terça-feira, 26 de novembro de 2013

Declaração de Viena

Declaração de Viena: defender a nossa herança natural, biodiversidade e segurança e soberania alimentares


Declaração no espírito da verdade, vida e justiça
Apelo urgente para proteger a nossa herança natural, a biodiversidade e a segurança alimentar
O direito fundamental do ser humano de cultivar plantas é a base de toda a civilização. Durante séculos as pessoas têm cultivado as suas próprias plantas para vender e comer, para criar belas hortas e jardins e para criar novos habitats para a vida selvagem.
Tudo isto está agora gravemente posto em risco com a introdução do novo regulamento da União Europeia que controlará a produção, distribuição e venda de TODOS os Materiais para Reprodução Vegetal: sementes, bolbos, plantas já formadas, até mesmo plantas silvestres. O regulamento proposto irá limitar o que as pessoas podem plantar e vender, em nome da defesa do consumidor.
Há um considerável apoio entre as partes negociadoras para reconhecer os direitos dos agricultores. A proposta da Comissão(1) reconhece o direito dos agricultores e horticultores de trocar e vender sementes e plantas, fazendo algumas concessões, embora fracas e mal definidas, para garantir a preservação da biodiversidade, a livre escolha e o livre acesso a material de propagação de plantas.
No entanto, as regras propostas não protegem adequadamente os direitos das pessoas para plantar, vender e trocar plantas, e não são suficientemente fortes para impedir que os interesses comerciais restrinjam as actividades de criação de plantas, resultando numa ameaça para a segurança alimentar futura e para os direitos dos agricultores e das comunidades de reproduzir e cultivar as suas próprias plantas.
Preocupa-nos que os interesses das grandes corporações, que se apropriam das nossas sementes, tenham prioridade sobre os direitos dos pequenos criadores e agricultores, e sobre a necessidade de proteger o nosso património natural, biodiversidade e segurança alimentar, fundamentais perante um futuro de mudanças climáticas.
Enfrentamos hoje pressões crescentes que ameaçam o futuro da nossa produção alimentar, com a diminuição dos recursos, aumento dos custos de combustível, um clima em mudança acelerada, a perda de habitats e a redução da biodiversidade. Precisamos de preservar e desenvolver a nossa biodiversidade natural.
Os representantes de organizações de agricultores, horticultores, pequenos produtores, criadores e guardiões de sementes, e membros da sociedade civil europeia, reunidos em Viena, Áustria, em 24 de Novembro de 2013, estão profundamente preocupados com a proposta de regulamento da União Europeia para o Material para Reprodução Vegetal [2013/0137(COD)], aprovada em 6 de Maio de 2013 pela Comissão Europeia. Temos sérias preocupações relativamente à soberania alimentar, à preservação da biodiversidade, à segurança alimentar e à saúde e liberdade dos cidadãos europeus.

Pelos motivos expostos exigimos que:
1. As pessoas, sejam elas agricultores ou horticultores, não devem ser obrigadas a comprar "Material para Reprodução Vegetal" de fornecedores comerciais. Qualquer regulamento deve garantir os direitos dos agricultores, horticultores e todos os colectivos de utilizar, trocar e vender as suas próprias sementes e plantas, em linha com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Tratado Internacional de Plantas (ITPGRFA).
2. As normas industriais não devem determinar as normas adoptadas para o mercado de sementes e plantas, pois implicam um enquadramento técnico e legal com que as plantas naturais não podem cumprir e não reconhecem a importância da biodiversidade.
3. Plantas livremente reproduzíveis não devem ser sujeitas ao registo obrigatório de variedades ou à certificação de sementes e plantas. A biodiversidade deve ter precedência sobre o interesse comercial, já que é um bem público, tal como a água.
4. Todas as propostas que têm impacto sobre a biodiversidade devem ser objecto de consultas públicas e as decisões devem ser tomadas por representantes eleitos. A protecção da biodiversidade não é um "detalhe técnico" na acepção do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia.
5. Os requisitos de rotulagem devem ser verdadeiramente transparentes e reflectir a evolução tecnológica, incluindo os novos métodos de criação microbiológicos, assim como quaisquer restrições técnicas e legais de utilização.
6. Os controlos oficiais que regem as sementes e plantas devem permanecer um serviço público, fornecido gratuitamente aos pequenos operadores (micro-empresas).

(1) Proposta de regulamento para a produção e disponibilização no mercado de material de reprodução vegetal [2013/0137 (COD)], adoptada em 6 de Maio de 2013 pela Comissão Europeia

Os signatários:
AGROLINK Association (BUL) – www.agrolink.org
Arche Noah Verein (A) – www.arche-noah.at
Bese Nature Conservation Society (HU) – www.beseegyesulet.hu
Bifurcated Carrots – www.bifurcatedcarrots.eu
Campaign for Seed-Sovereignty (INT) – www.seed-sovereignty.org
    | Kampagne für Saatgut-Souveränität – www.saatgutkampagne.org
Dachverband Kulturpflanzen- und Nutztiervielfalt e.V. (D) – www.kulturpflanzen-nutztiervielfalt.org
Eco Ruralis - in support of traditional and organic farming (RO) –www.ecoruralis.ro
EKOTREND Slovakia – www.ecotrend.sk
Environmental Social Science Research Group (HU) – www.essrg.hu
Fundacja Rolniczej Różnorodności Biologicznej AgriNatura (PL) –www.agrinatura.pl
Föreningen Sesam (SV) – www.foreningensesam.se
GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (PT) –www.sementeslivres.gaia.org.pt
Garden Organic (GB) – www.gardenorganic.org.uk
GLOBAL 2000 – Friends of the Earth Austria – www.global2000.at
InfOMG - GMO information centre in Romania (RO) – www.infomg.ro
Longo mai (INT) – www.prolongomai.ch
Navdanya International (IN) - http://www.navdanya.org/
Peliti (GR) – www.peliti.gr
Plataforma Transgénicos Fora (Stop GMO Platform, PT) – www.stopogm.net
Red Andaluza de Semillas „Cultivando Biodiversidad“ –www.redandaluzadesemillas.org
Red de Semillas „Resembrando e Intercambiando“ – www.redsemillas.info
Rete Semi Ruralis (I) – www.semirurali.net
Réseau Semences Paysannes (F) – www.semencespaysannes.org
Seed Freedom Campaign (INT) – www.seedfreedom.in
Społeczny Instytut Ekologiczny (PL) – www.sie.org.pl
Stowarzyszenie dla dawnych odmian i ras (PL) – www.ddoir.org.pl
Utopia (SK) – www.utopia.sk
Verein zur Erhaltung der Nutzpflanzenvielfalt e.V. (D) –www.nutzpflanzenvielfalt.de
ZMAG - Zelena mreza aktivistickih grupa (HR)
     | GNAG - Green network of activist groups – www.zmag.hr

Fonte: http://gaia.org.pt/node/16543

domingo, 24 de novembro de 2013

Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate

Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate

Tal como está previsto para várias vilas e cidades do país, no próximo domingo, dia 24 de Novembro, pelas quinze horas, realiza-se um Cordão Humano Pela Adoção e Esterilização – Não ao Abate, em frente à Câmara Municipal de Vila Franca do Campo.
Promovido, em Vila Franca do Campo, pelo grupo informal Vilafranquenses Amigos dos Animais, para além do cordão estão a ser recolhidas assinaturas na internet e em papel para um Manifesto que propõe a adoção de uma nova política para os animais de companhia que tem por base a esterilização e a adoção responsável dos animais.

No próprio dia, o Manifesto será entregue ao presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo, Sr. Lucindo Couto, e na terça-feira seguinte, dia 26 de Novembro, os promotores do evento serão recebidos pelo Presidente da Câmara Municipal, Dr. Ricardo Rodrigues, onde terão a oportunidade de entregar o Manifesto e expor as suas preocupações relativas ao assunto.



sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Terra Livre de Novembro

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Alice Moderno




ALICE MODERNO E A PROTEÇÃO DOS ANIMAIS EM VILA FRANCA DO CAMPO

Já por diversas vezes tive a oportunidade de escrever sobre o papel de Alice Moderno (1867-1946) na luta pela proteção dos animais no arquipélago dos Açores, nomeadamente na fundação e dinamização da atividade da Sociedade Micaelenses Protetora dos Animais, na denúncia persistente dos maus tratos infligidos aos animais de companhia e aos usados no transporte de mercadorias e, por último, no seu contributo, através da sua herança, para a construção de um hospital para tratamento dos animais doentes.
Numa altura em que um, ainda pequeno, grupo de vilafranquenses sensíveis à causa animal está a preparar uma ação de sensibilização com vista a minorar o sofrimento dos animais de companhia que são vítimas de maus tratos e de abandono, acabando por ir parar aos canis onde na sua maioria são abatidos, achei por bem dar a conhecer, através dos relatos de Alice Moderno, o que se passava no início do século passado e fazer o confronto com o que se passa hoje.
Começo por recordar que o jornal “O Autonómico”, que se publicou em Vila Franca do Campo, foi um grande defensor dos animais, quer saudando a criação de associações de proteção, quer exigindo o cumprimento do código de posturas municipal, quer denunciando os abusos cometidos.
A este propósito, Alice Moderno, a 13 de Outubro de 1912, denunciou no seu Jornal “A Folha” a existência “na pátria de Bento de Góis” de “um vendilhão de peixe, surdo-mudo de nascença, que espanca o pobre burro que lhe serve de ganha-pão com uma ferocidade inaudita e revoltante”. Segundo ela, que presenciou o episódio, “o pobre burro” foi alvo de “enormes bordoadas” por parte de um “ferocíssimo aborto” que estava “armado de um grosso cacete”.
Hoje, os animais de tiro quase desapareceram e com o seu desaparecimento terão acabado (?) os maus tratos de que eram vítimas e que cheguei a presenciar, na Ribeira Seca, durante a minha infância e juventude. 
Ainda recentemente, tive a oportunidade e a tristeza de observar, em Água d’Alto, um cavalo que estava debilitado, fruto de um alimentação insuficiente e possivelmente de falta de tratamento veterinário adequado.
No que diz respeito ao melhor amigo do homem, o cão, Vila Franca do Campo tem, por um lado, exemplos de pessoas que têm sabido dedicar algum do seu tempo à sua proteção e, por outro, tem exemplos de gente de coração empedernido que trata os animais como se calhaus fossem.
Em 1945, Alice Moderno denunciou, no Diário dos Açores, o facto de “Vila Franca das Flores” se distinguir “pela guerra feita ao mais fiel amigo do homem, o pobre cão”.
No texto referido, intitulado “Envenenamento de um cão”, Alice Moderno menciona as denúncias que tem recebido por parte de vários vilafranquenses, entre os quais o Dr. Urbano Mendonça Dias, relativas ao “lamentável espetáculo que oferecem, expostos nas ruas, cadáveres de cães a que foi propinada estricnina por mão incógnita e impiedosa”.
Por último, Alice Moderno menciona um caso de abandono, muito comum nos dias de hoje, que mostra a crueldade de alguns e a humanidade de outros. Aqui fica o relato:
“Ultimamente deu-se mais um destes casos: um continental saiu da vila abandonando o um pobre cão que possuía.
Uma gentil criança, filha do sr. Manuel Cabral de Melo, residente na rua da Vitória, tomou o desamparado quadrúpede sob a sua proteção, e todos os dias lhe fornecia um repasto que lhe garantia a existência.
Pessoa de mau coração - parece que moradora na mesma rua e muito embora o infeliz animal fosse absolutamente inofensivo, entendeu eliminá-lo da circulação envenenando-o cruelmente com grande mágoa do seu jovem protetor, cujo excelente coração é digno de maiores elogios.
Felizmente, parece que semelhantes casos não se repetirão por muito tempo visto que no continente da República há quem esteja eficazmente ocupando dos direitos dos irracionais e do dever que assiste ao Estado de os proteger”.
Infelizmente, quase setenta anos depois, o flagelo do abandono de animais de companhia ainda não foi debelado. Até quando continuará o crime sem castigo?
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 2946, 13 de Novembro de 2013, p.16)

domingo, 10 de novembro de 2013

O que é a sorte de varas?



(Informação do médico veterinário José Enrique Zaldivar Laguia , clínico e presidente da AVATMA. Tradução do médico veterinário Vasco Reis).
Durante a tourada, e durante um período de aproximadamente 15 minutos, o touro é submetido à sorte de varas.
Assim que ele entra na arena é atraído através de uma série de passes com a capa e é submetido à sorte de varas - o "acto” da lança.
Nesta parte, o picador (lanceiro) utiliza a ponta da lança, “puya”, garrocha, que é um instrumento pontiagudo com cerca de 9 centímetros de comprimento, dividido em duas secções: uma ponta em forma de cone de cerca 3 centímetros e uma outra de aço em forma de corda de cerca de 6 centímetros de comprimento. Este instrumento destina-se a ferir certos músculos e ligamentos do cachaço, parte superior do pescoço do touro. O objectivo deste acto é facilitar o trabalho do toureiro pois, uma vez que estas estruturas anatómicas foram feridas, o touro não vai ser capaz de levantar a cabeça . “Infelizmente” não é só isso que acontece. É sabido que 90 % das estocadas com a lança são feitas muito mais para trás, onde as vértebras estão muito menos protegidos. Além disso, como resultado de golpes ilegais (proibidos) dos picadores , tais como “furar” (torcendo a lança no pescoço do touro como um saca-rolhas) ou o "entra e sai" (aprofundar e aflorar a lança várias vezes sem a retirar, de modo a que uma lança tem o mesmo efeito como tendo sido utilizada várias vezes, o que impede o touro de fugir quando sente a dor), as feridas são muitas vezes terríveis.
A hemorragia causada por estes métodos faz com que a perda de sangue possa ser de até 18% , enquanto a (entre aspas irónicas) quantidade "desejável" é de 10% . Devido a esses movimentos, uma lança pode produzir feridas com mais de 20 cm de profundidade, e entrar no corpo em até cinco sentidos diferentes, ferindo muitas estruturas, inclusivé quebrando estruturas ósseas.
Os taurófilos (taurinos) argumentam, que o uso da “puya” serve para "aliviar" o touro da sua bravura e excitação na lide. No entanto, o que acontece com a tortura da “puya” não é um descongestionamento simples, porque o touro assim perde até 10 litros de sangue, visto que ao se aprofundar e aflorar sucessivamente a “puya”, se chega a provocar uma ferida muito profunda . Outra estatística é, que apenas 4,7% do cravar da “puja” conseguiu cortar os músculos do pescoço e deixar o resto da anatomia local intacta.
O que geralmente se corta com má pontaria da “puja”, são músculos dos membros anteriores e do tronco. Por isso tropeçam e caiem touros.
Dados: o touro tem cerca de 36 litros de sangue. Com a sorte de varas o animal perde cerca de um terço do sangue, sua força vital.
São manobras ilegais do picador (o cravar e tirar, a acção de saca-rolhas e a de perfuração), que fazem  a puya penetrar mais do que esses 7,6-8,9 cm, sendo que em 70% dos casos, as lanças são cravadas por detrás do andiron e da cruz, e aí sendo menos protegidas pelos grandes músculos do pescoço, podem atingir e ferir estruturas ósseas.
(recebido por e-mail)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Dança dos Fracos

Proteste






Pedido de envio de e-mails:
Para:
presidente@alra.ptaluis@alra.ptanunes@alra.ptarodrigues@alra.ptaparreira@alra.ptbchaves@alra.ptbmessias@alra.pt,boliveira@alra.pt,ccardoso@alra.ptcfurtado@alra.ptcmendonca2@alra.ptdcunha@alra.ptdmoreira@alra.ptfcesar@alra.pt,fcoelho@alra.ptgracasilva@alra.pt,inunes@alra.ptirodrigues@alra.ptjcontente@alra.ptjmgavila@alra.ptjsan-bento@alra.pt,lmachado@alra.ptlmaciel@alra.ptlrodrigues@alra.pt,mcouto@alra.ptmicosta@alra.ptmpereira@alra.ptpborges@alra.pt,pmoura@alra.ptrcabral@alra.ptrcbotelho@alra.ptrveiros@alra.pt,aamaral@alra.ptamarinho@alra.ptaventura@alra.pt,apedroso@alra.ptbbelo@alra.ptcalmeida@alra.ptclopes@alra.ptcpereira@alra.pt,dfreitas@alra.pthmelo@alra.ptjandrade@alra.pt,jbcosta@alra.ptjmacedo@alra.ptjmachado@alra.ptjparreira@alra.ptlcgarcia@alra.pt,lmauricio@alra.ptlrendeiro@alra.pt,rcordeiro@alra.ptvvasconcelos@alra.ptalima@alra.ptgsilveira@alra.ptlsilveira@alra.ptzsoares@alra.pt,apires@alra.pt,pestevao@alra.ptpresidencia@azores.gov.pt,
CC: acoresmelhores@gmail.com
Exmo. Sr.,
Presidente do Governo Regional dos Açores,
Deputado(a) da ALRA

Está anunciada a realização duma “vacada” no dia 9 de novembro na freguesia de Santa Cruz, concelho da Lagoa, evento que aparentemente conta com licença por parte da câmara municipal. Esta “vacada”, enquadrada nas festas de São Martinho, não acontece pela primeira vez, tendo sido realizada igualmente em anos anteriores.

No entanto, tal como foi já denunciado em anteriores ocasiões, a realização deste evento é manifestamente contrária à lei por se realizar fora da temporada estipulada legalmente para as manifestações taurinas.

O Decreto Legislativo Regional n.º 37/2008/A, de 5 de agosto, alterado pelo DLR n.º 13/2012/A, de 28 de março de 2012, que estabelece o regime jurídico de atividades sujeitas a licenciamento das câmaras municipais na Região Autónoma dos Açores, estabelece no seu Capítulo XIII o regime jurídico aplicável às touradas à corda, que segundo o n.º 2 do artigo 42.º se aplica também às manifestações taurinas enumeradas no artigo 43.º, entre as quais a “vacada em cerrado”. Ora, segundo o n.º 1 do artigo 49.º estas manifestações taurinas só podem realizar-se no período compreendido entre o dia 1 de maio e o dia 15 de outubro de cada ano civil.

Assim, a referida “vacada” anunciada no concelho da Lagoa para o dia 9 de Novembro não se enquadra dentro do período legal. No entanto, em profundo desrespeito pela lei, a câmara municipal da Lagoa continua a emitir cada ano licenças para a realização deste evento.

De referir ainda que no evento do passado ano foram registadas situações graves de evidente maltrato animal. Os animais, transportados durante longo tempo em caixas fechadas, manifestaram sinais de desidratação. Um deles partiu um chifre no decorrer do evento, com grande perda de sangue, o que não foi considerado suficiente por parte dos organizadores para o animal deixar de ser burlado, acossado e puxado pela corda, com total desprezo e insensibilidade para com o seu sofrimento.

Desta forma venho manifestar o meu repúdio pela realização deste tipo de espetáculos violentos onde são maltratados animais, mesmo na ilha de São Miguel onde as touradas nunca foram tradição. E também o meu veemente protesto pelo contínuo desrespeito que um órgão municipal como a Câmara da Lagoa mostra pela legislação aprovada pela Assembleia Legislativa dos Açores e pelos seus deputados. A imagem pública dos Açores e do povo açoriano fica gravemente prejudicada com lamentáveis e bárbaros espetáculos como estes.

Atentamente

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A serpentina em Vila Franca do Campo e em São Jorge


Em texto publicado, no passado dia 30 de Outubro, fiz referência à utilização das duas espécies que têm o nome comum de serpentina. Nesta edição do jornal, limitar-me-ei a escrever sobre a serpentina-mansa (Arum italicum), nomeadamente sobre o seu uso para o fabrico de uma farinha na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo e nas Manadas, ilha de São Jorge. 
Na ilha de São Jorge, a serpentina é também designada por jarroca. De acordo com uma recolha efetuada há alguns anos pelo Centro de Jovens Naturalistas de São Jorge, junto da família Raposos da localidade das Manadas, a soca era apanhada nos meses de Abril e de Maio.
Depois de colhidas as socas eram lavadas e raspadas com uma faca para retirar a “pele” e a seguir eram moídas num moinho de carne. A polpa obtida era colocada num alguidar com água que era mudada durante três dias. Em seguida, era escorrida e colocada num tabuleiro até secar bem.
Para além de ser usada no fabrico de papas, a farinha de serpentina era tida, em São Jorge, como bom remédio para “a diarreia de pessoas e animais”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, a farinha de serpentina também era usada para fazer goma, procedendo-se do seguinte modo: “Para tal, dissolve-se, em água fria, a farinha de jarroca, junta-se água a ferver e, enquanto morna, molha-se a roupa que se põe a secar. Ainda húmida passa-se o ferro até enxugar”.
Por último, na mesma nota que vimos referindo e que foi da autoria da senhora Maria José Silveira Azevedo, das Manadas, ficamos a saber que “em tempos de fome, o povo ia pelos “biscoitos” e matas procurar a soca de jarroca e a soca de feto para fazer farinha com que preparava uma massa que era cozida em bolos, no tijolo”.
Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, na década de 70 do século passado, alguns homens, sobretudo camponeses sem terra, dedicavam-se à recolha da serpentina para compensar a falta de trabalho em alguns meses do ano. Lembro-me de ver alguns deles com sacas às costas e a deixá-las na casa da senhora Antonina “Trovoa” que morava na rua do Jogo.
Segundo Manuel Francisco, sobrinho de Antonina “Trovoa”, grande parte da farinha produzida na Ribeira Seca era vendida para Ribeira Grande, presumivelmente para Ezequiel Moreira da Silva que chegou a fazer a sua exportação para Lisboa.
Na altura, era muito fácil encontrá-la na Ribeira Seca ou nas localidades vizinhas, enquanto hoje a bibliografia menciona a sua abundância sobretudo na Ribeira Chã e nos Arrifes. Nas minhas caminhadas pela ilha de São Miguel, tenho-a encontrado um pouco por toda a parte, sendo muito fácil encontrá-la no Pico da Pedra.
Em conversa recente com Madalena Oliveira, moradora na rua da Cruz, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, talvez a única pessoa que ainda mantém viva a tradição no concelho, confirmei tudo o que havia tomado conhecimento através de diversa bibliografia consultada, a qual não incluía o livro recentemente, e em boa hora, editado pela Junta de Freguesia da Ribeira Chã “Serpentina Uma Tradição de Raiz”, da autoria de Teresa Perdição.
Madalena Oliveira que, aprendeu com sua mãe, Maria dos Anjos Salema Carreiro, e sua avó, referiu que a recolha dos rizomas é feita antes de a plantas espigarem, sobretudo nos meses de Fevereiro e Março, mês em que obteve melhores resultados.
Como principais instrumentos usados na transformação dos rizomas em farinha, Madalena Oliveira mencionou um ralador adaptado para o efeito, uma peneira de milho, uma dorna de madeira e panas de plástico que substituíram os alguidares de barro. Longe vão os tempos, referidos por Silvano Pereira, em 1947, em que os rizomas eram desgastados “pela fricção contra uma pedra ou tábua de lavar”.
Numa altura em que está difícil a vida para quem vive do seu trabalho, a recuperação e valorização de conhecimentos e práticas antigas deve merecer o carinho de quem tem nas suas mãos a gestão da coisa pública, a começar pelas Juntas de Freguesia que são quem está em contato direto com as populações.
No passado, escreveu Silvano Pereira, o fabrico de farinha de serpentina constituiu “uma pequena indústria rural” que deu origem a “um comércio de certa importância”. Hoje, poderá ser um complemento ao rendimento de algumas famílias.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 2940, 6 de Novembro de 2013, p.16)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Proteste



A todas as pessoas singulares ou coletivas, solicita-se o envio do e-mail, abaixo dirigido ao presidente da Câmara Municipal da Lagoa (São Miguel – Açores) a solicitar o não apoio à vacada que está marcada para o próximo dia 9 de Novembro.
Muito obrigado

Enviar para: 


gabpres-cml@mail.telepac.pt, jfsantacruz-lagoa@sapo.pt, 


Ex. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Lagoa,
Exmo Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz

Tomei conhecimento de que se irá realizar na Freguesia de Santa Cruz, no próximo dia 9 de Novembro, uma vacada e venho por este meio manifestar o meu total repúdio por tal acontecimento, uma vez que as vacadas, contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais.
Como muito bem escreveu o Médico Veterinário Vasco Reis “Vacadas e garraiadas contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas.
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espetáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais. Contribui, certamente, para a perda de sensibilidade de pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia. 
Vimos solicitar a Vossa Exª que tem apoiado as vacadas realizadas em anos para que reveja a sua posição e para os prejuízos que poderão advir para o Concelho da Lagoa pelo facto do mesmo passar a figurar na lista de cidades e concelhos a serem evitados por todos os turistas e pessoas de bem que para além de procurarem locais onde a natureza esteja imaculada também dão preferência a populações que respeitem os animais.
Com os melhores cumprimentos


Nome

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Demasiadas touradas

O capitalismo usa as touradas para adormecer o povo e  para embolsar à custa do sofrimento da maioria da população e dos animais.