sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Sol Sorridente Voltou



Saudamos o regresso do Sol Sorridente.

Caso queira receber o número zero deste boletim anti-nuclear, envie-nos um mail.

Abaixo transcrevemos a sua Linha de Rumo.




Esta Nova Série retoma o título e o objetivo de um pequeno boletim fotocopiado e divulgado via correio (então em papel!) a alguns amigos e companheiros, em meados dos anos 1980, bem antes ainda do acidente de 1986 em Chernobil (Ucrânia).

O seu escopo era o de combater as pressões pró-nucleares através da difusão de informação e encorajar as pessoas e grupos que recusam a energia nuclear. O título marcava, em contraposição, o aspeto positivo das energias alternativas suaves, nomeadamente a solar, e adotava igualmente o símbolo do famoso sol sorridente, que agora se retoma. Ou seja, o «não ao nuclear» é a ponte para o «sim» às formas alternativas e descentralizadas de energia de baixo impacto no ambiente. Esta linha de rumo torna-se agora mais necessária que nunca, quando, a pretexto das alterações climáticas – problema real e urgente – se multiplicam as pressões do lóbi pró-nuclear em todo o mundo, incluindo em Portugal.

José Carlos Costa Marques
jcdcm@sapo.pt

domingo, 22 de novembro de 2009

Decrecer es anticapitalista

Conferencia de Carlos Taibo en Málaga




Taibo considera que el decrecimiento debe ser anticapitalista, “no podemos preocuparnos en exclusiva por los dramáticos problemas medioambientales y alejarnos de la contestación económica y social tradicional al capitalismo, que es el causante del problema. Hoy en el norte desarrollado, a principios del siglo XXI, no es imaginable un proyecto anticapitalista que no sea al mismo tiempo un proyecto decrecimentalista, autogestionado y antipatriarcal”.
Fonte: http://www.letra.org/spip/article.php?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

APA- Associação Açoreana de Protecção dos Animais: Estagnação ou Renascimento?



No passado dia 18 de Novembro realizou-se, em Ponta Delgada, uma Assembleia Geral da Associação Açoreana de Protecção dos Animais aberta a outras pessoas interessadas pela protecção dos animais.

Para mim foi uma agradável surpresa pelo facto de como associado não ter tido qualquer notícia da associação há já algum tempo. Positivo é também o facto de a associação, de acordo com os novos estatutos aprovados em assembleia, ter por objecto, não só a defesa e protecção dos animais abandonados e a preocupação com os maus tratos de que aqueles são alvo, mas também “contrariar legalmente todo o género de eventos culturais e desportivos que tenham como objectivo a exploração, o sofrimento e a violação da integridade física dos animais”, embora discorde da redacção já que cultura e desporto são uma coisa e tortura ou mau trato outra bem diferente.

Muitas dúvidas e algum desencanto surgiram no decorrer da reunião, nomeadamente devido à presença de um membro proposto para os órgãos sociais que como deputado foi subscritor de uma proposta que pretendia legalizar, nos Açores, a sorte de varas e à pouca intervenção dos associados presentes. Relativamente à primeira questão houve um esclarecimento e uma inequívoca afirmação por parte da pessoa em causa de que tal não voltará a acontecer e, no que toca ao segundo caso, acho compreensível já que a assembleia referida era a segunda que a associação realizava desde a sua criação em 2002.

Depois da reunião, em conversa com alguns dos presentes não membros, notei algum desapontamento e algum descrédito na capacidade futura da APA para alterar o actual estado associativo e contribuir de modo significativo para alterar as mentalidades que ainda persistem em considerar os animais como coisas e não como seres vivos.

Embora também mantenha algumas reservas, dado do elevado número de presentes não membros da APA e dado o número crescente de pessoas despertas para as questões dos direitos dos animais, a APA tem todas as condições, caso esteja disposta a abrir-se à sociedade, a pautar a sua acção pela independência face aos vários interesses instalados (políticos, económicos ou outros), a procurar parcerias junto de associações que prossigam os mesmos objectivos ou outros afins, a usar a comunicação social como veículo de divulgação das suas actividades e como meio de denunciar todos os atropelos que estão a ser cometidos, doa a quem doer, etc., para renascer e tornar-se numa associação de referência no, infelizmente pobre, panorama do associativismo açoriano.

Teófilo Braga

(texto publicado no Jornal “Correio dos Açores, nº26358, p. 11, de 20 de Novembro de 2009)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nuclear e alterações climáticas:Desmontemos as ideias feitas!


Clima: o que dizem os cientistas?

Segundo a comunidade científica internacional, a subida da temperatura média do globo deve ser mantida abaixo de +2ºC para que se evitem os efeitos mais catastróficos das alterações climáticas. Para isso, é necessário reduzir as emissões mundiais de gases com efeito de estufa em pelo menos 80 por cento até 2050, tomando como referência o ano de 1990. Quanto aos países industrializados, principais emissores de gases com efeito de estufa, deverão chegar a reduzir as suas emissões em 40 por cento logo em 2020!

Uma tecnologia «fora de propósito» e ineficaz
Das emissões mundiais de gases com efeito de estufa, 75 por cento são provenientes de sectores sem qualquer ligação com a produção de electricidade, ou para os quais recorrer à electricidade representa um rendimento particularmente mau: agricultura, exploração florestal, processos industriais, transportes, aquecimento, etc. O nuclear está portanto fora de propósito nessas áreas!

A sua capacidade para reduzir os 25 por cento de emissões restantes é extremamente medíocre. Longe de ser antinuclear, pelo contrário, a Agência Internacional da Energia incentiva, contra tudo o que aconselha a razão, o crescimento contínuo do consumo de energia. No entanto, é ela quem calcula que o nuclear necessitaria de um custo de pelo menos um bilião de euros (10E12) para reduzir em apenas 6 por cento as emissões de CO2 ... contra 54 por cento para as economias de energia renováveis, a um custo muito inferior!

Como são necessários pelo menos 10 anos para construir um único reactor, essa redução irrisória e hipotética só começaria a partir de 2020, ou seja demasiado tarde.

Sim, o nuclear emite gases com efeito de estufa!
A fileira nuclear emite quantidades não desprezíveis de gases com efeito de estufa, ligadas ao ciclo de vida dos reactores (construção, desmantelamento...) e do seu combustível (extracção, transporte, reprocessamento...). Mas, sobretudo, o nuclear não permite recuperar o calor libertado quando da produção de electricidade, ao contrário de outras tecnologias, impondo pois que se produza energia suplementar para as nossas necessidades em calor. Produzir electricidade e calor em cogeração permite emitir 7 vezes menos gases com efeito de estufa do que um sistema energético nuclearizado!

O nuclear: caro... e contraproducente!
Por cada euro investido, o recurso à melhoria da eficiência energética e a determinadas energias renováveis apresenta até 11 vezes melhor desempenho que o nuclear para reduzir os gases com efeito de estufa! [1] Ora, a tecnologia nuclear é um verdadeiro sorvedouro financeiro. Por essa razão, ela entrava o desenvolvimento rápido e maciço das verdadeiras soluções contra as alterações climáticas.

De facto, o nuclear exige investimentos consideráveis em matéria de infra-estruturas e monopoliza enormes subvenções públicas, dois terços das quais provenientes dos orçamentos europeus de pesquisa sobre energia. Os custos futuros do desmantelamento das instalações nucleares e da gestão dos resíduos radioactivos ascenderão a milhares de milhões de euros.

Centrais nucleares vulneráveis às alterações climáticas
Quanto mais calor fizer, menos operacionais ficam os reactores nucleares: a quarta parte do parque nuclear francês teve que parar em 2003 devido à canícula estival! Os acontecimentos climáticos extremos (tempestades, inundações...), cuja frequência está a aumentar, aumentam também o risco de acidentes. Por isso, em 1999, a central de Blayais (Gironda, França) esteve perto da catástrofe devido a uma inundação, e a grande cidade de Bordéus esteve prestes a ser evacuada.

Uma indústria poluente e perigosa
Em funcionamento normal, a fileira nuclear polui as águas e os solos, nomeadamente quando da extracção do minério de urânio, e lança permanentemente radioactividade para o ambiente. Um estudo científico alemão evidenciou um acréscimo de 117 por cento de leucemias infantis até uma distância de 5 km de determinadas centrais. Um acidente importante, sempre possível, contaminaria vastos territórios por milhares de anos – e não existe nenhuma solução para gerir os resíduos nucleares. Por fim, a multiplicação dos reactores nucleares favorece a proliferação das armas atómicas.

Criar mais emprego com outras energias
Em menos de 10 anos, a Alemanha criou cerca de 300 mil empregos no sector das energias renováveis. Em França, as renováveis criaram 51 mil empregos apenas no ano de 2007, apesar do sector dispor de fraco apoio político e financeiro. Para investimento igual, as economias de energia e as energias renováveis criam 15 vezes mais empregos que o nuclear!

As verdadeiras soluções existem, recorramos a elas!
Em matéria de política energética, numerosas medidas pertinentes devem ser concretizadas (eficiência energética, economias de energia, desenvolvimento das energias renováveis...), mas também noutros sectores: luta contra a desflorestação, transição para uma agricultura sustentável, relocalização das actividades económicas... Sem esquecer a redução das emissões de metano, gás que aquece 49 vezes mais que o CO2. A sua recuperação nas lixeiras e aterros, em França, permitiria evitar muito maior quantidade de gases com efeito de estufa do que a construção de 3 reactores EPR (o actual tipo de reactor chamado de terceira geração)!

Numerosos estudos [2] demonstraram que as alternativas energéticas já disponíveis permitiriam simultaneamente lutar eficazmente contra as alterações climáticas e dispensar totalmente a electricidade de origem nuclear... que, hoje, representa apenas 2,4 por cento da energia consumida no mundo!

Notas
[1] O que foi demonstrado em 2008 pelo conhecido Rocky Mountain Institute (EUA).

[2] Virage-Energie (2008), Greenpeace/EREC (2008), Rede «Sortir du Nucléaire» (2007), Institute for Energy and Environmental Research (2007), Les 7 Vents du Cotentin (2006), Négawatt (2006)...

Fonte: http://www.dont-nuke-the-climate.org/spip.php?article423&lang=pt

sábado, 7 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vacada na Lagoa


São Martinho está associado a castanhas e (bom) vinho. Mas, a partir de agora por mão que não quer dar a cara, passa a estar associado a "vacada".

É caso para dizer, a deseducação, o desrespeito pelos animais continuam à solta na Lagoa. Esperamos que por trás da iniciativa nãoesteja a sombra do seu presidente da Câmara que, pensando na igualdade de género a seguir à tourada promove uma vacada.

José Soares

Fonte: Açores Melhores sem Maus Tratos Animais

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Justiça climática: um imperativo civilizacional


texto de Ricardo Coelho retirado do Ecoblogue

A luta pela justiça ambiental baseia-se na noção de que os problemas sociais e os problemas ambientais estão interligados, reforçando-se mutuamente. Esta luta une indígenas de todo o mundo, comunidades de negros e hispânicos nos EUA, movimentos de agricultores, de sem-terra, de desempregados e precários, em suma, todos os explorados do mundo, no ataque às fundações da degradação ambiental. Superando o discurso politicamente correcto e vazio de conteúdo presente em muitas campanhas promovidas por ONG's fortemente ligadas à indústria, o movimento pela justiça ambiental encontra no capitalismo global a raiz das desigualdades sociais e da destruição do planeta.

A variante mais famosa deste movimento actualmente é a justiça climática. Movimentos agrupados em torno da rede Acção pela Justiça Climática (1) estão a mobilizar-se para denunciar a forma como o Protocolo de Quioto nada fez para resolver o problema do aquecimento global, dado que se baseia em mecanismos de mercado. O mercado de carbono permitiu que os maiores poluidores lucrassem com a especulação bolsista, agravou a exploração neo-colonial dos países mais pobres, legitimou a expansão do uso de combustíveis fósseis e está a abrir a porta para a privatização dos recursos naturais em todo o mundo (2). Qualquer acordo pós-Quioto baseado num mercado de emissões irá conduzir-nos para um mundo devastado pelas alterações climáticas e agravar as desigualdades sociais.

O movimento pela justiça climática nasce, antes do mais, da necessidade de contrariar a ideia de que as alterações climáticas afectam toda a humanidade da mesma forma. Na realidade, os mais pobres serão mais prejudicados pelos problemas ambientais, exactamente por serem pobres. À medida que a água escasseia, os mais ricos do planeta terão sempre acesso a água potável mas os mais pobres terão de percorrer distâncias cada vez maiores para recolher água num poço poluído. À medida que a erosão dos solos avança, os mais ricos encontrarão novas terras para cultivar, enquanto os mais pobres morrem à fome. À medida que o mar ganha terreno sobre a costa, os mais ricos erguem paredões e ganham tempo, enquanto os mais pobres são forçados a mudar de casa.

Tudo isto parece ser consensual. Afinal, o Protocolo de Quioto reconhece o princípio de responsabilidades comuns mas diferenciadas, impondo metas de redução de emissões apenas aos países industrializados. Os líderes globais, como Barack Obama, Gordon Brown, Angela Merkel e Nicholas Sarkozy, reconhecem a necessidade de alcançar um acordo na cimeira de Copenhaga, em Dezembro, que reduza as emissões de gases com efeito de estufa sem prejudicar os mais pobres do planeta. Mas do discurso à prática vai uma grande distância.

Resolver o problema das alterações climáticas implica descarbonizar a sociedade, afrontando os interesses das empresas de combustíveis fósseis. Implica, nomeadamente, investir em transportes públicos, reduzir a utilização do transporte aéreo e marítimo, fechar centrais eléctricas alimentadas com carvão ou gás natural e acabar com a utilização de fertilizantes químicos na agricultura. Implica afrontar o consumismo e o desperdício que reinam nas sociedades ocidentais. Mas nada disto está em cima da mesa nas negociações internacionais.

O que está em cima da mesa então? Está a privatização das florestas mundiais, através da sua inclusão no mercado de carbono (3). Está a promoção de desastres ambientais, como os agro-combustíveis, a energia nuclear ou a captura e armazenamento de carbono. Está a exigência de que países em industrialização, como a China e a Índia, empreendam políticas ambientais que os países industrializados nunca aplicaram.

Neste contexto, a luta pela justiça climática assume uma cada vez maior importância. Apenas com movimentos fortes podemos colocar em cima da mesa de negociações o que realmente interessa discutir: deixar os combustíveis fósseis no subsolo, anular a dívida externa dos países mais pobres, reconhecer o papel das comunidades na gestão sustentável da natureza, respeitar os direitos dos indígenas e dos povos das florestas e colocar os sectores energético e de transporte ao serviço das populações. Daí que o Klima Forum (4), onde se juntarão milhares de activistas de todo o mundo para coordenar acções pela justiça climática, seja tão importante.

Muitas ONG's ainda não incorporaram os princípios da justiça climática no seu discurso e nas suas acções, ou fizeram-no de forma pouco satisfatória. A campanha “Tck Tck Tck”(4), por exemplo, promovida por ONG's como a Greenpeace ou a WWF, lançou uma música pela justiça climática (5), onde participam artistas conhecidos. Mas o site da campanha não só não menciona nenhuma das questões levantadas pelos movimentos pela justiça climática como entra em clara contradição com a causa quando diz que todos serão afectados pelas alterações climáticas (6). Embora reconheçam o falhanço de Quioto, estas ONG's não se demarcam da origem desse falhanço – o facto de se basear em mecanismos de mercado. Caem assim num discurso vazio de conteúdo, que em nada se distingue da hipócrita campanha promovida pelo governo britânico (7), que se pretende posicionar como líder em questões ambientais enquanto promove a expansão do uso de carvão, das auto-estradas e dos aeroportos.

Ao separar o dilema ambiental dos problemas sociais, muitos ambientalistas acabam por alinhar em campanhas que falham o alvo e podem acabar por legitimar falsas soluções para as alterações climáticas. A focalização no discurso científico promovida pelo movimento 350 (8) é um bom exemplo de como uma campanha realizada com a melhor das intenções corre o risco de servir os interesses dos grandes poluidores, na medida em que desvia as atenções do que é realmente relevante. Ao não discutir as origens sociais das alterações climáticas ou as consequências das políticas propostas para as combater, este movimento corre o risco de se tornar tão ineficaz quanto o “Pobreza zero”.

Foi por isso que movimentos de justiça climática responderam ao apelo do movimento 350 criando uma campanha contra o mercado de carbono que contou com a participação de várias ONG's de todo o mundo (9). Esta é uma entre muitas tentativas de politizar a discussão em torno das alterações climáticas, enquadrando a degradação ambiental na globalização capitalista. Toda a nossa solidariedade política deve ir para este tipo de esforços.

1 – http://www.climate-justice-action.org/
2 – Mais sobre o mercado de carbono no site da Carbon Trade Watch (http://www.carbontradewatch.org)
3 – A proposta REDD. Ver
www.ecoblogue.net/index.php?option=com_content&task=view&id=1655&Itemid=41

4 – http://tcktcktck.org /

5 – http://www.youtube.com/watch?v=aBTZOg6l6cA

6 – Ver “What is climate justice?” em http://www.timeforclimatejustice.org/home/whatisclimatejustice

7 – Petição em http://www.actoncopenhagen.decc.gov.uk/en/

8 – Este movimento foi criado em torno do estudo de cientistas da NASA que conclui que a concentração máxima de CO2 suportável pela atmosfera é de 350 partes por milhão (actualmente já ultrapassamos as 385 partes por milhão). Mais detalhes em http://www.350.org

9 – Em http://www.350reasons.org/

domingo, 1 de novembro de 2009

Terra Livre nº 14

TERRA LIVRE nº14.