Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
O fim das touradas na Catalunha
Diário Liberdade - Ontem celebrou-se a última tourada em chão do Principado da Catalunha. O ambiente foi muito tenso, com presença de um forte aparelho policial. O Partido Popular entregou propaganda. O repórter do Diário Liberdade nos Países Catalães esteve em Barcelona para acompanhar o final das touradas na Catalunha e a manifestação do movimento 15M contra os desalojamentos hipotecários.
O Parlamento da Catalunha aprovou, em julho de 2010, a proibição dos touros no Principado, graças a uma Iniciativa Legislativa Popular. Não foi, porém, até hoje que se fez efetiva. A 25 de setembro de 2011 celebrou-se a última tourada do Principado da Catalunha, na Praça Monumental de Barcelona. A capital do país fica livre da selvagem prática espanhola.
O dia de hoje foi de celebração para as e os ativistas pelos direitos animais, que brindaram com champanha pelo final de "cinco séculos de tortura". No meio de um ambiente muito tenso e com forte aparelho policial, várias dúzias de manifestantes conseguiram, em poucos minutos, juntar um numeroso grupo de simpatizantes. Durante mais de uma hora recriminaram as pessoas que se dirigiam ao cenário da tourada a sua atitude, classificando-as de "assassinas" e desejando-lhes um "desfrutem da execução".
Produziram-se vários enfrentamentos verbais entre os animalistas e os ultraespanholistas que assistiram o brutal espectáculo. Um destes chegou a fazer o saúdo fascista diante das pessoas manifestantes, ao tempo que na outra mão assegurava um panfleto do neoliberal Partido Popular. Os ativistas pelos direitos animais responderam com gritos de "Assassino" e "Fascista".
E se tinha esse panfleto é porque o dito partido, que junta nas suas filas um importante número de franquistas (incluindo como Presidente de Honra o ex-ministro durante a ditadura Manuel Fraga), não duvidou em utilizar um dos mais humilhantes e tristemente famosos espectáculos espanhóis para recrutar para si a mais rançosa minoria da sociedade catalã, que rejeita amplamente as touradas.
Precisamente, foi graças aos movimentos sociais que a proibição se faz hoje efetiva: o Parlamento votou devido a uma Iniciativa Legislativa Popular que levou a questão à Câmara Catalã.
Não faltaram, ainda, imagens nostálgicas de Franco, o ditador fascista responsável pela morte de milhares de pessoas durante os quarenta anos da sua ditadura, bandeiras da limítrofe Espanha e gritos como "menos tontería y más pasodobles toreros!". O Diário Liberdade pede desculpas por não poder transmitir com completa fidelidade a caste dos personagens que esta tarde desfilaram nas ruas barcelonesas.
Para este ensangüentado final, chegaram ônibus de vários pontos do país vizinho -origem de grande parte do público assistente-, de forma que os e as mais fanáticas chegaram a pagar até 3,000 euros para presenciarem a "fiesta nacional" espanhola.
Não fica livre ainda o país inteiro que, dividido em várias comunidades pelo imperialismo espanhol, conserva a selvagem tradição no País Valenciano e nas Ilhas Baleares, além do Ponent.
Também a Galiza é, ainda, um território ocupado pela insanidade das touradas. As maiores são "celebradas" em Ponte Vedra e na Corunha (onde 90% da população se declara contrário a elas), graças apenas à colaboração institucional e ao financiamento com recursos públicos. Portugal é cenário deste lamentável espectáculo, embora na maioria dos casos o animal não sofre morte neste país. As Ilhas Canárias, território insular ainda hoje ocupado pela Espanha nas costas africanas, já proibiu as touradas em 1991.
Seja como for, a parte dos Países Catalães administrada pela Comunidade Autónoma da Catalunha libertou-se hoje de dois elementos importantes: primeiro, a tortura e execução de seres inocentes que sofrem a sede de sangue de uma minoria. Segundo, a imposição de um símbolo cultural do país vizinho, Espanha, que através dele, somado a muitos outros, exerce um eficiente domínio das várias nações que mantém submetidas.
Fonte: http://diarioliberdade.org/