Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
Alguns marcos históricos da educação ambiental e da defesa do ambiente (3)
Alguns marcos históricos da educação ambiental e da defesa do ambiente (3)
Hoje, damos seguimento ao texto publicado no passado dia 31 de janeiro, com a apresentação de alguns marcos importantes relacionadas com a defesa do ambiente e a educação ambiental que ocorreram entre 1951 e 1971.
Em 1951, o brasileiro Josué de Castro (1908-1973) publica o livro “Geopolítica da Fome”. Neste livro o autor reafirma, tal como já havia escrito, para o Brasil, em “Geografia da Fome”, que a fome mundial não resulta da escassez de alimentos mas da sua má distribuição.
Também em 1951, depois dos crimes das bombas atómicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, os EUA iniciaram o seu programa de testes nuclares. Apesar dos esforços para acabar com as armas nuclares, entre 1945 e 1962, ocoreram 423 detonações nucleares, da responsabilidade dos EUA (271), da URSS (124), da Inglaterra (23) e da França (5).
Em 1952, o filósofo, teólogo e médico Albert Schweitzer (1875-1965), que popularizou a Ética Ambiental, recebe o Prémio Nobel da Paz. Numa conferência proferida, em Paris, naquele ano afirmou: “Uma ética que nos obrigue somente a preocupar-nos com os homens e a sociedade não pode ter esta significação. Somente aquela que é universal e nos obriga a cuidar de todos os seres nos põe de verdade em contato com o Universo e a vontade nele manifestada."
Em 1955, o físico Albert Einstein (1879-1955) e o matemático e filósofo Bertrand Russel (1872-1970) lançaram um manifesto, apelando ao fim das armas nucleares.
Em 1961, foi fundado o WWF- “World Wildlife Fund, hoje “World Wide Fund For Nature” (ou Fundo Mundial para a Natureza). Com sede na Suíça, o WWF desenvolve atividades em mais de 100 países com o objetivo de travar a degradação ambiental e construir um futuro em que o homem viva em harmonia com a natureza.
Em 1962, a bióloga marinha Rachael Carson publica o livro “A Primavera Silenciosa” (“Silent Spring”), onde alerta para o perigo que os pesticidas e os métodos agrícolas industriais apresentam para a saúde e para o ambiente. Embora o livro não tenha sido bem aceite por toda a sociedade, como por alguns altos funcionários e algumas indústrias químicas que participaram numa vil campanha de difamação da autora, segundo Edward O. Wilson, conhecido biólogo americano, “aplicou um choque galvânico na consciência pública e, como resultado, infundiu ao movimento ambientalista uma nova substância e significado”.
Em 1963 é fundada, na ilha Terceira, a Sociedade de Exploração Espeleológica “Os Montanheiros” que embora pelo tipo de atividades que sempre desenvolveu seja mais uma associação de carácter recreativo e desportivo, ao longo dos tempos tem implementado ações relacionadas com o estudo e a conservação das cavidades vulcânicas dos Açores, com maior incidência na ilha Terceira.
Em 1968 foi criado o Clube de Roma por iniciativa do industrial italiano Aurélio Peccei. O Clube, constituído por pessoas que ocupam posições de relevo em grandes empresas privadas ou organismos internacionais ao longo da sua existência elaborou vários relatórios sobre a situação do planeta Terra. No mesmo ano na 23ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas foi convocada de uma conferência mundial sobre problemas do Ambiente que se realizou em 1972.
Em 1969, surge, em São Francisco, nos Estados Unidos da América, a organização “Friends of the Earth”, ainda hoje uma das maiores associações ambientalistas a nível mundial. Nos primeiros anos após a sua constituição os Amigos dos Açores fizeram parte daquela rede mundial.
Em 1970 surge no Canadá, a mais conhecida organização ambientalista a nível internacional, o “Greenpeace” e nos EUA a 22 de abril é celebrado pela primeira vez o Dia da Terra. A nível nacional foi promulgada a lei básica que serviu para a para a criação de Parques Nacionais e outros tipos de reservas (Lei 9/70) e na ilha de Santa Maria foi publicado o primeiro boletim do Centro de Jovens Naturalistas de Santa Maria, organização criada pelo senhor Dalberto Pombo.
Em 1971 foi criado pela UNESCO o Programa sobre o Ser Humano e a Biosfera e a nível nacional foi criada a Comissão Nacional do Ambiente.
(continua)
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31459, 21 de fevereiro de 2018, p. 17)