domingo, 30 de outubro de 2016

Não à caça


A Folha, 6 de maio de 1915

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Pegada ecológica

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Terra Livre 80

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Goya e a tauromaquia


Goya e a tauromaquia

Muito recentemente adquiri a publicação “A Vida e a Arte de Goya”, inserida na publicação quinzenal “Iniciação – Cadernos de Informação Cultural”, editada, em 1943, pelo Professor Agostinho da Silva.

Francisco José de Goya y Lucientes (1746 - 1828) foi um pintor e gravador espanhol que, segundo Agostinho da Silva, embora mantendo relações com gente da corte não perdeu a independência e o “gosto de livre crítica”, continuando a ser um “homem do povo do nascimento à morte”.

Nos últimos anos da sua vida, “apesar da velhice e da doença, a sua capacidade de trabalho não diminui” tendo gravado “os Provérbios e a Tauromaquia”

Talvez pelo simples facto de ter obras sobre a tauromaquia, Goya foi, durante muitos anos, considerado um defensor das touradas, tendo sido um dos grandes vultos da cultura citado pelos adeptos das mesmas em defesa da sua continuação. A título de exemplo, ainda em 2010, Ignacio Gonzalez, vice presidente da Comunidade de Madrid socorria-se do “interesse de grandes artistas pelo espetáculo taurino”, entre eles Goya, para anunciar que o seu governo iria declarar as touradas como “bem de interesse cultural”.

Através de uma leitura mais recente da obra de Goya, os especialistas chegaram à conclusão de que ao contrário de ser defensor das touradas aquele terá sido um crítico da violência tauromáquica.

José Manuel Matilla, conservador do Museu do Prado, referindo-se a uma exposição sobre Goya que esteve patente naquele museu escreveu:

"A crítica romântica apresenta um Goya taurino, que inclusive na juventude chegou a tourear, mas essas gravuras são uma grande crítica à tauromaquia, especialmente pela enorme violência para toureiros e cavalos. A série termina com a morte de Pepe Hillo na Praça de Madrid, o mais famoso toureiro, que levou à proibição de touradas. Para Goya, as touradas não são ações heroicas, mas sim o medo e o terror, a morte, a violência e a irracionalidade”.
Segundo Sabela Rodríguez Álvarez, aquando da inauguração da referida exposição o escultor, Juan Bordes, destacou “quatro pinturas batizadas como Los toros de Burdeos, que mostram “o touro como o único inocente”, frente aos rostos do público e dos toureiros, que são representados de forma "monstruosa", como a personificação de "quem quer se alimentar de sangue”.
Teófilo Braga

(Correio dos Açores, 31058,18 de outubro de 2016, p. 14)

terça-feira, 4 de outubro de 2016

NO DIA DO ANIMAL



NO DIA DO ANIMAL

“É bendita a propaganda que se faça a favor dos animais; e é bendita, porque significa Bondade, porque sobretudo tende a minorar o sofrimento dos maiores amigos do homem” (Alice Moderno)
Hoje, 4 de Outubro, celebra-se, uma vez mais, o Dia Mundial do Animal que, de acordo com algumas fontes, terá sido declarado em 1929, num Congresso de Proteção Animal realizado na Áustria.
A escolha do dia está relacionada com a data da morte de São Francisco de Assis, 4 de Outubro de 1226, que em sua vida amou e protegeu os animais, tendo chegado a comprar aves engaioladas apenas com o objetivo de as soltar e de as ver de novo em liberdade.
Nos Açores, quando se comemora o Dia do Animal não se pode esquecer todos os que ao longo da sua vida tudo fizeram para que os animais tivessem uma vida mais digna. Entre estas pessoas, destaca-se a figura de Alice Moderno, uma das fundadoras e grande dinamizadora da SMPA- Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, de 1914 a 1946.
A maioria das associações e das pessoas que se dedicam à causa animal têm com o seu ativismo um duplo objetivo, defender os animais e educar os humanos. Este desiderato, que não é recente, é bem evidenciado no extrato seguinte, publicado no Zoophilo em 1877: “(…)minorar as sevecias inuteis contra os animaes prestadios, melhorar as condições da sua, forçadamente curta e precaria existência entre nós, seus senhores naturaes, e em summa, e principalmente, por meio do irracional civilisar o homem; essa é a nossa questão; a isso tendem os nossos esforsos (…) levantar o seu nível moral”.

Apesar do Dia do Animal já ser comemorado há cerca de 90 anos e da (pretensa) evolução das mentalidades, hoje os militantes da causa animal continuam a ser vítimas da incompreensão por parte de um sector da sociedade, que por vezes nada faz para que tanto pessoas como animais tenham uma vida mais digna.

O principal argumento usado por alguns políticos, aos mais diversos níveis, para humilhar os defensores dos animais e para menosprezar a causa é o de sempre, isto é considerar que há sempre outra causa que merece ser defendida e que é prioritária. Dar-lhes-ia o benefício da dúvida se eles não fossem os principais responsáveis pelas dificuldades e injustiças de que são vítimas os humanos, para além de também serem corresponsáveis pela falta de civismo e de educação.

Uma resposta a estes ataques já foi dada, em 1909, pela SPAP-Sociedade Protetora dos Animais do Porto que respondeu da seguinte forma: “a proteção contra os maus tratos dos animaes não humanos não prejudica a prática da caridade, antes educa para a bem exercer”. Não sei em que sentido a SPAP usou a palavra caridade, mas apenas concordo com ele se for o que é atribuído por Agostinho da Silva que escreveu: “tempo virá de caridade, entendendo-se caridade não como aquele suplemento de humilhação que se leva aos que caíram na luta, mas como amor irrestrito que, embora consciente dos defeitos do amado, o ama sem pensar em saldo positivo ou negativo”.

Teófilo Braga
( Correio dos Açores, 31047, 4 de outubro de 2016, p.13)