terça-feira, 26 de abril de 2011

No 25º Aniversário de Chernobil


Não à Energia Nuclear
O recente acidente nuclear ocorrido no Japão veio, uma vez mais, colocar na ordem do dia a necessidade do abandono da energia nuclear de fissão para a produção de electricidade.
Ao contrário do que diz a propaganda pro-nuclear, a energia nuclear para além de não ser a solução alternativa ao petróleo, também contribui para o aumento do efeito de estufa, é cara para os contribuintes porque em todo o mundo é fortemente subsidiada pelos Estados, cria poucos empregos quando comparada com algumas fontes renováveis e não é segura, quer face a catástrofes naturais quer a eventuais ataques terroristas.
Para além do mencionado, se o que se pretende é uma sociedade mais limpa, justa, pacífica e verdadeiramente democrática, não podemos aceitar a opção por esta fonte de energética pois a energia nuclear é anti-democrática. Com efeito, dados os riscos e os negócios envolvidos, a indústria nuclear é por natureza secreta e pouco transparente.
Esperando que os impactos negativos para as pessoas e para o ambiente do acidente ocorrido no Japão não atinjam os níveis dos de Chernobil, reafirmamos a nossa recusa à fissão nuclear e a nossa opção pelo uso racional da energia e pelas fontes de produção de electricidade renováveis e descentralizadas.

Açores, 26 de Abril de 2011

Colectivo Açoriano de Ecologia Social

e

Teófilo José Soares de Braga, Nélia Maria Torres Melo, Maria João Bettencourt, Helena Maria Massa Flor Franco Carreiro, Paulo Alexandre Vieira Borges, Daniel da Silva Gonçalves, Mónica Azevedo, José Augusto Lima Bettencourt Correia, Lúcia Maria Oliveira Ventura, Maria do Carmo Barreto, Almerinda Ferraz Cabral Valente, Patrícia Fraga, Ana Teresa Simões, Miguel Fontes Cabral, Mário Furtado, Catia Benedetti, Marc-Ange Graff, Maria Antónia Guedes, Artur Gil, Paula Cristina Vieira Tavares, Marta Ardesi, Catarina Goulart Furtado, Emanuel Jorge Rocha Machado, António Humberto Serpa, José Andrade Melo, Joana Augusto Gil Morais Sarmento, Paula Alexandra Silva Costa, Mário Belo Maciel, Rosa Adanjo Correia, Amélia Tavares, Costanza Cambi, Manuel Jorge da Silva Gil Lobão, Fátima Maria Ferreira Pinho Botelho, David Martínez Santos, Luís Manuel Cordeiro Garcia, Luís Manuel Álvares Noronha Botelho, Maria João Guerreiro Oliveira, Rui Soares Alcântara, Ana Paula Cordeiro de Sousa, Eusébio Couto, António Ferreira Baptista, Luís Humberto da Câmara Serpa, João Carlos Pacheco, Lubélia de Fátima Travassos, Graça Silva, Armando B. Mendes, Sandrina Miranda, Julia Bentz, Joana Duarte Rodrigues Pereira, Jorge Manuel S Cardoso, Gilda Conceição M Pontes, Luís Gonzaga Furtado Paiva, Andrea Fernandes Simões Ribeiro, Rita Patrícia Magalhães Norberto, José Ricardo Gouveia e Freitas de Carvalho Vaz, George Hayes, Maria Gabriela Serra Medeiros Oliveira, Bruno Helder P Couto, Victor Medina, Zuraida Maria de Almeida Soares, Adriano Corvelo Pacheco, Carla Oliveira, Cláudia Margarida Barbosa, Sílvia Cabral, Orlando Guerreiro, Cassilda Pascoal, Álvaro A. Gancho Borralho, Laia Sanz Carbonell, Dário Fernando do Couto da Silva, José Bettencourt Costa e Silva, Diogo Caetano, Pedro Milhomens, Gabriela Clara Quental Mota Vieira, Paula Oliveira Almeida, Irene de Jesus Andrade, Paula Curi Garnett Melo, Irene Margarida Magalhães Andrade Melo, Deodato José Magalhães Andrade Melo, Mariana Sousa Carvalho, Alexandra Manes, João Manes, Emília Soares, Filipe de Chantal Borges Sancho, Maria Eugénia da Costa Lamas da Silveira, Maria Amélia Ferreira Torres Medeiros, António José Melo Pacheco, Maria José Vasconcelos, Lúcia C.C. Couto, Vitor Estrela,Tânia Vanessa Braga Lima, Maria Helena Câmara, Paulo Roberto de Medeiros Garcia, Cláudia Emanuela Vieira Tavares, Maria Amélia Torres Medeiros, Maria Filomena Alves Ramos, Raimundo Quintal, Simão Faria Wellenkamp de Carvalho Vaz, António Eduardo Soares de Sousa, Maria Margarida Soares de Sousa, Lúcia Arruda, Miguel Franco Wallenstein Teixeira, Rita Patuleia Pereira Bernardino, Gonçalo de Portugal, Bárbara Pereira Bernardino, Constança Quaresma, Leonor Quaresma, Judite Fernandes, José Manuel Rodrigues Barreto, Fátima Ramos, Raquel Ramos, Maria José Milheiro, Sofia Cassiano de Medeiros, Lara Kloosterboer de Vasconcelos e Sousa de Figueiredo, Ana Lúcia Faria Natividade, Maria Clara Almeida Barros Queiroz e Bruno Domingues da Ponte.



25 Anos após o Acidente de Chernobil

Quercus exige o encerramento de Almaraz e a aposta na poupança e em novas alternativas energéticas

No dia 26 de Abril faz 25 anos que ocorreu o acidente na central nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que em 1986 fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Já em 1979 tinha existido um acidente grave na central nuclear de Three Mile Island nos Estados Unidos da América, EUA, e neste momento ainda não se conhece a dimensão real do acidente da central nuclear de Fukoshima no Japão, sendo contudo já certo que este terá sido um dos mais graves da história. Temos assim os três maiores acidentes nucleares em três dos países mais avançados nas tecnologias da indústria nuclear e é importante pois, reflectir sobre os problemas de segurança inerentes a este tipo de centrais.

Energia nuclear contrária ao princípio da precaução

Em Portugal tem existido um consenso sobre a não construção de centrais nucleares - Há 35 anos atrás, a população de Ferrel marchou contra a construção da primeira central nuclear em Portugal e estabeleceu um marco na rejeição do nuclear. É importante que o nosso país continue a seguir o princípio da precaução. Este princípio, que está na base das estratégias e políticas do desenvolvimento sustentável, aconselha-nos a agir de maneira a evitar danos potencialmente catastróficos ou irreversíveis para o ambiente e para a saúde humana, ainda que não tenhamos todos os dados em cima da mesa para aferir a gravidade da situação. Em suma, o princípio da precaução leva-nos a agir antecipadamente quando existem sinais claros da possibilidade de ocorrência de um problema, ainda que não tenhamos toda a informação ou toda a certeza sobre o mesmo.

A opção pela fissão nuclear é contrária a este princípio e põe em causa a norma ética da equidade intra e inter-geracional, sendo que à luz dos actuais conhecimentos não é uma solução energética aceitável, quer do ponto de vista dos seus impactes no ambiente, quer na saúde humana.

Um ciclo pouco virtuoso

É fundamental olhar para o nuclear como um todo: os problemas estão no início do ciclo, nas explorações de urânio que causam problemas ambientais e de saúde graves em todo o mundo. Em Portugal várias décadas após o fim da exploração deste minério, sobretudo na zona centro do país, os problemas não foram completamente diagnosticados e por isso estão ainda longe de estar resolvidos. Existem mais de quarenta minas abandonadas que continuam a poluir a água e os solos e a afectar as populações vizinhas.

No final do ciclo também ainda não se conhece um destino estável e seguro a dar aos resíduos nucleares, que se mantêm potencialmente nocivos durante muitos anos, sendo que alguns elementos mantêm a sua radioactividade durante milhares de anos.

O fabrico de bombas atómicas e de armas contendo urânio está também intimamente associado à energia nuclear e é um perigo que continua a pairar sobre a humanidade e o planeta Terra, sendo urgente a eliminação de todo este tipo de armamento para um mundo de paz.

O marco dos 25 anos após Chernobil

Na semana dos 25 anos do acidente de Chernobil, a Quercus ANCN promove, em parceria com o MUNN, Movimento Urânio em Nisa Não (MUNN) e a AZU, Associação de Ambiente em Zonas Uraníferas, um debate sobre as alternativas ao nuclear, a exploração de urânio em Portugal e o encerramento das centrais nucleares em Espanha, especificamente a de Almaraz, junto ao Tejo, a 100km de Portugal, que já ultrapassou o período previsto de funcionamento e, não obstante, viu há alguns meses prolongado em 10 anos o seu período de actividade.

A iniciativa, que decorrerá no dia 29 de Abril, consistirá na exibição no cine-teatro de Nisa, pelas 21h00, do documentário “Energias sem fim”, sobre a situação das energias alternativas em Portugal, seguida de um debate. O debate contará com as presenças de:
- António Eloy, CEEETA, Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente
- António Minhoto, Presidente da AZU;
- Gabriela Tsukamoto, Presidente Município de Nisa;
- Nuno Sequeira, Presidente da Direcção Nacional da Quercus;
- Paca Blanco Diaz, Plataforma Antinuclear Cerrar Almaraz;
- Paco Castejón, especialista em energia nuclear;
- Paulo Bagulho, Movimento Urânio em Nisa Não.

As propostas da Quercus

Há muitos anos que a Quercus defende que a aposta deve ser na poupança energética e no uso mais eficiente da energia. Esta é a estratégia mais barata e mais rápida para atingir os objectivos desejados – diminuir a importação de petróleo, gás natural e carvão e reduzir a emissão de gases com efeito de estufa.

Em complemento é ainda fundamental apostar nas energias renováveis, as únicas que são inesgotáveis e gratuitas, bastando apenas desenvolver as tecnologias para as podermos aproveitar, com a vantagem de o podermos fazer de forma descentralizada.

Lisboa, 25 de Abril de 2011

A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza