Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Bombas
BOMBAS
A confirmar-se o recente teste de uma bomba de hidrogénio por parte da Coreia do Norte, desde 16 de julho de 1945, ano em que foi realizado o primeiro teste nuclear, no Novo México, nos Estados Unidos, realizaram-se até hoje em todo o mundo 2056 testes nucleares.
A nível mundial, os Estados Unidos da América foi o país que realizou mais testes nucleares, 1032, em segundo lugar no “ranking” está a União Soviética/Rússia, com 715, e em terceiro lugar a França, com 210. Depois das grandes potências nucleares, também fizeram testes nucleares, a Inglaterra, a China, a Coreia do Norte, a Índia e o Paquistão.
Desde Setembro de 1996, encontra-se aberto para assinaturas o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares que estabelece que os signatários não devem realizar qualquer teste nuclear. O tratado que até agora foi assinado por 183 países, não conta com a aprovação dos seguintes países que possuem armas nucleares: China, Egito, Coreia do Norte, Índia, Irão, Israel, Paquistão e Estados Unidos.
Não sendo a primeira vez que a Coreia do Norte não respeita o Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares não é, também, a primeira vez que vários países que o não assinaram, hipocritamente, vêm condenar aquele país.
Não sendo novidade, tanto os testes como as condenações, o que poderá ser novo é o facto de a Coreia do Norte ter testado não uma bomba nuclear “tradicional” mas uma bomba de hidrogénio.
Qual a diferença entre os dois tipos de bombas?
A primeira diferença é que para a mesma massa, uma bomba de fusão, bomba de hidrogénio ou bomba H possui uma potência três vezes maior do que uma de cisão, bomba atómica ou bomba A.
No que diz respeito ao “modo de funcionamento”, a bomba atómica baseia-se na cisão de um elemento químico que poderá ser o isótopo* 235 do urânio ou o plutínio-239.
Numa bomba atómica são colocadas num invólucro, duas quantidades do elemento químico separadas, subcríticas, que ao juntarem-se passam a supercríticas. Para que se dê a junção e a consequente explosão, uma dos processos utilizado consiste no uso de um explosivo convencional que provoca a junção das suas massas antes separadas. As bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaqui eram deste tipo.
As bombas de hidrogénio ao contrário das atómicas, baseadas na desintegração dos átomos, têm como fundamento a fusão de certos átomos leves, como o hidrogénio, com a emissão de muita energia.
Nas bombas de hidrogénio os isótopos de hidrogénio mais usados são o deutério (átomo com um neutrão) e o trítio (átomo com dois neutrões). Para que seja possível a fusão dos átomos é necessário o fornecimento de uma quantidade muito elevada de energia, o que é feito através de uma detonação de uma bomba de cisão colocada no centro da bomba H.
O primeiro teste de uma bomba H ocorreu a 31 de outubro de 1952, nos Estados Unidos da América.
Para que a população mundial viva em paz, não basta condenar o que fazem os outros. “Para que possa o ser humano receber com propriedade o título de “homo sapiens”, terá de abolir ou restringir esta grave ameaça” (Albert Einstein).
*isótopos- átomos de um mesmo elemento químico que possuem o mesmo número de protões e diferente número de neutrões.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30837, 20 de janeiro de 2016, p.14)