sexta-feira, 29 de abril de 2016

Liga Portuguesa Contra do Cancro dos Açores promove tourada


No dia 29 de Maio terá lugar na Ilha Terceira, Açores um espectáculo tauromáquico de beneficência organizado pelo Núcleo Regional da Liga Portuguesa Contra o Cancro em parceria com a Tertúlia Tauromáquica Terceirense e os forcados da TTT.

A receita deste bárbaro espectáculo que foi apresentado na sede do Núcleo Regional da LPCC reverte para a criação de uma bolsa de investigação em oncologia.

Tenham vergonha meus senhores se necessitam de dinheiro para investigação existem muitas formas de o angariar sem recorrer à tortura de seres sencientes ou será que o sofrimento dos animais humanos que padecem desta terrível doença não vos basta?

A vossa falta de sensibilidade é repugnante portanto, não se admirem, que de ora em diante, muita gente se recuse a dar donativos a uma instituição que não tem qualquer escrúpulo em aceitar dinheiro manchado de sangue.

Prótouro
Pelos touros em liberdade

Fonte: https://protouro.wordpress.com/2016/04/29/liga-portuguesa-contra-o-cancro-organiza-tourada/

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Cuidado com as introduções


Cuidado com as introduções

No passado dia 4 de abril, a AAC- Associação Amigos do Calhau denunciou à Câmara Municipal de Ponta Delgada, à Junta de Freguesia de São Roque, à Direção dos Assuntos do Mar, à Brigada Sepna da GNR, à Policia Marítima e ao Parque de Ilha de São Miguel uma plantação ilegal de chorão trepadeira (Carpobrotus edulis) na Avenida do Mar, em São Roque.
O chorão trepadeira é uma planta originária da África do Sul, introduzida nos Açores com fins ornamentais, que facilmente se naturalizou, sendo uma invasora que facilmente ocupa o espaço das plantas nativas. Por este motivo está “incluído entre as cem espécies infestantes da fauna e da flora macaronésica determinadas como potencialmente mais perigosas no âmbito do projeto BIONATURA”.
Para além do mencionado, o texto da AAC refere que a legislação regional (Decreto Legislativo Regional n.º 15/2012/A, Regime jurídico da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade) classifica o chorão como “um taxon com risco ecológico conhecido” e "prioritário para controlo ou erradicação".
Não sabemos que entidade procedeu às plantações e quem as mandou retirar pouco tempo depois, mas, uma coisa é certa, não deviam ignorar a legislação e deviam ter conhecimento que a AAC tem em curso um plano de erradicação do chorão “na zona da Praia das Milícias, plano este devidamente autorizado pela Direção dos Assuntos do Mar”.
Infelizmente, nos Açores, por mais sensibilizações que se façam, por mais informação que se difunda, continua-se a cometer os mesmos erros e a assobiar para o ar, chegando-se ao cúmulo de ignorar os apelos para a conservação ambiental e a menosprezar as cada vez menos vozes que ainda não se calaram.
Podia preencher o espaço que me resta deste texto com exemplos semelhantes mas, para não maçar os leitores, refiro-me, apenas, à plantação de lantana (Lantana camara) uma planta invasora que existia cá, mas que os responsáveis importaram de viveiros, se não estou em erro, do Porto e as mais recentes plantações de erva-confeiteira (Polygonum capitatum) nas Portas do Mar, esta imediatamente retirada, e do penacho (Cortaderia selloana), ao longo das estradas, e que só agora está a ser retirado. Nos três casos mencionados estão envolvidos custos desnecessários que indiretamente ficam a cargo de todos nós contribuintes.
A chamada de atenção para o perigo de introdução de espécies animais ou vegetais exóticas em arquipélagos insulares não é de agora. No que aos Açores diz respeito, se não estou enganado, os primeiros alertas foram dados pelo NPEPVS - Núcleo Português de Estudos e Proteção da Vida Selvagem- Delegação dos Açores, organização não-governamental de ambiente que teve sede em Vila Franca do Campo e que teve como principais dinamizadores o vila-franquense Duarte Furtado e o francês Geral de Grand, que durante alguns anos esteve ligado à Universidade dos Açores.
Numa altura em que as entidades oficiais estavam pouco sensíveis para as questões ambientais e não existiam muitos estudos disponíveis, no início da década de oitenta, o NPEPVS chegou a esboçar uma campanha de sensibilização, tendo editado alguns autocolantes com os seguintes dizeres: “Cuidado com as introduções. Uma bela exótica pode esconder um monstro”.
Cerca de dez nos depois, os Amigos dos Açores iniciaram uma campanha, que mantiveram durante alguns anos, no âmbito da qual editaram algumas dezenas de milhares de exemplares de um folheto intitulado “Cuidado com as Introduções”, dirigido a jovens e adultos, e também uma brochura intitulada “As Plantas Invasoras, uma história contada pela faia-da-terra”, com tiragem semelhante.
Hoje, passados cerca de 30 anos, depois de tantas brochuras distribuídas pelas escolas e depois de tanta informação fornecida pela comunicação social, é incompreensível que se continue a agir como se agia no século passado.
Será que as ONGA e as entidades oficiais, que timidamente têm tentado atacar o problema, não souberam ou não sabem transmitir a mensagem ou as pessoas não estavam e continuam a não estar abertas a recebê-la?
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30909, 13 de abril de 2016, p.10)

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Terra Livre 78

Dinheiros públicos usados na construção da Praça de Touros de Angra do Heroísmo


Dinheiros públicos usados na construção da Praça de Touros de Angra do Heroísmo

Em 1983, começou a construção da atual praça de touros da ilha Terceira, cujo projeto foi da autoria do Eng.º Fernando Ávila e a primeira fase foi adjudicada por 25 mil contos à firma Matos & Santos.

No ano seguinte, em 1984, o centro de tortura de Angra do Heroísmo, foi inaugurado no dia 21 de junho, tendo assistido à cerimónia pessoas sem coração, como o ministro da República, general Conceição e Silva; o presidente do Governo Regional dos Açores, Dr. Mota Amaral e Manuel de Sousa Mancebo, o maior acionista da Praça, emigrante nos Estados Unidos.

Com a “mania” das grandezas, os promotores fizeram uma praça maior do que a do Campo Pequeno, mais dois metros de diâmetro, com 28 camarotes e com uma lotação de 5.028 lugares, destes 4720 destinam-se a venda e 308 destinados às autoridades. Mas a cereja no topo do bolo ou o cúmulo da hipocrisia está na presença de uma capela que tinha como orago Nossa Senhora do Pilar.

A praça da tortura era (é) pertença da Sociedade Tauromáquica Progresso Angrense- promotora de espetáculos taurinos, SARL, sendo a Tertúlia Tauromáquica Terceirense um dos sócios fundadores.

De acordo com o historiador Pedro de Merelim, “o redondel custou 50 milhões de escudos. O Executivo Regional comparticipou com 17.500 contos e o industrial Manuel de Sousa Mancebo, radicado em Tulare desde 1922, comprou ações no valor de 16.500.000$” e como se não bastasse o dinheiro de todos nós dado pelo governo “a Camara Municipal, por si, cedeu o terreno necessário a construção”.

De acordo com a ata nº 5/2015, da Reunião da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, realizada no dia 6 de março de 2015, ficou decidido, por unanimidade, “Doar à Sociedade Progresso Tauromáquica Terceirense, com o NIPC 512009481 e sede na Avenida Jácome de Bruges, o direito de propriedade plena relativamente ao prédio onde se encontra edificada a Praça de Toiros da Ilha Terceira, correspondente ao lote n.º 1, inscrito na matriz sob o artigo 1381 provisório, sito na Avenida Jácome de Bruges, referente ao loteamento titulado pela Certidão emitida pelos serviços municipais, no dia 1 de outubro de 2014, atribuindo para efeitos do mesmo contrato o valor de € 200.000,00 (duzentos mil euros).

Para além da deliberação anterior a Câmara “exige” que o fim principal seja a tortura de animais, como se poderá ver pelo ponto dois da referida deliberação: “ Incluir no contrato de doação uma cláusula que limite o fim de utilização do mesmo lote à manutenção e funcionamento em pleno da Praça de Toiros da Ilha Terceira para o exercício de atividades taurinas, sem prejuízo de outras atividades que visem a respetiva sustentabilidade económico financeira, sob pena da respetiva resolução caso se verifique o incumprimento desta obrigação, tendo por consequência a reversão do prédio objeto de doação para a esfera jurídica do Município, nos termos do artigo 960.º do Código Civil”.

5 de abril de 2016

José Ormonde

domingo, 3 de abril de 2016

Apontamentos sobre a tauromaquia em São Jorge




Apontamentos sobre a tauromaquia em São Jorge

Como é sabido a Ilha Terceira tem sido ao longo dos tempos o bastião da vil prática de torturar bovinos e o centro irradiador da tauromaquia para outras ilhas do arquipélago, com destaque para as ilhas da Graciosa e São Jorge.

De acordo com o historiador Pedro de Merelim, a primeira tourada à corda, em São Jorge, realizou-se a 7 de setembro de 1934, durante as festas de São Mateus da Calheta. Segundo o autor citado: “Os rapazes de S. Jorge apesar de a tal, não estarem habituados, demonstraram arrojo e entusiasmo. José Veríssimo, o Prosa, natural da ilha Terceira, dirigiu a corrida. Gente das freguesias circunvizinhas acorreu, dando ao acontecimento esfusiante alegria. Outras touradas a corda se perspetivaram, para a mesma vila e freguesia da Urzelina”.

Com touros vindos da ilha Terceira, em São Jorge começou a prática de desrespeitar animais, de assocair as touradas às festas religiosas, sem que a igreja se manifestasse contra aquela prática viciante e que, inclusive, desvia dinheiro dos paroquianos que poderiam reverter para a própria paróquia para os bolsos dos ganadeiros.

Depois da introdução da chamada tauromaquia popular, a indústria tauromáquica, que é insaciável em sangue e em dinheiro sem esforço, partiu para a introdução das touradas mais sangrentas para os animais, as de praça. Assim, de acordo com o autor citado, em 1948, “Alfredo Ovelha deslocou-se a S. Jorge, onde foi estudar, sem êxito, a possibilidade de realizar naquela ilha uma tourada de praça.”

Mais tarde, em 2005, o Governo Regional dos Açores, presidido por Carlos César, deu uma ajudinha à prática da tortura, através da “cedência, a título definitivo e oneroso, à Tertúlia Tauromáquica Jorgense – Amigos da Festa Brava Jorgense, de dois prédios rústicos sitos ao Pico da Caldeira de São Jorge, freguesia e concelho de Velas, inscritos na matriz predial rústica sob os artigos 2432.º e 1458.º e descritos na competente Conservatória do Registo Predial, respetivamente sob os n.ºs 804 e 608/Velas, ao abrigo do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 97/70, de 13 de Março, conjugado com o n.º 3 do artigo 5.º do Decreto Legislativo Regional n.º 3/2004/A, de 28 de Janeiro”

De acordo com a Resolução do Conselho do Governo n.º 74/2005 de 19 de Maio de 2005, os terrenos que custaram a quantia irrisória de 6 000 euros e destinavam-se à” construção de uma Escola de Equitação e parque de estacionamento de apoio à Praça de Touros”. Ainda de acordo com a mesma resolução “, os terrenos ora cedidos regressam ao património da Região Autónoma dos Açores se lhes for dado fim diferente do assinalado ou em caso de incumprimento das condições da cedência”.

A justificação para a cedência dos terrenos é uma autêntica afronta a todas as pessoas que têm e usam o cérebro para pensar. Com efeito, entre as diversas cabeças existentes no Governo Regional dos Açores de então, ninguém viu que era um disparate o seguinte:

“Considerando que a Câmara Municipal das Velas classifica a Tertúlia Tauromáquica Jorgense como uma instituição de grande valor no concelho, quer do ponto de vista turístico quer cultural, e que a construção de uma Escola de Equitação se apresenta como um projeto de grande importância.”

Quando é que uma instituição que fomenta os maus tratos a animais tem valor cultural? Que turistas vão a São Jorge para assistir à tortura de um animal numa praça de touros? Onde anda a Escola de Equitação? Porque não exige o Governo a devolução dos terrenos ao património da região?

O ano de 2014 foi um ano negro para São Jorge, que se traduziu na morte, perfeitamente evitável, do senhor Horácio Borges numa tourada à corda e num número de feridos que nunca entra nas estatísticas porque há hospitais e centros de saúde e corporações de bombeiros que os escondem.

Foi, também, em 2014 que, depois de um interregno, regressaram as touradas de praça, com o ferimento de pelo menos um forcado. Para além do referido, regista-se a falta de vergonha por parte da Tertúlia Tauromáquica Jorgense que pediu o apoio no valor de 35 000 (trinta e cinco mil euros) para a realização de uma tourada de praça no âmbito da Semana Cultural (?) das Velas. Vergonhosa foi, também, a ação da Câmara Municipal das Velas que atribuiu 3500 € à referida Tertúlia contra a cedência de 50 bilhetes para a tourada a distribuir por Instituições de Solidariedade Social do Concelho.


José Ormonde
2 de abril de 2016