Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
O Regresso da Caça à baleia aos Açores
A 21 de Agosto de 1987, depois de três anos de interregno os baleeiros das Lajes do Pico caçaram um cachalote de 20 toneladas e 15 m de comprimento, a cerca de 15 milhas da costa.
Assim terminou, sem ter trazido quaisquer problemas para a economia regional, uma indústria que nos últimos anos sobrevivia à custa dos impostos de todos nós. Com efeito, sobretudo depois da directiva europeia 348/81 que proibia a importação de todos os produtos derivados de cetáceos no espaço da Comunidade Económica Europeia, a exportação de óleo só era possível mediante auxílio financeiro que o Governo Regional dos Açores prestava.
Vivia-se, na altura, no auge do amaralismo e tal como agora eram poucas as pessoas que tinham a coragem de abertamente manifestar a sua opinião. Nos primeiros anos da década de oitenta do século passado, além de uma ou outra voz que a título individual se fizeram ouvir, duas pequenas entidades manifestaram-se contra a continuidade da caça à baleia nos Açores: o Núcleo Português de Estudos e Protecção da Vida Selvagem- Delegação dos Açores, sedeado em Vila Franca do Campo e que tinha como principais dinamizadores Duarte Soares Furtado e Gerald le Grand, e o Grupo “Luta Ecológica” com sede em Angra do Heroísmo e que era dinamizado por José Alberto Lopes, Paulo Borges, Rogério Medeiros e Teófilo Braga.
Passados 22 anos, por intermédio de um ex-governante amaralista, defensor acérrimo da sorte de varas e dos touros de morte, ressurge a peregrina ideia de retomar a caça à baleia nos Açores. Até ao momento, a sua proposta já conta com os adeptos do costume, isto é, daqueles que defendem ser necessário debater serenamente a questão, dos que acham que é possível conciliar a observação de cetáceos com a sua matança, sem qualquer justificação de carácter económico, social, religioso ou ecológico e mais dia, menos dia surgirão aqueles que do alto da sua cátedra virão dizer que a observação de cetáceos tal como se faz actualmente não satisfaz os mesmos e que estes divertem-se à brava se, para além de serem importunados, houver derramamento de sangue.
Terminaríamos, acrescentando que este assunto, tal como outros que são indício de um retrocesso civilizacional, como a tortura quer estejam em causa seres humanos ou outros animais, não merece qualquer debate.
A tortura e a morte para satisfazer a mente doentia de uns poucos não se debatem. Combatem-se.
JS