Sabendo
que, ao longo da história, a Igreja Católica por inúmeras vezes sujou as suas
mãos.
Não
vamos, aqui, dar exemplos pois seriam necessárias resmas de papel para
descrever os escândalos em que aquela esteve envolvida e muitos hectares de
terra para sepultar, condignamente, todas as suas vítimas.
Contudo,
pensávamos que as novas gerações de sacerdotes fossem mais evoluídas e
possuíssem um coração mais sensível ao sofrimento de todos os seres vivos
sencientes que com os humanos partilham a vida na Terra.
Infelizmente,
parece que assim não é como se pode comprovar através de uma entrevista concedida
a um adepto da tortura de touros a uma revista da Igreja Católica, dirigida
pelo Padre Marco Gomes, que recebemos na nossa caixa de correio, enviada por
mão amiga.
Fazer
jornalismo é ser isento e apresentar os diversos pontos de vista perante
determinadas situações. No caso em apreço, o padre Gomes ouviu apenas uma
parte, a dos amigos das touradas e inimigos dos touros, que fartou-se de
achincalhar quem tinha opinião contrária, para além de ter proferido um
chorrilho de asneiras, que por decoro não vamos aqui repetir.
Como
só ouviu uma parte, depreende-se que ou é jornalista tauromáquico ou se não o
é, é como se o fosse pois mostrou que está ao serviço de uma indústria
anacrónica que sobrevive à custa de apoios públicos, da alienação de um povo
que foi deseducado desde a infância e da tortura de touros.
Esta
posição do padre Gomes parece-nos não ser uma mera opção pessoal. Com efeito,
tudo leva a crer que se trata de uma orientação superior pois muitas touradas
estão associadas a festividades religiosas e ao apelo, recentemente enviado por
vários cidadãos e não por máquinas que criam endereços eletrónicos e enviam
automaticamente aos destinatários, para que não se realizasse uma tourada à
corda nos Aflitos, o senhor bispo remeteu-se ao silêncio absoluto.
Embora
não nos queiramos imiscuir e assuntos internos da Igreja Católica, acreditamos
que não é promovendo touradas que a hierarquia vai conseguir fazer regressar as
ovelhas tresmalhadas.
Também
queríamos afirmar que não são as associações animalistas, embora não estejamos
ligados a nenhuma delas, nem as pessoas sensíveis ao sofrimento dos animais que
vão destruir ou emperrar a organização da Igreja Católica nos Açores. A crise
por que passa a igreja e as dificuldades da diocese têm como principais responsáveis
a sua hierarquia que não soube adaptar-se aos novos tempos e o senhor padre
Gomes, apesar da idade nada de novo trouxe.
A
pessoa amiga que nos enviou a revista também nos disse que o padre Marco Gomes
na sua juventude foi um observador e protetor de aves. Sobre esse assunto,
gostaríamos de lhe perguntar se a sua sensibilidade para as aves foi apenas um
devaneio de juventude ou acha que uma ave deve ser protegida e um touro merece
ser espetado com ferros?
Manuel Oliveira
(recebido por e-mail)