sábado, 14 de agosto de 2010

O Fogo Varreu o Pico do Areeiro (Madeira)


Caros Amigos / Caríssimas Amigas,

Esta é uma notícia, que vos dou com o coração tão negro como solo calcinado das vertentes do Pico do Areeiro.

Entre as 12 e as 13 horas (foto 1) o lume, impelido por rajadas de vento da ordem dos 100 km / hora, subiu velozmente as vertentes da Ribeira do Cidrão, vindo do fundo do Curral das Freiras.

Ao chegar ao Pico do Areeiro começou a descer e queimou tudo o que encontrou pelo caminho. A plantação dos Associação dos Amigos do Parque Ecológico não escapou à voracidade das chamas e muito do trabalho realizado nos últimos dez anos foi destruído em instantes.

A extraordinária autorregeneração da formação vegetal primitiva que estava a ocorrer na área do Poço da Neve, na vertente oriental da Ribeira de Santa Luzia, sofreu um forte revés.

Os bombeiros e os funcionários do Parque Ecológico, apesar do trabalho abnegado, não conseguiram travar o fogo que transformou em cinzas uma parte significativa da vegetação do Chão da Lagoa e da vertente da Ribeira de Santa Luzia até à área da Casa do Barreiro, que também foi afectada.

O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, propriedade da Associação dos Amigos do Parque Ecológico, também foi atingido. Até este momento ainda não consegui avaliar a dimensão da área queimada. Logo pela manhã tentaremos lá chegar para fazer uma avaliação do que foi destruído e reflectir sobre a forma mais eficaz de iniciar a recuperação.

Menos de seis meses depois da força arrasadora da água, as serras da Madeira são varridas pelo fogo. Mais uma vez os satélites meteorológicos registaram o fenómeno e já o difundiram na aldeia global. Esconder ou fazer demagogia não são bons remédios para minimizar as causas do terrível ciclo: aluvião no Inverno - fogo no Verão.

É necessário reflectir e debater sem tibiezas, as causas naturais e antrópicas destes acidentes, que provocaram enormes feridas nos ecossistemas e na sociedade madeirense.

Nesta hora de profunda dor, apelo a todos os companheiros da Associação para que não desanimem perante este duro golpe e que acreditem que com o seu trabalho voluntário o verde das espécies indígenas voltará a cobrir de esperança as serras do Areeiro.

Saudações ecológicas,

Raimundo Quintal


Caro Raimundo,

Caros Amigos do Parque Ecológico do Funchal,

Faltam-me as palavras porque já foi tudo dito: não é hora de desanimar, pelo contrário é o momento de (re)começar de novo.

Há projectos avulsos, o Vosso é um projecto para a vida inteira.

Espero, um dia, voltar à Madeira e uma vez mais dar o meu "fraco" contributo.

Teófilo