Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Chernobyl não está esquecido
Em 26 de abril de 1986 aconteceu o pior acidente nuclear do mundo, na usina nuclear de Chernobyl, perto de Kiev, Ucrânia. A total dimensão desse desastre ainda está sendo calculada, mas especialistas acreditam que milhares de pessoas morreram e cerca de 70 mil sofreram e sofrem das pesadas radiações emitidas.
Milhares de crianças da região de Chernobyl foram e continuam sendo enviadas a Cuba para receber tratamento específico. Além do mais, uma vasta área de terra em torno da usina permanecerá estéril por mais 150 anos. Num raio de 30 quilômetros em torno de Chernobyl moravam quase 150 mil pessoas que tiveram de ser permanentemente realocadas.
A União Soviética construiu a usina nuclear de Chernobyl, com quatro reatores de mil megawatts, na cidade de Pripyat. No momento da explosão era uma das maiores e mais antigas usinas de energia nuclear do planeta. A explosão e o subsequente derretimento de um dos reatores constituiriam num acontecimento catastrófico que afetou centenas de milhares de pessoas. A par disso, o governo da União Soviética manteve seu próprio povo e o restante do mundo totalmente desinformado acerca do acidente durante alguns dias.
Em princípio, o governo soviético somente pediu assessoria para combater o fogo de grafite e reconheceu a morte de duas pessoas. Logo, porém, tornou-se evidente que os soviéticos estavam escondendo um grande acidente, ignorando sua responsabilidade de alertar tanto o seu próprio povo como o das nações vizinhas. Dois dias depois da explosão, as autoridades suecas começaram a detectar altos níveis de radioatividade em sua atmosfera.
O que aconteceu
Anos mais tarde, a história completa foi finalmente revelada. Quando trabalhadores da usina estavam testando o sistema, desativaram os sistemas de segurança de emergência e o sistema de resfriamento, contrariando as normas de funcionamento na preparação dos testes. Mesmo quando os sinais de alerta de perigo em virtude do superaquecimento começaram a aparecer, os trabalhadores continuaram com os testes. Gases de xenônio com seu bonito brilho azul saíram da tubulação e exatamente às 13h23 a primeira explosão atingiu o reator. Um total de três explosões finalmente destroçou a torre de aço de mil toneladas bem acima do reator.
Uma enorme bola de fogo irrompeu ao céu. Labaredas de 30 metros permaneceram ativas por dois dias enquanto todo o reator começou a derreter. Material fortemente radioativo foi lançado ao ar como se fossem fogos de artifício. Embora o combate do fogo fosse naquele momento impossível, os 40 mil habitantes de Pripyat tiveram de esperar até 36 horas após a explosão para serem evacuados. Chuvas potencialmente letais caíram enquanto as chamas perduraram por mais oito dias. Diques foram construídos às margens do rio Pripyat com a finalidade de conter danos de águas contaminadas que afluíssem ao curso d’água e a população de Kiev foi alertada a permanecer em casa até que nuvens radioativas se dissipassem.
Em 9 de maio, trabalhadores começaram a cobrir o reator com uma densa camada de concreto. Mais tarde, Hans Blix da Agência Internacional de Energia Atômica confirmou que cerca de 200 pessoas foram diretamente expostas e que 31 delas tiveram morte imediata. O esforço de limpeza e a exposição radioativa geral na região mostraram-se ainda mais letais. Alguns relatos estimam que cerca de quatro mil trabalhadores encarregados de limpar e concretar o local morreram de envenenamento por radiação. O número de nascimentos de bebês defeituosos entre a população que habitava o local cresceu assustadoramente. Câncer de tireóide, por exemplo, multiplicou-se por dez na Ucrânia desde o acidente.
Fonte: Diario da Liberdade