quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um charco não é um pântano


Lagoa do Areeiro, Vila Franca do Campo

Em pleno século XXI e mesmo entre pessoas de habilitação superior, o que não é admissível, continua a persistir a ideia errónea de que os charcos são prejudiciais ao homem e conspurcam as paisagens. Foi possivelmente com este pensamento que se “entulhou” o Charco da Madeira, localizado na Fajã de Cima, e outros de menor dimensão na ilha de São Miguel.

Ao contrário do que era voz corrente no passado, e que parece persistir ainda hoje, os charcos têm uma importância ecológica e desempenham funções ambientais dignas de relevo, de tal modo que os que se encontram de algum modo em perigo deveriam ser recuperados e os que estão em boas condições deveriam, a todo o custo, ser protegidos.

Com vista a “contribuir para a inventariação, adopção, construção e exploração pedagógica de charcos, de forma a contribuir para o conhecimento e observação da sua biodiversidade e a sensibilização sobre a importância destes habitats” o CIBIO-Div – Unidade de Divulgação e Comunicação de Ciência em Biodiversidade do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos) organizou a campanha de educação ambiental “Charcos com Vida” a qual conta desde já com a participação da Escola Secundária das Laranjeiras, como forma de dar continuidade ao seu projecto “Água Fonte de Vida” e com o interesse por parte da Escola Secundária Antero de Quental em recuperar um charco lá existente.

Na campanha Charcos com Vida, para além da inventariação de charcos, é possível a adopção de um deles com o compromisso de durante, pelo menos um ano, “contribuir activamente para o seu estudo, caracterização, gestão e divulgação”.

Outra actividade de grande importância é a construção de novos charcos, os quais serão de grande utilidade para o “melhoramento de paisagens e áreas de lazer para a população, na criação de microclimas em jardins e zonas agrícolas, na recuperação da qualidade das águas superficiais e é uma ferramenta para a conservação de espécies que vivem ou dependem de pontos de água doce para a sua sobrevivência, compensando a destruição e degradação de charcos por motivos antropogénicos”.

Sendo a adopção de um charco ou de uma pequena lagoa cada vez mais difícil pois a saída das escolas para visitas de estudo está limitada por aquelas não possuírem verbas disponíveis em orçamento para transportes e os autocarros cedidos pelas autarquias serem insuficientes.

A construção de um charco é, não temos dúvida, a actividade que mais se adequa às escolas pois não requer grandes investimentos, podendo ser reutilizadas telas impermeáveis, e não necessita de ocupar uma grande área.

Numa escola, e não só, um charco constitui um importante recurso educativo pois permite a realização de actividades educativas como a observação de plantas, aves e de outros animais, como anfíbios, libelinhas, etc.

Não queria acreditar quando alguns colegas meus me disserem que professores de várias escolas se opunham à construção de charcos nos seus estabelecimentos de ensino, alegando que os mesmos atraiam mosquitos e outros insectos que poderiam prejudicar outras actividades, nomeadamente as relacionadas com o ensino de práticas agrícolas ou de jardinagem.

Bastaria um pouco de esforço para, através de uma curta pesquisa bibliográfica ficarem a conhecer a importância dos charcos, ou uma saída de campo para observação dos charcos que foram construídos pelos lavradores, para servirem como bebedouros para o gado, para descobrirem que a grande maioria está em equilíbrio com o meio e apresenta uma biodiversidade que enriquece as paisagens. No limite, se não quisessem despender qualquer esforço, mesmo mínimo, bastaria que perguntassem a quem já possui charcos em casa para ficarem a saber que o problema dos mosquitos e outra bicharada dita prejudicial não existe a não ser na sua pantanosa cabeça.

Como muito bem disse Albert Einstein: “É mais fácil destruir um átomo do que um preconceito”

Teófilo Braga

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Este ano salve um cagarro




O cagarro é uma ave oceânica que vem a terra apenas durante a época de reprodução. Este período decorre entre Março e Outubro altura em que as crias já suficientemente desenvolvidas partem com os seus progenitores em direcção ao mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e regressando apenas no próximo ano.

A sua partida realiza-se de noite e muitas delas são atraídas pelas luzes das nossas vilas e cidades, acabando por cair em terra e sendo-lhes neste caso impossível voltar a levantar voo se não forem ajudadas.

Sendo os Açores uma das zonas mais importantes no que respeita à reprodução dos cagarros é muito importante que um máximo de aves seja salva para que o nível populacional da espécie se mantenha.

Se encontrar durante o dia um cagarro devolva-o ao mar. Se o encontrar à noite recolha-o, de preferência numa caixa fechada (de papelão), não tente alimentá-lo e devolva-o ao mar logo na manhã seguinte.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Estudo e Protecção de Aves nos Açores no final do século passado



Neste texto, que, por opção não é exaustivo, não me debruçarei sobre o contributo de vários ornitólogos amadores que, a nível individual, sempre observaram aves, nem sobre o trabalho realizado nos primeiros anos da Universidade dos Açores, dinamizado pelo Dr. Gerald Le Grand e pelo seu colaborador Eng. Duarte Furtado. Assim, limitar-me-ei a apresentar, sucintamente, o que foi feito por algumas associações.
Nos Açores, das várias associações de defesa do ambiente existentes no final do século passado, poucas se interessaram pelo estudo e protecção das aves. Entre as que mais preocupações demonstraram, destacaria o Centro de Jovens Naturalistas, o NPEPVS/Delegação dos Açores e os Amigos dos Açores.
O Centro de Jovens Naturalistas de Santa Maria, cuja actividade foi mais intensa nas décadas de 70 e 80 do século passado, sob a liderança do Sr. Dalberto Teixeira Pombo, procurou sensibilizar os mais jovens para a importância das aves, tendo, entre outras publicações, editado o “Jogo da Migração”, da autoria da RSPB, e um autocolante sobre a estrelinha, ave endémica dos Açores.

O NPEPVS/Delegação dos Açores, que esteve em actividade em São Miguel, de 1982 a 1984, tinha, de acordo com os seus estatutos, como objectivo prioritário a protecção da natureza, em especial da fauna e da flora. Para a concretização daquele objectivo o NPEPVS conseguiu organizar um centro de documentação, localizado em Vila Franca do Campo, com diversas publicações e filmes sobre a vida de aves e lançou duas campanhas, uma em defesa das aves marinhas e outra para protecção das aves de rapina.
Da mesma associação, destaca-se a edição de dois números (Primavera de 1983 e Inverno de 1984) do “Priôlo - Boletim para a Conservação da Natureza nos Açores”. Nos dois números do boletim, para além de textos sobre o milhafre, o mocho, o priôlo e o “status” e distribuição da avifauna nidificante nos Açores, eram também divulgadas notas ornitológicas, onde eram registadas as observações de aves efectuadas em toda a Região.
Ao longo da sua história, os Amigos dos Açores tiveram dois grupos específicos para o estudo e protecção das aves.
O primeiro denominou-se NOATA - Núcleo de Ornitologia dos Amigos dos Açores, criado em Abril de 1989, que ao longo da sua existência organizou diversas visitas de estudo para observação de aves e dinamizou, em 1990, uma Campanha em Defesa do Pombo Torcaz. Nesta, foram editados um autocolante e um desdobrável que foram distribuídos por alunos de diversas escolas e foi feita uma impressão de uma t-shirt com uma gravura do pombo torcaz da autoria do biólogo Gerald Le Grand.
Nos últimos dias de Agosto e no primeiro dia de Setembro de 1990, o referido grupo organizou um Curso de Introdução à Ornitologia, dinamizado pela Dr.ª Fátima Melo Medeiros, que contou com a presença de 15 participantes.
Mais tarde, em 1993, foi criado o GTEA- Grupo de Trabalho para o Estudo das Aves, que foi responsável, entre outras iniciativas, pela campanha “Um espaço para os garajaus” que, para além de exposições sobre a espécie editou, no primeiro ano, mais de 4000 folhetos que foram distribuídos pelas escolas da Região. Também em 1993, o mesmo grupo lançou a campanha “ A Escola e o Cagarro” que consistiu na realização de um inquérito sobre a espécie e a distribuição de cerca de 10 000 desdobráveis pelas escolas dos Açores.
Em1995, o GTEA promoveu um curso de introdução à observação e censo de aves que contou com a participação de 20 pessoas, algumas das quais coordenadoras de clubes escolares de ambiente, dinamizou, em São Miguel, a campanha SOS Cagarro, promoveu um estudo sobre o milhafre que foi apresentado na 2ª Conferência Nacional sobre Aves de Rapina, realizada em Vila Nova de Gaia, e editou 5000 desdobráveis sobre o milhafre.
No ano seguinte, 1996, o GTEA promoveu um curso de introdução ao estudo das aves de rapina, implementou o projecto Rapinas dos Açores e continuou a dinamizar a campanha SOS Cagarro.
Até ao final do século, foi sempre a associação Amigos dos Açores que, ano após ano manteve de pé, em São Miguel, a campanha SOS Cagarro e reeditou várias vezes os desdobráveis, referidos anteriormente, sobre o pombo torcaz, o cagarro, o milhafre e o garajau.

Teófilo Braga

domingo, 16 de outubro de 2011

A propósito do Dia Mundial da Alimentação


ONGs e movimentos sociais reclamam Soberania Alimentar no dia mundial da alimentação

Lisboa, 14 de Outubro 2011 - Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, no próximo Domingo 16 de Outubro, organizações e movimentos da sociedade civil unem as suas vozes para exigir Soberania Alimentar na Europa e no mundo. Desde o início desta semana que por toda a Europa se multiplicam os eventos para chamar a atenção para a urgência de uma nova política europeia e global em matéria de alimentação e agricultura.

A soberania alimentar é a liberdade e capacidade de cada pessoa e cada comunidade de exercer os seus direitos económicos, sociais, culturais e políticos relativos à produção de, e acesso à, sua alimentação. Reconhecer o direito à alimentação é também reconhecer o direito à produção de alimentos e ao acesso aos recursos comuns, tais como terra, água e sementes.

A luta pela soberania alimentar é um movimento transformativo, lançado em 1996 pela Via Campesina 1, que procura recriar o ideal democrático e regenerar a diversidade dos sistemas alimentares autónomos baseados na equidade, justiça social e sustentabilidade ecológica.

A mobilização a favor de uma alternativa aos actuais sistemas alimentar e agrícola, fortemente dominados pela indústria agro-química, tem como pano de fundo o descontentamento generalizado da sociedade civil com o estado da democracia. Um pouco por todo o mundo as pessoas saem à rua para reclamar o direito à informação transparente e uma participação real nas tomadas de decisão.

Desde a marcha “Right2Know” entre Nova Iorque e Washington para exigir a rotulagem dos organismos geneticamente modificados, passando pela ocupação de Wall Street para denunciar o poder abusivo das grandes corporações e bancos – protesto esse que no dia 15 de Outubro será significativamente amplificado quando em cerca de 1.300 cidades as pessoas se manifestarão para pedir uma democracia real -, até à concentração frente à sede da FAO em Roma para protestar o “land grabbing” e o investimento corporativo, as duas últimas semanas de Outubro prometem não dar tréguas ao poder político e corporativo 2.

Estas mobilizações, aparentemente díspares, convergem no entanto na crítica que fazem ao actual modelo económico, que tem permitido a umas poucas dezenas de grandes multinacionais, com a conivência de governos nacionais e apoiadas por convenções internacionais favoráveis à indústria, de controlar não só os recursos financeiros como os recursos naturais comuns.

Em nenhuma área o controlo da indústria é tão evidente como na alimentação e agricultura. Por esse motivo a Via Campesina afirma que “a Soberania Alimentar não representa apenas uma mudança nos nossos sistemas alimentar e agrícola, mas também o primeiro passo para uma mudança mais profunda nas nossas sociedades” 3.

A partir deste ano, o Dia Mundial da Alimentação deverá ser conhecido como o Dia Mundial da Soberania Alimentar, assinalando o movimento imparável para uma nova governança dos recursos naturais: uma governança que garante o direito à comida apropriada a todos os homens e mulheres, que aproxima os produtores dos consumidores, que respeita os limites da natureza e os conhecimentos tradicionais e locais e que restitui o controlo local de terras, sementes, água e modos de produção de alimentos 4.


Para mais informações:

Lanka Horstink – coordenadora da Campanha pelas Sementes Livres em Portugal, tm 910 631 664.


Campanha pelas Sementes Livres
semear o futuro,colher a diversidade
sementeslivres@gaia.org.pt
www.sosementes.gaia.org.pt


Notas:

La Via Campesina é um movimento internacional de camponeses, agricultores de pequena e média dimensão, camponeses sem terra, agricultoras, povos indígenos e trabalhadores agrícolas de todo o mundo.

Algumas das iniciativas a favor da Soberania Alimentar e uma Democracia Real:
Marcha Right2Know
Millions Against Monsanto
Democracia Sai à Rua + 15october.net - united for #globalchange
No Patents on Seeds
OccupyWallStreet
Comunicado da Via Campesina por ocasião da semana Europeia da Soberania Alimentar
O movimento pela Soberania Alimentar: Fórum Nyeleni


Notas adicionais:

A Campanha pelas Sementes Livres é uma iniciativa europeia com núcleos na maioria dos Estados-Membros da União Europeia. Em Portugal a campanha é dinamizada pelo Campo Aberto, GAIA, Movimento Pró-Informação para Cidadania e Ambiente, Plataforma Transgénicos Fora e Quercus, para além de contar já com várias dezenas de subscritores. A Campanha visa inverter o rumo da agricultura na Europa, onde os modos de produção intensivos se sobrepõem cada vez mais à agricultura tradicional e de pequena escala e onde as variedades agrícolas e as próprias sementes, a base da vida, estão a ser retiradas da esfera comum e entregues nas mãos de multinacionais do agro-negócio.

Em Novembro próximo, a Campanha organiza a SEED SAVERS TOUR, uma digressão pelas sementes livres em Portugal com os permacultores e especialistas em sementes tradicionais Michel e Jude Fanton, da rede australiana Seed Savers.

sábado, 15 de outubro de 2011

O buraco da incineração

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Há um movimento ambientalista/ecologista nos Açores?




Num texto de Julho do presente ano, João Bernardo, pensador e escritor marxista heterodoxo português, que foi professor convidado em várias universidades públicas brasileiras, afirmou que em Portugal não existem movimentos sociais, como os existentes em outras paragens, nomeadamente na América Latina.

Segundo ele, os movimentos sociais são caracterizados por “desenvolverem-se num plano próprio, independente das instituições dominantes, e não aspirarem a subir nessas instituições nem a participar no poder dentro dessas instituições”. Além disso, a razão da sua existência não é “um programa ideológico” mas sim “uma plataforma reivindicativa prática — ter terra para cultivar ou ter casa para morar …”

Ambientalismo e ecologismo são termos que muitas vezes apresentados como se de sinónimos se tratassem. Contudo, há vários autores que não são dessa opinião e estou de acordo com eles. Assim, para o ambientalismo a crise ambiental pode ser resolvida sem que seja posta em causa o modelo da sociedade de mercado liberal ou neo-liberal enquanto para o ecologismo a crise multidimensional que o mundo atravessa não pode ser ultrapassada sem uma mudança radical no modelo de sociedade.
Para o pai da ecologia social, Murray Bokchin que propõe como alternativa à sociedade actual uma sociedade “baseada na autogestão, onde cada indivíduo participe plenamente, directamente e de forma perfeitamente igualitária, na gestão, sem intermediários, da colectividade”, o ambientalismo ignora a questão fundamental da sociedade de hoje que é a dominação da natureza pelo homem e apenas procura o uso de técnicas que possam minimizar os seus males.
Um contributo para a resposta à questão formulada é-nos dado por Viriato Soromenho Marques que no seu livro “O futuro frágil: os desafios da crise global do ambiente” considera a existência de quatro aspectos, que distinguem os novos (onde se inclui o movimento de defesa do ambiente) dos antigos movimentos sociais (sindicatos, por exemplo), a saber:
1- Enquanto os antigos movimentos sociais acreditavam na “bondade incondicional do progresso científico e técnico”, o movimento ambientalista questiona a “religião” do progresso técnico-científico”;
2- Os antigos movimentos acreditavam na bondade do estado, daí que a sua meta era a “conquista do poder de Estado”, o movimento ambientalista desconfia não tanto da bondade do Estado mas sobretudo do seu poder efectivo;
3- Os antigos movimentos eram “movimentos escatológicos, do fim da história”, tinham “como programa uma bandeira ideológica desfraldada pelo vento das utopias”, como, por exemplo, o fim da exploração do homem pelo homem, como resultado da emancipação da classe operária. O movimento ambientalista recusa as “utopias do fim da história”;
4- Para os antigos movimentos a luta política inseria-se na dicotomia amigo - inimigo, sendo este bem identificado: o capitalista, o vermelho, etc. Para os ecologistas, sobretudo das sociedades industrializadas do Norte, o inimigo é o “nosso presente e insustentável modo de vida”.

Só com muita boa vontade alguém poderá dizer que, hoje, existe um movimento de defesa do ambiente nos Açores. Com efeito, proliferam pequenas associações para as quais o ambiente é uma temática quase marginal, embora sejam reconhecidas como de ambiente pela tutela. Limitam-se a pontualmente (ou não) a prestar de serviços e são consultadas, mesmo que não tenham capacidade para a elaboração de pareceres, os quais, como é sabido, só servem para legitimar as decisões previamente tomadas.
No que toca às chamadas “grandes” associações, foram forçadas a perder o pio ou remeteram-se ao (quase) silêncio. Dizem as más-línguas que alguns dos seus membros estão a posicionar-se para as próximas eleições regionais, outros à espera de não atrapalhar as suas actuais ou futuras carreiras profissionais e outros, ainda, renderam-se ao capitalismo verde.
No que diz respeito ao seu pendor ambientalista ou ecologista, através de uma análise ao que fazem, nomeadamente às suas publicações ou páginas Web, facilmente se chegará à conclusão de que todas elas apresentam uma forte componente ambientalista.
Partindo do princípio de que a missão dos movimentos sociais é a alteração do statu quo que se caracteriza pela perpetuação de uma crise económica, por uma crise política, ecológica e energética, diria que não há grupos ecologistas nos Açores e que os dedos de uma mão talvez sejam suficientes para contar o número de militantes/activistas.

Teófilo Braga

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

VERÍSSIMO BORGES: RECORDANDO O AMIGO E O DESTACADO AMBIENTALISTA


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Decorreram três anos da morte do amigo e destacado ambientalista dos Açores Veríssimo Borges, falecido no dia 8 de Outubro de 2008.
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Relembro com carinho e gratidão o Veríssimo Borges, nos vários encontros de Educação Ambiental, seminários e palestras em que estivemos juntos, assim como nas grandes conversas que tivemos no seu escritório do Hotel Gaivota, colocando-me sempre a par das lutas que tinham em mãos e disponibilizando sempre a melhor atenção e bons conselhos para as questões que levava de Santa Maria.
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Através dele conheci figuras ligadas a várias áreas do ambiente, entre as quais o Eng.ro Luís Monteiro, o “pai” da conhecida Campanha SOS-Cagarro, que decorre nesta data.
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O desaparecimento de Veríssimo Borges foi uma grande perda para o ativismo ambiental nos Açores, pois foi indubitavelmente uma figura ímpar e muito marcante na defesa do ambiente da nossa Região, constituindo, sem dúvida, uma referência histórica e uma das “autoridades” que reconheço nesta nobre causa cívica e social.
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Veríssimo Freitas Silva Borges, biólogo de formação, pertenceu ao movimento SOS-Lagoas e foi o fundador do Núcleo da Quercus de S.Miguel, tendo sido a personalização inconfundível daquela ONGA, praticamente até ao seu falecimento.


Tive o privilégio de acompanhar algumas das batalhas ambientais que travou, revelando-se um lutador íntegro, isento, frontal, coerente e bem apetrechado argumentativamente nas suas intervenções. Era persuasivo, concludente e possuidor de uma grande capacidade de sensibilização, tendo-me transmitido grandes ensinamentos e referências de balizamento importantes.

Leia mais aqui: http://natur-mariense.blogspot.com/2011/10/recordando-o-amigo-e-o-destacado.html

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Terra Livre 37 Outubro de 2011

NO DIA DOS ANIMAIS




“É o modelo actual de produção e consumo o responsável pela violação dos direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade, sendo também responsável pelo sofrimento infligido aos animais.
Consideramos que é fundamental o respeito do homem para com os restantes animais domésticos e selvagens, assim é imprescindível promover uma educação, cultura e legislação que garantam os direitos dos animais.”
(Princípios do CAES)

Hoje, 4 de Outubro, dia em que se comemora o Dia Dos Animais, enquanto alguns animais (muito poucos) são respeitados, a esmagadora maioria continua a ser, mesmo legalmente, alvo de tratamento desumano e até cruel, nas mais diversas actividades humanas, como na pecuária, em nome da ciência, da educação, do divertimento, etc.
Neste dia, em que algumas entidades, mesmo as que mantêm uma prática contínua errada em relação aos animais, como os denominados centros de recolha/canis, vão promover campanhas de sensibilização e de adopção animais domésticos, nomeadamente cães e gatos, vimos reafirmar a nossa repulsa pelo especismo, isto é, na nossa luta em defesa dos direitos dos animais não damos preferência a uns (domésticos) em detrimento de outros (selvagens), não optamos pelos cães em desfavor dos touros, sejam “bravos” ou “mansos”, etc.
Quando apelamos à defesa dos animais, não estamos a ignorar os humanos. Pelo contrário, estamos bastante preocupados com as dificuldades cada vez maiores por que passam as pessoas e consideramos que as causas dos problemas são as mesmas. Sempre que os lucros de uns poucos ficam comprometidos, a conservação do ambiente, o respeito pela natureza, a qualidade de vida das pessoas e o bem-estar dos animais são ignorados.
A alteração da situação actual só poderá ser alcançada se formos capazes de constituir um forte movimento social que una todas as pessoas que pretendem alterar o actual estado em que todos nós vivemos.
No caso da defesa dos direitos dos animais, bem como noutras causas, ninguém poderá ficar indiferente nem inactivo. Como muito bem disse o pacifista Elie Wiesel “a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio ajuda o torturador, nunca o torturado”.
Para uma defesa dos animais consequente, nos Açores, é urgente que as pessoas que já estão a trabalhar, em diversas organizações ou a nível individual, para além de trabalharem para o envolvimento de outras mais, sejam capazes de ultrapassar as diferenças e que passem a cooperar.
Para além da união fazer a força, como disse Gandhi, se todos nós acreditarmos no que estamos a fazer acabaremos por vencer.

Açores, 4 de Outubro de 2011
Colectivo Açoriano de Ecologia Social (http://terralivreacores.blogspot.com/) e
Teófilo José Soares de Braga
Lúcia Maria Oliveira Ventura
Joana Augusto Gil Morais Sarmento
Mónica Sofia Rodrigues da Cunha Azevedo
Luís Manuel Álvares de Noronha Botelho
José de Andrade Melo
Cassilda Pascoal
João Paulo Ventura Milhomens
Anabela Gomes
Manuela Amorim
Marta Sofia Fernandes Teodoro
David M. Santos

Joana D'Eça Leal Soares Vieira da Costa Pereira
Cristina D'Eça Leal Soares Vieira
Nelson Manuel Furtado Correia
Vitor Hugo Soares Carvalho
Nelson Manuel Furtado Correia
Sílvia Barbosa Melo
Victor Medina
Diogo Caetano
Helena Primo
Maria da Conceição Melo
Célia Pimentel
Armando B. Mendes
Derta Correia Ponte
Luís Filipe Bettencourt
Gabriela Oliveira
George Hayes
Nélia Melo
Cláudia Tavares
Anabela Pinto Farinha Ferreira
Paula Costa
Ana Sofia Neves Ferreira
Paula Curi Garnett de Andrade Melo
Irene de Jesus Andrade
Deodato José de Magalhães Andrade Melo
Irene Margarida Magalhães de Andrade Melo
Luís Manuel Cordeiro Garcia
Miguel Fontes Cabral
Maria João Bettencourt
Clara Martins
Marco Paulo Fontes Cabral
Maria de Lurdes Fontes
Débora Fontes Cabral
Rúben Fontes Cabral
Merçês da Mota
Manuela Livro
Elsa Aroso
Sofia Gomes Vilarigues
Maria Zulmira Rodrigues Marinho
Helena Carreiro
Ana Teresa Ribeiro
Andrea Ribeiro
Sofia Medeiros