Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
Percurso Pedestre da Ribeira do Faial da Terra
Percurso Pedestre da Ribeira do Faial da Terra
Este percurso, que tem início na freguesia de Água Retorta, localiza-se, na sua maior parte, na freguesia do Faial da Terra, na costa Sul da ilha de São Miguel, a cerca de 5 km, a Este, da vila da Povoação.
Trata-se de um trilho linear, com cerca de 7 km de extensão, estando classificado com o grau de dificuldade médio.
Antes de iniciar o trilho recomenda-se uma visita ao Parque Florestal de Água Retorta, uma Reserva Florestal de Recreio criada pelo Decreto Regulamentar Regional nº 19/2003/A. A sua inauguração ocorreu a 9 de Julho de 2000, em cerimónia presidida pelo Presidente do Governo Regional dos Açores. No parque é de destacar a presença de algumas plantas endémicas como o cedro-do-mato, a ginja, o louro e o folhado. Para além destas, é de realçar a presença do pinheiro manso, do cipreste, da araucária, do carvalho e do castanheiro-da-índia.
O percurso inicial faz-se por um caminho de terra até se encontrar um antigo moinho de água. Junto ao moinho, a vegetação é luxuriante, distinguindo-se a presença de eucaliptos, acácias, incensos e conteiras.
Neste local e em quase todo o percurso é possível observar algumas espécies da avifauna local, como melros-negros, alvéolas, tentilhões, pombos torcazes e santantoninhos. Embora com maior dificuldade, também, é possível observarmos o coelho, espécie introduzida pelos primeiros povoadores e o morcego dos Açores.
A seguir ao moinho o percurso faz-se no interior de uma mata de criptoméria e de alguns incensos. Ao longo do trilho existem várias pontes de madeira construídas sobre pequenos afluentes que alimentam a Ribeira do Faial da Terra.
Continuando a caminhar em direção ao Sul chega-se ao trilho do Sanguinho. Aqui, o viajante tem as seguintes opções: vira à esquerda e desde um carreiro que o leva à bonita cascata do Salto do Prego ou continua a descer o trilho e um pouco mais à frente vira à direita e dirige-se ao Sanguinho.
Recomendamos uma descida até ao Salto do Prego, onde os mais corajosos poderão banhar-se nas águas frias mas límpidas da Ribeira do Faial da Terra. Aqui a vegetação não difere muito da que se encontra ao longo do trilho, mas é possível encontrar, junto à cascata, diversas espécies de fetos.
De entre as espécies de aves que se podem observar, destacamos a alvéola, uma ave que nunca foi perseguida pois dizia-se que era sagrada. Sobre esta espécie o padre vila-franquense Manuel Ernesto Ferreira escreveu o seguinte:
“Diz o povo micaelense: - Quando a Virgem Maria, fugindo à perseguição de Herodes, ia a caminho do Egipto, amaldiçoou o tremoço e a codorniz e abençoou a arvelinha. Ao tremoço, que com o ruído das suas vagens sêcas, denunciava a passagem da fugitiva Senhora, deu-lhe esta como castigo não poder o seu grão encher barriga nem matar fome. À codorniz que, adeantando-se, parecia com a sua voz dizer cá vai aos agentes do rei cruel, condenou-a a voar sempre rasteira. Mas à arvelinha, que com sua cauda ia diligentemente apagando todas as pegadas, bendisse-a a Virgem em recompensa de tam santo cuidado.”
Depois da visita ao salto do Prego, recomenda-se a passagem no Sanguinho, assim chamado, segundo cremos, devido à presença da planta endémica dos Açores denominada sanguinho que foi reintroduzida recentemente. Aqui, para além do casario, que continua em recuperação, avistam-se quintais com várias espécies de árvores de fruta, como araçazeiros, pessegueiros, macieiras, laranjeiras e bananeiras.
Continuando o percurso, depois de uma descida bastante íngreme, chega-se ao Burguete, onde se encontra um “Teatro” do Espírito Santo, cuja construção data de 1908.
Recomenda-se um passeio pela freguesia que é considerada o “Presépio da ilha”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31313, 25 de agosto de 2017, p.10)