Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Eda renováveis?
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
António Aleixo
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
António Aleixo
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
sábado, 14 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
A Felicidade de todos os seres na sociedade futura
A Felicidade de
todos os seres na sociedade futura
"Gonçalves
Correia dá-me vontade de rir pela sua ingenuidade e tolstoianismo - mas acaba
por se me impor. Este homem, que pretende realizar um sonho, dá a esse sonho
tudo o que ganha, e, apesar da guedelha, das considerações ingénuas, faz-me
pensar" (Raul Brandão)
Nas
minhas pesquisas em jornais antigos cheguei a uma reportagem publicada no
jornal “A Vila”, publicada no dia 7 de Julho de 1994, onde se dá conta da
presença em Vila Franca do Campo de um bisneto do escritor e pensador russo
Leão Tolstói que havia adquirido naquela vila uma propriedade onde passou a
residir durante alguns meses do ano.
Quase
em simultâneo, também dei conta que o projeto de sociedade e as ideias
defendidas pelo famoso escritor russo eram muito apreciados em todo o mundo nos
primeiros anos do século passado sobretudo por quem se reclamava do pensamento
libertário.
Em
São Miguel, a sua obra e pensamento foi difundida pelo jornal “Vida Nova”.
Naquele jornal, entre outros, João Anglin, que mais tarde foi reitor do Liceu
Nacional de Ponta Delgada. a ele dedicou pelo menos um texto.
No
continente português, Leão Tolstói foi referência para António Gonçalves
Correia, anarquista tolstoiniano que esteve em São Miguel, em 1910, e que
colaborou em quatro números do quinzenário micaelense “Vida Nova”.
Gonçalves
Correia (1886-1967) foi um anarquista português que nasceu em Castro Verde e
faleceu em Lisboa. Vegetariano, foi ensaísta e poeta, tendo criado a primeira
comunidade anarquista em Portugal, a Comuna da Luz, no Vale de Santiago, em
Odemira.
De
acordo com José Maria Carvalho Ferreira, defendia um tipo de anarquismo que era
“marginal” em relação às teorias e práticas (anarco-sindicalismo e anarco-comunismo)
que eram dominantes na época em que viveu.
As ideias de Gonçalves Correia ainda hoje mantêm
atualidade já que o mesmo não se limitava a defender uma melhor vida para os
humanos mas também para todos os animais. Mas, se assim pensava melhor o fazia.
Sobre o assunto Carvalho Ferreira escreveu: “Comprar passarinhos que estavam
prisioneiros nas gaiolas aos comerciantes que os vendiam nas feiras do Alentejo
para depois os libertar, ou desviar-se com a sua bicicleta dos caminhos
percorridos pelas formigas para não as matar, são exemplos paradigmáticos de como
nós devemos agir para se construir um equilíbrio ecossistémico entre todas as espécies
animais”.
Gonçalves Correia, que é para alguns considerado
um precursor da permacultura, numa palestra intitulada “A
Felicidade de todos os seres na sociedade futura”, proferida em Évora, em 1922, e que mais tarde
foi publicada em livro, dizia que o sofrimento, “obra maléfica do homem”, afeta
não só os seres humanos mas também os “irracionais” que “vieram ao mundo para
serem a ajuda fraternista de todos nós e nunca escravos tristes e submissos que
chocam a nossa sensibilidade”.
Para
ultrapassar a condição degradante em que viviam todos os seres vivos, que
segundo ele tinha como causa principal a “fórmula errada da propriedade privada
“, Gonçalves Correia defendia que se devia empregar “todo o esforço sincero e
ardente no sentido de criar a alegria nos seres humanos, pois que a alegria,
assim, se irá refletir até mesmo nos seres inferiores”.
E como
alcançar a felicidade?
Gonçalves
Correia acreditava que a felicidade, a alegria de viver, podia ser alcançada
“pela clarificação da inteligência, pela bondade, pela pureza de intenções,
pela sinceridade, pelo trabalho”. Mas não qualquer trabalho, apenas o trabalho
“consciente, metódico, que não seja a tirania do salariato, que não seja a
escravidão, o trabalho feito com alegria, com boa vontade, com consciência, o
trabalho que dimana da nossa vontade soberana!”
E o
que queriam os militantes que pensavam como Gonçalves Correia?
“ A
abundância de pão para todas as bocas, a fartura de luz, essa luz bendita do
amor, para todas as almas”.
Na
sociedade futura que é perfeitamente alcançável, segundo Gonçalves Correia, não
só será possível a felicidade para todos os homens, mas também para os
“irracionais”. A este propósito dizia ele: “ O próprio irracional não terá,
como o boi simpático e paciente, olhos mortiços o corpo cansado e esquelético.
Compreenderá o homem, enfim que ser rei dos animais não significa ter o direito
à sua tortura. Os próprios irracionais terão lugar no grande banquete da vida,
inundando-se a terra de pura, de generosa alegria”
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, nº 2970, 11 de Dezembro de 2013, p.16)
297 Cientistas e especialistas concordam que continua por demonstrar a segurança dos transgénicos
ENSSER - Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental
297 Cientistas e especialistas concordam que continua por demonstrar a segurança dos transgénicos
* Postura de Anne Glover, conselheira científica principal da União Europeia, condenada como "irresponsável"
* Investigadores independentes têm de trabalhar a dobrar para responder aos alertas pendentes
O número de cientistas e especialistas que subscreveram uma Declaração Conjunta [1] afirmando que a segurança dos alimentos transgénicos (OGM) continua por demonstrar aumentou para 297 desde a sua publicação a 21 de outubro.
A Doutora Angelika Hilbeck, presidente da Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental (ENSSER) que publicou a Declaração, disse: "Estamos surpreendidos e satisfeitos pelo forte apoio que a Declaração recebeu. Parece que veio ao de cima uma preocupação sentida na comunidade científica internacional é precisamente que o nome da ciência esteja a ser abusado para dar cobertura a uma falsa segurança da engenharia genética."
Este testemunho indiretamente questiona afirmações recentes de Anne Glover, conselheira científica principal da União Europeia, que defendiam a inocuidade dos OGM. [2]
A Doutora Rosa Binimelis, membro da direção da rede ENSSER, explicou: "Aparentemente a Dra. Anne Glover prefere dar ouvidos a um só lado da comunidade científica - o círculo de produtores de OGM e os cientistas seus aliados - e ignora os restantes. Isso resulta numa visão tendenciosa que depois passa para a Comissão Europeia. Para alguém com funções de Conselheiro Científico, isso é irresponsável e pouco ético."
Entre os novos subscritores encontra-se o Doutor Sheldon Krimsky, professor de política e planeamento urbano e ambiental na Universidade de Tufts e professor adjunto no Departamento de Saúde Pública e Medicina Familiar da Faculdade de Medicina da mesma universidade, que comenta:
"Enquanto cético dos OGM tenho uma posição mais nuanceada das suas consequências adversas do que os seus defensores acríticos. Os efeitos negativos não se resumem a cair para o lado morto depois de ter comido algum alimento geneticamente adulterado, como alguns querem fazer crer. As minhas preocupações abarcam as alterações subtis do perfil nutricional, do teor de micotoxinas e de alergénios, as práticas agrícolas insustentáveis, a dependência de agroquímicos sintéticos, a falta de transparência nas avaliações de segurança alimentar e ambiental e ainda a despromoção dos agricultores para algo que nos traz o servos da gleba à memória, essencialmente devido à privatização monopolista do direito de acesso à semente. "
"Para demonstrar a segurança dos transgénicos é preciso: começar por assumir que eles possam ser perigosos, desenvolver testes sensíveis e demonstrar que não foi possível detetar nenhum problema. Tal como noutras tecnologias, como a aeronáutica e o nuclear, a indústria envolvida não pode ser a fonte oficial sobre a segurança dos seus produtos. Vou manter-me cético enquanto não for levada a cabo uma avaliação de segurança rigorosa e credível."
Uma outra subscritora é a Doutora Margarida Silva, bióloga e professora na Universidade Católica Portuguesa, que lembra que, "Mesmo quando os investigadores estão todos de acordo sobre um determinado assunto isso não significa que estejam corretos: de acordo com Einstein, basta uma experiência para deitar abaixo uma teoria estabelecida."
"Um dos problemas da investigação sobre os riscos dos transgénicos é que tem sido feita pelas próprias empresas empenhadas na sua comercialização. Infelizmente já foi demonstrado que se dá uma erosão fatal da imparcialidade quando a ciência está à sombra do dinheiro da indústria. Se queremos mesmo saber o que os transgénicos significam para a saúde e o ambiente teremos de pedir aos poucos cientistas independentes que ainda existem nesta área para se desdobrarem e tentarem responder às questões e sinais de perigo que não param de se acumular."
Um terceiro subscritor, o Doutor Raul Montenegro, biólogo da Universidade de Córdoba, na Argentina, afirma:
"A avaliação corrente dos transgénicos (OGM) não leva em linha de conta quatro dimensões essenciais. A primeira é que os transgénicos e seu derivados contêm, não apenas resíduos dos pesticidas sintéticos usados comercialmente, mas também as proteínas inseticidas (como a Cry1Ab) produzidas pela planta. As sementes do milho transgénico MON 810, por exemplo, contêm 190 a 290 ng/g de Cry1Ab. A segunda dimensão que é descurada é que cada pesticida comercial contém uma sopa de substâncias diversas (para além do princípio ativo) que estão sujeitas a alterações químicas, seja dentro das embalagens, quando se fazem misturas com outros pesticidas e depois de libertadas no ambiente. A terceira é que na agricultura com transgénicos cada ciclo de produção já começa com uma maior concentração de fundo de pesticidas comerciais e proteínas inseticidas previamente acumuladas em solos e pessoas expostas. E, finalmente, a quarta e última dimensão é que os OGM acrescentam uma biodiversidade indesejada (os transgenes) em países que já têm cada vez menos diversidade natural devido à desflorestação, pesticidas e ao fluxo incontrolado dos genomas manipulados."
"Países como a Argentina e o Brasil são autênticos paraísos para a agricultura com transgénicos porque os seus governos não montaram, nem um sistema de deteção de doenças e mortes resultantes de todas as causas, nem um programa de monitorização da acumulação (em pessoas e no ambiente) dos resíduos de pesticidas e proteínas inseticidas transgénicas, nem um mecanismo de deteção precoce de variações nos índices de biodiversidade natural. Só com estes cuidados é que seria possível acompanhar os reais impactos dos transgénicos. Na prática estes governos optaram por negar que o rei vai nu, a contracorrente dos muitos relatos de comunidades afectadas e dos médicos que as têm tratado."
/FIM /
---
Notas
European Network of Scientists for Social and Environmental Responsibility (ENSSER)
Marienstr. 19-20
10117 Berlin
Germany
--
Lucas Wirl
Coordinator
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Declaração de Viena
Declaração de Viena: defender a nossa herança natural, biodiversidade e segurança e soberania alimentares
Declaração no espírito da verdade, vida e justiça
Apelo urgente para proteger a nossa herança natural, a biodiversidade e a segurança alimentar
O direito fundamental do ser humano de cultivar plantas é a base de toda a civilização. Durante séculos as pessoas têm cultivado as suas próprias plantas para vender e comer, para criar belas hortas e jardins e para criar novos habitats para a vida selvagem.
Tudo isto está agora gravemente posto em risco com a introdução do novo regulamento da União Europeia que controlará a produção, distribuição e venda de TODOS os Materiais para Reprodução Vegetal: sementes, bolbos, plantas já formadas, até mesmo plantas silvestres. O regulamento proposto irá limitar o que as pessoas podem plantar e vender, em nome da defesa do consumidor.
Há um considerável apoio entre as partes negociadoras para reconhecer os direitos dos agricultores. A proposta da Comissão(1) reconhece o direito dos agricultores e horticultores de trocar e vender sementes e plantas, fazendo algumas concessões, embora fracas e mal definidas, para garantir a preservação da biodiversidade, a livre escolha e o livre acesso a material de propagação de plantas.
No entanto, as regras propostas não protegem adequadamente os direitos das pessoas para plantar, vender e trocar plantas, e não são suficientemente fortes para impedir que os interesses comerciais restrinjam as actividades de criação de plantas, resultando numa ameaça para a segurança alimentar futura e para os direitos dos agricultores e das comunidades de reproduzir e cultivar as suas próprias plantas.
Preocupa-nos que os interesses das grandes corporações, que se apropriam das nossas sementes, tenham prioridade sobre os direitos dos pequenos criadores e agricultores, e sobre a necessidade de proteger o nosso património natural, biodiversidade e segurança alimentar, fundamentais perante um futuro de mudanças climáticas.
Enfrentamos hoje pressões crescentes que ameaçam o futuro da nossa produção alimentar, com a diminuição dos recursos, aumento dos custos de combustível, um clima em mudança acelerada, a perda de habitats e a redução da biodiversidade. Precisamos de preservar e desenvolver a nossa biodiversidade natural.
Os representantes de organizações de agricultores, horticultores, pequenos produtores, criadores e guardiões de sementes, e membros da sociedade civil europeia, reunidos em Viena, Áustria, em 24 de Novembro de 2013, estão profundamente preocupados com a proposta de regulamento da União Europeia para o Material para Reprodução Vegetal [2013/0137(COD)], aprovada em 6 de Maio de 2013 pela Comissão Europeia. Temos sérias preocupações relativamente à soberania alimentar, à preservação da biodiversidade, à segurança alimentar e à saúde e liberdade dos cidadãos europeus.
Pelos motivos expostos exigimos que:
1. As pessoas, sejam elas agricultores ou horticultores, não devem ser obrigadas a comprar "Material para Reprodução Vegetal" de fornecedores comerciais. Qualquer regulamento deve garantir os direitos dos agricultores, horticultores e todos os colectivos de utilizar, trocar e vender as suas próprias sementes e plantas, em linha com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Tratado Internacional de Plantas (ITPGRFA).
2. As normas industriais não devem determinar as normas adoptadas para o mercado de sementes e plantas, pois implicam um enquadramento técnico e legal com que as plantas naturais não podem cumprir e não reconhecem a importância da biodiversidade.
3. Plantas livremente reproduzíveis não devem ser sujeitas ao registo obrigatório de variedades ou à certificação de sementes e plantas. A biodiversidade deve ter precedência sobre o interesse comercial, já que é um bem público, tal como a água.
4. Todas as propostas que têm impacto sobre a biodiversidade devem ser objecto de consultas públicas e as decisões devem ser tomadas por representantes eleitos. A protecção da biodiversidade não é um "detalhe técnico" na acepção do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia.
5. Os requisitos de rotulagem devem ser verdadeiramente transparentes e reflectir a evolução tecnológica, incluindo os novos métodos de criação microbiológicos, assim como quaisquer restrições técnicas e legais de utilização.
6. Os controlos oficiais que regem as sementes e plantas devem permanecer um serviço público, fornecido gratuitamente aos pequenos operadores (micro-empresas).
(1) Proposta de regulamento para a produção e disponibilização no mercado de material de reprodução vegetal [2013/0137 (COD)], adoptada em 6 de Maio de 2013 pela Comissão Europeia
Os signatários:
AGROLINK Association (BUL) – www.agrolink.org
Arche Noah Verein (A) – www.arche-noah.at
Bese Nature Conservation Society (HU) – www.beseegyesulet.hu
Bifurcated Carrots – www.bifurcatedcarrots.eu
Campaign for Seed-Sovereignty (INT) – www.seed-sovereignty.org
| Kampagne für Saatgut-Souveränität – www.saatgutkampagne.org
Dachverband Kulturpflanzen- und Nutztiervielfalt e.V. (D) – www.kulturpflanzen-nutztiervielfalt.org
Eco Ruralis - in support of traditional and organic farming (RO) –www.ecoruralis.ro
EKOTREND Slovakia – www.ecotrend.sk
Environmental Social Science Research Group (HU) – www.essrg.hu
Fundacja Rolniczej Różnorodności Biologicznej AgriNatura (PL) –www.agrinatura.pl
Föreningen Sesam (SV) – www.foreningensesam.se
GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (PT) –www.sementeslivres.gaia.org.pt
Garden Organic (GB) – www.gardenorganic.org.uk
GLOBAL 2000 – Friends of the Earth Austria – www.global2000.at
InfOMG - GMO information centre in Romania (RO) – www.infomg.ro
Longo mai (INT) – www.prolongomai.ch
Navdanya International (IN) - http://www.navdanya.org/
Peliti (GR) – www.peliti.gr
Plataforma Transgénicos Fora (Stop GMO Platform, PT) – www.stopogm.net
Red Andaluza de Semillas „Cultivando Biodiversidad“ –www.redandaluzadesemillas.org
Red de Semillas „Resembrando e Intercambiando“ – www.redsemillas.info
Rete Semi Ruralis (I) – www.semirurali.net
Réseau Semences Paysannes (F) – www.semencespaysannes.org
Seed Freedom Campaign (INT) – www.seedfreedom.in
Społeczny Instytut Ekologiczny (PL) – www.sie.org.pl
Stowarzyszenie dla dawnych odmian i ras (PL) – www.ddoir.org.pl
Utopia (SK) – www.utopia.sk
Verein zur Erhaltung der Nutzpflanzenvielfalt e.V. (D) –www.nutzpflanzenvielfalt.de
ZMAG - Zelena mreza aktivistickih grupa (HR)
domingo, 24 de novembro de 2013
Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate
Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate
Tal como está previsto para várias vilas e cidades do país,
no próximo domingo, dia 24 de Novembro, pelas quinze horas, realiza-se um
Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate, em frente à Câmara
Municipal de Vila Franca do Campo.
Promovido, em Vila Franca do Campo, pelo grupo informal
Vilafranquenses Amigos dos Animais, para além do cordão estão a ser recolhidas
assinaturas na internet e em papel para um Manifesto que propõe a adoção de uma
nova política para os animais de companhia que tem por base a esterilização e a
adoção responsável dos animais.
No próprio dia, o Manifesto será entregue ao presidente da
Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo, Sr. Lucindo Couto, e na terça-feira
seguinte, dia 26 de Novembro, os promotores do evento serão recebidos pelo
Presidente da Câmara Municipal, Dr. Ricardo Rodrigues, onde terão a
oportunidade de entregar o Manifesto e expor as suas preocupações relativas ao
assunto.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Alice Moderno
ALICE MODERNO E A PROTEÇÃO DOS ANIMAIS EM VILA FRANCA DO CAMPO
Já por diversas vezes tive a oportunidade de escrever sobre o papel de Alice Moderno (1867-1946) na luta pela proteção dos animais no arquipélago dos Açores, nomeadamente na fundação e dinamização da atividade da Sociedade Micaelenses Protetora dos Animais, na denúncia persistente dos maus tratos infligidos aos animais de companhia e aos usados no transporte de mercadorias e, por último, no seu contributo, através da sua herança, para a construção de um hospital para tratamento dos animais doentes.
Numa altura em que um, ainda pequeno, grupo de vilafranquenses sensíveis à causa animal está a preparar uma ação de sensibilização com vista a minorar o sofrimento dos animais de companhia que são vítimas de maus tratos e de abandono, acabando por ir parar aos canis onde na sua maioria são abatidos, achei por bem dar a conhecer, através dos relatos de Alice Moderno, o que se passava no início do século passado e fazer o confronto com o que se passa hoje.
Começo por recordar que o jornal “O Autonómico”, que se publicou em Vila Franca do Campo, foi um grande defensor dos animais, quer saudando a criação de associações de proteção, quer exigindo o cumprimento do código de posturas municipal, quer denunciando os abusos cometidos.
A este propósito, Alice Moderno, a 13 de Outubro de 1912, denunciou no seu Jornal “A Folha” a existência “na pátria de Bento de Góis” de “um vendilhão de peixe, surdo-mudo de nascença, que espanca o pobre burro que lhe serve de ganha-pão com uma ferocidade inaudita e revoltante”. Segundo ela, que presenciou o episódio, “o pobre burro” foi alvo de “enormes bordoadas” por parte de um “ferocíssimo aborto” que estava “armado de um grosso cacete”.
Hoje, os animais de tiro quase desapareceram e com o seu desaparecimento terão acabado (?) os maus tratos de que eram vítimas e que cheguei a presenciar, na Ribeira Seca, durante a minha infância e juventude.
Ainda recentemente, tive a oportunidade e a tristeza de observar, em Água d’Alto, um cavalo que estava debilitado, fruto de um alimentação insuficiente e possivelmente de falta de tratamento veterinário adequado.
No que diz respeito ao melhor amigo do homem, o cão, Vila Franca do Campo tem, por um lado, exemplos de pessoas que têm sabido dedicar algum do seu tempo à sua proteção e, por outro, tem exemplos de gente de coração empedernido que trata os animais como se calhaus fossem.
Em 1945, Alice Moderno denunciou, no Diário dos Açores, o facto de “Vila Franca das Flores” se distinguir “pela guerra feita ao mais fiel amigo do homem, o pobre cão”.
No texto referido, intitulado “Envenenamento de um cão”, Alice Moderno menciona as denúncias que tem recebido por parte de vários vilafranquenses, entre os quais o Dr. Urbano Mendonça Dias, relativas ao “lamentável espetáculo que oferecem, expostos nas ruas, cadáveres de cães a que foi propinada estricnina por mão incógnita e impiedosa”.
Por último, Alice Moderno menciona um caso de abandono, muito comum nos dias de hoje, que mostra a crueldade de alguns e a humanidade de outros. Aqui fica o relato:
“Ultimamente deu-se mais um destes casos: um continental saiu da vila abandonando o um pobre cão que possuía.
Uma gentil criança, filha do sr. Manuel Cabral de Melo, residente na rua da Vitória, tomou o desamparado quadrúpede sob a sua proteção, e todos os dias lhe fornecia um repasto que lhe garantia a existência.
Pessoa de mau coração - parece que moradora na mesma rua e muito embora o infeliz animal fosse absolutamente inofensivo, entendeu eliminá-lo da circulação envenenando-o cruelmente com grande mágoa do seu jovem protetor, cujo excelente coração é digno de maiores elogios.
Felizmente, parece que semelhantes casos não se repetirão por muito tempo visto que no continente da República há quem esteja eficazmente ocupando dos direitos dos irracionais e do dever que assiste ao Estado de os proteger”.
Infelizmente, quase setenta anos depois, o flagelo do abandono de animais de companhia ainda não foi debelado. Até quando continuará o crime sem castigo?
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 2946, 13 de Novembro de 2013, p.16)
domingo, 10 de novembro de 2013
O que é a sorte de varas?
(Informação do médico veterinário José Enrique Zaldivar Laguia , clínico e presidente da AVATMA. Tradução do médico veterinário Vasco Reis).
Durante a tourada, e durante um período de aproximadamente 15 minutos, o touro é submetido à sorte de varas.
Assim que ele entra na arena é atraído através de uma série de passes com a capa e é submetido à sorte de varas - o "acto” da lança.
Nesta parte, o picador (lanceiro) utiliza a ponta da lança, “puya”, garrocha, que é um instrumento pontiagudo com cerca de 9 centímetros de comprimento, dividido em duas secções: uma ponta em forma de cone de cerca 3 centímetros e uma outra de aço em forma de corda de cerca de 6 centímetros de comprimento. Este instrumento destina-se a ferir certos músculos e ligamentos do cachaço, parte superior do pescoço do touro. O objectivo deste acto é facilitar o trabalho do toureiro pois, uma vez que estas estruturas anatómicas foram feridas, o touro não vai ser capaz de levantar a cabeça . “Infelizmente” não é só isso que acontece. É sabido que 90 % das estocadas com a lança são feitas muito mais para trás, onde as vértebras estão muito menos protegidos. Além disso, como resultado de golpes ilegais (proibidos) dos picadores , tais como “furar” (torcendo a lança no pescoço do touro como um saca-rolhas) ou o "entra e sai" (aprofundar e aflorar a lança várias vezes sem a retirar, de modo a que uma lança tem o mesmo efeito como tendo sido utilizada várias vezes, o que impede o touro de fugir quando sente a dor), as feridas são muitas vezes terríveis.
A hemorragia causada por estes métodos faz com que a perda de sangue possa ser de até 18% , enquanto a (entre aspas irónicas) quantidade "desejável" é de 10% . Devido a esses movimentos, uma lança pode produzir feridas com mais de 20 cm de profundidade, e entrar no corpo em até cinco sentidos diferentes, ferindo muitas estruturas, inclusivé quebrando estruturas ósseas.
Os taurófilos (taurinos) argumentam, que o uso da “puya” serve para "aliviar" o touro da sua bravura e excitação na lide. No entanto, o que acontece com a tortura da “puya” não é um descongestionamento simples, porque o touro assim perde até 10 litros de sangue, visto que ao se aprofundar e aflorar sucessivamente a “puya”, se chega a provocar uma ferida muito profunda . Outra estatística é, que apenas 4,7% do cravar da “puja” conseguiu cortar os músculos do pescoço e deixar o resto da anatomia local intacta.
O que geralmente se corta com má pontaria da “puja”, são músculos dos membros anteriores e do tronco. Por isso tropeçam e caiem touros.
Dados: o touro tem cerca de 36 litros de sangue. Com a sorte de varas o animal perde cerca de um terço do sangue, sua força vital.
São manobras ilegais do picador (o cravar e tirar, a acção de saca-rolhas e a de perfuração), que fazem a puya penetrar mais do que esses 7,6-8,9 cm, sendo que em 70% dos casos, as lanças são cravadas por detrás do andiron e da cruz, e aí sendo menos protegidas pelos grandes músculos do pescoço, podem atingir e ferir estruturas ósseas.
(recebido por e-mail)
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Proteste
Pedido de envio de e-mails:
Para:
presidente@alra.pt, aluis@alra.pt, anunes@alra.pt, arodrigues@alra.pt, aparreira@alra.pt, bchaves@alra.pt, bmessias@alra.pt,boliveira@alra.pt,ccardoso@alra.pt, cfurtado@alra.pt, cmendonca2@alra.pt, dcunha@alra.pt, dmoreira@alra.pt, fcesar@alra.pt,fcoelho@alra.pt, gracasilva@alra.pt,inunes@alra.pt, irodrigues@alra.pt, jcontente@alra.pt, jmgavila@alra.pt, jsan-bento@alra.pt,lmachado@alra.pt, lmaciel@alra.pt, lrodrigues@alra.pt,mcouto@alra.pt, micosta@alra.pt, mpereira@alra.pt, pborges@alra.pt,pmoura@alra.pt, rcabral@alra.pt, rcbotelho@alra.pt, rveiros@alra.pt,aamaral@alra.pt, amarinho@alra.pt, aventura@alra.pt,apedroso@alra.pt, bbelo@alra.pt, calmeida@alra.pt, clopes@alra.pt, cpereira@alra.pt,dfreitas@alra.pt, hmelo@alra.pt, jandrade@alra.pt,jbcosta@alra.pt, jmacedo@alra.pt, jmachado@alra.pt, jparreira@alra.pt, lcgarcia@alra.pt,lmauricio@alra.pt, lrendeiro@alra.pt,rcordeiro@alra.pt, vvasconcelos@alra.pt, alima@alra.pt, gsilveira@alra.pt, lsilveira@alra.pt, zsoares@alra.pt,apires@alra.pt,pestevao@alra.pt, presidencia@azores.gov.pt,
CC: acoresmelhores@gmail.com
Exmo. Sr.,
Presidente do Governo Regional dos Açores,
Deputado(a) da ALRA
Está anunciada a realização duma “vacada” no dia 9 de novembro na freguesia de Santa Cruz, concelho da Lagoa, evento que aparentemente conta com licença por parte da câmara municipal. Esta “vacada”, enquadrada nas festas de São Martinho, não acontece pela primeira vez, tendo sido realizada igualmente em anos anteriores.
No entanto, tal como foi já denunciado em anteriores ocasiões, a realização deste evento é manifestamente contrária à lei por se realizar fora da temporada estipulada legalmente para as manifestações taurinas.
O Decreto Legislativo Regional n.º 37/2008/A, de 5 de agosto, alterado pelo DLR n.º 13/2012/A, de 28 de março de 2012, que estabelece o regime jurídico de atividades sujeitas a licenciamento das câmaras municipais na Região Autónoma dos Açores, estabelece no seu Capítulo XIII o regime jurídico aplicável às touradas à corda, que segundo o n.º 2 do artigo 42.º se aplica também às manifestações taurinas enumeradas no artigo 43.º, entre as quais a “vacada em cerrado”. Ora, segundo o n.º 1 do artigo 49.º estas manifestações taurinas só podem realizar-se no período compreendido entre o dia 1 de maio e o dia 15 de outubro de cada ano civil.
Assim, a referida “vacada” anunciada no concelho da Lagoa para o dia 9 de Novembro não se enquadra dentro do período legal. No entanto, em profundo desrespeito pela lei, a câmara municipal da Lagoa continua a emitir cada ano licenças para a realização deste evento.
De referir ainda que no evento do passado ano foram registadas situações graves de evidente maltrato animal. Os animais, transportados durante longo tempo em caixas fechadas, manifestaram sinais de desidratação. Um deles partiu um chifre no decorrer do evento, com grande perda de sangue, o que não foi considerado suficiente por parte dos organizadores para o animal deixar de ser burlado, acossado e puxado pela corda, com total desprezo e insensibilidade para com o seu sofrimento.
Desta forma venho manifestar o meu repúdio pela realização deste tipo de espetáculos violentos onde são maltratados animais, mesmo na ilha de São Miguel onde as touradas nunca foram tradição. E também o meu veemente protesto pelo contínuo desrespeito que um órgão municipal como a Câmara da Lagoa mostra pela legislação aprovada pela Assembleia Legislativa dos Açores e pelos seus deputados. A imagem pública dos Açores e do povo açoriano fica gravemente prejudicada com lamentáveis e bárbaros espetáculos como estes.
Atentamente
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
A serpentina em Vila Franca do Campo e em São Jorge
Em texto publicado, no passado dia 30 de Outubro, fiz referência à utilização das duas espécies que têm o nome comum de serpentina. Nesta edição do jornal, limitar-me-ei a escrever sobre a serpentina-mansa (Arum italicum), nomeadamente sobre o seu uso para o fabrico de uma farinha na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo e nas Manadas, ilha de São Jorge.
Na ilha de São Jorge, a serpentina é também designada por jarroca. De acordo com uma recolha efetuada há alguns anos pelo Centro de Jovens Naturalistas de São Jorge, junto da família Raposos da localidade das Manadas, a soca era apanhada nos meses de Abril e de Maio.
Depois de colhidas as socas eram lavadas e raspadas com uma faca para retirar a “pele” e a seguir eram moídas num moinho de carne. A polpa obtida era colocada num alguidar com água que era mudada durante três dias. Em seguida, era escorrida e colocada num tabuleiro até secar bem.
Para além de ser usada no fabrico de papas, a farinha de serpentina era tida, em São Jorge, como bom remédio para “a diarreia de pessoas e animais”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, a farinha de serpentina também era usada para fazer goma, procedendo-se do seguinte modo: “Para tal, dissolve-se, em água fria, a farinha de jarroca, junta-se água a ferver e, enquanto morna, molha-se a roupa que se põe a secar. Ainda húmida passa-se o ferro até enxugar”.
Por último, na mesma nota que vimos referindo e que foi da autoria da senhora Maria José Silveira Azevedo, das Manadas, ficamos a saber que “em tempos de fome, o povo ia pelos “biscoitos” e matas procurar a soca de jarroca e a soca de feto para fazer farinha com que preparava uma massa que era cozida em bolos, no tijolo”.
Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, na década de 70 do século passado, alguns homens, sobretudo camponeses sem terra, dedicavam-se à recolha da serpentina para compensar a falta de trabalho em alguns meses do ano. Lembro-me de ver alguns deles com sacas às costas e a deixá-las na casa da senhora Antonina “Trovoa” que morava na rua do Jogo.
Segundo Manuel Francisco, sobrinho de Antonina “Trovoa”, grande parte da farinha produzida na Ribeira Seca era vendida para Ribeira Grande, presumivelmente para Ezequiel Moreira da Silva que chegou a fazer a sua exportação para Lisboa.
Na altura, era muito fácil encontrá-la na Ribeira Seca ou nas localidades vizinhas, enquanto hoje a bibliografia menciona a sua abundância sobretudo na Ribeira Chã e nos Arrifes. Nas minhas caminhadas pela ilha de São Miguel, tenho-a encontrado um pouco por toda a parte, sendo muito fácil encontrá-la no Pico da Pedra.
Em conversa recente com Madalena Oliveira, moradora na rua da Cruz, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, talvez a única pessoa que ainda mantém viva a tradição no concelho, confirmei tudo o que havia tomado conhecimento através de diversa bibliografia consultada, a qual não incluía o livro recentemente, e em boa hora, editado pela Junta de Freguesia da Ribeira Chã “Serpentina Uma Tradição de Raiz”, da autoria de Teresa Perdição.
Madalena Oliveira que, aprendeu com sua mãe, Maria dos Anjos Salema Carreiro, e sua avó, referiu que a recolha dos rizomas é feita antes de a plantas espigarem, sobretudo nos meses de Fevereiro e Março, mês em que obteve melhores resultados.
Como principais instrumentos usados na transformação dos rizomas em farinha, Madalena Oliveira mencionou um ralador adaptado para o efeito, uma peneira de milho, uma dorna de madeira e panas de plástico que substituíram os alguidares de barro. Longe vão os tempos, referidos por Silvano Pereira, em 1947, em que os rizomas eram desgastados “pela fricção contra uma pedra ou tábua de lavar”.
Numa altura em que está difícil a vida para quem vive do seu trabalho, a recuperação e valorização de conhecimentos e práticas antigas deve merecer o carinho de quem tem nas suas mãos a gestão da coisa pública, a começar pelas Juntas de Freguesia que são quem está em contato direto com as populações.
No passado, escreveu Silvano Pereira, o fabrico de farinha de serpentina constituiu “uma pequena indústria rural” que deu origem a “um comércio de certa importância”. Hoje, poderá ser um complemento ao rendimento de algumas famílias.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 2940, 6 de Novembro de 2013, p.16)
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Proteste
A todas as pessoas singulares ou coletivas, solicita-se o envio do e-mail, abaixo dirigido ao presidente da Câmara Municipal da Lagoa (São Miguel – Açores) a solicitar o não apoio à vacada que está marcada para o próximo dia 9 de Novembro.
Muito obrigado
Enviar para:
gabpres-cml@mail.telepac.pt, jfsantacruz-lagoa@sapo.pt,
Ex. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Lagoa,
Exmo Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz
Tomei conhecimento de que se irá realizar na Freguesia de Santa Cruz, no próximo dia 9 de Novembro, uma vacada e venho por este meio manifestar o meu total repúdio por tal acontecimento, uma vez que as vacadas, contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais.
Como muito bem escreveu o Médico Veterinário Vasco Reis “Vacadas e garraiadas contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas.
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espetáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais. Contribui, certamente, para a perda de sensibilidade de pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia. “
Vimos solicitar a Vossa Exª que tem apoiado as vacadas realizadas em anos para que reveja a sua posição e para os prejuízos que poderão advir para o Concelho da Lagoa pelo facto do mesmo passar a figurar na lista de cidades e concelhos a serem evitados por todos os turistas e pessoas de bem que para além de procurarem locais onde a natureza esteja imaculada também dão preferência a populações que respeitem os animais.
Com os melhores cumprimentos
Nome
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Demasiadas touradas
O capitalismo usa as touradas para adormecer o povo e para embolsar à custa do sofrimento da maioria da população e dos animais.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Cinco anos sem Veríssimo Borges
Ontem, dia 8 de
Outubro, fez cinco anos que Veríssimo de Freitas Borges nos deixou.
Já por diversas
vezes escrevi sobre os nossos encontros e desencontros, sobre as batalhas que
travámos juntos e sobre a enorme falta que faz à manta de retalhos que era o
movimento ambientalista que, depois de um período de núpcias com o Governo
Regional dos Açores, acabou por (quase) desaparecer do mapa.
Hoje, não
pretendo repetir-me, mas aproveito a oportunidade para recordar algumas das
questões que eram levantadas/contestadas por ele e que ainda não perderam
atualidade, com destaque para a incineração de resíduos sólidos urbanos que
contra ventos e marés parece que está a avançar com a cumplicidade/financiamento
da EU, sempre hipócrita a “enviar” fundos sem se preocupar se os mesmos são ou
não utilizados em investimentos reprodutivos. Também não poderia deixar cair no
esquecimento a obra faraónica, pelos gastos envolvidos, cujo montante nunca se
chegará a conhecer, da estrada para a Fajã do Calhau que parece não resistir à
erosão de nem uma mão cheia de anos e que ele, em devido tempo, tão bem soube
contestar.
Neste texto,
tentarei recordar um pouco a intervenção política do Veríssimo Borges que não
começou com a implantação da democracia a 25 de Abril de 1974. Para isso
recorri-me a informações retiradas do livro “A oposição ao Salazarismo em São
Miguel e em outras ilhas açorianas” e ao que me lembro das conversas que com
ele mantive ao longo de alguns anos, sobretudo depois da sua integração no
movimento SOS-Lagoas, de que já fazia parte desde o início, e mais intensamente
durante alguns meses em que frequentamos o mestrado de educação ambiental, na
Universidade dos Açores.
Já Salazar havia
caído da cadeira quando se realizaram eleições para o parlamento nacional, em
1969. Neste ano foi elaborada a “Declaração de Ponta Delgada”, da candidatura
Independente às eleições para deputados, tendo como redator principal Ernesto
Melo Antunes. Veríssimo Borges, então estudante, foi um dos subscritores da
Declaração e durante as férias participou “em muitos actos de pré-campanha”. No
mesmo ano, Veríssimo Borges, havia sido detido pela PIDE, no dia primeiro de
Maio, no Rossio, por estar a distribuir panfletos sobre uma manifestação
comemorativa do Dia do Trabalhador.
De esquerda, mas
sem complexos, Veríssimo Borges era convidado e aceitava participar em
iniciativas das mais diversas organizações partidárias, independentemente do
seu posicionamento ideológico. Para ele, a ecologia não estava à esquerda nem à
direita, estava em primeiro lugar.
Um dia numa aula ministrada pela Doutora Ana
Moura Arroz, quando estava em debate a participação cívica e política, os
vários alunos expuseram as suas ideias e posicionaram-se face às várias
correntes políticas e ideológicas, tendo o Veríssimo Borges dito que se
considerava “anarquista autoritário”, o que não deixa de ser uma contradição
para quem defende que a anarquia não é a desordem, mas a “ordem sem a coação”.
Já com a doença
devidamente identificada, o Veríssimo quis participar em mais uma batalha, a de
uma campanha eleitoral para a Assembleia Regional dos Açores, integrado numa
lista do Bloco de Esquerda. A este propósito, cito abaixo uma sua
“justificação” para o facto e para a aceitação de um convite por parte do
Correio dos Açores:
“O diagnóstico de cancro incurável abriu-me
o apetite para, no curto prazo, me dedicar à luta política pelo Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável no âmbito da Assembleia Legislativa e respectivas
Comissões. Para tal basta ser eleito, à boleia de açorianos suficientes, já que
o Bloco de Esquerda honrosamente me cedeu o 2º lugar das suas listas, com total
garantia de independência.
Com esta mesma independência aceitei, sem
interferência partidária, o convite do Correio dos Açores para ir publicando (à
margem das campanhas eleitorais) uma sucessão de artigos representativos de
outras tantas iniciativas a que pretendo dar prioridade na minha acção
parlamentar.”
O Veríssimo não venceu a batalha
eleitoral, nem a batalha da doença, mas nunca desistiu. Por isso está sempre ao
meu lado e estará sempre presente entre nós.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 2918, 9 de
Outubro de 2013, p.16)
sábado, 28 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
terça-feira, 20 de agosto de 2013
TOURADAS E GOLPE DE CALOR
TOURADAS E GOLPE DE CALOR
A energia térmica presente no organismo de um animal
homeotérmico (de temperatura constante), como o bovino, é na sua maior parte
gerada pelos processos metabólicos (da contracção muscular no exercício físico
e outros) e o resto é procedente do meio ambiente, por meio da radiação (solar
e outras).
Quando a temperatura ambiente sobe acima de 29°C, a via de perda
de calor mais eficiente será por evaporação (transpiração e respiração) sendo
responsável, por exemplo, em bovinos a 85% das perdas de calor. Esse tipo de
perda é dependente da humidade relativa do ar.
O mecanismo físico de termólise (para evitar o sobre aquecimento
e manter a temperatura do corpo constante) considerado mais eficaz é por
evaporação. Porém, em ambientes muito húmidos, a evaporação pode tornar-se
muito lenta ou nula.
Se a região for húmida (Açores), a perda de calor por evaporação
será prejudicada, proporcionando um elevado stress calórico.
A perda de calor latente por evaporação através das glândulas
sudoríparas é um dos mecanismos de adaptação ao stress calórico em bovinos,
ovinos, equinos, caprinos e bubalinos (família a que pertencem os búfalos).
Quando um animal é submetido a altas temperaturas, ocorre um aumento da
circulação sanguínea para a epiderme, proporcionando uma quantidade adicional
para as glândulas sudoríparas e estimulando a sua acção (transpiração).
A evaporação respiratória tem sido apontada como o principal
mecanismo de termólise (para evitar o sobre aquecimento e manter a temperatura
do corpo constante). Para perder calor por evaporação respiratória, o animal
aumenta a sua frequência respiratória.
DESIDRATAÇÃO
Desidratação é a falta de água no organismo causada por falta de
ingestão de líquidos ou perdas exageradas sem reposição (transpiração,
respiração, diarreias , insolação).
O transporte de nutrientes e a remoção de resíduos dos órgãos do
corpo são feitos pelo sangue (essencialmente constituído por água) dentro dos
vasos sanguíneos. A diminuição de volume diminui o transporte, provoca queda da
pressão sanguínea levando a um quadro de choque (falta de sangue em todos os
órgãos) . Se houver perdas acentuadas (diarreia) piora a situação pela perda de
sais minerais (electrólitos).
Isto provoca um forte transtorno do estado geral, acompanhado de
grande sofrimento, que pode levar à morte.
O mesmo se aplica ao gado bravo, antes e depois das touradas,
inclusivé nas touradas à corda, onde desidratados ficam horas dentro de gaiolas
ao sol, sem água, antes e depois de correrem e ficarem extenuados e aquecidos
num vasto arraial de provocações e movimento.
Isto já levou a muitas mortes, que são escondidas pelos
aficcionados.
É mais uma etapa do sofrimento a que os animais estão sujeitos
na tauromaquia.
Achamos que isto deve ser investigado e divulgado.
Vasco Reis
BULLFIGHTING AND HEAT STROKE
(by Veterinary Doctor Vasco Reis)
The thermal energy present in the body of an homeothermic animal (with constant temperature), is mostly generated by metabolic processes (of muscle contraction in the exercise and others) and the rest is coming from the environment, by means of radiation (solar and others).
When the environment temperature rises above 29° C, the most efficient heat loss is by evaporation (perspiration and breathing), being responsible, for example, in cattle to 85% of the heat loss. This type of loss is dependent on the relative humidity of the air.
The physical mechanism of thermolysis (to avoid overheating and to keep body temperature constant) is due mainly to evaporation.
However, in very humid environments, evaporation may become very slow.
If the region is humid (Azores), evaporative heat loss will be difficult, providing a high caloric stress.
The loss of heat by evaporation through the sweat glands is one of the mechanisms of adaptation to caloric stress in cattle, sheep, horses, goats and buffaloes.
When an animal is subjected to high temperatures, there is an increased blood flow to the skin, providing an additional amount to the sweat glands and that stimulates its action (perspiration).
Respiratory evaporation has been pointed as the main mechanism of thermolysis (to avoid overheating and to keep body temperature constant).
The respiratory rate increases when respiratory evaporative heat loss is needed for example by exercise.
DEHYDRATION
Dehydration is the lack of water in the body caused by lack of fluid intake or excessive losses without replacement (sweating, breathing, diarrhea, sunstroke, ...).
The transport of nutrients and removal of waste from the body organs are made by blood (essentially consisting of water) within the blood vessels.
The decrease of blood volume decreases transportation, causes the fall of blood pressure leading to a shock (lack of blood in all organs). If there are sharp losses (diarrhea) it worsens the situation because of the loss of mineral salts (electrolytes).
This causes a strong general organism disorder, accompanied by great suffering, which can lead to death.
The same applies to bovines, before and after of bullfighting, inclusive in bullfighting with the rope (tourada à corda, corrida à corda - Azores), standing hours under the Sun inside cages without water, before and after the intense run.
This has led to many deaths, which are hidden by the fans.
It is just one more step of suffering to which animals are subjected in bullfighting.
It should be investigated and reported.
Vasco Reis
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