Pela criação de um Colectivo Açoriano de Ecologistas que tenha por objectivo a reflexão-acção sobre os problemas ambientais, tendo presente que estes são problemas sociais e que a sua resolução não é uma simples questão de mudanças de comportamentos, mas sim uma questão de modelo de sociedade.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Eda renováveis?
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
António Aleixo
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
António Aleixo
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
sábado, 14 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
A Felicidade de todos os seres na sociedade futura
A Felicidade de
todos os seres na sociedade futura
"Gonçalves
Correia dá-me vontade de rir pela sua ingenuidade e tolstoianismo - mas acaba
por se me impor. Este homem, que pretende realizar um sonho, dá a esse sonho
tudo o que ganha, e, apesar da guedelha, das considerações ingénuas, faz-me
pensar" (Raul Brandão)
Nas
minhas pesquisas em jornais antigos cheguei a uma reportagem publicada no
jornal “A Vila”, publicada no dia 7 de Julho de 1994, onde se dá conta da
presença em Vila Franca do Campo de um bisneto do escritor e pensador russo
Leão Tolstói que havia adquirido naquela vila uma propriedade onde passou a
residir durante alguns meses do ano.
Quase
em simultâneo, também dei conta que o projeto de sociedade e as ideias
defendidas pelo famoso escritor russo eram muito apreciados em todo o mundo nos
primeiros anos do século passado sobretudo por quem se reclamava do pensamento
libertário.
Em
São Miguel, a sua obra e pensamento foi difundida pelo jornal “Vida Nova”.
Naquele jornal, entre outros, João Anglin, que mais tarde foi reitor do Liceu
Nacional de Ponta Delgada. a ele dedicou pelo menos um texto.
No
continente português, Leão Tolstói foi referência para António Gonçalves
Correia, anarquista tolstoiniano que esteve em São Miguel, em 1910, e que
colaborou em quatro números do quinzenário micaelense “Vida Nova”.
Gonçalves
Correia (1886-1967) foi um anarquista português que nasceu em Castro Verde e
faleceu em Lisboa. Vegetariano, foi ensaísta e poeta, tendo criado a primeira
comunidade anarquista em Portugal, a Comuna da Luz, no Vale de Santiago, em
Odemira.
De
acordo com José Maria Carvalho Ferreira, defendia um tipo de anarquismo que era
“marginal” em relação às teorias e práticas (anarco-sindicalismo e anarco-comunismo)
que eram dominantes na época em que viveu.
As ideias de Gonçalves Correia ainda hoje mantêm
atualidade já que o mesmo não se limitava a defender uma melhor vida para os
humanos mas também para todos os animais. Mas, se assim pensava melhor o fazia.
Sobre o assunto Carvalho Ferreira escreveu: “Comprar passarinhos que estavam
prisioneiros nas gaiolas aos comerciantes que os vendiam nas feiras do Alentejo
para depois os libertar, ou desviar-se com a sua bicicleta dos caminhos
percorridos pelas formigas para não as matar, são exemplos paradigmáticos de como
nós devemos agir para se construir um equilíbrio ecossistémico entre todas as espécies
animais”.
Gonçalves Correia, que é para alguns considerado
um precursor da permacultura, numa palestra intitulada “A
Felicidade de todos os seres na sociedade futura”, proferida em Évora, em 1922, e que mais tarde
foi publicada em livro, dizia que o sofrimento, “obra maléfica do homem”, afeta
não só os seres humanos mas também os “irracionais” que “vieram ao mundo para
serem a ajuda fraternista de todos nós e nunca escravos tristes e submissos que
chocam a nossa sensibilidade”.
Para
ultrapassar a condição degradante em que viviam todos os seres vivos, que
segundo ele tinha como causa principal a “fórmula errada da propriedade privada
“, Gonçalves Correia defendia que se devia empregar “todo o esforço sincero e
ardente no sentido de criar a alegria nos seres humanos, pois que a alegria,
assim, se irá refletir até mesmo nos seres inferiores”.
E como
alcançar a felicidade?
Gonçalves
Correia acreditava que a felicidade, a alegria de viver, podia ser alcançada
“pela clarificação da inteligência, pela bondade, pela pureza de intenções,
pela sinceridade, pelo trabalho”. Mas não qualquer trabalho, apenas o trabalho
“consciente, metódico, que não seja a tirania do salariato, que não seja a
escravidão, o trabalho feito com alegria, com boa vontade, com consciência, o
trabalho que dimana da nossa vontade soberana!”
E o
que queriam os militantes que pensavam como Gonçalves Correia?
“ A
abundância de pão para todas as bocas, a fartura de luz, essa luz bendita do
amor, para todas as almas”.
Na
sociedade futura que é perfeitamente alcançável, segundo Gonçalves Correia, não
só será possível a felicidade para todos os homens, mas também para os
“irracionais”. A este propósito dizia ele: “ O próprio irracional não terá,
como o boi simpático e paciente, olhos mortiços o corpo cansado e esquelético.
Compreenderá o homem, enfim que ser rei dos animais não significa ter o direito
à sua tortura. Os próprios irracionais terão lugar no grande banquete da vida,
inundando-se a terra de pura, de generosa alegria”
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, nº 2970, 11 de Dezembro de 2013, p.16)
297 Cientistas e especialistas concordam que continua por demonstrar a segurança dos transgénicos
ENSSER - Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental
297 Cientistas e especialistas concordam que continua por demonstrar a segurança dos transgénicos
* Postura de Anne Glover, conselheira científica principal da União Europeia, condenada como "irresponsável"
* Investigadores independentes têm de trabalhar a dobrar para responder aos alertas pendentes
O número de cientistas e especialistas que subscreveram uma Declaração Conjunta [1] afirmando que a segurança dos alimentos transgénicos (OGM) continua por demonstrar aumentou para 297 desde a sua publicação a 21 de outubro.
A Doutora Angelika Hilbeck, presidente da Rede Europeia de Cientistas pela Responsabilidade Social e Ambiental (ENSSER) que publicou a Declaração, disse: "Estamos surpreendidos e satisfeitos pelo forte apoio que a Declaração recebeu. Parece que veio ao de cima uma preocupação sentida na comunidade científica internacional é precisamente que o nome da ciência esteja a ser abusado para dar cobertura a uma falsa segurança da engenharia genética."
Este testemunho indiretamente questiona afirmações recentes de Anne Glover, conselheira científica principal da União Europeia, que defendiam a inocuidade dos OGM. [2]
A Doutora Rosa Binimelis, membro da direção da rede ENSSER, explicou: "Aparentemente a Dra. Anne Glover prefere dar ouvidos a um só lado da comunidade científica - o círculo de produtores de OGM e os cientistas seus aliados - e ignora os restantes. Isso resulta numa visão tendenciosa que depois passa para a Comissão Europeia. Para alguém com funções de Conselheiro Científico, isso é irresponsável e pouco ético."
Entre os novos subscritores encontra-se o Doutor Sheldon Krimsky, professor de política e planeamento urbano e ambiental na Universidade de Tufts e professor adjunto no Departamento de Saúde Pública e Medicina Familiar da Faculdade de Medicina da mesma universidade, que comenta:
"Enquanto cético dos OGM tenho uma posição mais nuanceada das suas consequências adversas do que os seus defensores acríticos. Os efeitos negativos não se resumem a cair para o lado morto depois de ter comido algum alimento geneticamente adulterado, como alguns querem fazer crer. As minhas preocupações abarcam as alterações subtis do perfil nutricional, do teor de micotoxinas e de alergénios, as práticas agrícolas insustentáveis, a dependência de agroquímicos sintéticos, a falta de transparência nas avaliações de segurança alimentar e ambiental e ainda a despromoção dos agricultores para algo que nos traz o servos da gleba à memória, essencialmente devido à privatização monopolista do direito de acesso à semente. "
"Para demonstrar a segurança dos transgénicos é preciso: começar por assumir que eles possam ser perigosos, desenvolver testes sensíveis e demonstrar que não foi possível detetar nenhum problema. Tal como noutras tecnologias, como a aeronáutica e o nuclear, a indústria envolvida não pode ser a fonte oficial sobre a segurança dos seus produtos. Vou manter-me cético enquanto não for levada a cabo uma avaliação de segurança rigorosa e credível."
Uma outra subscritora é a Doutora Margarida Silva, bióloga e professora na Universidade Católica Portuguesa, que lembra que, "Mesmo quando os investigadores estão todos de acordo sobre um determinado assunto isso não significa que estejam corretos: de acordo com Einstein, basta uma experiência para deitar abaixo uma teoria estabelecida."
"Um dos problemas da investigação sobre os riscos dos transgénicos é que tem sido feita pelas próprias empresas empenhadas na sua comercialização. Infelizmente já foi demonstrado que se dá uma erosão fatal da imparcialidade quando a ciência está à sombra do dinheiro da indústria. Se queremos mesmo saber o que os transgénicos significam para a saúde e o ambiente teremos de pedir aos poucos cientistas independentes que ainda existem nesta área para se desdobrarem e tentarem responder às questões e sinais de perigo que não param de se acumular."
Um terceiro subscritor, o Doutor Raul Montenegro, biólogo da Universidade de Córdoba, na Argentina, afirma:
"A avaliação corrente dos transgénicos (OGM) não leva em linha de conta quatro dimensões essenciais. A primeira é que os transgénicos e seu derivados contêm, não apenas resíduos dos pesticidas sintéticos usados comercialmente, mas também as proteínas inseticidas (como a Cry1Ab) produzidas pela planta. As sementes do milho transgénico MON 810, por exemplo, contêm 190 a 290 ng/g de Cry1Ab. A segunda dimensão que é descurada é que cada pesticida comercial contém uma sopa de substâncias diversas (para além do princípio ativo) que estão sujeitas a alterações químicas, seja dentro das embalagens, quando se fazem misturas com outros pesticidas e depois de libertadas no ambiente. A terceira é que na agricultura com transgénicos cada ciclo de produção já começa com uma maior concentração de fundo de pesticidas comerciais e proteínas inseticidas previamente acumuladas em solos e pessoas expostas. E, finalmente, a quarta e última dimensão é que os OGM acrescentam uma biodiversidade indesejada (os transgenes) em países que já têm cada vez menos diversidade natural devido à desflorestação, pesticidas e ao fluxo incontrolado dos genomas manipulados."
"Países como a Argentina e o Brasil são autênticos paraísos para a agricultura com transgénicos porque os seus governos não montaram, nem um sistema de deteção de doenças e mortes resultantes de todas as causas, nem um programa de monitorização da acumulação (em pessoas e no ambiente) dos resíduos de pesticidas e proteínas inseticidas transgénicas, nem um mecanismo de deteção precoce de variações nos índices de biodiversidade natural. Só com estes cuidados é que seria possível acompanhar os reais impactos dos transgénicos. Na prática estes governos optaram por negar que o rei vai nu, a contracorrente dos muitos relatos de comunidades afectadas e dos médicos que as têm tratado."
/FIM /
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Notas
European Network of Scientists for Social and Environmental Responsibility (ENSSER)
Marienstr. 19-20
10117 Berlin
Germany
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Lucas Wirl
Coordinator
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