domingo, 8 de junho de 2008

Que futuro para os Amigos dos Açores?




1- A Associação Moça de Recados
Continuando o caminho que está a ser trilhado, isto é, assumir responsabilidades na gestão corrente de ecotecas, centros de interpretação e áreas protegidos, como nos tem sido paulatinamente proposto e tem sido por nós aceite, estamos, a criar uma associação insustentável, porque financeiramente suportada por transferências do Orçamento Regional.
Além disso, se o Governo Regional dos Açores tivesse uma estratégia a longo prazo de educação ambiental e de gestão das áreas protegidas deveria assumir como seus trabalhadores todas as pessoas que estão a trabalhar nos espaços/serviços acima referidos. Como está a ser feito actualmente, para além de estarmos a colaborar na engenharia orçamental governamental, isto é o governos despende a mesma verba só que a mesma deixa de ser considerada despesa com pessoal e é sim incluída nas despesas de investimento.
Tal como está, o futuro dos “empregos” está comprometido porque dependente da política governamental que é sempre muito conjuntural, como se demonstrou com o ocorrido com a simples substituição do Director Regional da Ciência e Tecnologia que levou à falência o OASA e que paralisou outras instituições como o Expolab, etc.

2- A Associação Trampolim
Nem sempre os objectivos de quem se inscreve numa associação são os prosseguidos por esta. Muitas são as motivações e as razões de que adere aos Amigos dos Açores. Nalguns casos, o interesse é tão limitado e delimitado que faz com que se tenha uma visão atomista da associação, desprezando toda a restante actividade da mesma.
De outros movimentos sociais há a experiência de alteração de comportamentos ou mesmo mudança de posição sempre que dirigentes ou mandatários dos mesmos negoceiam ou dialogam com que representa o estado ou as entidades patronais. Como exemplo, temos o caso de algumas personagens que em determinados momentos da sua vida são sindicalistas e que noutros são representantes do patronato (ou do governos) e ferozes inimigos dos sindicatos.
No movimento associativo ambiental temos casos a nível nacional e regional de dirigentes de topo que passam a consultores de empresas a deputados ou a governantes, esquecendo de tudo o que no dia anterior defendiam.
Como já por mais de uma vez referi, os Amigos dos Açores não devem ser uma associação trampolim, embora no seu seio possa, temporariamente, existir trapezistas.
As pessoas que estão em órgãos de gestão ou os representantes da associação em qualquer órgão de carácter consultivo deveriam antes de aceitarem as funções verificar se não há conflitos de interesse entre o que estão a fazer e a sua vida profissional e/ou pessoal. Caso contrário, estará um conjunto de pessoas a ser ludibriado se o que pretendem determinadas pessoas é apenas ganhar visibilidade para dar o salto ou conseguir uma recompensa que pode assumir várias formas (um cargo, uma encomenda de trabalho, etc.). A este propósito, a história recente demonstra o que foi afirmado, basta ver quantos “líderes” do Movimento SOS- Lagoas estão bem colocados na vida (alguns estão no governo actual, outros por lá já passaram e outros tiveram trabalhos encomendados pelos então governo do Doutor Morta Amaral e continuam a governar-se)…

3- A Associação Agência de Empregos Precários e de Capatazes

O funcionamento de uma associação baseado na contratação de pessoas é uma opção legítima, mas do meu ponto de vista errado, já que defendo que o associativismo ambiental, como forma de participação democrática da sociedade deverá ser inteiramente baseado no voluntariado. Caso contrário, mais do que o interesse público a associação e sobretudo os funcionários passam a defender os seus interesses pessoais e a sua luta é pela manutenção dos seus postos de trabalho.
Além disso, uma tentação que poderá ocorrer por parte dos dirigentes que com eles contactam mais amiúde é o de se tornarem patrões, controlando-os e pondo-os ao serviço de projectos pessoais ou profissionais e não associativos ou de interesse público. Embora desconheça casos no movimento associativo, exemplos destes são mais do que muitos em autarquias e têm sido relatados pela comunicação social.


4- Por uma Associação Independente, Participada e Participativa

Como ideal de associação defendo uma que seja totalmente independente dos poderes económicos e políticos, que tenha por princípio a recusa do neo-liberalismo económico, do industrialismo e do consumismo características e causas da crise actual.
Defendo, também, uma associação que não se isole da comunidade, que não seja uma associação elitista, de pseudo-intelectuais que tenha como aposta principal a sua presença junto da chamada sociedade civil através das mais diversas actividades, como debates, formações, denúncias, actividades de ar livre, nunca esquecendo os princípios que defende e sem nunca se enredar em actividades burocráticas que outros não querem fazer.
Em termos de funcionamento interno, defendo uma associação anti-autoritária, baseada na participação voluntária dos seus associados. Cá dentro, embora possam haver líderes, mas democráticos, não devem haver patrões, as decisões e as acções, deverão ser o mais participadas possível e tomadas sempre que possível por consenso. Aqui os currículos académicos e profissionais devem ficar no lado de fora das portas das reuniões, a nossa presença em representação dos Amigos dos Açores deve ser como representantes de uma cidadania activa.