma questão civilizacional, a que muitos se opõem, invocando os direitos dos próprios animais. Em suma, creio também que esta questão é também ambiental, pois tem reflexos na qualidade das características dos lugares e no comportamento das pessoas. Não sou dos que entendem o ambiente apenas em relação a certos aspectos evidentes, mas sim que a qualidade ambiental de um lugar abrange tudo o que pode corromper e prejudicar as harmonias próprias e as características locais. Apelo por isso também às várias associações ecológicas de S. Miguel que se pronunciem sem reservas sobre este processo que se está tentando implantar em S. Miguel, de uma forma sub-reptícia, mas que terá apoios onde eles não deviam existir, ou seja em autarquias locais com responsabilidades sociais e educacionais.

Texto de António Eduardo Soares de Sousa

Fonte: Açoriano Oriental, 17 de Agosto de 2009

Comentário:

Reforço aqui o apelo do arquitecto Soares de Sousa. Por que razão está em silêncio a Quercus- São Miguel e outras que quando lhes interessa são de ambiente e quando não dá jeito são outra coisa.

sábado, 15 de agosto de 2009

Carta aberta a protestar contra tourada na Caloura



Uma carta aberta dirigida ao presidente da Câmara Municipal da Lagoa, assinada por 77 cidadãos, protesta contra a realização de uma tourada à corda no Porto da Caloura, agendada para segunda-feira, dia 17 de Agosto, às 17h00.
A missiva considera estranho que a autarquia da Lagoa promova uma tourada numa festa dedicada a uma comunidade piscatória.

“Como pessoa com um grau de instrução de nível superior, julgávamos que teria a criatividade e o bom senso de, em vez de utilizar um pseudo espectáculo que torna as pessoas mais insensíveis ao sofrimento (ao bem-estar) dos animais e das próprias pessoas, socorrer-se de outros meios que pudessem aliar o divertimento à formação cultural e cívica da população local”, refere a carta dirigida ao presidente da autarquia da Lagoa.
Os cidadãos defendem que a promoção de touradas não contribui para a elevação cultural e espiritual da população, aconselhando o autarca a gastar o dinheiro noutras actividades.

Fonte: Açoriano Oriental, 14 de Agosto de 2009

Esclarecimento
- Um órgão de comunicação social, ontém atribuiu a iniciativa da carta aberta ao CAES, o que não é verdade. Com efeito, a iniciativa partiu de membros do Blogue/Colectivo Aqrquipélago dos Animais e do Blogue Açores Melhores sem Maltratos Animais.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA LAGOA

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lagoa,


Embora não nos tenha surpreendido, tomamos conhecimento que a autarquia presidida por V. Ex.ª, não satisfeita com os erros já cometidos, vai voltar a promover mais uma tourada à corda no concelho da Lagoa.
Se já era estranho organizar uma tourada, na ilha de São Miguel, com o objectivo de pretensamente promover o mundo rural mais estranho é integrar uma tourada numa festa de homenagem a uma comunidade piscatória como a da Caloura.
Como pessoa com um grau de instrução de nível superior, julgávamos que teria a criatividade e o bom senso de, em vez de utilizar um pseudo espectáculo que torna as pessoas mais insensíveis ao sofrimento (ao bem estar) dos animais e das próprias pessoas, socorrer-se de outros meios que pudessem aliar o divertimento à formação cultural e cívica da população local
Com a promoção de touradas a Câmara Municipal da Lagoa não está a contribuir para a elevação cultural e espiritual da população concelhia, nem está a promover o turismo. Pelo contrário, está a usar a arma do populismo, pensando conquistar votos, e a colaborar com uma elite da Terceira que pretende levar a tourada a ganhar novos públicos com vista a abrir caminho para a legalização da Sorte de Varas e dos Touros de Morte nos Açores.
Embora com pouca esperança em sermos atendidos, vimos apelar a V. Exa. para que volte atrás na sua intenção e use o dinheiro em causa para apoiar, ainda mais, uma ou várias instituições da freguesia de Água de Pau, como as equipas de formação do Santiago Futebol Clube, a Banda Filarmónica Fraternidade Rural, o Grupo Folclórico Jovem Pauense, o Centro Cultural da Caloura, etc., ou instituir bolsas de estudo destinadas a jovens pauenses.
Terminaríamos, com uma questão: “Será que o concelho da Lagoa e no caso presente a freguesia de Água de Pau é tão pobre culturalmente (ou não tem as suas próprias tradições) que necessita de importar tradições de outras paragens?”
Com os melhores cumprimentos

Afonso Almeida
Alberto Francisco Albertino Monteiro
Alexandra Manes
Ana Catarina Rodrigues
Ana Loura
Ana Taveira
Ana Teresa Fernandes Bahia Simões
Ana Teresa Simões
Andrea Fernandes Simões Ribeiro
António Eduardo Soares de Sousa
Bárbara Bernardino
Bernardo Ribeiro
Carlos Gouveia
Cassilda Pascoal
Catarina Mariz
Celme Tavares
Clara Martins
Clara Patuleia
Constança Quaresma
Cristina Alexandra Raposo Monteiro
Cristina D'Eça Leal Soares Vieira
Débora Cabral
Diogo Gonçalves
Diogo Santos Caetano
Dulcineia Guerra
Eva Almeida Lima
Francisca Catarino
Felipe Sousa Lima
Fernanda Cabral
Filipa Vieira de Pina
Filipe Pereira
Gabriela Mota Vieira
Gabriela Oliveira
Gabriela Ferraz Lúcio de Sales
George Hayes
Gisela Melo
Gonçalo Duarte
Gonçalo de Portugal
João Gonçalves
João Pacheco
Joana D'Eça Leal Soares Vieira
Joana Gonçalves
Joaquim Bernardino
Joaquim Pessoa de Morais
Julia Bentz
Leonor Quaresma
Lúcia Oliveira Ventura
Lúcia Tavares de Sousa
Marco Cabral
Margarida Diniz
Margarida Pereira Benevides
Maria Elvira Almeida
Maria José Lemos Duarte
Maria Lopes
Mário Carvalho
Maria Clementina Prieto
Maria da Lurdes Fontes
Maria do Carmo Franco Fernandes
Maria do Carmo Medeiros Franco Fernandes
Maria Helena D'Eça Leal
Maria Manuela da Mota Âmbar de Melo
Maria Manuela Forjaz Sampaio
Maria Margarida Soares de Sousa
Marta Valente
Miguel Carvalho
Miguel Fontes Cabral
Miguel Wallenstein
Mónica Santos
Nelson Manuel Furtado Correia
Nuno Pascoal
Pedro Pacheco
Pedro Soares Vieira
Raquel Gomes
Raquel Michielsen Ramos
Rita Bernardino
Rita Sousa Melo
Rodrigo Rivera
Rúben Cabral
Rui Alberto da Silva Vaz Teixeira
Rui Moniz
Rui Santos
Sebastião Barreiras
Sílvia Barbosa Melo
Sofia Teixeira
Teófilo Soares de Braga
Teresa Cotta
Tiago Pereira
Vera Borges
Vitor Hugo Soares Carvalho

Fontes: http://www.arquipelagodosanimais.blogspot.com/
http://acoresmelhoressemmaltratosanimais.blogspot.com/

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sem Palavras



"Como homem e como professor não posso deixar de lhes enviar a minha mais completa e entusiástica adesão ao protesto levantada pela Sociedade Protectora dos Animais contra um espectáculo indigno do nosso tempo, da nossa mentalidade, da nossa civilização".Aurélio Quintanilha, Professor da Universidade de Coimbra

sábado, 8 de agosto de 2009

Lagoa do Fogo, Hoje.



quinta-feira, 6 de agosto de 2009

HIROSHIMA, NUNCA MAIS

Testemunho de Kiyoko Tanaka, rapariga, estava na 3ª classe em 1945


Foi no dia 6 de Agosto de 1945 que caiu a inesquecível bomba atómica. Mesmo agora tremo quando pensão naquele tempo. Não fui evacuada com a minha classe e por essa razão estudava numa secção descentralizada da escola próxima. Nesse dia, saí para brincar com as minhas amigas do bairro. Quando surgiu o clarão eu estava debaixo da casa onde brincávamos. « Se ficar aqui assim, sem nada fazer, não sei o que acontecerá!» Enquanto pensava isto notei que, em certo ponto, havia uma fenda. De rastos, fui até lá, e deslocando algumas tábuas para o ado consegui escapar-me. Uma vez no exterior vi, para meu espanto, que não fora só esta casa onde brincava mas todas as casas onde a vista alcançava tinham desabado e estavam a arder. Quando vi isto preparei-me para chorar mas pensei: «Chorar não modificará as coisas», e decidi ir para casa. Quando por fim cheguei a casa, a Mãe tinha posto o bebé de um ano no cimo de uma pilha de trouxas e trazia furiosamente as coisas para a rua. O bebé estava inconsciente, talvez devido à surpresa.
A mãe ficou contente quando me viu:
«Vem, afastemo-nos daqui. Queimar-nos-emos até morrer se continuar a fazer isto durante muito tempo»
E pondo as trouxas às costas e o bebé nos braços, partiu acompanhada por mim.
Vimos uma pessoa com uma grande lasca de madeira espetada num olho – suponho que talvez ele não conseguisse ver – e errava por ali, como um cego. Sem saber exactamente aonde íamos, seguimos todos os outros que fugiam.
No caminho para a colina de Hiji vimos pessoas saltar para dentro de tanques de água porque as suas queimaduras as atormentavam.
Outros estavam sentados na berma da estrada, dizendo a toda a gente que passava:«Por favor, deite-me água em cima», ou, « Dê-me água, por favor». Algumas delas bebiam aágua suja da beira da estrada.
Enquanto subíamos a colia de Hiji vimos uma grande árvore que ardia a partir-se ao meio. Quando chegamos ao cimo da colina e olhámos para baixo notámos que as cercanias eram todas um mar de chamas. E no cimo da colina, aqui e ali, pessoas queimadas e feridas estavam estendidas no chão, gemendo, ou mexiam-se agitadas, em redor.
Depois disto, descemos para Danbara. Danbara não ardia, mas praticamente todas as casas tinham desabado, e a única que ainda se encontrava de pé estava quase toda desconjuntada. Na soleira da porta viam-se sandálias, e algumas pessoas que passavam puseram-nas nos pés e continuavam o seu caminho.
Um pouco mais além um homem gritava através de um megafone; dizia que todos os que estivessem feridos se deviam dirigir para Ninoxima. Decidimos partir para ali e metemo-nos num barco, no rio.
Diante da mãe estava sentada uma jovem com a minha idade. Todo o seu corpo estava cobertto de queimaduras e feridas, e sangrava.
Parecia ter muitas dores e chamava sem cessar a mãe. Esta virou-se de súbito para a minha mãe e disse: «Senhora, a sua filha está aqui?»
A mãe respondeu afirmativamente e ela deu-lhe alguma coisa para as mãos.
Era uma lancheira com o almoço que a mãe preparaa e lhe dera naquela manhã quando a jovem partira para a escola.
«Não queres comê-lo, tu?», perguntou a minha mãe à jovem.
«Vou morrer. Dê-o à sua filha.»
Aceitei. Começamos a descer o rio quando o barco chegou ao mar a pequena soltou o último suspiro e morreu.
Senti-me terrivelmente triste por ela. A mãe e eu chorámos juntas.
Quando chegámos dirigimo-nos imediatamente para o posto médico. Encontrámo-lo cheio de pessoas queimadas e feridas. Entre elas havia algumas que tinham enlouquecido devido às dores e corriam em redor dos doentes.
Como ficaria feliz se todas estas pessoas não tivessem sido queimadas nem feridas e fossem vivas agora, e também se aquela criança do barco não tivesse sido queimada e sobreviesse.



Texto escrito em 1951, por Koyko Tanaka

Reproduzido do livro « Testemunho dos Jovens de Hiroxima», ed. Portugália, 1965, tradução portuguesa do original «Children of the A-Bomb, the testamento f the boys and girls of Hiroshima»

FONTE: http://pimentanegra.blogspot.com/search?q=hiroshima

sábado, 1 de agosto de 2009

Botetim nº 11



Já se encontra disponível para leitura o boletim nº 11, relativo ao mês de Agosto.

Neste número poderá ler, entre outros, um texto sobre a energia nuclear e outro sobre uma corrente do movimento ecologista que normalmente não é referida na bibliografia de carácter divulgativo ou dita científica sobre o assunto: a ecossocialista.

Para ler basta clicar aqui.