Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Estudo e Protecção de Aves nos Açores no final do século passado
Neste texto, que, por opção não é exaustivo, não me debruçarei sobre o contributo de vários ornitólogos amadores que, a nível individual, sempre observaram aves, nem sobre o trabalho realizado nos primeiros anos da Universidade dos Açores, dinamizado pelo Dr. Gerald Le Grand e pelo seu colaborador Eng. Duarte Furtado. Assim, limitar-me-ei a apresentar, sucintamente, o que foi feito por algumas associações.
Nos Açores, das várias associações de defesa do ambiente existentes no final do século passado, poucas se interessaram pelo estudo e protecção das aves. Entre as que mais preocupações demonstraram, destacaria o Centro de Jovens Naturalistas, o NPEPVS/Delegação dos Açores e os Amigos dos Açores.
O Centro de Jovens Naturalistas de Santa Maria, cuja actividade foi mais intensa nas décadas de 70 e 80 do século passado, sob a liderança do Sr. Dalberto Teixeira Pombo, procurou sensibilizar os mais jovens para a importância das aves, tendo, entre outras publicações, editado o “Jogo da Migração”, da autoria da RSPB, e um autocolante sobre a estrelinha, ave endémica dos Açores.
O NPEPVS/Delegação dos Açores, que esteve em actividade em São Miguel, de 1982 a 1984, tinha, de acordo com os seus estatutos, como objectivo prioritário a protecção da natureza, em especial da fauna e da flora. Para a concretização daquele objectivo o NPEPVS conseguiu organizar um centro de documentação, localizado em Vila Franca do Campo, com diversas publicações e filmes sobre a vida de aves e lançou duas campanhas, uma em defesa das aves marinhas e outra para protecção das aves de rapina.
Da mesma associação, destaca-se a edição de dois números (Primavera de 1983 e Inverno de 1984) do “Priôlo - Boletim para a Conservação da Natureza nos Açores”. Nos dois números do boletim, para além de textos sobre o milhafre, o mocho, o priôlo e o “status” e distribuição da avifauna nidificante nos Açores, eram também divulgadas notas ornitológicas, onde eram registadas as observações de aves efectuadas em toda a Região.
Ao longo da sua história, os Amigos dos Açores tiveram dois grupos específicos para o estudo e protecção das aves.
O primeiro denominou-se NOATA - Núcleo de Ornitologia dos Amigos dos Açores, criado em Abril de 1989, que ao longo da sua existência organizou diversas visitas de estudo para observação de aves e dinamizou, em 1990, uma Campanha em Defesa do Pombo Torcaz. Nesta, foram editados um autocolante e um desdobrável que foram distribuídos por alunos de diversas escolas e foi feita uma impressão de uma t-shirt com uma gravura do pombo torcaz da autoria do biólogo Gerald Le Grand.
Nos últimos dias de Agosto e no primeiro dia de Setembro de 1990, o referido grupo organizou um Curso de Introdução à Ornitologia, dinamizado pela Dr.ª Fátima Melo Medeiros, que contou com a presença de 15 participantes.
Mais tarde, em 1993, foi criado o GTEA- Grupo de Trabalho para o Estudo das Aves, que foi responsável, entre outras iniciativas, pela campanha “Um espaço para os garajaus” que, para além de exposições sobre a espécie editou, no primeiro ano, mais de 4000 folhetos que foram distribuídos pelas escolas da Região. Também em 1993, o mesmo grupo lançou a campanha “ A Escola e o Cagarro” que consistiu na realização de um inquérito sobre a espécie e a distribuição de cerca de 10 000 desdobráveis pelas escolas dos Açores.
Em1995, o GTEA promoveu um curso de introdução à observação e censo de aves que contou com a participação de 20 pessoas, algumas das quais coordenadoras de clubes escolares de ambiente, dinamizou, em São Miguel, a campanha SOS Cagarro, promoveu um estudo sobre o milhafre que foi apresentado na 2ª Conferência Nacional sobre Aves de Rapina, realizada em Vila Nova de Gaia, e editou 5000 desdobráveis sobre o milhafre.
No ano seguinte, 1996, o GTEA promoveu um curso de introdução ao estudo das aves de rapina, implementou o projecto Rapinas dos Açores e continuou a dinamizar a campanha SOS Cagarro.
Até ao final do século, foi sempre a associação Amigos dos Açores que, ano após ano manteve de pé, em São Miguel, a campanha SOS Cagarro e reeditou várias vezes os desdobráveis, referidos anteriormente, sobre o pombo torcaz, o cagarro, o milhafre e o garajau.
Teófilo Braga