segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Propósito do 1º de Maio


Com o objectivo de reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas de trabalho diário realizou-se, a 1 de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos da América uma greve que contou com a participação de 350 mil trabalhadores. Na sequência de um confronto entre a polícia e os grevistas foi convocada uma manifestação para o dia 4, tendo no decorrer desta morrido um polícia, resultado de uma explosão, e sido assassinados 80 operários. Foram presos alguns dos líderes, dos quais depois de encerrado o processo, em Outubro de 1887: 4 foram enforcados, 5 condenados à morte, 3 condenados a prisão perpétua e 1 foi morto, em circunstâncias estranhas, na prisão.

Três anos mais tarde, em 1889, em homenagem aos mortos de Chicago, a Segunda Internacional Socialista, reunida em Paris, decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário.

Hoje, a crise económica, social e ambiental que aflige todo o planeta, está associada ao aumento de dificuldades por que estão a passar os mais débeis, os idosos, as mulheres, os imigrantes, os trabalhadores e ao contrário do que seria de esperar poucos são os que vêm para a rua lutar ou os que o fazem nos seus lugares de trabalho ou de residência. Com efeito, intoxicados pela comunicação social, nomeadamente pela televisão, pelas distracções criadas por governantes e capitalistas ou com as dificuldades amenizadas pelas instituições de caridade dirigidas pela igreja, por familiares ou por “homens/mulheres de mão” dos responsáveis pela situação em que vivemos, as pessoas preferem ficar em casa, de braços cruzados, à espera que sejam os seus sindicatos, os partidos políticos ou algum D. Sebastião a encontrar uma solução para os problemas.

O recurso a políticas laborais que nos fazem lembrar as do século XIX (precariedade no trabalho, batalhões de desempregados, trabalho mal remunerado, etc.) e a politicas ambientais que desrespeitam o património natural e que fomentam o uso indevido dos recursos naturais exige por parte dos cidadãos uma resposta que passa pela auto-organização nos seus locais de trabalho ou de residência.

No primeiro de Maio, não há razões para festas e patuscadas nem motivos para a participação apática em procissões, seguidas de sermões por parte dos dirigentes que se perpetuam nos sindicatos e muitas das vezes estão ao serviço de agendas que não são as dos trabalhadores que dizem representar.

Pelo contrário, para além de rendermos a nossa homenagem aos Mártires de Chicago e a todos os que têm lutado por um mundo mais justo, limpo e pacífico, devemos estar unidos em defesa de um novo modelo económico e de outras políticas e dar o nosso contributo, por mais modesto que seja, para que tal se torne uma realidade.

T. B.