Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
sábado, 29 de agosto de 2009
AMBIENTE EM PERÍODO ELEITORAL
Há alguns anos a palavra ambiente era usada pelos políticos de todo o espectro partidário para ornamentar os seus discursos e os programas eleitorais.
Depois do seu desgaste devido ao uso e abuso de que foi alvo, o vocábulo deu lugar a outros como sustentável ou sustentado, sendo a sua utilização mais intensa quanto mais destruidores do ambiente e dos recursos naturais são os projectos a implementar.
Aproveitando-se da crise que assola o mundo, os políticos de serviço já nem precisam de iludir os mais distraídos e quase dispensaram o embelezamento dos seus textos com termos associados ao ambiente.
A provar o que escrevemos, nos programas para as eleiçoes legislativas que conhecemos até ao momento (CDU, PS e BE) a educação ambiental não merece qualquer referência.
Se a nível nacional é o que se vê, aquela, nos Açores, tem vindo a ser desincentivada e terá os seus dias contados. Com efeito, todas as promessas feitas, pelo partido que suporta o governo, de reforço da educação ambiental, através da implantação de pelo menos uma ecoteca por concelho (investimento anual de cerca de um milhão de euros) (*) foram colocadas no caixote do lixo da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.
Por falarmos em caixote do lixo, parece-nos que a falta de esforço na implementação da recolha selectiva está associada à intenção de algumas autarquias e agora de alguns membros do governo de optar pela queima de resíduos sólidos. Assim sendo, nunca teremos na Região uma gestão eficaz de resíduos que, em vez de ter como objectivo primeiro a criação de um negócio para os mesmos do costume, tenha como prioridades a participação efectiva dos cidadãos, o apoio à redução e à reutilização, o tratamento da componente orgânica e a descentralização.
Por último, não poderíamos deixar passar sem um comentário as declarações de alguns autarcas de elogio a todas as pessoas e associações idóneas e credíveis que têm trabalhado em prol do ambiente e dos direitos dos animais.
Vindo de quem pouco ou nada faz pelo ambiente e pelo direito dos animais, a não ser a promoção ou apoio a touradas onde elas nem tradição são, estes elogios fazem-nos lembrar os regimes totalitários que também gostam da participação dos cidadãos, não na tomada de decisões, mas sim através da aceitação acrítica e no aplauso das decisões pelos dirigentes tomadas.
Será por mero acaso que, em período eleitoral, temos assistido a silêncios cúmplices de quem se auto intitula de ambientalista?
(*) Ver: Fórum 2013. Açores ilhas de Futuro, p. 19
TB