Em texto anterior escrevi que só concebo uma associação de defesa do ambiente que tenha por base a participação voluntária dos seus associados. Sou visceralmente contra qualquer profissionalização das associações, o que não quer dizer que estas não possam ter um ou dois profissionais ao seu serviço, desde que aquelas tenham receitas próprias suficientes para o seu pagamento. Contudo uma condição, também, defendo: os profissionais não podem ter qualquer poder de decisão, isto é, não poderão fazer parte dos órgãos sociais e apenas pontualmente poderão representar a associação.
Mas, para poder funcionar na base do voluntariado é condição necessária que os associados que se voluntariem para desempenhar qualquer cargo ou implementar determinada acção o façam. Caso contrário, todo trabalho recairá sobre as costas de um grupo reduzido, levando ao cansaço que poderá, no limite, levar ao abandono. Além disso, o simples adiar de compromissos poderá comprometer a actividade toda a associação.
Em minha opinião, e para o normal funcionamento das associações importa que haja auto-disciplina e que ninguém se comprometa a fazer o que não pode. Caso contrário, para além do sacrifício que cada um faz para poder cumprir com a sua parte, gera-se um mal-estar que leva ao desânimo de quem cumpre.
Não entendo as associações como espaço para demonstrações de poder pessoal, qualquer que seja a sua fonte, nem teatro para a imposição de preconceitos ou ideologias de cada um, antes pelo contrário devem ser espaços de participação colectiva, de partilha de conhecimentos, de entreajuda e de colaboração com vista à “construção de um mundo mais justo, limpo e pacífico” (extracto dos primeiros estatutos dos AA, que com o meu voto foi retirado e que estou profundamente arrependido).
As associações não podem, em caso algum, transformar-se em organizações trampolim, isto é servirem para alguns indivíduos ganharem visibilidade social para guindarem-se para cargos ao serviço do estado, esquecendo-se, muito rapidamente, dos “ideais” que defendiam.