Que modelo Organizacional?
Não entendo que a participação das associações deva ser feita segundo a visão e para servir os interesses de quem a permite ou a solicita. Quando tal acontece estamos perante uma simples tentativa de “oxigenação dos sistemas democráticos institucionais”. Pelo contrário, partilho a opinião de Ángel Collado que, num estudo publicado em 2007, defende que a participação deve ser uma fonte de auto-desenvolvimento humano, isto é de educação em valores cívicos, restabelecimento de coordenadas sociais mais próximas e comunitárias, como alternativa política a uma mundialização capitalista.
Qualquer associação que se preze deverá ter sempre presente que embora o capitalismo esteja, pela sua irracionalidade, condenado não é fatal que seja vencido, como advogam algumas correntes políticas. Pelo contrário, o seu triunfo significará a delapidação de todos os recursos do Planeta e a subjugação da humanidade aos interesses de muito poucos.
É por esta razão que o movimento ecológico ou é anti-capitalista, construindo com a sua reflexão e acção uma autêntica sustentabilidade, ou não passará de um “compagnon de route” dos governos neo-liberais, contribuindo com a sua intervenção para a “sustentação” capitalista.
Para poderem contribuir para a implementação de uma verdadeira democracia a nível global é imprescindível que a democracia seja praticada na sua vida interna. Assim, para uma pequena organização entendo que o melhor modelo organizacional seja o deliberativo participativo, isto é, todos os membros participam nas decisões e o consenso é procurado.
Era este o modelo (deliberativo participativo) implícito nos Estatutos dos Amigos dos Açores, mas que foi posto em causa com o crescimento do número de associados, com a muito fraca participação dos mesmos nas assembleias-gerais, já que a maioria entendia (entende) a associação como mera prestadora de serviços.