sábado, 10 de janeiro de 2009

Cooperativa Bio-Azórica



Fomentar a produção biológica e facilitar os processos de certificação aos empresários açorianos que investem neste sector é um dos principais objectivos da cooperativa BioAzórica que promove o curso “Controle de qualidade em modo de produção biológica MPB”.
A formação, ministrada pela SGS, decorre nos dias 22 e 23 de Janeiro, em Angra do Heroísmo e apesar de direccionada a técnicos, está aberta a empresários e aos produtores da região que actualmente totalizam 31 explorações biológicas certificadas.
Os números oficiais, recolhidos junto da Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário, apontam para a existência de 31 produtores biológicos com certificação (treze em São Miguel, dez na Terceira e 8 em São Jorge), ocupando 100 hectares no território açoriano.
Comparando com dados de 2006, que apontavam para a existência de 15 explorações certificadas nas ilhas (9 em São Miguel, 3 na Terceira e 3 em São Jorge), o crescimento duplicou, porém, as entidades promotoras da agricultura biológica acreditam que este número possa ser maior.

Em declarações à “União”, Marcela Sobral, colaboradora da BioAzórica e aluna de Mestrado em Educação Ambiental da Universidade dos Açores, afirma que a cooperativa que promove, dias 22 e 23 deste mês, em Angra, o curso “Controle de qualidade em modo de produção biológica MPB”, refere que “na realidade existem mais produções biológica do que as que estão certificadas”.
Ajudar os produtores no processo legal de certificação dos seus investimentos é o principal objectivo da formação, bem como a compreensão dos processos de controlo para a obtenção dessa certificação e dos critérios que são avaliados para a garantia de qualidade da produção.
Ao longo do verão de 2008, a cooperativa realizou um levantamento sobre as práticas agrícolas locais, deslocando-se a cinco ilhas do grupo central, para avaliar as especificidades e potencialidades da agricultura biológica nessas ilhas.
O investimento em acções de formação para a certificação desses produtos relevou-se uma necessidade levantada pelos próprios produtores.
A “falta de informação”, aponta, acaba por ser um dos entraves.
“Queremos incentivar o processo de certificação, não só pelo carácter legal, mas no sentido de incentivar os produtores nas suas explorações e garantir a qualidade dos bens ao consumidor”, explicou a mestranda em educação ambiental da Universidade dos Açores.

Culturas “holísticas”

De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization), a definição de agricultura biológica traduz-se num “sistema de produção holístico, que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo”.
Ou seja, trata-se de uma produção que privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, conseguido, “através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.”
Aumentar o número de produtores biológicos é, pois, uma das principais metas da cooperativa BioAzórica nos Açores, com base na sustentabilidade económica e ambiental deste mercado no arquipélago.

Criar sustentabilidade e valor acrescentado

Segundo a BioAzórica, o crescimento dos produtos biológicos vai acabar por trazer valor acrescentado quer aos produtores, quer aos consumidores.
“Todos têm a ganhar a médio/longo prazo”, aponta a colaboradora da cooperativa.
A formação, de 16 horas, informa, é dirigida a técnicos do sector, mas está aberta à população em geral.
O Grupo SGS (Société Générale de Surveillance S.A), entidade formadora do curso que será ministrado na DRDA e cujas inscrições já se encontram abertas, é uma das maiores organizações mundial no domínio da inspecção, verificação, análise e certificação.
Nos Açores, a entidade certificadora com maior implantação é a SOCERT - PORTUGAL - Certificação Ecológica, Lda.

Bioazórica com banca no mercado de Angra

A cooperativa BioAzórica detém actualmente 20 sócios, e apesar de ter sido criada em 2001, só no início de 2008 desenvolveu com regularidade as suas actividades.
Actualmentem um dos espaços mais visíveis da sua acção está na banca com produtos biológicos que ocupam no Mercado Municipal de Angra do Heroísmo.
“Temos à venda os produtos biológicos que os nossos agricultores produzem e criamos vantagens para os nossos associados na aquisição dos mesmos”.
Marcela Sobral explica que a cooperativa é composta por produtores e por consumidores.
Além de um serviço de entrega à porta desses produtos, a cooperativa tem acordado parcerias para a venda dos seus produtos em mercados e estabelecimentos de venda locais, bem como em restaurantes.
(In A União)
Extraído de: Desertos e Desertificação Jan 10, 2009