sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SOS Lagoa das Furnas



A cor amarelada das águas da Lagoa das Furnas fez com que voltasse à baila a necessidade de se fazer algo para a salvar. Assim, aproveitando as potencialidades que oferece a internet e as redes sociais foi criado um evento público que é intitulado “A Lagoa das minhas Furnas está a morrer e ninguém faz nada”.

O apelo à presença de todos na Lagoa das Furnas no dia 11 de Setembro que é feito, mais com o coração do que com a razão, por parte de Miguel Bettencourt, “cidadão das Furnas” que “não é de esquerda, nem de direita”, até ao momento em que escrevo este texto, não reivindica nada, não propõe quaisquer medidas, nem aponta o dedo aos eventuais culpados pela não resolução de um problema que já foi detectado há décadas.
Tentando fazer o paralelismo com o movimento surgido há mais de duas décadas, verifico que na altura o movimento estava (ou parecia) mais organizado, pois era constituído por duas associações ambientalistas, os Amigos dos Açores e mais tarde a Quercus e por uma organização não formal o SOS LAGOAS e possuía uma forte componente “bairrista” (não uso o termo em sentido depreciativo) e emocional como se pode comprovar através da leitura deste extracto de um texto, de 1992, de José Manuel Oliveira Melo: “…que colocaram o signatário mergulhado numa dor de profunda tristeza, pelo estado da sua querida Lagoa das Furnas, que momentos antes tinha observado como sendo o maior espectáculo que a natureza privilegiou, a humanidade em especial os nascidos na sala de visita dos Açores”. Hoje, parece-nos que apenas está presente a segunda componente.

Reflectindo um pouco sobre todo o processo, creio que, ou os especialistas pensaram, pelo menos numa primeira fase, que conseguiam fazer reverter a situação com pequenas medidas na envolvente da lagoa, sem por em causa a principal ocupação dos solos, a agropecuária, ou então limitaram-se a fazer (má) política, isto é, a ajudar os governantes a empurrar o problema para o mandato seguinte.

Pico da Pedra, 5 de Setembro de 2011
Teófilo José Soares de Braga