sábado, 28 de junho de 2008

A Estratégia Energética da Comissão Europeia




por Euan Mearns [*]
Tumultos não baixam preços (Entrada no blog de Andris Pielbalgs, responsável pela DGTREN da UE, em 6 de Junho. Ênfases acrescentadas por mim)
Terça-feira passada fui testemunha de um episódio muito triste. A polícia de tumultos belga empregou a força contra um grupo de pescadores franceses e italianos que marchavam para a sede da UE a fim de protestar violentamente contra os altos preços do combustível. Ocorreu um choque de carros em consequência dos tumultos. A frustração dos manifestantes é fácil de entender, mas certamente manifestações e combates de rua não são a resposta para este problema. Os preços do petróleo estão altos e ficarão mais altos. Nenhuma manifestação pode mudar isto.
No passado, períodos de petróleo bruto relativamente caro foram seguidos por períodos de petróleo barato devido a factores temporários como a primeira Guerra do Golfo. Actualmente, também, há factores temporários que estão a influenciar os preços do petróleo, como o boom no mercado de commodities, a situação geopolítica em várias áreas produtoras, o enfraquecimento do dólar ou a confusão nos mercados financeiros. Contudo, os impulsionadores reais da escalada do preço do petróleo tem uma natureza estrutural. Todos vocês conhecem a lei da oferta e da procura. Se a oferta diminui, os preços aumentam. Se há um crescimento na procura, há também um crescimento no preço. Se, ao mesmo tempo a oferta diminui e a procura aumenta, então os preços disparam. Isto é precisamente o que está a acontecer nos mercados de petróleo.
No ano 2000 a China tinha 4 milhões de carros. Em 2005 já tinha 19 milhões. Espera-se que em 2010 a frota chinesa de carros venha a ser de 55 milhões e 130 milhões em 2020. A Índia está a seguir uma tendência semelhante, e as economias dos Estados Unidos e da Europa continuam a devorar petróleo em grandes quantidades. Cada vez mais pessoas competem por uma commodity cada vez mais escassa. Todos nós sabemos que o petróleo acabará algum dia. A data exacta certamente está em discussão, mas há um facto que ninguém pode negar, extrair petróleo da terra agora é muito mais difícil e caro do que costumava ser.
As fontes fáceis de petróleo já estão a ser utilizada. As companhias petrolíferas actualmente estão a explorar em mares profundos ou em regiões congeladas e inacessíveis. As incertezas geopolíticas reinam nas áreas produtoras de petróleo, ao passo que há uma tendência crescente entre países produtores para nacionalizar os seus recursos, ou tornar mais difícil os investimentos estrangeiros. Há uma escassez crescente de força de trabalho altamente qualificada e a exploração e produção de petróleo está a tornar-se uma actividade de alta tecnologia, extremamente cara.
Todos nós sabemos as consequências. O barril actualmente está em torno dos US$130, 300% mais caros do que há apenas três anos atrás. Peritos estão a falar acerca de preços de US$200 por barril já no próximo ano. A estes níveis, mesmo fontes de petróleo não convencionais, tais como o bruto pesado (heavy crude) ou areias betuminosas, tornam-se atraentes – apesar da sua odiosa pegada de CO2 e do alto consumo de energia.
Então, qual é a solução? Bem, temos de nos mover para longe do petróleo. Isto é o que a Política Energética Europeia está prestes a fazer. Precisamos reduzir a procura com mais transporte, indústria e habitação mais eficiente. Precisamos promover combustíveis alternativos, como biocombustíveis, electricidade ou hidrogénio, precisamos mudar para modos de transporte mais limpos e mais eficientes como comboio, navegação marítima de proximidade, ou transporte público. E nesse meio tempo precisamos continuar nosso diálogo com produtores de petróleo para encorajá-los a produzir mais e abastecer os mercados melhor. Em 24 de Junho irei encontrar-me com ministros dos países da OPEP para discutir com eles esta questão.
A era do petróleo barato e facilmente disponível está ultrapassada. Precisamos mover-nos para longe do ouro negro e incidir os nossos esforços numa economia de baixo carbono. Quanto mais cedo fizermos isso, tanto melhor.

A minha resposta
Caro Andris,
Este texto é a mais assustadora e desordenada das confusões – o que é um reflexo directo da política energética da UE. Há alguns lampejos de luz solar, mas misturados com lixo absoluto.
Todas as vezes que inseri aqui um texto disse-lhe que estamos nas etapas preliminares de uma enorme explosão da crise energética. É uma pena que você tenha esperado até que o petróleo atingisse os US$130 por barril e pelos tumultos dos pescadores franceses antes de perceber que isto é realmente o caso. Naturalmente, se você e a sua equipe estivessem aptos a fazer o seu trabalho, você seria capaz de estudar os dados da oferta e procura publicados pela IEA, a EIA e a BP e concluir antecipadamente que uma crise energética está em andamento e por em acção estratégias efectivas para mitigá-la. Mas não, a sua abordagem é reactiva, bem por trás da curva, com foco errado e sem uma re-elaboração substancial da política de energia da UE, ela está destinada a fracassar. Os tumultos na Bélgica e na Ibéria são em parte por culpa sua. Você é o comissário da UE para a energia, e sonha com tubagens de CO2 enquanto a segurança energética da UE vai por água abaixo.
É encorajador verificar que você finalmente entende que a procura por petróleo, gás e carvão estão em ascensão ao passo que a oferta de petróleo está pelo menos estática. A procura em ascensão contra a oferta estática é controlada pela escalada do preço, encorajando a conservação e pondo os pobres europeus fora do mercado da energia. Nesta altura você deveria entender que quando pessoas pobres têm preços que as põem fora do mercado da energia eles fazem tumultos.
A próxima coisa que você precisa perceber com urgência é que a oferta de petróleo não permanecerá estática por muito tempo. Ela vai reduzir-se um dia, muito em breve (2012 ± 3 anos) . E nessa altura os problemas que estamos a experimentar agora piorarão 100 vezes ou mais. O que é que vai fazer quanto a isto?
A UE e a OCDE em geral não tem absolutamente nenhum controle sobre os abastecimentos global de petróleo. A OPEP sim, mas você tem de entender que a OPEP já está a bombear o mais rapidamente possível. Os dados da IEA mostram que a sua capacidade de reserva está próxima do zero. Assim, o único controle que a OPEP tem seria reduzir a oferta a fim de conservar suas reservas minguantes para futuras gerações.
Portanto, a única parte da equação que a UE pode controlar é a procura. A UE precisa introduzir com alguma urgência medidas para reduzir a procura por petróleo e gás natural [NR 1] . E aqui acredito que você dispõe de algumas boas medidas. Precisamos de planos sólidos e urgentes para transformar radicalmente nossos sistemas de transportes. Para ser directo, viagens aéreas baratas para todos não serão parte deste futuro. Navegação, canais e transito electrificado em massa e carros eléctricos são o futuro. Precisamos alguém com visão para estimular projectos pilotos V2G por toda a Europa.
A conservação da energia e a eficiência energética devem ser as pedras angulares vitais da política de energia da UE. Acredito que entenda isso, mas não parece entender o que significa eficiência energética (portanto você conduz um dos carros menos eficiente em energia alguma vez produzido). Produzir hidrogénio usa mais energia do que a que pode ser recuperada. É um sumidouro de energia, um desperdício de energia e um desperdício de tempo (excepto alguns casos isolados especiais. O etanol consome quase tanta energia quanto ele proporciona e cai na mesma categoria – um desperdício de tempo e de energia preciosa. Você está a converter Ouro (gás natural) em Chumbo (etanol – anedota emprestada de Matt Simmons). Como um guia condutor, se o EROEI de um sistema produtor for menor do que 7, então deve ser ignorado. Ele não produz energia líquida suficiente para fazer andar a sociedade – e assim perseguir as loucuras gémeas do hidrogénio e do etanol não arrastará a Europa para fora do abismo da energia líquida
Em suma, o que você fez com esta entrada no seu blog foi reempacotar toda a errática política energética da UE que baseada sobre alterações climáticas e redução das emissões de CO2. Tentar agora vender este lixo como solução para a crise de energia emergente é insultuoso.
A partir daqui há dois caminhos para a frente. Das duas uma: você tem de admitir que a actual política energética é uma confusão caótica, lacrimeja e começa tudo outra vez – mas isto precisa ser feito com urgência, numa questão de meses. Ou então você deve demitir-se e deixar alguma outra pessoa efectuar esta tarefa vital.
PS: Apoio totalmente o comentário aqui inserido – se quiser reduzir a procura de petróleo hoje precisamos de limites de velocidade pan-europeus e legislação sobre [os carros] beberrões de gasolina. Deixemos que os bons engenheiros alemães voltem a sua atenção para a eficiência ao invés da velocidade e da potência.
[NR 1] Ao contrário do petróleo, o gás natural pode ter uma origem não fóssil: pode-se produzir biometano (sem que haja competição com produtos alimentares). Portanto, os veículos a gás natural são também uma alternativa eficaz e sustentável.
13/Junho/2008
[*] Bachelor of Science, PhD, Editor de The Oil Drum Europe .
O original encontra-se em http://europe.theoildrum.com/node/4147
Este artigo encontra-se em http://resistir.info//.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O Cidadão Comum e o Portal da Biodiversidade dos Açores


Ao consultar o Portal da Biodiversidade dos Açores reparei que não há qualquer indicação para a localização da espécie bico-de- queimado ,nas ilhas de São Miguele Graciosa.


Todos nós poderíamos contribuir para enriquecer o conhecimento da nossa flora, ajudando os especialistas na localização de algumas espécies, entre as quais a que referi.


O desafio que proponho é que todos nós (em especial do amantes da fotografia) tentem encontrar o bico-de-queimado. A última vez que o vi foi a 16 de Junho de 1992, na Serra Gorda, numa pequena grota no cimo da mesma e junto à entrada da Gruta do Pico da Cruz (Pico da Pedra/Fajã de Cima)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Portal da Biodiversidade dos Açores





Finalmente o Portal da Biodiversidade dos Açores (http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/) está Online.

Este Portal foi desenvolvida no âmbito dos Projectos INTERREG III B “Atlântico” (2003-2005) e “BIONATURA" (2007-2008) cujos parceiros nos Açores foram respectivamente a Direcção Regional do Ambiente e do Mar e a Agência Regional da Energia e Ambiente - ARENA. O Chefe de fila do Projecto foi a Consejeria de Medio Ambiente y Ordenacion Territorial do Governo das Canárias.

Pela primeira vez é possível visualizar a distribuição detalhada de uma espécie no arquipélago e obter a sua cartografia com base na literatura. Para algumas espécies foi ainda possível apresentar imagens. Para espécies muito raras em perigo só se apresenta a presença/ausência nas ilhas.

Este projecto envolveu quatro equipas de investigação da Universidade dos Açores:

a) Coordenação geral e estudo da fauna de artrópodes terrestres e outros invertebrados (Annelida, Nematoda) sob coordenação de Paulo A.V. Borges do Departamento de Ciências Agrárias (CITA-A; Grupo da Biodiversidade dos Açores). Esta equipa inclui ainda os Bolseiros Enésima Mendonça, Francisco Dinis, Fernando Pereira e Sandra Jarroca;

b) Estudo da fauna de gastrópodes terrestres (Malacologia), organismos marinhos litorais e vertebrados sob coordenação de António Frias Martins, Ana Cristina Costa e Regina Cunha do Departamento de Biologia (UA-CIBIO). Esta equipa inclui ainda os Bolseiros Pedro Rodrigues e Paula Lourenço;

c) Estudo das plantas vasculares sob coordenação de Luís Silva do Departamento de Biologia (UA-CIBIO). Esta equipa inclui ainda os Bolseiros Mónica Martins, Rodolfo Corvelo e Nuno Pinto;

d) Estudo de briófitos e líquenes sob coordenação de Rosalina Gabriel do Departamento de Ciências Agrárias (CITA-A, Grupo da Biodiversidade dos Açores). Esta equipa inclui ainda os Bolseiros Sandra Câmara, Eva Borges, Berta Martins, Fernando Pereira e Nídia Homem.


terça-feira, 24 de junho de 2008

DEMISSÃO DOS AMIGOS DOS AÇORES

Caros associados,

Estava à espera de terminar a próxima actividade dos Amigos dos Açores (próximo sábado, visita à Lagoa do Congro com a presença da Secretária Regional do Ambiente e do Mar) para comunicar a todos que me encontro demissionário, desde o passado dia 10 de Junho, aguardando pela convocação de uma assembleia-geral extraordinária para dar o meu lugar a outro associado.
Contudo, devido a fuga de informação, fui surpreendido hoje por um telefonema de um jornalista do Açoriano Oriental que estava muito bem informado sobre o assunto.

Assim sendo, venho apresentar algumas razões para a minha demisssão:
1- Cansaço, sou presidente dos AA desde 1984;
2- Não tive a capacidade para motivar outras pessoas a colaborarem mais assiduamente com a associação;
3- Detestar fazer tarefas “burocráticas” que têm crescido à medida que a associação tem assumido a gestão de espaços que são da iniciativa da região;
4- Ser contrário à “profissionalização” das ONGAS, por assim não cumprirem integralmente a sua missão;
5- Por considerar que as ONGAS devem promover o voluntariado e ser contrário às ONGAS como meras prestadoras de serviços quer para os seus associados quer para outras entidades;
6- Por achar que a colaboração e as parcerias com as demais entidades (governo regional, autarquias, etc.) deve ser leal, mas totalmente independente.
7- Por considerar que é tempo de dar lugar aos “mais novos”.
Aproveito a oportunidade para afirmar que não deixo a direcção associação com problemas financeiros e que, caso a nova direcção ache por bem, e na medida das minhas disponibilidades, poderei dar o meu contributo no que me for possível. Nem saio com problemas com as pessoas, quanto muito por discordar de ideias/projectos que são tão legítimos como os meus.
Por último, queria despedir-me dos associados, nomeadamente de todos os que de forma desinteressada, fizeram o que foi possível em prol do ambiente nos Açores.

Até sempre,
Teófilo Braga
teobraga@sapo.pt ou teobraga@gmail.com

sábado, 14 de junho de 2008

Princípios Ideológicos de Ecologistas en Acción


NOTA- Qualquer organização para além dos seus estatutos e regulamento interno precisa de possuir um documento com uma definição clara dos princípios que defende para não correr o risco de se transformar numa manta de retalhos. Por estar de acordo, na generalidade, abaixo transcrevo os princípios da organização espanhola Ecologistas en Acción:


PRINCIPIOS IDEOLOGICOS DE ECOLOGISTAS EN ACCIÓN

(Documento aprobado en el Congreso Constituyente de Ecologistas en Acción y modificado en las Asambleas Confederales de diciembre de 1999 y de 2005.)


Ecologistas en Acción es una organización social plural donde caben diferentes formas de vivir el ecologismo, y donde entendemos que el destino de las sociedades humanas es inseparable de los ecosistemas naturales.

Este convencimiento parte de la concepción de nuestro planeta como una intrincada conjunción de sutiles equilibrios entre los diferentes ecosistemas y las diferentes especies, la humana incluida. Sus actos y sus estructuras están estrechamente relacionados, conformando una parte de lo que llamamos naturaleza.

Nuestra relación con la naturaleza no puede seguir basándose en la idea de explotación y dominación. Tenemos que enfrentar con urgencia la crisis ecológica global que afecta de forma desigual a las personas en el mundo. Queremos impedir que se violen sistemáticamente los derechos humanos y ambientales de la mayor parte de la humanidad a causa de mantener funcionando nuestro actual modelo de producción y consumo que impulsa la privatización y mercantilización de todos los bienes y recursos, generando así cada vez más pobreza y miseria. Queremos una humanidad justa en armonía con la naturaleza. Ecologistas en Acción trabajará en favor de una nueva ética en las relaciones de los seres humanos con los demás seres vivos y sus hábitats. Es preciso reconocer unos derechos elementales a los animales, que nunca más deben recibir sufrimientos gratuitos como objeto de diversión, de tradición o por ser usados como objetos ornamentales.

Las culturas derivadas del productivismo han tenido, a lo largo de la historia, unas relaciones insensibles e insensatas con la Tierra. La naturaleza se consideraba una fuente inagotable de recursos y un sumidero infinito donde depositar todo tipo de residuos. Ahora sabemos que las acciones humanas y las estructuras sociales están perturbando seriamente los equilibrios de la biosfera y que no es posible salvaguardar el medio ambiente común sin tener en cuenta las sociedades humanas, ni a la inversa, trabajar por una sociedad justa y armoniosa, que permita el desarrollo personal de sus individuos, sin la búsqueda de unas relaciones con la naturaleza que no perturben brutalmente sus ciclos y equilibrios.

Unas relaciones sostenibles de todos los seres humanos con el medio ambiente deben asegurar que los recursos de la tierra estén equitativamente repartidos entre todas las personas, las que existen y las que van a venir, entre el Sur y el Norte. Eso comporta un cambio radical de las actividades humanas hacia formas socialmente justas y respetuosas de la base natural común. Para que su uso sea sustentable y generalizable, los recursos deben ser renovables, la extracción no debe superar su renovación, las sustancias devueltas al medio deben ser asimilables, y las fuentes no renovables deben sustituirse por otras renovables que proporcionen el mismo servicio.
La ecología nos devuelve la conciencia del límite. Nuestra dinámica económica y social debe basarse en el conocimiento de la Naturaleza. El camino hacia un mundo más justo y ecológico debe basarse en la incorporación de puntos de vista más amplios que incluyan a todos los protagonistas y no sólo en criterios técnicos o de expertos. La decisión última ha de recaer en las personas protagonistas del cambio. Los conocimientos científicos deberán aportar criterios para la decisión última, que ha de recaer en las personas, comunidades y pueblos que son, en definitiva, los protagonistas del proceso.
Todas estas intenciones y anhelos se concretan en los siguientes puntos:

1.- El disfrute de un medio ambiente en óptimas Condiciones es un Derecho de todos los seres vivos. Ese derecho debe hacerse realmente efectivo al conjunto de la Humanidad para permitir su bienestar social y económico, satisfacer sus demandas lúdicas, culturales y psicológicas, y asegurar la misma calidad de vida a las generaciones venideras. Un medio ambiente sano y diverso es una necesidad social de primer orden, que debe modelar cualquier política de desarrollo. La Economía debe necesariamente sufrir cambios profundos para dejar de ser ciega, como lo es en la actualidad, a los impactos que se producen sobre las personas y el medio así como a la escasez o abundancia de los recursos. La formalización y construcción de una nueva Economía debe basarse más en otros parámetros como la energía, la entropía, el tiempo y la cantidad y calidad física de diversos recursos que en un valor de cambio que a menudo no está relacionado con el uso de los bienes. Asimismo debe contemplar el desarrollo humano y la satisfacción equitativa de necesidades y superar su obsesión por el crecimiento ilimitado.

2.- Denunciamos el desarrollismo económico imperante, basado en la explotación abusiva e ilimitada de los recursos naturales y de las personas. Defendemos un desarrollo humano respetuoso con la Naturaleza en el que el aprovechamiento racional de tales recursos sea garantía para su conservación y bienestar. En consecuencia, rechazamos tanto el modo de producción capitalista como el ejercido por el socialismo burocrático, así como cualquier fórmula socioeconómica basada en el productivismo. Nos oponemos asimismo, al modelo de sociedad consumista porque, junto a su negativa incidencia ambiental en la explotación indiscriminada de recursos y la generación ilimitada de residuos, impone unas pautas sociales de conducta alienantes que socavan la libre elección de las personas. Apoyamos la autogestión económica y el autoabastecimiento local de recursos, ya que supone una mayor independencia y la creación de menores costes ambientales.

3.- Para poner fin a la degradación de los paisajes y los ecosistemas, tanto marinos como terrestres, necesitamos una nueva ordenación del territorio que garantice la conservación de los espacios naturales, racionalice el uso y disfrute de los mismos, evite el deterioro de los suelos y la desertificación, promueva un racional aprovechamiento de los recursos y optimice para todo el territorio las necesidades que la sociedad demanda, sin menoscabo de la calidad de vida de la población y sin pérdida de identidad de las personas con su entorno.

Rechazamos como eje fundamental de una política proteccionista, la creación de enclaves o "islas de naturaleza", que hagan olvidar la ordenación de los recursos naturales en el resto del territorio.
Consideramos imprescindible la conservación de la diversidad biológica, sometida a una crisis aguda en todo el Planeta, que se traduce en una progresiva extinción de especies de flora y fauna y en la desaparición de las más importantes masas forestales, lo cual supone una pérdida incalculable de patrimonio genético, de recursos aprovechables y de la soberanía alimentaría, al tiempo que somete a los diversos ecosistemas a un desequilibrio permanente.
4.- Para poner fin a la creciente contaminación de las aguas marinas y continentales, de la atmósfera, de los suelos y los alimentos, con el consiguiente peligro para la salud humana, abogamos por una tecnología industrial alternativa que ponga en marcha modelos de producción limpia, que no produzcan sustancias tóxicas, que eviten en origen la generación de residuos y vertidos contaminantes, y convierta los subproductos de unas industrias en recursos para otras. El nuevo modelo de ecología industrial debe cerrar los ciclos de los materiales, sustituyendo la actual cadena lineal que convierte recursos en residuos. La reducción de residuos en origen mediante el cambio de productos y procesos, y la reutilización de objetos, alargando su vida útil, deben preceder al reciclaje, cuya industria, no obstante, debe ser fomentada de forma indispensable. Consideramos insuficientes las medidas paliativas de "final de tubería", como las depuradoras y rechazamos enérgicamente el desarrollo de tecnologías finalistas de tratamiento como la incineración, que sólo traslada el problema de lugar y medio, aumentando los riesgos para la salud de las personas y el medio ambiente, mientras permiten la política de generación continua de residuos.

5.- Nos declaramos en contra del uso de la energía nuclear, tanto para la generación de electricidad como para la construcción de armas nucleares, por el riesgo que supone para todo tipo de vida. También rechazamos la industria nuclear porque fomenta un modelo de sociedad militarizada y monopolista, incompatible con las metas de autogestión y desarme que defendemos.
Propugnamos un modelo energético alternativo más descentralizado, basado en el ahorro y el uso eficiente de las energías limpias renovables.

6.- Nos declaramos a favor de que a los animales se les reconozcan derechos. En un mundo controlado por la especie humana se han de establecer unas responsabilidades de ésta hacia los animales, domésticos y silvestres, y sus necesidades, resultando imprescindible promover una cultura y una legislación que regule los derechos de los animales. El progreso, la paz y la educación deben conjugarse en armonía con el respeto hacia el resto de las especies que también forman parte de la naturaleza, con las cuales directa o indirectamente nos relacionamos.

7.- Consideramos inaceptable el actual orden económico internacional, que condena a la miseria a los pueblos del Sur y los mantiene en la dependencia económica, tecnológica y política de los países del Norte. Alertamos sobre el gran peligro para la Humanidad que suponen las crecientes diferencias entre el Norte y el Sur, que se traducen en nefastos efectos para la civilización humana y su medio ambiente, como la pobreza, la desertificación, el desplazamiento y la emigración forzosa, así como las pandemias y las guerras. Denunciamos la operación de ocultar las contradicciones del capitalismo desplazando las industrias contaminantes y sus residuos a los países pobres y explotando, a la vez, sus recursos naturales y humanos e impidiendo la aplicación de formas de ecodesarrollo adecuadas a sus problemas y necesidades. Por estas razones
reclamamos el reconocimiento de la deuda ecológica que tienen contraída los Países del Norte con los del Sur.
Nos solidarizamos con todos los pueblos del mundo, con su derecho a la autodeterminación y abogamos por el fin de cualquier colonialismo económico, cultural, y político, que tan graves consecuencias han tenido hasta el presente. Defendemos el derecho a la diversidad de las culturas autóctonas y de sus formas de vida. Propugnamos una actuación global de todos los pueblos en la defensa del medio ambiente.
Asimismo rechazamos cualquier impedimento a la libre circulación de personas por el planeta,. Denunciamos que el gran flujo migratorio desde el Sur hacia el Norte se debe mayoritariamente empobrecimiento histórico que se ha realizado desde los países del Norte sobre los del Sur. Creemos que ningún ser humano puede ser ilegal. Abogamos por sociedades interculturales.

8.- En la era de la Información apoyamos la libre circulación de ésta y nos declaramos en contra de su apropiación y patentado. Queremos señalar especialmente nuestra oposición al patentado de la información genética y al uso de organismos genéticamente modificados en la cadena alimentaría. Consideramos que las patentes perjudican a la población más empobrecida del Planeta.

9.- Proponemos un modelo de democracia real, en el que la participación ciudadana se convierta en el eje vertebrador de las relaciones entre la administración y la ciudadanía con la máxima descentralización en todo tipo de foros, respetando las decisiones e intereses globales.
Rechazamos la acumulación de poder y los totalitarismos políticos. Abogamos por el fomento del asociacionismo libre e independiente, y consideramos la experimentación de las ideas alternativas como una garantía para la búsqueda de nuevas iniciativas de progreso.
Proclamamos el derecho de la ciudadanía al acceso a la más amplia y libre información, imprescindible para la toma democrática de decisiones. Denunciamos la tergiversación de la realidad en los medios de comunicación dominados por el Estado y los grandes grupos económicos. Nos oponemos a la existencia de información secreta o reservada a la administración y el capital privado. Apoyamos los medios alternativos de expresión.

10.- Abogamos por la solución noviolenta de los conflictos y trabajamos por la supresión de ejércitos y bloques militares, cuya existencia consideramos irracional. Nos declaramos pacifistas y, en consecuencia nos oponemos a la militarización de la sociedad, a la aplicación de la ciencia y de la técnica a usos militares, que ponen en constante peligro la paz mundial. Denunciamos el impacto social y ambiental de la industria militar, del comercio de armas y, en particular, de las pruebas nucleares. Nos oponemos a todo acto violento contra la población civil y a la denominada “guerra contra el terrorismo” porque perpetúa la división y el odio entre culturas y porque la consideramos una excusa para el mantenimiento del orden internacional actual y del neo-imperialismo. Alentamos a no cooperar fiscalmente con los gastos militares y a la desobediencia civil ante cualquier imposición militarista.
Una sociedad justa y en paz con la Naturaleza debe estimular la cooperación en la diversidad, y la solución pacífica de los conflictos. La paz, la noviolencia y la solidaridad son instrumentos indispensables para hacer frente a los graves problemas de nuestro tiempo, evitando cualquier forma de xenofobia, intolerancia y racismo.
11.- Reclamamos para las personas trabajos dignos y libres de explotación, que contribuyan a colmar las aspiraciones individuales y colectivas. El concepto de trabajo se debe entender no sólo como trabajo remunerado por un salario, sino que debe abarcar el trabajo doméstico, el cuidado y restauración de la salud, y las energías de las personas. Reclamamos también una educación integral y multidisciplinar, que haga consciente y responsable al individuo de su posición en la Naturaleza y que no reproduzca los esquemas de la sociedad actual, discriminatoria y competitiva: una cultura libre y objetiva al alcance de todas las personas, y encaminada a valorar y proteger el patrimonio de la Humanidad; una justicia social efectiva y un desarrollo legislativo que garantice todos los derechos ciudadanos; y, en general, que sean cubiertas todas las necesidades básicas de los individuos.
En este sentido defendemos el acceso universal a los servicios públicos de interés general, tales como agua potable, educación, sanidad, etc., que en ningún caso pueden ser considerados como mercancía.

12.- Manifestamos nuestra solidaridad con todos los movimientos que luchan contra las discriminaciones racistas y sexistas, o por opción sexual, clase, edad, capacidad, religión, nación o cualquier otra diferencia.
Creemos que la opresión más extendida en todas las sociedades es la que sufren las mujeres, quienes, además, tiene a su cargo el sustento de la mayoría de la humanidad. Tanto en el Norte como en el Sur, queremos una sociedad emancipada donde mujeres y hombres tengan el pleno dominio de su cuerpo, de su tiempo y de sus personas. Donde la sexualidad sea una forma de comunicación libre y placentera. Donde la cultura se feminice y enriquezca, haciendo universales los valores del cuidado de las demás personas, de la emoción y la mesura, de la cooperación y el rechazo de las jerarquías.
Por ello, reclamamos la igualdad de derechos y apoyamos al movimiento feminista que lucha contra la discriminación de género. Así mismo, desde nuestra organización trabajamos para que exista el clima de confianza y apoyo necesario para conseguir una participación igualitaria.

domingo, 8 de junho de 2008

Que futuro para os Amigos dos Açores?




1- A Associação Moça de Recados
Continuando o caminho que está a ser trilhado, isto é, assumir responsabilidades na gestão corrente de ecotecas, centros de interpretação e áreas protegidos, como nos tem sido paulatinamente proposto e tem sido por nós aceite, estamos, a criar uma associação insustentável, porque financeiramente suportada por transferências do Orçamento Regional.
Além disso, se o Governo Regional dos Açores tivesse uma estratégia a longo prazo de educação ambiental e de gestão das áreas protegidas deveria assumir como seus trabalhadores todas as pessoas que estão a trabalhar nos espaços/serviços acima referidos. Como está a ser feito actualmente, para além de estarmos a colaborar na engenharia orçamental governamental, isto é o governos despende a mesma verba só que a mesma deixa de ser considerada despesa com pessoal e é sim incluída nas despesas de investimento.
Tal como está, o futuro dos “empregos” está comprometido porque dependente da política governamental que é sempre muito conjuntural, como se demonstrou com o ocorrido com a simples substituição do Director Regional da Ciência e Tecnologia que levou à falência o OASA e que paralisou outras instituições como o Expolab, etc.

2- A Associação Trampolim
Nem sempre os objectivos de quem se inscreve numa associação são os prosseguidos por esta. Muitas são as motivações e as razões de que adere aos Amigos dos Açores. Nalguns casos, o interesse é tão limitado e delimitado que faz com que se tenha uma visão atomista da associação, desprezando toda a restante actividade da mesma.
De outros movimentos sociais há a experiência de alteração de comportamentos ou mesmo mudança de posição sempre que dirigentes ou mandatários dos mesmos negoceiam ou dialogam com que representa o estado ou as entidades patronais. Como exemplo, temos o caso de algumas personagens que em determinados momentos da sua vida são sindicalistas e que noutros são representantes do patronato (ou do governos) e ferozes inimigos dos sindicatos.
No movimento associativo ambiental temos casos a nível nacional e regional de dirigentes de topo que passam a consultores de empresas a deputados ou a governantes, esquecendo de tudo o que no dia anterior defendiam.
Como já por mais de uma vez referi, os Amigos dos Açores não devem ser uma associação trampolim, embora no seu seio possa, temporariamente, existir trapezistas.
As pessoas que estão em órgãos de gestão ou os representantes da associação em qualquer órgão de carácter consultivo deveriam antes de aceitarem as funções verificar se não há conflitos de interesse entre o que estão a fazer e a sua vida profissional e/ou pessoal. Caso contrário, estará um conjunto de pessoas a ser ludibriado se o que pretendem determinadas pessoas é apenas ganhar visibilidade para dar o salto ou conseguir uma recompensa que pode assumir várias formas (um cargo, uma encomenda de trabalho, etc.). A este propósito, a história recente demonstra o que foi afirmado, basta ver quantos “líderes” do Movimento SOS- Lagoas estão bem colocados na vida (alguns estão no governo actual, outros por lá já passaram e outros tiveram trabalhos encomendados pelos então governo do Doutor Morta Amaral e continuam a governar-se)…

3- A Associação Agência de Empregos Precários e de Capatazes

O funcionamento de uma associação baseado na contratação de pessoas é uma opção legítima, mas do meu ponto de vista errado, já que defendo que o associativismo ambiental, como forma de participação democrática da sociedade deverá ser inteiramente baseado no voluntariado. Caso contrário, mais do que o interesse público a associação e sobretudo os funcionários passam a defender os seus interesses pessoais e a sua luta é pela manutenção dos seus postos de trabalho.
Além disso, uma tentação que poderá ocorrer por parte dos dirigentes que com eles contactam mais amiúde é o de se tornarem patrões, controlando-os e pondo-os ao serviço de projectos pessoais ou profissionais e não associativos ou de interesse público. Embora desconheça casos no movimento associativo, exemplos destes são mais do que muitos em autarquias e têm sido relatados pela comunicação social.


4- Por uma Associação Independente, Participada e Participativa

Como ideal de associação defendo uma que seja totalmente independente dos poderes económicos e políticos, que tenha por princípio a recusa do neo-liberalismo económico, do industrialismo e do consumismo características e causas da crise actual.
Defendo, também, uma associação que não se isole da comunidade, que não seja uma associação elitista, de pseudo-intelectuais que tenha como aposta principal a sua presença junto da chamada sociedade civil através das mais diversas actividades, como debates, formações, denúncias, actividades de ar livre, nunca esquecendo os princípios que defende e sem nunca se enredar em actividades burocráticas que outros não querem fazer.
Em termos de funcionamento interno, defendo uma associação anti-autoritária, baseada na participação voluntária dos seus associados. Cá dentro, embora possam haver líderes, mas democráticos, não devem haver patrões, as decisões e as acções, deverão ser o mais participadas possível e tomadas sempre que possível por consenso. Aqui os currículos académicos e profissionais devem ficar no lado de fora das portas das reuniões, a nossa presença em representação dos Amigos dos Açores deve ser como representantes de uma cidadania activa.

domingo, 1 de junho de 2008

Aldo Leopold