quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Padre Marco Gomes, a crise da Igreja Católica e a tortura animal



Sabendo que, ao longo da história, a Igreja Católica por inúmeras vezes sujou as suas mãos.

Não vamos, aqui, dar exemplos pois seriam necessárias resmas de papel para descrever os escândalos em que aquela esteve envolvida e muitos hectares de terra para sepultar, condignamente, todas as suas vítimas.
Contudo, pensávamos que as novas gerações de sacerdotes fossem mais evoluídas e possuíssem um coração mais sensível ao sofrimento de todos os seres vivos sencientes que com os humanos partilham a vida na Terra.

Infelizmente, parece que assim não é como se pode comprovar através de uma entrevista concedida a um adepto da tortura de touros a uma revista da Igreja Católica, dirigida pelo Padre Marco Gomes, que recebemos na nossa caixa de correio, enviada por mão amiga.

Fazer jornalismo é ser isento e apresentar os diversos pontos de vista perante determinadas situações. No caso em apreço, o padre Gomes ouviu apenas uma parte, a dos amigos das touradas e inimigos dos touros, que fartou-se de achincalhar quem tinha opinião contrária, para além de ter proferido um chorrilho de asneiras, que por decoro não vamos aqui repetir.

Como só ouviu uma parte, depreende-se que ou é jornalista tauromáquico ou se não o é, é como se o fosse pois mostrou que está ao serviço de uma indústria anacrónica que sobrevive à custa de apoios públicos, da alienação de um povo que foi deseducado desde a infância e da tortura de touros.

Esta posição do padre Gomes parece-nos não ser uma mera opção pessoal. Com efeito, tudo leva a crer que se trata de uma orientação superior pois muitas touradas estão associadas a festividades religiosas e ao apelo, recentemente enviado por vários cidadãos e não por máquinas que criam endereços eletrónicos e enviam automaticamente aos destinatários, para que não se realizasse uma tourada à corda nos Aflitos, o senhor bispo remeteu-se ao silêncio absoluto.

Embora não nos queiramos imiscuir e assuntos internos da Igreja Católica, acreditamos que não é promovendo touradas que a hierarquia vai conseguir fazer regressar as ovelhas tresmalhadas.

Também queríamos afirmar que não são as associações animalistas, embora não estejamos ligados a nenhuma delas, nem as pessoas sensíveis ao sofrimento dos animais que vão destruir ou emperrar a organização da Igreja Católica nos Açores. A crise por que passa a igreja e as dificuldades da diocese têm como principais responsáveis a sua hierarquia que não soube adaptar-se aos novos tempos e o senhor padre Gomes, apesar da idade nada de novo trouxe.

A pessoa amiga que nos enviou a revista também nos disse que o padre Marco Gomes na sua juventude foi um observador e protetor de aves. Sobre esse assunto, gostaríamos de lhe perguntar se a sua sensibilidade para as aves foi apenas um devaneio de juventude ou acha que uma ave deve ser protegida e um touro merece ser espetado com ferros?
Manuel Oliveira
(recebido por e-mail)