Angra do Heroísmo: dinheiro público para financiar os caprichos da indústria tauromáquica
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) condena o contínuo uso de dinheiro público por parte da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e de outras instituições públicas para financiar projectos de carácter muito questionável destinados unicamente a louvar e glorificar a indústria tauromáquica local.
O último projecto a servir de sorvedouro de dinheiro público será inaugurado no próximo dia 24 de junho: um “Monumento ao forcado”, da autoria do terceirense José João Dutra, com um custo total de 65 mil euros. Deste valor, a pedido do grupo de forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, a Câmara Municipal vai contribuir com metade, 32,5 mil euros, para além da cedência de mão de obra de trabalhadores camarários para a instalação do monumento. Segundo o autarca de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses, o desvio de dinheiro público para financiar esta nova frivolidade da indústria tauromáquica é um acto exemplar de parceria entre sociedade civil e poderes públicos que vai proporcionar "mais um marco de interesse na nossa cidade”.
Acontece que, apenas sete anos atrás, na cidade de Angra do Heroísmo inaugurou-se já um outro “Monumento ao toiro bravo”, da autoria do terceirense Renato Costa e Silva, considerado como o maior monumento do mundo dedicado ao touro, com onze metros de altura. Com um custo de 150 mil euros, o monumento foi financiado integramente pelo Governo Regional, ficando desde então a Câmara Municipal com todos os custos decorrentes da sua manutenção.
A este grande e frutífero negócio dos monumentos tauromáquicos que parece existir na cidade de Angra do Heroísmo é preciso acrescentar, por exemplo, que a Câmara Municipal entregou, há três anos, 200 mil euros à Sociedade Tauromáquica Progresso Terceirense com a doação do terreno onde está instalada a actual praça de touros. E também que, nos últimos anos, a autarquia tem financiado com 100 mil euros anuais a Feira Taurina de São João.
Sobre este assunto, uma recente petição na plataforma Change.org que pedia para acabar com o financiamento público das touradas em Angra do Heroísmo, reunindo um total de 2.589 assinaturas, denunciava que, em cinco anos, a autarquia tinha gasto nada menos que um milhão e trezentos mil euros na indústria tauromáquica.
Até quando o dinheiro público vai continuar a financiar a mãos cheias o negócio da tortura animal e, ainda, os grandes monumentos e demais caprichos da indústria tauromáquica terceirense?
Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
20/06/2018