domingo, 18 de dezembro de 2011

Diário Insular volta a confirmar o que já havia sido denunciado em 1981



Armamento Nuclear na Terceira

Há dias alertava, num artigo saído neste jornal, para os perigos que adviriam para todos nós se quem nos governa autorizasse a instalação de armas nucleares no nosso território.

Neste pequeno artigo, irei divulgar algumas das conclusões (só as que nos dizem respeito) de um estudo sobre questões militares da autoria de Alberto santos, doutor em Sociologia, antigo professor no Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa, editado pela Fundação para os Estudos de Defesa Nacional de França, presidida pelo General Enri de Bordas.

A dado passo do seu trabalho, podemos ler:” Na Terceira, os americanos aumentaram consideravelmente o porto da Vila da Praia da Vitória a fim de que pudesse receber os submarinos nucleares Polaris- Poseidon” e mais adiante “... no porto da Vila da Praia da Vitória e ao largo do arquipélago estacionam os submarinos nucleares do tipo Trident e Poseidon”.

Que consequências poderão advir da presença de tais submarinos nas nossas costas?

Pesquisas realizadas pelo centro de estudos tecnológicos do Japão revelaram que a radioactividade subia de 30 a 40% em Okinava quando o navio nuclear norte-americano “Long-Beache” estacionava na base de “White Beache”.

E o que representa este aumento de radioactividade para o meio ambiente, isto é, para o solo, o ar e o mar?

Sabemos que as radiações atómicas atacam as células de todos os seres vivos, plantas, animais, ou o homem, provocando uma série de doenças que poderão ir no caso de um indivíduo, desde uma queimadura de pele até à morte em poucos dias por “doença de radiação”, passando por leucemia ou cancro de pulmão. Sabe-se, também, que, no homem e nos restantes animais, as células mais sensíveis às radiações são as células reprodutoras, que podem sofrer importantes mutações. Isto pode originar o aumento do número de abortos e de partos prematuros, nascimentos de seres defeituosos e até modificações permanentes nas espécies.

A simples presença destes submarinos constitui já de si um perigo para todos nós pois não existem meios quer humanos, quer técnicos que garantam o mínimo de segurança em caso de acidente dos vários engenhos nucleares quer sejam bélicos quer não. Este perigo é agravado se se confirmar a existência de depósitos de armamento nuclear como se pode deduzir do trabalho que venho citando, pois a dado passo, podemos ler: “ ...Outros silos de armas nucleares parecem estar instalados na Base bem como no interior da ilha Terceira”, logo em caso de um conflito nuclear só nos espera a destruição.

Existindo de facto armas nucleares em território português (no passado dia 2, o jornal “A União”, num artigo intitulado “Armas atómicas em Portugal por acordo secreto com os E.U.”, também levantava esta hipótese), tanto os nossos governantes, como os partidos da oposição têm conhecimentto de tal facto sendo, portanto, uma verdadeira hipocrisia quer as declarações que tanta tinta têm feito correr na nossa imprensa, quer os projectos de lei que têm sido apresentados na Assembleia da República.

( Publicado no jornal “Diário Insular”, 4 de Julho de 1981)