terça-feira, 14 de outubro de 2008

O APARECIMENTO DO TERRA LIVRE- CAES NA COMUNICAÇÃO SOCIAL


( Açoriano Oriental, 14 de Outubro de 2008)

Denúncia de nova associação ecológica açoriana: Entidades oficiais estão a plantar espécies infestantes
A CAES (Colectivo Açoriano de Ecologia Social), com sede nos Açores, denunciou ontem que a introdução de espécies exóticas é um dos principais factores responsáveis pela alteração global da biosfera, provocando alterações profundas nos ecossistemas. Segundo o CAES, uma nova organização de defesa do ambiente de carácter informal, "nos Açores algumas espécies exóticas, e a sua naturalização, têm sido responsáveis pela criação de sérios problemas ecológicos".
No Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasora, da responsabilidade da Direcção Regional do Ambiente, a acção B1.10 consiste na erradicação e controlo de Polygonum capitatum (erva confeiteira). Ainda segundo o mesmo plano, esta espécie é "uma invasora com grande capacidade e velocidade de expansão cujo controlo é de difícil implementação devido ao grande poder de propagação quer por via sexuada (semente) quer assexuada (partes vegetativas - estolhos). Quando o P.capitatum se instala forma tapete denso, impossibilitando a ocorrência de outras espécies. Para a sua erradicação a metodologia mais eficaz é o arranque total da planta" – diz um comunicado da nova associação.
Perante esta situação, o CAES afirma não compreender "como é que se permite que uma entidade oficial utilize a espécie mencionada em jardins".
A mesma associação pergunta às entidades oficiais regionais por que não foram utilizadas algumas espécies autóctones ou por que não optaram por um pequeno jardim com carácter pedagógico, como o que está na Zona da Expo 98, com plantas de todas as regiões de Portugal e dos diversos países de expressão portuguesa.
O CAES quer também saber em que ilhas o Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasora já foi implementado.
O CAES tem como objectivo "defender a natureza, o ambiente e a paz, contribuir para a construção de um mundo mais limpo, mais justo e pacífico, privilegiando para isso métodos de trabalho e de intervenção não violentos, através das mais diversas actividades culturais, recreativas, sociais ou outras afins, todas elas suportadas pelo voluntariado dos seus membros".
Podem ser associados do CAES todas as pessoas singulares desde que aceitem os princípios da associação constantes do texto "Que Ecologismo?", e que cumpram coerentemente os estatutos e o regulamento interno.
O CAES não aceita quaisquer receitas provenientes do estado ou de empresas públicas ou privadas e as quotas serão fixadas em Assembleia-geral quando a actividade da associação assim o justificar. Até lá todas as despesas deverão ser cobertas por donativos dos associados.
A nova associação considera "fundamental o respeito do homem para com os restantes animais domésticos e selvagens e, por isso, defende como "imprescindível promover uma educação, cultura e legislação que garantam os direitos dos animais. A sociedade não pode aceitar espectáculos onde se torturem animais, como as touradas, etc.".
"Hoje, a nível mundial, assiste-se à crescente extinção de espécies da fauna e flora, o que se traduz numa perda incalculável de património genético e à delapidação de recursos geológicos do planeta. Consideramos imprescindível a tomada de medidas com vista à conservação da biodiversidade e da geodiversidade" – refere o CES, defendendo "uma agricultura sustentável, orientada para a protecção da biodiversidade e do direito dos povos à soberania sobre o seu património genético comum". Sendo assim, considera que "a aposta deverá ser na soberania alimentar e na agricultura biológica. Opomo-nos ao cultivo e uso na alimentação de organismos geneticamente modificados".
Já no caso da energia, defendem um modelo alternativo ao actual, com produção descentralizada e baseado na poupança e eficiência energética e nas energias renováveis.
"Opomo-nos à utilização da energia nuclear, tanto para a produção de electricidade como para a construção de armas, não só pelos riscos envolvidos, mas também por fomentar um modelo de sociedade militarizada e monopolista" - sustenta.
Autor: Lubélia Duarte
Fonte: Correio dos Açores
Data: 14 de Outubro de 2008