domingo, 31 de maio de 2009

Madeira: Lixeira vira Jardim


Maio de 2009

Janeiro de 1994

A lixeira da Ribeira das Cales foi durante vários anos um dos pontos negros do concelho do Funchal e um péssimo cartaz da Madeira, atendendo à sua localização junto à estrada por onde diariamente passam milhares de turistas a caminho do Pico do Areeiro e do Norte da Ilha.

Em Março de 1994 foi criado o Parque Ecológico e logo foram tomadas medidas visando o encerramento do vazadouro, que era claramente incompatível com os objectivos de recuperação dos ecossistemas e conservação da Natureza da nova estrutura de educação ambiental.

Em Maio de 1994 terminaram as descargas de resíduos sólidos e seguiu-se o depósito das terras necessárias à recuperação da paisagem.

No dia 21 de Março 1995 começaram as acções de plantação de espécies indígenas com a participação de alunos de várias escolas do concelho e dum grupo de guias intérpretes, que voluntariamente fizeram questão de colaborar no nascimento dum recanto atractivo onde outrora havia algo que denegria a imagem da Madeira.

Quinze anos após a criação do Parque Ecológico do Funchal, a área da lixeira é agora um campo florido onde predominam os extraordinários massarocos (Echium candicans), arbustos endémicos da Madeira.

Ao passar pela Ribeira das Cales as minhas amigas guias já não contam histórias para desviar a atenção dos turistas do monstro fumegante. Agora passam devagar e explicam aos visitantes que aquelas flores azuis e lilases são ‘Pride of Madeira’.

Texto (adaptado) e fotos: Raimundo Quintal

sábado, 30 de maio de 2009

Terra Livre nº 9

O boletim relativo ao mês de Junho já pode ser lido aqui.

TERRA LIVRE nº9

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A eficiência energética - simples no conceito e complexa na aplicação

Energia é, etimologicamente, a capacidade de mobilizar uma força. Daí, energia ser fonte de vida e ser causa de ação e de movimento e, por isso, poder ser condição de progresso, de crescimento de riqueza e de bem estar. Mas, a energia é também e só ambiente: fóssil ou renovável, a energia vem do ambiente e - num paralelo com a ‘condenação bíblica - ao ambiente há de retornar.

Isto, num regresso sem custo, como é, por exemplo, o caso do ´resíduo da luz do sol que entra pela vidraça ou, muito oneroso, como é o caso dos efluentes da combustão. Aqui, a situação é particularmente séria, não já pelos gases do nível da meso-escala (SO2, NOx,...) mas, pelo gás da escala global (ozônio, CO2).

A energia não se consome, mas transforma-se. ‘Consome-se a energia a certo nível de qualidade quando é usada, isto é, convertida, dando origem a uma ou mais ‘variedades de energia de qualidade inferior. É o caso da eletricidade que aciona um motor ou do combustível que se queima numa caldeira. Em geral, por fatalidade termodinâmica, o calor aparece como a variedade mais votada a ser essa energia de perdas: na central térmica com os gases libertos para atmosfera; nos efluentes líquidos e gasosos, com ou sem vapor de água, dos processos industriais; na ‘regulação do sobre-aquecimento da enfermaria do hospital com a abertura das janelas, etc. etc. A percepção desta realidade deve estimular a engenharia e a organização das atividades para evitar ou reduzir o impacte dessas perdas. E a tecnologia deve responder e responde.

É por isso que é possível ter em centrais de ciclo combinado mais 30 a 50 % de rendimento para a mesma energia do combustível queimado do que numa central térmica convencional: ter sistemas de recuperação de calor do ar quente de exaustão para o ar aquecido necessário ao processo; ter edifícios com uma solução ‘por medida para cada espaço e a cada estação; antecipar eficiências por melhoria tecnológicas em frigoríficos, em lâmpadas e em outros equipamentos de até 50 ou 70%.

Mas a energia que se perde por entre os dedos das sociedades do desperdício não é só essa do ‘fim de linha mas é também aquela que se usa sem que seja, de fato, necessária. Esta afirmação é já bem entendida por todos quando nos referimos à água. Ninguém responsável advogaria meios de aumentar desnecessariamente os usos - também aqui, a água não se consome - de água potável.

Mas, o curioso é que esta cultura não chegou ainda à energia. Com isto não se defendem restrições ou atitudes de austeridade seja de que tipo for. Note-se que, embora tal se torne necessário quanto à água com alguma freqüência, isso seria menos aceitável no que concerne à energia.

A cultura ambiental, holística, que envolve a gestão racional, sustentável, de todos os recursos e que é pressuposto da atitude pró-eficiência. Note-se que eficiência não é poupança, restrição ou austeridade mas é um exercício de saciedade, de racionalidade tecnológica, de responsabilidade social. Não entendemos, apesar de tudo, já bastante bem o que é a responsabilidade social em relação ao ambiente? Pois bem, incluamos a energia porque energia é ambiente.

Neste contexto falar de eficiência energética não é coisa menor. O recente Livro Verde da Eficiência Energética da Comissão aponta para um potencial 20% de redução das necessidades - ou dos consumos - até 2020.

Aqui está o caminho. Um caminho que abafa os delírios dos ‘vendedores de energia, em geral, navegadores de grandes naus. Claro que se dirá que aquele objetivo não se adequa à situação de Portugal. Aqui, a ‘vox populi é a de que ainda não somos suficientemente desenvolvidos e que por isso os nossos consumos deverão crescer em correspondência com a necessidade do crescimento econômico.

Não seremos nós a dizer que os consumos não deverão crescer, mas, o objetivo da eficiência, se adotado e assumido politicamente, deverá permitir que as taxas de crescimento da energia não sejam tão altas e que a intensidade energética do produto interno bruto possa diminuir criando o espaço a que medidas de racionalização combatam o desenvolvimento de usos ociosos e compensem os crescimentos econômica e socialmente justificados.

O que se espera é uma política de rigor, definida com visão. A política da energia em Portugal tem andado em círculos sem merecer a devida consideração pelos poderes, sem visão e mesmo sem sentido da responsabilidade. Sobram os exemplos.

Muitos encaram o mercado da energia como um mercado de bens quando, no fundo é um mercado de serviços. Entendem-no bem aqueles que tendo responsabilidade em empresas de distribuição, promovem a eficiência dos usos da energia final numa lógica de que o importante não é vender mais, mas é de fidelizar o cliente e assegurar o serviço mais eficiente.

Não estão em causa as tecnologias, nem a informação, nem sequer a formação dos agentes especializados, mas sim os objetivos políticos, de desenvolvimento sustentável, de qualidade de vida e de excelência do quadro de vida. E, em conseqüência, estão em causa os instrumentos de uma política para o recurso energia, nomeadamente, entre outros, instrumentos da fiscalização da energia e dos seus sinais para a competitividade da economia mas, também, para a sustentabilidade ‘at large da sociedade portuguesa; da coerência da gestão interdepartamental da relação energia-ambiente, ambiente natural e ambiente urbano; da responsabilidade da Administração enquanto responsável por uma fatia significativa da ‘procura energética.

Se um tal quadro político existir e se os órgãos gestores forem competentes e estáveis e se metas forem definidas, não se vê a razão porque a eficiência não possa ser um vetor significativo do aprovisionamento energético do futuro. E isto, com benefício para o tecido econômico e social, nomeadamente, através de mais emprego qualificado e da inovação e da tecnologia difusas, como é próprio das sociedades desenvolvidas.

A eficiência energética é uma das características do novo paradigma energético tipificado pela importância da gestão da procura, a par da tradicional gestão da oferta, pela liberalização e pela descentralização. Se algumas destas variáveis, digamos assim, atua mais diretamente pelo lado do mercado, outras têm uma marca de racionalidade técnica e tecnológica. É isso que levará, por exemplo, à identificação dos edifícios, para além de ‘utilizadores, vulgo ‘consumidores, de energia, como entes marcantes no futuro enquanto ‘produtores de energia elétrica (via painéis fotovoltaicos) ou de água quente sanitária (via coletores solares térmicos).
Simples no conceito, a eficiência energética exprime-se por indicadores simples do tipo rendimento ou intensidade energética e traduz-se numa racionalidade no estado da arte da tecnologia, na qualidade da organização e da gestão. É, no entanto, extremamente complexa na aplicação porque envolve a comunidade emodos os níveis. Por isso, a importância da política na eficiência energética.

A eficiência energética constitui um desafio permanente aos que acreditam no futuro e no trabalho sério e consistente na construção desse futuro e rejeitam a visão da tecnologia ‘chave na mão, dos comerciantes oportunistas e dos que acordando tarde estão dispostos a pagar caro porque não tiveram tempo até aqui para pensar e se organizarem.

A eficiência energética a par da promoção das energias renováveis é uma tarefa do futuro, da inteligência, da boa gestão dos recursos e da sustentabilidade. Mas sendo do futuro, deverá começar já, do lado da oferta e, sobretudo, do lado da procura envolvendo todos os utilizadores de energia até aos simples cidadãos. A urgência do futuro, por um lado, e a complexidade da gestão da procura, por outro lado, fazem da eficiência energética e das energias renováveis dois vetores prioritários da intervenção política transversais, globais e complementares para a construção do novo paradigma energético que já se antevê no horizonte.

* Eduardo de Oliveira Fernandes, Professor Catedrático da FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Portugal

Fonte: http://www.riosvivos.org.br/canal.php?c=34&mat=11222

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Polémica na Ribeira Grande: Obra destrói elevação vulcânica



Está a ganhar força a polémica sobre a construção pela Câmara da Ribeira Grande de uma estação colectora de água no cimo de uma elevação vulcânica na zona entre o Mato Resendes e o Ramal do Pico da Pedra, visível da via rápida entre Ponta Delgada e a cidade do Norte de São Miguel. Um dos deputados municipais do PS, Hermano Cordeiro, vai insistir na Assembleia Municipal de Junho com a Câmara para que explique todo o processo que levou à hedionda destruição daquela rara e maravilhosa paisagem quando teria outras alternativas para a construção dos depósitos de água. O presidente da Câmara diz que estão a ser tomadas todas as medidas para reduzir o impacto da obra na zona.

Ambientalistas e especialistas em vulcanologia têm-se insurgido contra a construção camarária que consideram um aborto inqualificável e mais um crime grave contra o património natural da ilha.

É opinião generalizada que a obra da Câmara Municipal da Ribeira Grande destruiu um dos pequenos fornos (hornítos) da zona. Trata-se de manifestações vulcânicas curiosas e raras, caracterizadas por não possuírem uma conduta central lávica de alimentação profunda, mas sim, superficial, e por constituírem pequenos vulcões com actividade muito limitada cerca de 4/5 dias de erupção, e da qual resultou a projecção de fragmentos de lava (spatter), que se acumulam à superfície, dando origem a um pequeno cone de salpicos de lava, de contorno circular.

A polémica foi levada à última reunião da Assembleia Municipal da Ribeira Grande por Hermano Manuel Pereira Cordeiro, um dos deputados municipais socialistas, que não poupou críticas à Câmara presidida por Ricardo Silva, eleito pelo PS.

Hermano Cordeiro considera que as pequenas elevações, pela sua forma arredondada, parecem-se com os seios de uma mulher que conferem à paisagem envolvente, uma espécie de sensualidade mística, de que nos devíamos orgulhar e fazer tudo para manter.

Hedionda destruição

O deputado municipal socialista insurge-se contra a completa e hedionda destruição daquela rara e maravilhosa paisagem, nos escombros da qual se está a construir uma inestética construção de uma estação colectora de água para abastecimento das freguesias da zona poente do concelho da Ribeira Grande (Pico da Pedra e Calhetas).
Longe de mim, refere Hermano Cordeiro, condenar todas as obras necessárias ao abastecimento de água das populações até porque se trata de um bem essencial, de primeira necessidade e indispensável à vida.

Aceita que a estação, em obediência a critérios de natureza técnica, não poderia ter sido construída a uma cota inferior. Mas, completa, havia outros locais nas redondezas, à mesma cota, onde poderia ter sido localizada aquela construção, de uma forma mais dissimulada e menos ofensiva à nossa sensibilidade estética e visual.

E o deputado municipal ribeira-grandense do PS continua: Será que a Câmara Municipal tem a noção de que está a destruir, em poucos dias, o cenário e vestígios de uma actividade natural que levou milhares, quiçá, milhões de anos a formar?.

Será que já não bastavam todos os atropelos que se têm verificado, ao longo dos anos, no património natural da Ribeira Grande? Será que já não bastava ver o nosso emblemático Pico das Freiras esventrado e com morte anunciada, a curto prazo? Será que já não bastou ver as praias de Santa Bárbara, Rabo de Peixe e Ribeira Grande, entregues durante anos, com a ajuda e conivência da Câmara Municipal, à voracidade da construção civil de toda a ilha de São Miguel, enquanto a Praia do Pópulo, a Praia da Vinha da Areia, a Praia dÁgua de Alto ou a Praia da Ribeira Quente eram, ciosamente, preservadas pelos respectivos municípios? questões suscitadas por Hermano Manuel Pereira Cordeiro.

Sinceramente, prosseguiu, entristece-me constatar a falta de cuidado e de consciência ambiental que é dispensada a estas questões, por parte da nossa autarquia. Vai-se descaracterizando o nosso concelho, sem que ninguém se oponha. Por ignorância, servilismo, por medo de represálias políticas, não sei! salienta.
O deputado municipal mostra-se mesmo indignado com a Câmara da Ribeira Grande.

Quando não se sabe, deve ter-se a humildade para reconhecer a ignorância e perguntar a quem sabe, a quem tem conhecimentos. No caso, à Universidade dos Açores, por exemplo. E, depois, faz outras perguntas: Será que este projecto foi submetido a um estudo de impacto ambiental da obra? Ou esta exigência legal apenas se levanta quando estão em causa obras de privados?

Reparar o mal já feito

E Hermano Cordeiro deixa uma última questão: Será que a preservação do nosso património natural não é, também, prioritário e que devia receber dos nossos responsáveis a atenção devida, numa perspectiva de desenvolvimento sustentado do concelho e, até mesmo, de transmitir para as gerações vindouras um ambiente natural, harmonioso e autêntico?.

Finaliza fazendo uma recomendação à Câmara da Ribeira Grande, para que, embora tardiamente, consiga encontrar uma solução arquitectónica no sentido de dissimular a construção em apreço e dar, àquele conjunto, um arranjo paisagístico que lhe confira um mínimo de harmonia e dignidade, mesmo que, para tal tenha de recorrer a pessoas ou entidades exteriores à autarquia, e que tenham, reconhecidamente, competência na matéria.

É que, como sublinha, a natureza caprichou em dotar a Ribeira Grande com uma paisagem bela e grandiosa, onde o fenómeno vulcânico, que está na base da criação das nossas ilhas, se manifesta nas suas multi-facetadas vertentes. A orogenia do nosso concelho é um autêntico museu natural, um livro aberto de ciência que explica a história da génese física dos Açores.

Desde os vulcões extintos da Lagoa do Fogo e do Pico do Sapateiro, passando pelos geisers e sulfataras das Caldeiras e Caldeira Velha, pelos leitos basálticos das nossas ribeiras, feitas de lava solidificada, todas estas maravilhas são testemunho da acção telúrica, força imensa e criadora das nossas ilhas.

Fonte do Texto e Imagem: Correio dos Açores, 27 de Maio de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Com touradas e cerveja se faz educação

Com milhares de pessoas em São Miguel: Concurso de vacas termina com tourada à corda

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Apesar de não ter um artista cabeça de cartaz ausência justificada pela crise o VIII Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia atingiu uma elevada qualidade, com a presença de milhares de pessoas, muitos jovens e crianças das escolas e colégios privados.

O concurso terminou ontem à tarde com uma tourada à corda que levou a assistir, na frente principal das instalações da Associação Agrícola de São Miguel, alguns milhares de aficionados, a maioria esmagadora jovens.

Dos quatro touros que vieram da Terceira, um saiu manso, outro partiu o focinho contra um poste de electricidade e ficou a sangrar. De todos, o primeiro foi o que investiu mais e melhor, causando ferimentos a alguns jovens e não poupando mesmo o grupo da corda, constituído por experientes aficionados terceirenses.
As investidas do touro foram acompanhadas por momentos de tensão e aplauso dos que assistiram. Uma pequena multidão que, ora reagiu com entusiasmo, ora evidenciava medo perante a atitude do touro.
Apesar de procurar passar desapercebido, o secretário da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues, acabou por posar para a fotografia ao lado do presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita e do grupo de aficionados da Terceira. Noé Rodrigues acabaria mesmo por se entusiasmar com as investidas do touro sobre os grupos de jovens que o incitavam. Joaquim Pires, director regional com responsabilidades na área agrícola e um dos principais promotores da tourada, acabaria por estar alguns minutos junto ao grupo da corda.
Dezenas de lavradores micaelenses assistiram à tourada e alguns mesmo correram à frente do touro (pernas para que te quero) quando o animal investia na sua direcção.

Depois de um churrasco oferecido a quem apareceu e com cerveja a correr oferecida a quem quisesse, alguns milhares de jovens viveram ontem à tarde a tourada à corda com coragem acrescida e muitos, certamente, não trabalharam ontem principalmente em Rabo de Peixe para viverem a festa dos touros.

Dois jovens acabariam por ser colhidos com violência pelo primeiro touro, ficando com nódoas negras e alguns ferimentos.

Em termos gerais, a tourada à corda foi um bom momento de convívio e alegria. O grupo da corda soube temperar bem a relação entre os jovens aficionados e o touro, e deste com as pessoas. Nos momentos de muda dos touros, o grupo de cantares Só forró animou a festa com a sátira social e política que teve a colaboração de centenas de micaelenses.

O equilíbrio conseguido fez com que, durante a tourada, se mantivesse a dignidade do touro e de quem era apanhado pelas suas investidas.

Duas ambulâncias estavam preparadas para qualquer ferimento mais graves causadas pelo touro, situação que não veio a ocorrer.

Ficou claro que se a tourada ocorresse no domingo, haveria mais aficionados.

Extracto de um texto de João Paz, publicado no Correio dos Açores, de 26 de Maio de 2009 (sublinhados da nossa responsabilidade)

Comentário- Esta é a prova provada que nesta terra não se respeitam tradições, desisveste-se na educação, incentiva-se o alcoolismo e a preguiça e dá-se a mão a uma industria não produtiva e falida (pois só sobrevive graças a apoios governamentais)que é a tauromaquia de uma minoria de terceirenses.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Biodiversidade dos Açores Precisa de Ser Protegida

O arquipélago açoriano possui uma diversidade de natureza viva muito rica. No dia em que se assinala a biodiversidade, uma das principais preocupações é proteger os organismos e os ecossistemas das nove ilhas do arquipélago
"É preciso uma consciencialização de todos para que de facto nós consigamos ter meios de conservação e protecção da nossa diversidade biológica", referiu Virgílio Vieira, da Associação Ecológica Amigos dos Açores.
Para assinalar o Dia Internacional da Biodiversidade, os Amigos dos Açores, com a colaboração da Universidade dos Açores, promovem, hoje pelas 20h30, uma sessão pública sobre as borboletas.
A palestra "Borboletas dos Açores - a sua importância para a Biodiversidade", proferida por Virgílio Vieira, decorrerá na Ecoteca da Ribeira Grande.
No âmbito da Noite Europeia das Borboletas Nocturnas, que também se celebra hoje, os Amigos dos Açores pretendem fornecer uma maior informação e conhecimento das espécies de borboleta e o reconhecimento da sua importância para a os ecossistemas e respectiva conservação.
" As borboletas em geral são um elemento importante da natureza, quer pela sua beleza, quer pelo favorecimento do turismo dada a sua raridade" e porque constituem um grupo de animais conhecidos como bons bio-indicadores da qualidade ecológica e ambiental, revelou Virgílio Vieira.
Acrescentou ainda que apesar da grande diversidade de espécies de borboletas que o arquipélago tem, estas estão em declínio e como tal é necessário tomar medidas para proteger estes animais.
"A nossa diversidade não é muito grande comparada com outros arquipélagos, como da Macaronésia ou até com o próprio continente europeu. Temos cerca de 149 espécies, e 38 são nocturnas. Contudo, esta diversidade está a ser prejudicada pelos produtos químicos que são usados ou pela degradação dos seus habitat, provocada pelos seres humanos".
Assim sendo, para Virgílio Vieira é "importante desenvolver alguns projectos ou tomadas de medidas para conservar o que temos".

Extracto de um texto de Rita Sousa publicado no dia 22 de Maio de 2009 no jornal Açoriano Oriental

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lagoa Empadada ou Seca?



O nível da água nesta Lagoa da Serra Devassa é prova do ano com escassez de chuva. Esperemos que São Pedro se lembre de nós.

Foto: JP

terça-feira, 19 de maio de 2009

Criar Tradições

Dia do Agricultor em São Miguel: Tourada à corda
Pela primeira vez em oito anos a Associação Agrícola de São Miguel vai promover no dia 25 do corrente uma tourada à corda nas suas instalações em Santana, integrada no Dia do Agricultor no VIII Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia que se realiza de 21 a 25 do corrente.
Já o ano passado realizou-se uma tourada à corda em Santana, mas integrada na Feira Açores, onde estavam representadas explorações agropecuárias de todas as ilhas, com realce para a Terceira.
(Fonte: Correio dos Açores, 19 de Maio de 2009)

A leitura desta notícia deixa-nos perplexos. O que pretende a Associação Agrícola de São Miguel com a promoção de um espectáculo taurino nesta ilha onde as touradas à corda não são tradição? Apostar numa nova fileira de negócios? Fazer com que as touradas passem a ser tradição? Servir de intermediário a um grupo capitaneado pelo Director Regional do Desenvolvimento Agrário que anda a "vender" touradas em São Miguel?

Esperamos que não estejam envolvidos dinheiros públicos neste evento, quando todas as verbas são poucas para apoiar as explorações agrícolas que por estes Açores fora debatem-se com falta de água.

A notícia abaixo, mostra a situação na Terceira:

Falta de chuva ameaça de fome gado da ilha Terceira

O presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) alertou esta terça-feira para a possibilidade de o gado "vir a passar fome" devido à escassez de forragens em silos, originada pela seca que afecta aquela ilha açoriana.
"A maioria das culturas de milho nas terras baixas já se perdeu e os agricultores estão a semear pela segunda vez, mas a contínua falta de chuva põe em causa a sua viabilidade", afirmou à Lusa Paulo Simões Ferreira.
O presidente da AAIT salientou que as rações "não são alternativa", salientando que são apenas um "complemento alimentar dos bovinos".
Nesse sentido, admitiu que, persistindo a falta de chuva, a situação "vai obrigar à importação de forragens".
Paulo Ferreira frisou, no entanto, que "a importação das forragens só será possível com o apoio do Governo regional ao transporte", alertando que "os agricultores não têm capacidade financeira".
Na ilha Terceira existem cerca de 65 mil bovinos nas pastagens, parte dos quais são vacas leiteiras responsáveis pela produção, em 2008, de 126 milhões de litros de leite.

Fonte: Açoriano Oriental, 19 de Maio de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

GAZA LIXEIRA DE ISRAEL


De acordo com a insuspeita organização Friends of the Earth Middle East tal deve-se ao facto das leis em vigor em Israel serem muito mais rigorosas e os terrenos serem muito mais caros.
Por esta razão, também, as indústrias mais poluentes têm abandonado Israel e têm-se transferido para a Faixa de Gaza onde, com mais facilidade, poluem muito mais.

Fontes:
http://ondas3.blogs.sapo.pt/
http://www.foeme.org/

sábado, 16 de maio de 2009

Ficarão na História dos Açores

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Carta Aberta a Todos os que se Envolveram na Defesa do Bem- Estar Animal

Boa tarde,

Hoje, a Assembleia Legislativa Regional chumbou a proposta que advogava a legalização da sorte de varas nos Açores.

Em nome dos membros deste colectivo que se empenharam nesta causa, queria agradecer a todas as pessoas e organizações que colaboraram na nossa campanha de pressão junto dos políticos regionais, quer subscrevendo as várias petições, quer escrevendo directamente aos deputados.

Mas, a luta por uma sociedade mais justa, limpa e pacífica não terminou aqui, vamos continuar o nosso trabalho.

As melhores saudações

Teófilo Braga

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fajã do Calhau-Trabalho Bem Feito





Se o objectivo era retirar infestantes, estamos perante um trabalho bem feito. (TB)

Fotos de LG.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A PROPÓSITO DAS TOURADAS PICADAS E TOUROS DE MORTE NO PARLAMENTO AÇORIANO


Imagem de In Concreto

O que é que justifica a pretensão institucional de se legalizarem as touradas picadas e os touros de morte nos Açores?
Não certamente a reposição de uma tradição açoriana, que nunca existiu nem sequer na Ilha Terceira!
Nem tal pretensão se justifica pelo maior primor da lide dos touros em praça!
As touradas são um espectáculo que mesmo na Ilha Terceira está em crise. Em crise como espectáculo e em crise como negócio.
Como negócio já entrou na voragem do “crescimento” com que, na gíria da soberba gestão de pacotilha, toda a actividade empresarial se deve conduzir, impondo o alargamento do “mercado” a novas ilhas e de novos públicos na Ilha das touradas.
Como espectáculo está numa encruzilhada: a tradição já não é suficiente para chamar aficcionados em número capaz de suportar com as despesas envolvidas com a sua realização e não há quem a título privado ou de estado queira ou possa fazê-lo.
Então, der por onde der, há que se achar novos espectadores para dar novo fôlego ao negócio para bem da arrecadação dos benefícios para o estado e para os empresários engordarem na razão directa do emagrecimento dos logrados que esbulharam.
Esta é a razão dos deputados e deputadas com mais elevado sentido de “estado”, e com “sacrifício” das suas “individuais inclinações”, avançarem sem pudor e sem disfarce para mais uma fraude embrulhada em mais uma grosseira mentira.
Garante o egrégio regime burguês com isso um alívio em duplicado na medida em que acumula de mão beijada dividendos, recebendo o que por outra forma não lho queriam dar. Simultaneamente conduz a salvo o descarregar da revolta das massas desviada assim do corpo dos responsáveis para o corpo do boi e de mais algum aleivoso como eu e outros que se batem contra a ignomínia ou fazem o retrato da acção.
Sou contra as touradas picadas e os touros de morte?
Sou. Sim. Sou contra.
E sou também contra aqueles e aquelas que a coberto de uma pseudo exaltação da coragem cobardemente lavam as mãos ou abertamente abraçam os mais brutais desmandos usando para o efeito os mais fracos como pasto para os seus prazeres.
As touradas em Portugal foram e por ora ainda se mantêm, creio, como um lugar onde se honra a arte e destreza no afrontar o touro fazendo corpo com o cavalo ou frente ao animal a peito aberto se lhe faz a pega. Esta, se é de tradição que se quer falar, é que é a nossa tradição. Rompida só em situações de fronteira ou episódicos gestos de afrontação, como a conhecida última corrida real em Salvaterra de Magos, no século dezoito, em que o Marquês de Marialva desce a terreiro e mata o touro que lhe acabara de matar o filho.
Texto: Pedro Pacheco

TOIROS PICADOS OU PESSOAS PICADAS- Posição da Azórica

Gostaria de saber em que é que se baseiam os defensores dos toiros picados para afirmarem que tal faz parte da tradição terceirense.
Quanto à defesa que tal tradição seria uma promoção turística, é no mínimo insustentável, já que não estou a ver ninguém a deslocar-se à Terceira, do Continente ou de qualquer outro sítio para ver toiros picados.
Hoje em dia, usa-se muito a expressão “estar com pica”, sendo sem dúvida que os defensores daquela actividade devem estar mesmo bem picados… Tal atitude, até me faz lembrar a dos que defendem estabelecimentos de diversão nocturna ou fogo de artifício, como se tal fosse uma atracção turística para estas ilhas, no meio do mar plantadas.
As pessoas que nos visitam vem ao encontro da natureza e de um ambiente quase único, pautado por uma forma calma de viver o dia-a-dia.
É esta imagem que o Governo Regional tem publicitado e é ela que promove adequadamente os Açores.
Se alguma dúvida houvesse, bastaria ouvir os comentários das pessoas que nos visitam.
A propósito da legalização desta cruel actividade, não posso deixar de referir que quando era menino e moço, os cantoneiros e outros funcionários públicos, inspeccionavam o tamanho do aguilhão da aguilhada, sendo os proprietários sujeitos a multas se ultrapassem um determinado tamanho, com o objectivo de proteger os animais.
Recorde-se que tal norma foi feita no tempo da “Antiga Senhora” e agora em pleno Séc. XXI e em plena democracia pretende-se legalizar-se aquilo que alguém, muito bem, classificou de barbárie.
As sociedades protectoras dos animais e a própria Legislação vigente defende a qualidade de vida dos animais e agora os senhores deputados, pagos com o dinheiro de todos nós, se calhar vão aprovar uma Lei só para satisfazer uma minoria de “picados”, sabe-se lá porquê e com o quê.
O argumento de que só vai a tais toiradas quem gosta de ver não colhe, pois o pobre do animal não vai sofrer mais ou menos, pelo facto de ter muitas ou poucas pessoas a ver o seu mártir.
Já disse e volto a repetir que um dos grandes problemas da democracia é que muitas vezes não se decide de acordo com o que consideramos mais correcto, mas sim por parâmetros que indiquem a possibilidade de ter mais ou menos votos.
Espero que os nossos deputados tenham a coragem de votar naquilo que é mais correcto, ou seja, na não legalização de tais toiros picados e deixem o povo da Terceira divertir-se com as danças de Carnaval, touradas e outras festas.
A Terceira é considerada por muitos como um parque de diversões, mas certamente, a maioria dos terceirenses dispensa esta palhaçada…
A Azorica solidariza-se com todas as posições tomadas contra os toiros picados, nomeadamente com a dos “Amigos dos Açores”.

Manuel Faria de Castro

Fonte: Blogue da Azórica

DEMOCRACIA E TOURADAS


A campanha contra a introdução da sorte de varas e de touradas de morte nos Açores, iniciativa do Blogue Terra Livre/CAES - Colectivo Açoriano de Ecologia Social e que contou, até ao momento, com a adesão de duas das principais associações açorianas, a Associação de Amigos dos Animais da Ilha Terceira e os Amigos dos Açores - Associação Ecológica, e do CADEP, de Santa Maria, tem constituído, para nós, uma surpresa. Surpresa pelo facto de ser um tema que tem unido pessoas de diferentes orientações politico - partidárias e de diferentes organizações de várias ilhas dos Açores, tanto junto dos defensores do bem- estar animal como dos partidários da introdução das práticas bárbaras e não tradicionais que são as touradas picadas e os touros de morte.
Surpresa (ou talvez não!) foi também o facto de haver quem tenha ficado escandalizado com as posições de quem se tem oposto à legalização da sorte de varas nos Açores, acusando - os de radicalismo e fanatismo. Claro que estas pessoas não assumem que estão do outro lado da barricada e pela "calada" ou pelo silêncio cúmplice vão apoiando a minoria assumida de pseudo- aficionados (tal como os classifica um promotor de corridas à portuguesa). Entre estes destacaríamos alguns "jornalistas" que protestam quando recebem mails dos opositores à sorte de varas e as “pretensas” associações de defesa do ambiente que pululam pelos Açores, com destaque para as principais, Montanheiros e Gê-questa, com sede na Terceira.
Em termos partidários, apenas o Bloco de Esquerda e o PCP já manifestaram a sua oposição à sorte de Varas, enquanto o PS e o PSD deram liberdade de voto aos seus deputados. A presidente do PSD declarou recentemente que a sua posição ainda não estava fechada, enquanto o presidente do PS e presidente do Governo Regional dos Açores, como Pilatos lavou as mãos, tendo declarado ser contra.
Curiosa, ou talvez não, é a união de alguns conservadores da ala direita e da ala esquerda, autoritária, do espectro político que, por minguarem-lhes os argumentos, consideram que a campanha é obra dos imperialistas micaelenses que querem acabar com a cultura do povo da Terceira.
A propósito do referido, importa registar que a única tradição verdadeiramente popular nos Açores está ligada ao culto do Espírito Santo, cujas festividades nem sempre foram (ou são) bem vistas pela hierarquia da Igreja Católica. Pelo contrário, a tauromaquia, excluindo as touradas à corda na ilha Terceira, é uma actividade económica que, de acordo com as informações disponíveis, só sobrevive graças aos apoios governamentais, directos e indirectos, e aos subsídios da Comunidade Europeia que, hipocritamente, fecha os olhos ao “mal-estar” animal.
Embora não sejamos adeptos de qualquer tipo de tourada, achamos que as touradas à corda valem pelo convívio que proporcionam enquanto consideramos imoral a venda, como espectáculo, da tortura infligida ao touro que são as touradas de praça. Assim, achamos que, não só pelos animais, mas também, pelo risco de vida que correm os próprios homens deveriam ser repensadas as primeiras e abolidas as segundas. Felizmente, nesta luta não estamos sós. Basta lermos João Ilhéu que fala na evolução que sofreram as touradas à corda ao longo dos tempos e outro ilustre, mas pouco conhecido, terceirense que foi o libertário Adriano Botelho que afirmou: ”fazem-se por outro lado, reclames entusiastas de espectáculos, como as touradas de praça o¬nde por simples prazer se martirizam animais e o¬nde os jorros de sangue quente, os urros de raiva e dor e os estertores da agonia só podem servir para perverter cada vez mais aqueles que se deleitam como aparato dessa luta bruta e violenta, sem qualquer razão que a justifique”.
A recente investida dos adeptos da tortura animal e outros foi precedida da tentativa de “exportar” para outras ilhas touradas à corda, de que são exemplo algumas touradas realizadas em São Miguel, sob o comando do forcado da cara Joaquim Pires, tendo por rabejador o presidente da Câmara Municipal da Lagoa, João Ponte. Em abono da verdade, todas as investidas têm em comum o facto de tentarem impor o que nem é tradição e tentarem expandir um negócio que não estará a correr bem ou que se insere na lógica capitalista de crescer a todo o custo, desrespeitando animais e pessoas.
Se os açorianos tivessem paciência para consultar os manifestos e os programas eleitorais dos diversos partidos que se candidataram às últimas eleições facilmente chegariam à conclusão de que o tema legalização da sorte de varas não fazia parte dos mesmos.
Tratando-se de uma questão de vital importância para a região, no dizer dos seus defensores, e que divide a sociedade açoriana que é maioritariamente contra, pelo menos é o que dizem todas as sondagens de opinião realizadas até aqui, o mínimo que se exigia aos deputados seria uma consulta aos seus eleitores.
Mas, os nossos deputados, embevecidos com a democracia parlamentar, achando-se donos da vontade dos eleitores, aprovam nas costas destes o que nunca disseram que iriam fazer. Seria injusto não registar, aqui, que de 4 em 4 anos há um momento em que os nossos deputados se aproximam do povo, calcorreando as ruas dos Açores, prometem ao povo o que sabem de antemão que não vão cumprir, para além de distribuírem camisolas, esferográficas, abraços e beijos.
Hoje, infelizmente não só nos Açores, a falta de dignidade da chamada classe política, associada à incultura e alheamento dos cidadãos eleitores, fazem com que em diversos cargos se perpetuem pessoas que, ao contrário de viverem para a política, vivem dela.
Mas o que terá levado a que 26 “magníficos” deputados apresentassem uma proposta legislativa no sentido de legalizar a sorte de varas, prática não tradicional, bárbara, aspiração de uma minoria e vergonhosa para a região, caso seja aprovada?
Cremos que em alguns casos, não falamos aqui nos que são sádicos, a apresentação da proposta foi uma atitude impensada de desrespeito pelo bem-estar animal e pelo querer das pessoas de bom senso, confiantes que sairiam impunes perante a opinião pública açoriana, nacional e internacional.
No passado dia 7 de Maio, a Comissão Parlamentar de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa dos Açores aprovou, com seis votos a favor (três do PS e três do PSD) e quatro votos contra (todos os PS), tendo sido ainda registadas duas abstenções (uma do CDS/PP e uma do PSD) o projecto de decreto legislativo regional que legaliza as corridas de touros picadas no arquipélago. Assim sendo, poderemos assistir, em breve, a um “retrocesso civilizacional” se não continuarmos a campanha de sensibilização para a necessidade de promover uma educação, cultura e legislação que respeitem os seres humanos e garantam os direitos dos animais.

Vamos desertar do medo e reforçar a luta contra o capitalismo, responsável pelo actual modelo de produção e consumo, que só sobrevive violando os direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade e causando sofrimento desnecessário aos animais.

(Síntese de textos anteriores)
TB

Não à Sorte de Varas




Vejam a tortura que os deputados preparam-se para aprovar amanhã.

Este blogue apoia a iniciativa do blogue In Concreto

segunda-feira, 11 de maio de 2009

PELO REFERENDO REGIONAL SOBRE A SORTE DE VARAS

Caro cidadão. A democracia não se ganha, conquista-se. Não são as instituições que fazem as pessoas, mas são as pessoas que fazem as instituições. Não basta apontar o dedo ou criticar quem elegemos, pois somos os primeiros responsáveis pelas decisões dos nossos representantes – o reverso da liberdade é precisamente a responsabilidade.

Em 1995, o Ministro da República para os Açores de então vetou por duas vezes a pretensão que 26 deputados do PSD, PS, CDS-PP e PPM querem agora levar avante na Assembleia Legislativa Regional (ALR). Mau grado a divisão da sociedade civil açoriana a propósito da introdução da Sorte de Varas, a maioria dos nossos representantes na ALR pura e simplesmente ignora-a. Agora, aproveitando os poderes conferidos pelo Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores (EPARAA), um lobby fortíssimo está prestes a subverter as regras da democracia e a conseguir que a vontade de uns se sobreponha ao sentimento social dominante.

Queremos a mesma moeda. A democracia é tanto melhor na sua qualidade quanto maior e melhor for a participação da sociedade civil. Sejamos a favor ou contra a introdução da Sorte de Varas, não pretendemos impor a nossa vontade. Desejamos tão-só ouvir o sentimento social dominante de TODOS os açorianos, pois TODOS ficarão a fazer parte desta decisão. Para tanto, necessitamos do maior número de assinaturas possíveis para que o Referendo Regional seja realizado. Precisamos da SUA ajuda. Contribua para o funcionamento da democracia. Participe, ajudando-nos.

Ass. grupo de cidadãos pelo Referendo Regional sobre a Sorte de Varas

domingo, 10 de maio de 2009

Autonomia Picada



Fonte:http://cartooncredito.blogspot.com/

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sorte de Varas - Deixar de Lutar Nunca!


No dia em que a Comissão Parlamentar de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa dos Açores aprovou, com seis votos a favor (três do PS e três do PSD) e quatro votos contra (todos os PS), tendo sido ainda registadas duas abstenções (uma do CDS/PP e uma do PSD) o projecto de decreto legislativo regional que legaliza as corridas de touros picadas no arquipélago, enviámos ao Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, ao Presidente do Governo Regional dos Açores, ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Presidente do Parlamento Europeu uma petição colectiva contra a legalização da sorte de varas e dos touros de morte nos Açores que recolheu mais de 500 assinaturas.

De igual modo enviamos ao Parlamento Regional uma listagem de cerca de 400 cidadãos que, através de correio electrónico, comunicaram a sua adesão ao apelo lançado por cinquenta cidadãos contra a pretensão de ser legalizada a sorte de varas nos Açores.

Teófilo Braga

"Sorte (?) de Varas"

Parece que o glorioso Parlamento da minha terra se prepara para aprovar a, assim ironicamente apodada, “sorte de varas”. Antes de entrar mais propriamente sobre o tema devo deixar claro que não sou “activista” pelos “direitos” dos animais, nem um fundamentalista contra a caça ou a pesca (que aliás pratico) ou até mesmo (apesar de não apreciar) contra a tourada tal como é praticada ainda por esse Portugal fora. Algumas dessas actividades, como a caça e a pesca, não são meras “tradições”, mas estão antes (a sua prática) profundamente inscritas no etograma humano e, ao menos, está-lhes associado um fim muito específico e comum a todos quanto têm estômago: a gastronomia. A mais disso, como um dia escreveu um dos mais ilustres defensores da caça e das touradas (Ortega y Gasset), num famoso livrinho sobre o tema, tais actividades serão um modo de cada um de nós “tirar férias da Humanidade”.

Não me proponho, como é mais do que óbvio, terçar argumentos com o ilustre filósofo, mas penso ser bizarra e a mais disso extemporânea a pretensão de uns quantos que pretendem agora voltar à “tradição” da “sorte” (?) de varas e tudo quanto de grotesco e bárbaro (e supérfluo) representa como “espectáculo”. Tal como se não me afiguraria próprio proibir sem mais as tradições (como as touradas) por decreto (porque até certo ponto as tradições são para respeitar e devem definhar – como é o caso da tourada portuguesa – e morrer por si), também não se devem impor por portaria, sobretudo quando representam, quer se queira quer não (e não obstante a retórica semi-metafísica dos aficionados) um retrocesso civilizacional. É precisamente essa subtil distinção entre a manutenção de uma tradição civilizacionalmente questionável (como a actual tourada portuguesa, que pode ter por si várias e distintas razões, até de pacificação social) e um retrocesso civilizacional (como é o caso da "sorte" de varas) que os próceres da coisa não entendem.

Mas se cavarmos um pouco mais as razões desse aparentemente súbito apego às “tradições”, veremos que não se trata de apego nenhum e o que quer que seja não é, antes pelo contrário, súbito. Então, o que fará “correr” esta troika substancialmente composta de socialistas e social-democratas, aqueles que têm o poder de no Parlamento açoriano aprovarem uma tal lei, celerada e extemporânea? O que moverá tal mole de base alegadamente progressista a patrocinar uma actividade que mais não é do que a reminiscência de uma sociedade de cavaleiros e escudeiros, de uma sociedade hierarquizada, altamente conservadora e elitista? A resposta é simples: o receio de perderem os votos da única ilha açoriana onde a tourada tem presença secular e substancialmente estabelecida e uma afronta da República cometida há uns anos. Focar-me-ei neste útlimo aspecto.

A ferida abriu-se com um acórdão do Tribunal Constitucional prolatado em 2002, que considerou não ser do “interesse específico” da Região Autónoma dos Açores, para efeitos da norma constitucional pertinente, a derrogação, por normativo regional, da lei que interdita em geral a “sorte de varas”. Perante a inconstitucionalidade e a subsequente teimosia do Parlamento Regional, o Ministro da República da altura terá procedido ao chamado “veto de gaveta” – e a questão morreu por uns anos. Morreu a questão, mas não o ressaibo suscitado pela afronta. E é assim que no novíssimo e a outros títulos turbulento Estatuto Político-Administrativo da RAA, aprovado pela L 2/2009, de 12/1, a Região passa a ter competência legislativa em matéria de “touradas e tradições tauromáquicas nas suas diversas manifestações” (artigo 63.º/2/e), uma norma que quanto a mim tem o toque evidente de com ela se pretender tirar desforço da afronta referida. Ora, concordo que o “veto de gaveta” não seja daqueles instrumentos que se possa paradigmaticamente acolher sob o pálio da transparência democrática. Mas a um mal não se deve opor outro. E de qualquer modo um diploma tão importante como o Novo Estatuto Político-Administrativo da RAA merecia uma estreia bem mais nobre da que alguns marialvas parecem querer obsequiar-lhe; e o conceito de “interesse específico” das Regiões Autónomas, constitucionalmente sancionado, merecia ser corporizado em algo bem mais substancial e digno do que com a imagem de uma vara espetada nos lombos de um boi.

Texto de Pedro Soares de Albergaria, extraído daqui

quarta-feira, 6 de maio de 2009

PICO do AREEIRO - Sítio da Rede Natura ou estaleiro de obras?



Ontem à noite, no programa "Debate Político" da RTP-Madeira, ouvi, confesso sem admiração, um administrador do maior grupo hoteleiro madeirense afirmar que não conhecia os projectos do Teleférico do Rabaçal e do Radar no Pico do Areeiro e, consequentemente não podia opinar sobre os respectivos impactes no turismo.

De facto, parece que apenas uns ambientalistas utópicos estão preocupados com o estado deplorável em que se encontra o Pico do Areeiro, desde que há cinco anos foi desactivada a pousada para dar lugar a um radar, idealizado por notáveis geoestrategas com o objectivo de detectar ameaças aéreas à Região Autónoma da Madeira.

O equipamento, que parece ter custado cerca de 16 milhões de euros, está encaixotado no Continente, aguardando pela construção do edifício onde vai ser instalado.

No início deste ano a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais informou que tinha nomeado um arquitecto paisagista para a acompanhar a obra da responsabilidade do Ministério da Defesa.

Em Fevereiro foi montado um estaleiro e a pousada foi vedada com chapas metálicas, que pouco tempo depois começaram a ser arrancadas pelo vento.

Foi construída uma nova vedação, que o vento já está a abanar e que
poderá causar danos pessoais graves. Entretanto, a obra continua sem
arrancar.

Ao chegar ao Pico do Areeiro os visitantes deparam-se com um edifício degradado, em que parte do telhado já voou, maculando gravemente a paisagem dum Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 (Fotos 1 a 4, em anexo).

Este humilde ambientalista sugere, aos doutos estrategas do Ministério da Defesa e aos ecólogos da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, a colocação dum placar com informação, em várias línguas, sobre o monumento que ali pretendem erigir, de forma a dissipar as dúvidas dos turistas, que persistem em perguntar se estão num Sítio da Rede Natura 2000 ou num estaleiro de obras.


Aproveito a oportunidade para informar que a reportagem da RTP-Madeira (05.05.09) com a posição da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal sobre a Rede Natura 2000 na Madeira já pode ser vista em (http://bisbis.blogspot.com) ou no video abaixo.




Texto e foto: Raimundo Quintal

terça-feira, 5 de maio de 2009

Touradas Picadas e a Democracia Para Lamentar


Se os açorianos tivessem paciência para consultar os manifestos e os programas eleitorais dos diversos partidos que se candidataram às últimas eleições facilmente chegariam à conclusão de que o tema legalização da sorte de varas não fazia parte dos mesmos.

Tratando-se de uma questão de vital importância para a região, no dizer dos seus defensores, e que divide a sociedade açoriana que é maioritariamente contra, pelo menos é o que dizem todas as sondagens de opinião realizadas até aqui, o mínimo que se exigia aos deputados seria uma consulta aos seus eleitores.

Mas, os nossos deputados, embevecidos com a democracia parlamentar, achando-se donos da vontade dos eleitores, aprovam nas costas destes o que nunca disseram que iriam fazer. Seria injusto não registar, aqui, que de 4 em 4 anos há um momento em que os nossos deputados calcorreiam as ruas dos Açores, prometem ao povo o que sabem de antemão que não vão cumprir, para além de distribuírem camisolas, esferográficas, abraços e beijos.

Hoje, infelizmente não só nos Açores, a falta de dignidade da chamada classe política, associada à incultura e alheamento dos cidadãos eleitores, faz com que em diversos cargos se perpetuem pessoas que, ao contrário de viverem para a política, vivem dela.

Mas o que terá levado a que 26 “magníficos” deputados apresentassem uma proposta legislativa no sentido de legalizar a sorte de varas, prática não tradicional, bárbara, aspiração de uma minoria e vergonhosa para a região, caso seja aprovada?

Cremos que em alguns casos, não falamos aqui nos que são sádicos, a apresentação da proposta foi uma atitude impensada de desrespeito pelo bem-estar animal e pelo querer das pessoas de bom senso, confiantes que sairiam impunes perante a opinião pública açoriana, nacional e internacional.

Senhores deputados, ainda estão a tempo de arrepiar caminho.

Não manchem o bom nome dos Açores.

Os animais não votam, nós podemos votar (votamos)!

TB

O Acesso à Fajã do Araújo e os Disparates de José Carlos Carreiro


Acesso à Fajã do Araújo por concluir

A Câmara Municipal do Nordeste desconhece quando poderá concluir a obra iniciada no final de 2006 para criar uma estrada de acesso à Fajã do Araújo.
A obra foi embargada pela Guarda Nacional Republicana, através dos elementos do SEPNA, no início de 2007, continuando embargada pelo facto de prejudicar os cursos de água.
O presidente da autarquia explicou que o projecto de abertura de acesso na Fajã do Araújo, que permite chegar à Praia do Lombo Gordo, é da responsabilidade da Junta de Freguesia do Nordeste e Câmara Municipal do Nordeste, que já investiram no local 50 mil euros.
A obra avançou por solicitação da Junta de Freguesia do Nordeste, “correspondendo aos anseios da população da freguesia”, explicou o presidente do município.
Apesar da autarquia desconhecer quando poderá concluir a obra, devido ao embargo, José Carlos Carreiro explica que o principal objectivo está concluído “com o caminho aberto e a funcionar com piso em saibro”.
Quando “existirem possibilidades a autarquia estuda hipóteses de fazer drenagens”, adianta.
O presidente do município aponta que os principais benefícios com esta obra estão relacionados com a segurança das pessoas que frequentam a zona, porque existe uma melhoria dos acessos da protecção civil.
“Agora existem condições de acesso ao serviço de ambulância e de outros da Protecção Civil. Depois da abertura deste acesso já tivemos pelo menos um registo de socorro de ambulância na Fajã do Araújo”, refere o presidente da autarquia. E, além disso, sem o caminho a câmara municipal não poderia integrar o Trilho da Grande Rota, explica ainda.
O autarca sublinha por outro lado que o acesso “veio dar outra dinâmica e mobilidade à Fajã, refere a autarquia”, pois “a zona começou a ser mais frequentada pelas pessoas que têm aqui propriedades e também por visitantes e com a possibilidade de transporte facilitada, passou a haver um maior incremento da actividade agrícola das pessoas que têm aqui prédios. A agricultura tem grande tradição na Fajã do Araújo, sobretudo a cultura da vinha e outras”, destacou José Carlos Carreiro.
A melhoria dos acessos também permitiu registar a diminuição dos assaltos a residências situadas na Fajã do Araújo.
O presidente da Câmara Municipal do Nordeste afirma que após a abertura da estrada “registou-se uma diminuição de assaltos graças ao maior movimento de pessoas e de viaturas que o caminho veio permitir. As pessoas que têm ali habitação vão agora com maior frequência aos seus prédios e o próprio turismo tem curiosidade em descer e conhecer a zona litoral, uma das zonas de costa mais bonitas do concelho”, acrescentou o presidente da autarquia. ||

Associações desconhecem Fajã depois da obra

Os ambientalistas Sérgio Caetano, da Associação Amigos dos Açores, e Teófilo Braga, do Colectivo Açoriano de Ecologistas, desconhecem como está a Fajã do Araújo, após o embargo das obras.
Os dois elementos de associações ambientalistas afirmaram que não se deslocaram ao local durante os últimos dois anos, após a obra ter sido embargada pela Guarda Nacional Republicana. Devido ao embargo da obra, a Câmara Municipal do Nordeste não conseguiu concluir o projecto de abertura do caminho da Fajã do Araújo, estando a aguardar instruções da Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos, liderada por José Luís Gaspar. Ainda não existe prazo para a conclusão deste processo. ||

Luís Pedro Silva

Fonte: Açoriano Oriental, 4 de Maio de 2009


Comentário
- Nunca vi a obra da Câmara do Nordeste para a Fajã do Araújo, mas perante a da Fajã do Calhau, acho que o Presidente da Cãmara até podia fazer uma para a Lua que estava sempre dentro da "lei".

Quanto às vantagens apontadas, vou ali e já venho: relacionar a obra com a diminuição dos assaltos parece disparate. "Tontice" ou falta de inspiração é afirmar que sem a estrada "a câmara municipal não poderia integrar o Trilho da Grande Rota".

Então. sr. Presidente, esqueceu-se que já havia um trilho entre a Fajã do Araújo e a Pedreira? Quando é que se constrói uma estrada para acrescentar quilómetros a uma suposta grande rota de trilhos pedestres?

Esta grande rota é uma "tolice" de alguns "iluminados" que não sabem o que estão a fazer, mas este assunto fica para outra ocasião.

Teófilo Braga

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dois artigos contra a Sorte de Varas

Pelos Açores, contra a sorte de varas

Enquanto açorianos temos consciência de que a nossa identidade é plural. Somos portugueses perante o mundo, açorianos perante o país e identificamo-nos com a ilha onde nascemos, vivemos ou adoptamos como espaço de referência diária.
Mas, quando está em jogo a defesa ou a afirmação da unidade, seja nacional ou regional, deixa de estar em causa o lugar, a ilha ou o concelho a que pertencemos.
É recorrente falarmos dos açorianos nas várias ilhas referindo-nos a estereótipos, que associam, por exemplo, o trabalho aos micaelenses, o folguedo aos terceirenses ou que olham os faialenses a partir da marina e dos seus iatistas. Com isso, justificam-se práticas, investimentos ou até iniciativas políticas.
Um exemplo, actual, é o das touradas picadas que, supostamente, alguns aficionados das lides tauromáquicas pretendem ver legalizadas nos Açores. São sobretudo terceirenses, mas a questão é muito mais abrangente, porque o que está em causa é a aprovação de um Decreto Legislativo Regional que legaliza, na Região Autónoma, uma prática actualmente proibida no todo nacional, por força da Lei n.92/95, de 12 de Setembro, alterada pela Lei n.º19/2002, de 31 de Julho. Nesse quadro legal, que os subscritores pretendem ver aplicado na Região, conta-se a excepção dos “touros de morte” de Barrancos, classificada como tradição praticada de forma ininterrupta durante mais de cinquenta anos, que representa um traço da cultura popular local, fortemente marcada pela vizinhança da fronteira luso-espanhola.
Os deputados da Assembleia Legislativa dos Açores, libertos de orientações político partidárias irão, brevemente, votar a proposta de legalização da sorte de varas nos Açores.
Argumentos a favor apelam à capacidade de legislar nesta matéria, que decorre da nova redacção do Estatuto Político Administrativo e alegam ser uma tradição mesmo que descontínua, que foi reintroduzida (ao que parece por uma elite de aficionados) na década de noventa.
Estou entre os que se negam a votar favoravelmente esta iniciativa, porque a meu ver, a competência legislativa deve ser utilizada na defesa dos valores e do interesse dos Açores como um todo, e não sou sensível à argumentação da tradição, fundamentada em anos de duração ininterrupta ou em práticas que só alguns querem ver repostas. A tradição é uma parcela da Cultura que herdamos mas é susceptível de ser alterada por força dos valores que referenciamos no presente. Veja-se o que aconteceu com o fim da caça ao cachalote, tradição ancestral que foi abolida para defender uma espécie em extinção ou do fim da pesca da toninha que os pescadores utilizavam como isco e que foi considerada um atentado ao ícone de ternura e sensibilidade que se associa aos golfinhos!?
Não restam dúvidas que a sorte de varas é uma prática violenta, de contornos medievais, que não envolve um confronto directo entre o homem e o animal como se observa na tourada, particularmente no toureio a pé, nas pegas ou à corda, esta sim uma tradição fortemente enraizada, sobretudo, nas populações da ilha Terceira. Argumentam os aficionados que está em causa a “melhoria da lide”, ou “apuramento da bravura do animal”, em benefício do espectáculo.
Num tempo em que se defende o bem-estar animal, em que várias cidades portuguesas e espanholas aprovaram o fim das touradas nos seus redondéis; perante a consagração dos direitos dos Animais, sob a forma de uma Declaração Universal em vigor desde a década de setenta, que implica equivalentes deveres dos seres humanos, a proposta de legalização da sorte de varas, subscrita por vários deputados, deixou de ser uma questão terceirense.
Estamos perante um Decreto que altera o quadro legal da Região e é como açoriana que me manifesto e que votarei contra esta iniciativa. ||

* Deputada na ALRAA pelo PS

piedade.lalanda@sapo.pt
http://sentirailha.blogs.sapo.pt/

Sortes

É preciso ter pouca sorte! A ideia de “legalizar” a morte de touros em arenas nos Açores é uma regressão civilizacional e autonómica. Se por um lado, em pleno século XXI é impossível ser indiferente ao sofrimento animal, por outro, “inaugurar” os novos poderes do estatuto político administrativo com a sorte de varas constitui um péssimo sinal dos Açores para o país e para o mundo. Não é preciso ser um ás da comunicação para perceber que a imagem dos Açores e dos açorianos será afectada por esta “legalização”. Estamos, portanto, perante um potencial desastre de consequências culturais e económicas indeterminadas. Não fosse o facto de haver o sério risco de esta medida ser aprovada na “nossa” assembleia e estaríamos novamente no campo predilecto da política à açoriana: querelas constantes acerca de questões acessórias.
Eis que cai a primeira nódoa sobre o pano da “renovada” autonomia. Parece que no velho baú dos anseios autonomistas de alguns Srs. Deputados estava afinal apenas uma ambição escondida: assistir à morte de um touro na arena.
Os açorianos merecem mais, muito mais. Esperam que os seus eleitos sejam capazes de transformar os novos poderes em renovadas oportunidades. É preciso ter muito azar! Em plena crise económica internacional andam, ao que parece 26 Srs. Deputados, entretidos a discutir estocadas tauromáquicas ao invés de se preocuparem em legislar para o futuro dos Açores e dos açorianos. ||
nuno tomé

´Fonte: Açoriano Oriental, 4 de Maio de 2009

domingo, 3 de maio de 2009

Carlos César Como Pilatos Lava as Mãos?


"Fiquei especialmente comovido quando soube que Carlos César é contra a introdução nos Açores da sorte de varas, uma especialidade da prática taurina e também porque deu luz verde aos deputados do partido para votarem a favor ou contra. Acho interessante porque em geral essa luz verde acende-se mais quando os deputados rosa devem votar contra propostas que vêm do lado do inimigo. Mas desta vez os deputados de forças partidárias antagónicas juntaram-se e tudo leva a crer que a sorte de varas venha a conhecer dias mais felizes. Os animais nem por isso."

Extracto de um texto de mário roberto publicado aqui.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A GRIPE SUÍNA E O MONSTRUOSO PODER DA INDÚSTRIA PECUÁRIA

Mike Davis


A gripe suína mexicana, uma quimera genética provavelmente concebido na lama fecal de um criadouro industrial, ameaça subitamente o mundo inteiro com uma febre. Os brotos na América do Norte revelam uma infecção que está viajando já em maior velocidade do que aquela que viajou a última cepa pandêmica oficial, a gripe de Hong Kong, em 1968.

Roubando o protagonismo de nosso último assassino oficial, o vírus H5N1, este vírus suíno representa uma ameaça de magnitude desconhecida. Parece menos letal que o SARS (Síndrome Respiratória Aguda, na sigla em inglês) em 2003, mas como gripe, poderia resultar mais duradoura que a SARS. Dado que as domesticadas gripes estacionais de tipo “A” matam nada menos do que um milhão de pessoas ao ano, mesmo um modesto incremento de virulência, poderia produzir uma carnificina equivalente a uma guerra importante.

Uma de suas primeiras vítimas foi a fé consoladora, predicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na possibilidade de conter as pandemias com respostas imediatas das burocracias sanitárias e independentemente da qualidade da saúde pública local. Desde as primeiras mortes causadas pelo H5N1 em 1997, em Hong Kong, a OMS, com o apoio da maioria das administrações nacionais de saúde, promoveu uma estratégia centrada na identificação e isolamento de uma cepa pandêmica em seu raio local de eclosão, seguida de uma massiva administração de antivirais e, se disponíveis, vacinas para a população.

Uma legião de céticos criticou esse enfoque de contrainsurgência viral, assinalando que os micróbios podem agora voar ao redor do mundo – quase literalmente no caso da gripe aviária – muito mais rapidamente do que a OMS ou os funcionários locais podem reagir ao foco inicial. Esses especialistas observaram também o caráter primitivo, e às vezes inexistente, da vigilância da interface entre as enfermidades humanas e as animais. Mas o mito de uma intervenção audaciosa, preventiva (e barata) contra a gripe aviária resultou valiosíssimo para a causa dos países ricos que, como os Estados Unidos e a Inglaterra, preferem investir em suas próprias linhas Maginot biológicas, ao invés de incrementar drasticamente a ajuda às frentes epidêmicas avançadas de ultra mar. Tampouco teve preço esse mito para as grandes transnacionais farmacêuticas, envolvidas em uma guerra sem quartel com as exigências dos países em desenvolvimento empenhados em exigir a produção pública de antivirais genéricos fundamentais como o Tamiflu, patenteado pela Roche.

A versão da OMS e dos centros de controle de enfermidades, que já trabalha com a hipótese de uma pandemia, sem maior necessidade de novos investimentos massivos em vigilância sanitária, infraestrutura científica e reguladora, saúde pública básica e acesso global a medicamentos vitais, será agora decisivamente posta a prova pela gripe suína e talvez averigüemos que pertence à mesma categoria de gestão de risco que os títulos e obrigações de Madoff. Não é tão difícil que fracasse o sistema de alertas levando em conta que ele simplesmente não existe. Nem sequer na América do Norte e na União Européia.

Não chega a ser surpreendente que o México careça tanto de capacidade como de vontade política para administrar enfermidades avícolas ou pecuárias, pois a situação só é um pouco melhor ao norte da fronteira, onde a vigilância se desfaz em um infeliz mosaico de jurisdições estatais e as grandes empresas pecuárias enfrentam as regras sanitárias com o mesmo desprezo com que tratam aos trabalhadores e aos animais.

Analogamente, uma década inteira de advertências dos cientistas fracassou em garantir transferências de sofisticadas tecnologias virais experimentais aos países situados nas rotas pandêmicas mais prováveis. O México conta com especialistas sanitários de reputação mundial, mas tem que enviar as amostras a um laboratório de Winnipeg para decifrar o genoma do vírus. Assim se perdeu toda uma semana.

Mas ninguém ficou menos alerta que as autoridades de controle de enfermidades em Atlanta. Segundo o Washington Post, o CDC (Centro de Controle de Doenças) só percebeu o problema seis dias depois de o México ter começado a impor medidas de urgência. Não há desculpas para justificar esse atraso. O paradoxal desta gripe suína é que, mesmo que totalmente inesperada, tenha sido prognosticada com grande precisão. Há seis anos, a revista Science publicou um artigo importante mostrando que “após anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte tinha dado um salto evolutivo vertiginoso”.

Desde sua identificação durante a Grande Depressão, o vírus H1N1 da gripe suína só havia experimentado uma ligeira mudança de seu genoma original. Em 1998, uma variedade muito patógena começou a dizimar porcas em uma granja da Carolina do Norte, e começaram a surgir novas e mais virulentas versões ano após ano, incluindo uma variante do H1N1 que continha os genes do H3N2 (causador da outra gripe de tipo A com capacidade de contágio entre humanos).

Os cientistas entrevistados pela Science mostravam-se preocupados com a possibilidade de que um desses híbridos pudesse se transformar em um vírus de gripe humana – acredita-se que as pandemias de 1957 e de 1968 foram causadas por uma mistura de genes aviários e humanos forjada no interior de organismos de porcos – e defendiam a criação urgente de um sistema oficial de vigilância para a gripe suína: advertência, cabe dizer, que encontrou ouvidos surdos em Washington, que achava mais importante então despejar bilhões de dólares no sumidouro das fantasias bioterroristas.

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Com a Crise é mais barato dar cabo do Ambiente

Governo invoca crise para reduzir multas ambientais
30.04.2009
Ricardo Garcia, Público

O Governo vai reduzir as multas ambientais, para proteger pessoas singulares e empresas no actual quadro de crise económica. Uma proposta de lei neste sentido foi aprovada hoje em Conselho de Ministros, mas já está a ser alvo de fortes críticas. "É uma vergonha", diz Francisco Ferreira, vice-presidente da associação ambientalista Quercus.
O actual regime de contra-ordenaçõ es ambientais prevê coimas que vão de um mínimo de 500 euros a um máximo de cinco milhões de euros. Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o que o Governo propõe é "a redução de larga maioria dos valores das coimas, com especial relevo para os limites mínimos". Além disso, será criado um regime de arrependimento, no qual uma empresa ou pessoa que admita ter cometido uma infracção e se mostre diligente em não o fazer de novo será beneficiado com uma redução
adicional da coima. O objectivo é "conferir ao regime aplicável às contra-ordenaçõ es ambientais um carácter mais adequado ao quadro sócio-económico do país, ajustando a punição à necessidade de não comprometer a subsistência de pessoas singulares e de pessoas colectivas de pequena e média dimensão".
A lei que está actualmente em vigor fora aprovada pela Assembleia da República em Julho de 2006, por proposta do próprio Governo do PS. O texto original baseara-se numa versão anteriormente preparada durante o anterior Executivo de Durão Barroso (PSD/CDS-PP) .
A redução das coimas agora defendida pelo Governo surpreendeu o deputado José Eduardo Martins (PSD), ex-secretário de Estado do Ambiente que liderou a elaboração da primeira proposta do regime de contra-ordenaçõ es ambientais. "É um grande passo atrás", disse ao PÚBLICO. "A mensagem que passa é a de que compensa incumprir as normas".
Francisco Ferreira, vice-presidente da Quercus, também é da mesma opinião. "É uma vergonha. Basicamente, é dizer às pessoas: façam
infracções à vontade, quando aparecer a fiscalização, parem e arrependam-se" , diz. "Na prática, é uma autorização para poluir".
A proposta do Governo tem se ser aprovada pela Assembleia da República, onde o PS tem maioria.

Nota- este partido dito socialista não para de nos surpreender.