quarta-feira, 28 de março de 2018

Alguns marcos históricos da educação ambiental e da defesa do ambiente (5)



Alguns marcos históricos da educação ambiental e da defesa do ambiente (5)

Dando continuidade aos textos anteriores sobre o tema, hoje, damos a conhecer alguns marcos importantes, tanto internacionais como nacionais, relacionados com a defesa do ambiente e a educação ambiental que ocorreram entre 1974 e 1982.

Em 1975, por iniciativa da ONU e da UNESCO realiza-se, em Belgrado, um seminário internacional sobre educação ambiental no qual foi aprovada a Carta de Belgrado, um documento muito importante que ainda hoje devia ser alvo de reflexão. No seu texto, entre outros, encontra-se o seguinte alerta.

"Governos e formuladores de políticas podem ordenar mudanças e novas abordagens para o desenvolvimento, podem começar a melhorar as condições de convívio do mundo, mas tudo isso não passa de soluções de curto prazo, a menos que a juventude mundial receba um novo tipo de educação. Esta implicará um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escolas e comunidades, e entre o sistema educacional e a sociedade em geral."

Em Portugal, em 1975, foi criada a Secretaria de Estado do Ambiente.

No dia 10 de julho de 1976, na cidade de Seveso, ocorreu uma explosão numa fábrica de produtos químicos, tendo havido a libertação dioxinas. Embora se pense que não terá havido mortes de humanos diretamente relacionadas com o ocorrido, 193 pessoas sofreram de váias doenças. Na altura morreram 3000 animais e outros 70 000 tiveram de ser abatidos para evitar a entrada da dioxina na cadeia alimentar.

Em Portugal a Constituição da República Portuguesa que entrou em vigor a 25 de abril de 1976 passou a reconhecer a todos os cidadãos o direito a um ambiente ecologicamente equilibrado e o dever de o defender (art. 66º).

Em 1977, realizou-se na cidade de Tbilisi (Georgia), antiga URSS a "Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental", na qual foram elaborados os princípios, as estratégias e as ações orientadoras em educação ambiental que ainda são adotados em todo o mundo.

Em 1979, foi assinada, em Berna, a Convenção sobre a Vida Selvagen e os Habitats Nauturais na Europa com os objetivos de conserver a flora e a fauna selvagens e os seus habitats naturais, em particular as espécies e habitats cuja conservação exija a cooperação de diversos estados, e promover essa cooperação.

A 28 de março de 1979, o núcleo do reactor de uma central nuclear em Three Miles Island, Estados Unidos, funde parcialmente devido a uma falha no sistema de refrigeração. É libertada radiação para o exterior e fortemente abalada a confiança dos cidadãos na energia nuclear. Dois milhões de pessoas foram atingidas pelas radiações e foram necessários 400 milhões de dólares para voltar a por em funcionamento o reator, o que ocorreu três anos depois.

No mesmo ano, 1979, realizou-se, em Genebra a I Cimeira Mundial do Clima, onde pela primeira vez foi reconhecido que as alterações climáticas são um problema grave para o planeta.

Em 1982, realiza-se a Conferência de Nairobi, para analisar o trabalho feito após dez anos da Conferência de Estocolmo. Preocupados com o estado do ambiente, os participantes acordaram na formação da Comissão Mundial do Ambiente e do Desenvolvimento (CMAD), chefiada por Gro Harland Brutland.

A 10 de dezembro de 1982, na Jamaica realizou-se a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar que estabeleceu os princípios gerais da exploração dos recursos naturais do mar e criou o Tribunal Internacional do Direito do Mar.

Em 1982, nos Açores, foi criado o Círculo de Amigos das Furnas, com o objetivo de defender os interesses, também ambientais, do Vale Formoso.

(continua)
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31489, 28 de março de 2018, p.14)