A Associação Ecológica Amigos dos Açores enviou um documento aos responsáveis internacionais e nacionais da UNESCO em que denuncia a possibilidade de se vir a legalizar a sorte de varas nas touradas açorianas.
Na denúncia, a associação ecológica põe mesmo em causa a manutenção da classificação de cidade Património Mundial da UNESCO para Angra do Heroísmo, caso se confirme a legalização desta prática, já que viola os princípios daquele organismo mundial, "promovendo a tortura animal enquanto espectáculo de entretenimento do homem, que nada tem a ver com a cultura e tradições locais". A associação Amigos dos Açores justifica a sua posição apoiando-se na Declaração Universal dos Direitos dos Animais que defende que nenhum animal pode ser submetido a maus-tratos nem a actos cruéis, que nenhum animal deve ser explorado para entretenimento do homem, e que exibições de animais e espectáculos que se sirvam de animais sejam compatíveis com a sua dignidade. Recordando que o novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores estabelece que "os espectáculos e divertimentos públicos na Região, incluindo touradas e tradições tauromáquicas nas suas diversas manifestações" são considerados "matérias de cultura e comunicação social", sobre as quais compete ao Parlamento Regional dos Açores legislar, a associação ecológica da Região alerta para o facto de "um grupo minoritário de aficcionados" estar a "exercer pressões sobre os deputados da Assembleia, no sentido da legalização da sorte de varas nos Açores", referindo ainda que "por iniciativa de deputados de vários partidos políticos com representação parlamentar, está em preparação um projecto legislativo que visa a legalização daquela prática cruel, baseada no sofrimento e exploração de animais para entretenimento do homem". Segundo os Amigos dos Açores, as pressões são mais fortes na ilha Terceira, onde os defensores da sorte de varas projectam touradas picadas na praça de touros da cidade Património Mundial. O documento redigido pela associação ecológica teve como destinatários o director geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, o representante permanente de Portugal, Manuel Maria Carrilho, o presidente da Comissão Nacional, Fernando Guimarães, a secretária executiva da Comissão Nacional, Manuela Galhardo, e a representante da Região Autónoma dos Açores na Comissão Nacional, Gabriela Canavilhas, também directora regional da Cultura.
João Cordeiro
Fonte: Açoriano Oriental, 11 de Abril de 2009