Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Eco-escolas Bate Recorde Nacional e Comentário a Propósito
O Eco-Escolas atinge nos Açores a maior taxa de implementação do programa em Portugal e uma das mais elevadas na União Europeia.
Os dados foram veiculados ao AO online por Álamo Menezes, Secretário Regional do Ambiente e do Mar, garantindo ser uma situação de "orgulho para as escolas e concelhos executivos". O projecto Eco-Escolas atingiu neste ano lectivo a adesão de 106 estabelecimentos de ensino da Região, permitindo melhorar a consciência ambiental da comunidade escolar ao implementar boas práticas no relacionamento com o ambiente. O projecto é destinado fundamentalmente às escolas do ensino básico, apresentando como objectivos "encorajar acções e reconhecer o trabalho desenvolvido pela escola em benefício do ambiente, visando a aplicação de conceitos e ideias de educação ambiental à vida quotidiana da escola".
O projecto também permite às escolas implementar programas curriculares de actividades ligadas ao meio ambiente. O programa é implementado sob a responsabilidade da Associação Bandeira Azul da Europa – Secção Portuguesa da Fundação para a Educação Ambiental (Fee), e tem vindo a ser desenvolvido nos Açores com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar através da sua Rede de Ecotecas. O Eco-Escolas pretende, ainda, estimular junto das futuras gerações o hábito de participação em processos de decisão e a tomada de consciência da importância do ambiente no dia-a-dia da vida pessoal e familiar.
O programa pode ser adoptado por qualquer escola que se inscreva e que siga a sua metodologia, e o seu carácter flexível permite a cada estabelecimento encontrar uma forma própria de alcançar o galardão Eco-Escola (Bandeira Verde). Álamo Menezes sublinhou ao AO online que as vantagens deste programa destacam-se a "curto e longo prazo", porque os jovens "são uma geração mais bem educada para o meio ambiente do que as gerações anteriores". "As crianças têm uma consciência ambiental muito melhor e levam esses conhecimentos para as suas famílias. É comum verificar as crianças a terem comportamentos exemplares ao lado de adultos, nomeadamente a colocarem os papéis no lixo", destacou o secretário regional do Ambiente e Mar. A Direcção Regional da Juventude também implementa programas relacionados com educação ambiental mas dirigido a adolescentes que se inscrevem nos programas de Ocupação de Tempos Livres (OTL). "É um programa com objectivos coincidentes mas dirigido a um público adolescente que se encontra em idade escolar", frisou o responsável do executivo.
Luís Pedro Silva
Açoriano Oriental, 10 de Janeiro de 2009
Comentário
Este projecto bem como a educação ambiental que se faz nos Açores mereciam uma reflexão aprofundada que por falta de disponibilidade não vai ser feita aqui. De qualquer modo, seguem algumas notas:
1-O projecto Eco-escolas é o que é, devido ao trabalho voluntário de alguns professores que contou nos últimos anos com o apoio de alguns directores das ecotecas;
2-O apoio que aqueles têm tido da tutela do ambiente contrasta com as dificuldades que têm sido levantadas pela Secretaria Regional da Educação;
3-Em algumas escolas o projecto não é assumido pelos Conselhos Executivos, ficando-se por um projecto marginal desenvolvido por um ou dois professores e envolvendo apenas uma ou outra turma;
4-O galardão “Bandeira Verde” está banalizado, já que é atribuído (?) a “qualquer” escola que faça uma ou duas actividades e que apresente o relatório final. Quanto a nós, para que tal acontecesse seria necessário que houvesse um envolvimento significativo na escola e que alguns parâmetros do seu desempenho fossem alterados, como redução do consumo de energia, de papel ou de água, limpeza dos espaços interiores e exteriores, etc.;
5-Em relação à Educação Ambiental, desde o início houve algum voluntarismo na sua implementação, mas nunca houve uma reflexão séria sobre o que se pretende com ela, e nunca houve um plano ou estratégia regional. O único documento que conhecemos é um “Plano Estratégico” publicado no boletim Ecológico, nº 10, de Setembro/Outubro de 1999, assinado por Eduarda Goulart, que nunca foi suficientemente divulgado e nunca foi alvo de qualquer discussão pública.
6-A própria rede de ecotecas tem sido criada sem estar sujeita a um plano pensado. Vejamos dois exemplos:
a.Depois de anunciada a sua abertura para o primeiro trimestres de 1998( ver “Ecológico nº1,Fev/Mar de 1998), a primeira Ecoteca para Santa Maria ela veio a ser implantada no Pico em 1999;
b.Nunca houve qualquer explicação ou justificação aceitável para a instalação da Ecoteca da Lagoa. Com efeito, o concelho da Lagoa, pela sua dimensão, pelo número de crianças em idade escolar, pela sua proximidade a Ponta Delgada não deveria ser uma prioridade. Pelo contrário, já existindo o Centro de Interpretação do Priôlo no Nordeste fazia todo o sentido que a terceira ecoteca em São Miguel, depois da da Ribeira Grande e da de Ponta Delgada, ficasse instalada em Vila Franca do Campo ou na Povoação
Teófilo Braga