sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

domingo, 26 de dezembro de 2010

Caça ou “Birdwatching”?


(Praia de Água d'Alto, 27 de Outubro de 2002)

Como já por várias vezes escrevi, não temos um Governo Regional nos Açores, mas sim vários. Uns mais ambientalistas, outros mais anti-ambientalistas, sendo que, de uma maneira geral os meios e os montantes usados na protecção do ambiente são menores do que os usados na destruição da natureza, que é, diria eu, lenta mas “sustentável.

Vem esta introdução a propósito de uma proposta que mantém como espécies cinegéticas várias espécies de patos, alguns deles com ocorrência muito rara nos Açores, o que a ser aprovada entrará em contradição com o investimento que a região tem feito no turismo de natureza. No caso presente, temos a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar a inviabilizar o trabalho da Secretaria Regional da Economia, através da Direcção Regional do Turismo.

A caça em todo o mundo está a sofrer uma enorme pressão por parte de uma nova geração mais sensibilizada para a defesa do património natural, sendo substituída por outras actividades como o pedestrianismo, com mais de 15 milhões de participantes, e o Birdwatching ou Observação de Aves, praticada por mais de 80 milhões de pessoas. Mesmo alguns caçadores desportivos têm diminuído a sua prática ou mesmo abandonado o seu “hobby”, trocando-o pela observação de aves, pela “caça” fotográfica ou pela realização de filmagens.

Por seu lado, a observação de aves, embora seja uma actividade com alguns impactos ambientais negativos, sempre muito menores do que, por exemplo a caça ou a pecuária intensiva, para além de trazer riqueza para as populações das várias localidades onde aquela é feita, pode contribuir para a conservação do ambiente, a longo prazo, pois os praticantes, normalmente pessoas com algum poder económico e elevado grau de instrução, para além de estarem dispostos a pagar para a conservação dos lugares que visitam, poderão ser preciosos auxiliares na fiscalização das zonas visitadas.
Embora não tenha sido nossa intenção esgotar os argumentos para justificar a necessidade da promoção de actividades mais saudáveis e mais respeitadoras do ambiente e dos animais, como são o pedestrianismo e a observação de aves, em detrimento de uma outra actividade, a caça, com maiores impactos ambientais e que provoca alguma insegurança (para não mencionar os acidentes e mortes) derivada do uso de armas, pensamos que os mesmos são mais do que suficientes para que o Governo Regional retire todas as espécies de patos na lista de aves cinegéticas.

Por último, pensamos que caberá a todos nós - não caçadores, ambientalistas consequentes, ecologistas de vários matizes, birdwatchers, defensores do património natural ou simples amantes da natureza – manifestar o nosso repúdio pela aprovação de uma legislação que vai contribuir para o empobrecimento da biodiversidade dos Açores e impedir o próprio desenvolvimento de toda uma região para benefício de uns poucos.

Pico da Pedra, 26 de Dezembro de 2010

Teófilo Braga

Nota- É possivel que tenha saído num jornal de São Miguel uma versão deste texto com algumas incorrecções.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Significado do Natal


Nildo Viana

Se olharmos no dicionário, veremos que o natal é uma festa cristã realizada no dia 25 de dezembro, cujo objetivo é comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Logo, o significado do natal é puramente religioso, cristão. No entanto, uma análise histórica e crítica nos revela que as coisas não são bem assim. O natal sofreu mudanças de significado no decorrer da história da humanidade e é isto que iremos colocar no presente texto.
O natal foi, em sua origem, uma festa pagã. Como sabemos, o paganismo é uma doutrina religiosa politeísta que era predominante antes da era cristã. As festas pagãs de Saturnália (17 a 24 de dezembro) e Brumália (25 de dezembro) faziam parte da cultura popular na Roma Antiga (e na região da Pérsia) e foram substituídas pelo natal cristão. Na Brumália, o nascimento de Júpiter (também chamado Mitra), o Deus-Sol, era comemorado no dia 25 de dezembro e se chamava Mitraica. Apesar disto, a festa em si não tinha caráter religioso e sim “mundano”.
A maioria dos símbolos do natal também possui origem pagã. A origem da árvore de natal possui duas hipóteses: para uns, ela foi introduzida como símbolo da festa por Martinho Lutero, um dos principais arquitetos da reforma protestante (Século 16); para outros, sua origem se encontra na mitologia babilônica, segunda a qual Ninrode (filho de Cam, neto de Noé), depois de morto, gostava de receber presentes debaixo de uma árvore, no dia do seu aniversário, dia 25 de dezembro. Se a hipótese verdadeira for a segunda, a árvore de natal também teria origem pagã.
As velas constituíam uma tradição pagã, pois eram acesas durante o crepúsculo para homenagear o Deus romano Júpiter. A guirlanda, coroa verde com fitas e bolas coloridas, fazia parte dos costumes populares para decorar edifícios.
O Papai Noel tem sua origem na lenda de Nicolau, Bispo de Mira, Século 5. A lenda diz que ele presenteava, em segredo, três crianças de uma família pobre, todos os anos, no dia 06 de dezembro. No entanto, a mitologia babilônica de Ninrode, citada anteriormente, já colocava a oferta de presentes, mas que era feita para a “divindade” e não para crianças pobres. Outras versões do Papai Noel existiram, tal como a expressa no conto popular russo Babushka. O conto relata a história de Babuskha, uma velhinha que foi convidada pelos três reis magos para ir à Belém ver o Menino Jesus que havia acabado de nascer e que recusou o convite devido ao frio intenso que fazia naquela noite. No dia seguinte, ela juntou presentes para o Menino Jesus, mas como não sabia o caminho e os três anciãos já haviam partido, partiu procurando-o sem nunca encontrá-lo, mas deixando para todos os meninos que encontrava um brinquedo como presente de natal. O Papai Noel tem diversos nomes (e formas) em países diferentes. Na Alemanha, é Kriss Kringle (“criança de cristo”); na França, é Pere Noel; Nos Estados Unidos e Canadá é Santa Claus (devido à origem lingüística holandesa, derivada de São Nicolau); na Inglaterra é Father Christmas; na Costa Rica, Colômbia, algumas partes do México, é El Niño Jesus; em Porto Rico ele é substituído pelos Três Reis Magos (Melchior, Baltazar e Gaspar); na Suécia é Jultomten; na Holanda, Kerstman; na Finlândia, Joulupukki; na Rússia, é Grandfather Frost ou Babushka; na Itália é Befana ou Babbo Natal; em Portugal é Papai Natal (Noel é o mesmo que natal); no Japão é Jizo e na Dinamarca é Juliman. O Papai Noel recebe nomes diferentes em países diferentes, mas em alguns recebe “formas” e origens diferentes, tal como em Porto Rico (três reis magos), na Rússia (Babushka) e na Itália (Befana, uma bruxa que desce pela chaminé e entrega presentes).
A questão do presente é mais complexa. Na verdade, o natal se apresenta, na atualidade, como uma troca de presentes entre adultos e no ato de presentear crianças. No mito babilônico há oferta de presente para a divindade; enquanto que na lenda de São Nicolau e Babushka, há oferta de presentes para crianças. Mas sua origem parece estar ligada à cultura popular pagã, pois a troca de presentes era um costume tanto na Mitraica quanto na Saturnália.
De tudo isto que vimos, podemos dizer que o natal tem sua origem numa festa pagã. Esta festa pagã se converteu em festa cristã a partir do século 4, quando Constantino, Imperador Romano convertido ao cristianismo, transformou o dia do Deus-Sol em dia do nascimento de Cristo (cuja data exata é desconhecida). Tal como coloca o historiador das religiões Mircea Eliade, “desde o princípio, o cristianismo sofreu influências múltiplas e contraditórias, sobretudo as do gnosticismo, do judaísmo e do ‘paganismo’”. Ele acrescenta que os padres da Igreja “cristianizaram os símbolos, ritos e os mitos asiáticos e mediterrânicos ligando-os a uma história santa” .
A Igreja Romana introduziu o natal como festa cristã, pois a hegemonia do cristianismo surgiu num terreno dominado por uma cultura popular, de forte influência pagã, que ela não podia simplesmente descartar, já que isto provocaria resistência à doutrina cristã. Desta forma, a Igreja Romana buscou assimilar a cultura popular e cristianizá-la, fornecendo, assim, um significado cristão a uma festa pagã, mas, ao mesmo tempo, mantinha grande parte de suas características e assim fazia uma concessão necessária para facilitar sua aceitação.
Desta forma, o significado original do natal era mundano, de caráter pagão, ou seja, orientado para os prazeres da alimentação farta, alegria, etc. A Igreja Romana forneceu uma ressignificação do natal, dando-lhe um significado religioso. Este significado predominou durante toda a Idade Média, período em que a religião cristã dominou absoluta no mundo feudal ocidental, embora tenham sobrevivido alguns resquícios da influência pagã na cultura popular.
No entanto, um novo significado passaria a ser atribuído ao natal na Idade Moderna, ou seja, na sociedade capitalista. O significado religioso permanece, mas é, em alguns aspectos, relegado a segundo plano, e, em outros, é assimilado pelo novo significado que adquire.
Qual é este novo significado do natal? É o significado mercantil. O natal se torna uma grande festa consumista, amplamente explorada pela publicidade. O significado mercantil assimila o significado religioso e transforma o sentido dos símbolos natalinos. O fundamental passa a ser o presente e a figura preponderante passa a ser o Papai Noel, um velhinho que distribui presentes para todas as crianças (e não apenas para as pobres, como originalmente) sem nenhuma justificação. Este personagem vem apenas para apresentar como natural e universal algo que é constituído histórica e socialmente e que serve a interesses “ocultos”.
A troca de presentes se torna generalizada e tem atrás de si um conjunto de interesses: oferece-se um presente em troca de outro presente ou então de um favor, ou, ainda, de algo que revela um interesse oculto. Uma pessoa pode dar um presente para outra visando receber outro presente em troca e tal troca pode representar uma posição social ou status (o valor financeiro do presente varia com a posição do indivíduo na hierarquia social). Um presente pode ser oferecido a um subalterno esperando que ele retribua não com outro presente, mas sim com gratidão, trabalho, dedicação (é o caso, por exemplo, das empresas que fornecem “cestas de natal” aos funcionários).
O presente pode ser oferecido pelo subalterno ao seu superior, esperando, em troca, um presente melhor (devido suas “posses”), benevolência ou qualquer outra vantagem (devido seu “poder”). O bajulador é o principal distribuidor de presentes.
Por fim, o presente pode ser expressão de afetividade: presenteia-se a quem se gosta e, se ele for um “igual” (adulto), espera-se que ele retribua sob a mesma forma, e, se for uma criança, espera-se a retribuição em forma de afetividade ou gratidão. O problema aparece, neste último caso, devido ao fato de que o processo de mercantilização das relações sociais cria em muitas pessoas a idéia de que o presente é equivalente ao amor e não apenas uma forma, entre inúmeras outras, sob a qual ele se manifesta. Realiza-se, assim, uma inversão entre o símbolo (presente) e o simbolizado (amor), no qual a primazia passa a pertencer ao primeiro em detrimento do segundo. Desta forma, não receber um presente aparece como o mesmo que não ser amado. Cria-se, assim, o fetichismo do presente.
As crianças são treinadas para viver nesse mundo mercantil desde cedo: em uma idade em que não possuem recursos financeiros para dar presente, um adulto lhe fornece dinheiro para comprá-lo e entregá-lo, principalmente no Dias das Mães e dos Pais, mas também no natal (há casos em que os pais dão dinheiro para os filhos comprar presentes para eles mesmos ou para o outro – o pai para a mãe ou vice-versa...). A publicidade, os costumes, cria na criança uma expectativa de ganhar presente. No natal, para o imaginário infantil, é um dia para se ganhar presente.
O processo de troca de presentes na sociedade capitalista existe durante o ano inteiro (aniversário, dia da criança, dias dos namorados, dia dos pais, dia das mães, etc.) mas se intensifica no natal. No dia do aniversário, apenas o aniversariante ganha presente; no dia das crianças, apenas as crianças e assim por diante. No natal, a troca de presentes (mercadorias) se torna generalizada.
Os meios de comunicação e a publicidade se encarregam de inculcar nas pessoas a necessidade de receber e dar presentes. O desejo de receber presente tem sua fonte na idéia transmitida pela publicidade e pelos meios de comunicação de que ele é um equivalente do amor ou então devido a interesses de aquisição de bens e vantagens. O desejo de dar presentes é produto tanto da publicidade quanto da pressão social (aquele que não dá presente não ama...) que, caso não seja efetivado, produz remorso (sentimento de culpa) no indivíduo.
Assim, o capitalismo manipula sentimentos e produz valores visando aumentar o mercado consumidor. Todos sabem que no fim de ano, devido ao natal e ao ano novo, há um aquecimento nas vendas e no processo de produção em alguns setores, nos quais alguns setores do comércio e indústria são extremamente beneficiados (indústria e lojas de brinquedos, por exemplo). Outros costumes e desejos são fabricados, como a “ceia de natal”, decoração, determinados alimentos, etc. Numa sociedade onde houve a “mercantilização de tudo” , isto tudo se torna mercadoria (presente, alimento, decoração, roupa, etc.) e se tornam necessidades fabricadas pelo capitalismo visando a reprodução ampliada do mercado consumidor. Isto recebe incentivo através do 13o salário e dos empregos temporários da época. Resta, para aqueles que não possuem dinheiro para realizar o ato fundamental do natal atual – comprar –, a insatisfação manifestada sob as mais variadas formas (tristeza, conflitos familiares, etc.).
O natal também possui um significado de produzir uma pseudestesia coletiva de alegria. O clima de festividade, mesclado com o consumismo e mensagens religiosas de harmonia e paz, provoca uma falsa sensação de alegria – para aqueles que se inserem no mercado consumidor – que logo se dissipa e é substituído pela dura realidade da vida cotidiana, com todos os seus conflitos e dilemas.
Desta forma, o natal ganha um significado predominantemente mercantil na sociedade contemporânea e os apelos para a recuperação de seu sentido religioso só possuem ecos em círculos restritos, nos quais a religiosidade ainda é importante. Assim, o natal revela ser aquilo que Marx afirmou ser a religião, pois ele revela ser a expressão e, ao mesmo tempo, a “dignidade espiritualista”, a “sanção moral”, o “complemento solene”, o “consolo” e a “justificação” deste mundo mercantil e coisificado. A superação da pseudestesia coletiva de alegria que é o natal, a falsa alegria, deve, pois, ser substituída pela verdadeira alegria, que vai muito além da coleção de mercadorias e presentes ou de apelos hipócritas a uma religiosidade silenciada pelo reino da mercadoria. O natal é expressão deste mundo e a superação deste é o meio necessário para a superação da pseudestesia natalina. Desta maneira, as flores imaginárias que enfeitam nossa prisão e nos consolam para continuar nela, uma vez descobertas, deverão ser arrancadas para que no lugar delas possam brotar flores verdadeiras, pois somente assim a alegria imaginária será substituída pela alegria real.

Artigo publicado no livro: VIANA, Nildo (org.). Psicanálise, Capitalismo e Cotidiano. Goiânia, Edições Germinal, 2002.

Sobre o autor:
Nildo Viana – Graduado em Ciências Sociais, Especialista e Mestre em Filosofia, Mestre em Sociologia/UnB; Doutor em Sociologia/UnB. Professor da Universidade Estadual de Goiás e autor de diversos artigos e livros, entre os quais Escritos Metodológicos de Marx (Goiânia, Edições Germinal, 1998/2001); A Questão da Causalidade nas Ciências Sociais (Goiânia, Edições Germinal, 2001); A Filosofia e Sua Sombra (Goiânia, Edições Germinal, 2000); Inconsciente Coletivo e Materialismo Histórico (Goiânia, Edições Germinal, 2002); Violência Urbana: A Cidade Como Espaço Gerador de Violência (Goiânia, Edições Germinal, 2002); Universo Psíquico e Reprodução do Capital – Ensaios Freudo-Marxistas (São Paulo, Escuta, 2008); O Capitalismo na Era da Acumulação Integral (São Paulo, Idéias e Letras, 2009); A Concepção Materialista da História do Cinema (Porto Alegre, Asterisco, 2009).

Fonte: http://sociologiaemrede.ning.com/profiles/blogs/o-significado-do-natal

domingo, 19 de dezembro de 2010

Charcos com Vida




A Campanha Charcos com Vida pretende incentivar as entidades aderentes a descobrir, valorizar e investigar os charcos e a sua biodiversidade.Para tal, as entidades são convidadas a realizar um conjunto de actividades de exploração científica e pedagógica, que visam contribuir para o conhecimento da biodiversidade e importância destes habitats, bem como sensibilizar e mobilizar a comunidade escolar e
local para a preservação dos charcos enquanto reservatórios de biodiversidade e laboratórios vivos.

Esta campanha é direccionada para todas as escolas nacionais do ensino básico e secundário, sendo aberta à participação de outras entidades, como associações, câmaras municipais, centros de educação ambiental e particulares. Consoante a existência de charcos nas redondezas ou a disponibilidade de terrenos próprios com condições apropriadas, as entidades aderentes poderão adoptar um charco natural em áreas próximas ou construir um nas suas instalações, segundo as instruções
fornecidas.

Compromissos

As entidades aderentes comprometem-se a assegurar a manutenção dos charcos e a realizar actividades regulares de exploração pedagógica e de seguimento do charco, adaptadas aos diferentes anos lectivos, incluindo por exemplo:

• Localização e inventário de charcos da região;
• Identificação e monitorização da fauna e da flora associada ao charco;
• Observação da vida microscópica e seguimento de diferentes ciclos de vida;
• Avaliação da qualidade da água e experiências laboratoriais de
carácter prático sobre o impacto de poluentes sobre a biodiversidade;
• Actividades e jogos pedagógicos para explorar de forma lúdica a
biodiversidade destes habitats e a importância da sua conservação;
• Apresentação do charco e da sua biodiversidade à comunidade escolar
e às populações locais.

Todas as actividades, formulários e informação serão disponibilizadas nas diferentes áreas deste site (ainda em fase de actualização, mas que se prevê concluir em breve), sendo prestado todo o apoio através dos contactos fornecidos ou, quando possível (nomeadamente na Área Metropolitana do Porto), de forma presencial.

O que é um charco?

Os charcos são massas de água parada ou de corrente muito reduzida, de carácter permanente ou temporário, de tamanho superior a uma poça (pequena massa de água efémera, que normalmente é possível atravessar com um só passo) e inferior a um lago (massa de água com mais de 1 hectare (ha.) de superfície e uma profundidade que permite a sua estratificação). A duração dos charcos pode ser muito variável
consoante o clima e a geologia do local, mas para os objectivos deste projecto considera-se que deverão ter uma duração mínima de quatro meses.

Não existe uma definição universal sobre o termo charco, uma vez que em cada país, e mesmo dentro do mesmo país, as definições podem variar (por exemplo, no Reino Unido consideram-se como charcos massas de água até 2 ha.).

Os charcos diferenciam-se dos lagos e das lagoas pela sua baixa profundidade, penetração total da luz na água, possibilidade de ocorrência de plantas em toda a sua área e ausência de estratificação da temperatura da água e de formação de ondas.
Os lagos são massas de água de dimensões muito maiores e permanentes.

Actualmente, não se formam lagos novos, dado que, os lagos existentes hoje em dia foram formados por fenómenos geológicos que ocorreram há muito tempo atrás.
Os charcos podem ser formados através de processos naturais, geológicos ou ecológicos, ou, mais vulgarmente, como resultado de actividades humanas, intencionais ou não. Estas depressões no terreno formam charcos quando conseguem reter uma quantidade suficiente de água da chuva ou proveniente de lençóis freáticos próximos da superfície.

Muitas plantas e animais evoluíram desde há milhões de anos no sentido de se adaptarem às condições de sobrevivência particulares dos charcos, sendo actualmente dependentes deste tipo de habitat para a sua sobrevivência.

Os charcos são ecossistemas frágeis e instáveis, uma vez que, devido às suas reduzidas dimensões e volume de água, pequenas alterações do meio ou do regime de chuvas podem originar grandes flutuações ou mudanças ecológicas.

Os charcos podem apresentar níveis de biodiversidade muito superiores quando comparados com grandes massas de água, como lagos e lagoas,podendo mesmo considerar-se hotspots de biodiversidade em termos locais.

Globalmente existem aproximadamente 300 milhões de massas de água de dimensões até 10 hectares, contra cerca de 5 milhões de lagos. Os Charcos Temporários Mediterrânicos são charcos de regiões quentes,nos quais existe uma alternância anual entre uma fase seca (nos meses mais áridos) e uma fase inundada (nos meses com maior pluviosidade).
As comunidades biológicas destes habitats desenvolveram estratégias adaptativas extremas à alternância entre períodos secos e alagados, tais como formas de resistência à seca ou a capacidade eficaz de migração para outros locais. Como resultado, as espécies presentes apresentam características únicas e são frequentemente raras ou exclusivas destes meios.
Por exemplo, a vegetação colonizadora de charcos temporários mediterrânicos tem uma composição florística muito particular, dominada principalmente por plantas anuais e herbáceas perenes que aparecem durante o Inverno e Primavera e que produzem um grande número de sementes que sobrevive aos períodos de seca. Muitas espécies de
micro e macro-crustários produzem ovos de dormência com uma casca dura capaz de resistir no fundo do charco seco durante todo o Verão.

Devido à sua fragilidade, singularidade e riqueza ecológica, os charcos temporários mediterrânicos estão inscritos no Anexo I da Directiva Habitats como habitats prioritários em termos de conservação (habitat 3170), o que proíbe por lei a sua destruição e exige a designação de Zonas Especiais de Conservação (ZEC) para garantir a sua preservação. Apesar disso, a realidade mostra uma regressão generalizada destes habitats em toda a bacia mediterrânica.

Importância dos Charcos

O valor dos charcos é frequentemente desconhecido ou até depreciado pela população em geral, mas na verdade apresentam uma importância ecológica e funções ambientais muito relevantes.

Biodiversidade - Alguns estudos mostram que o conjunto de charcos do planeta alberga mais biodiversidade do que os rios e lagos, bem como um maior número de espécies raras e ameaçadas. Muitas plantas aquáticas e animais (como anfíbios e macro-invertebrados) estão totalmente dependentes destes habitats para sobreviver ou
reproduzir-se. Ao nível microscópico, inúmeras espécies de zoo e fitoplâncton ocorrem exclusivamente em charcos. Estas massas de água proporcionam também alimento e refúgio para numerosas espécies terrestres.

Reserva de água doce - Os milhões de charcos com menos de 10 hectares do mundo inteiro representam 30% da superfície mundial de água doce,constituindo um excelente instrumento na gestão da água ao nível local.

Sumidouro de carbono - Os charcos recolhem e armazenam largas quantidades de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, ajudando a regular o clima. Estudos recentes sugerem que, devido ao seu alto número e produtividade primária, os charcos a nível mundial podem armazenar tanto carbono com os oceanos.

Produtividade primária - Os charcos apresentam uma elevada produtividade primária (quantidade de matéria orgânica produzida pelas algas e plantas a partir da energia solar), constituindo meios muito importantes de entrada e transferência de energia para os níveis tróficos superiores e os ecossistemas circundantes.

Serviços ambientais - Os charcos têm importantes funções ambientais,como a amenização do efeito de cheias, a manutenção da humidade do solo em períodos secos, a purificação da água e o abastecimento dos aquíferos subterrâneos. Além disso, têm um papel importante ao nível da produção de oxigénio (fotossíntese das algas e plantas aquáticas), do ciclo de nutrientes, e da formação do solo.

Agricultura - Nos sistemas agro-pecuários tradicionais, os charcos têm funções importantes como bebedouros para o gado e associados a sistemas de rega.

Controlo de pragas - Algumas espécies que ocorrem em charcos, como os anfíbios e libélulas, ajudam a controlar pragas agrícolas ou insectos vectores de doenças.

Valor paisagístico - Os charcos e lagoas têm um importante valor estético e paisagístico, criando espelhos de água, que constituem espaços de contemplação e constituem elementos imprescindíveis nos parques e jardins modernos.

Valor educativo - Os charcos são importantes recursos educativos e no contexto do eco-turismo, pois permitem a realização de numerosasactividades de carácter lúdico-científico, como a observação de aves, anfíbios e outros animais, etc.

Valor científico - Os charcos são locais de estudo de excelência para numerosas áreas da ciência, como a biologia, geologia e hidrologia.

Além da biodiversidade dos charcos e sua ecologia, dos ciclos de nutrientes, etc., também os sedimentos dos charcos podem fornecer informações importantes sobre a história do meio ambiente (registo de pólen e reconstituição do clima dos últimos séculos ou até milénios,vestígios arqueológicos, etc.)

Degradação e destruição de charcos

A degradação e destruição física das zonas húmidas estão associadas a alterações do uso dos solos, devido à expansão de áreas urbanizadas, plantações florestais exóticas (eucaliptais), agricultura intensiva,barragens, vias de comunicação e outras infra-estruturas. O abandono da agricultura tradicional tem igualmente levado ao desaparecimento de inúmeros charcos e tanques associados a este modo de produção.
A drenagem de zonas húmidas para fins agrícolas ou florestais tem igualmente impactos significativos sobre a sua biodiversidade, podendo levar à perda ou degradação de charcos e terrenos alagados.

A perda física de charcos tem consequências graves para a biodiversidade. A redução do número de charcos na paisagem tem também como consequências a fragmentação e o aumento da distância entre as massas de água existentes, dificultando a capacidade de dispersão e de colonização dos organismos.

Poluição - Os charcos são particularmente vulneráveis aos vários tipos de poluição, devido ao baixo volume de água que conseguem armazenar,resultando numa reduzida capacidade para diluir os poluentes.

A principal fonte de poluição química destes habitats provém de agro-químicos utilizados na agricultura. Os adubos sintéticos,pesticidas e herbicidas chegam aos charcos por escorrência da água da chuva ou de rega, contaminando os solos, água superficial e aquíferos. O aumento da concentração de nutrientes, como fosfatos e nitratos,altera toda a dinâmica ecológica das massas de água, levando à sua
eutrofização, resultando na proliferação de microalgas e redução darestante biodiversidade, incluindo plantas macrófitas, zooplâncton,macro-invertebrados e anfíbios. Os agro-químicos possuem também umaelevada toxicidade, podendo originar fenómenos de mortalidade massiva ou malformações em espécies mais sensíveis, nomeadamente de anfíbios.

A poluição orgânica causada por descargas de efluentes pecuários ou domésticos degradam a qualidade da água, levando a uma redução do oxigénio dissolvido e aumento da turbidez da água. A elevada concentração de microrganismos pode também representar um potencial risco para a saúde pública.
A deposição ilegal de resíduos sólidos e a colmatação dos charcos com lixo é outra ameaça frequente. A deposição de lixo em locais não autorizados, além de ser ilegal e sujeito ao pagamento de coima, provoca impactos sobre a biodiversidade, estética da paisagem e segurança.

Espécies exóticas - A introdução de animais e vegetais exóticos em charcos ou outras massas de água causa frequentemente impactos importantes na biodiversidade nativa (autóctone). Os impactos da introdução de qualquer espécie de peixe ou de animais exóticos, como o lagostim-vermelho-da-Louisiana, a tartaruga-da-Flórida e incluem a
predação, a competição pelo alimento ou local de reprodução e a introdução de doenças. Algumas plantas exóticas invasivas, como o jacinto-de-água e a azola, ocupam toda a superfície de água, impedindo a entrada de luz e diminuindo a quantidade de oxigénio na água.

Práticas de gestão incorrectas - Algumas práticas de gestão incorrecta acarretam impactos importantes na biodiversidade das massas de água. Alguns dos erros mais comuns praticados nestas zonas húmidas incluem:

• A destruição da vegetação marginal e remoção de plantas aquáticas diminuem a biodiversidade vegetal e os locais de abrigo disponíveis para as espécies faunísticas que habitam nestes locais.

• A remoção de sedimentos através da dragagem com finalidade de limpar ou aprofundar o charco pode alterar a dinâmica do charco e a sua biodiversidade, destruir uma grande quantidade de organismos (plantas,sementes, invertebrados e suas formas de resistência, etc.) e promover a introdução de espécies exóticas.

• A introdução de espécies exóticas efectuada com fins estéticos ou para pesca é uma das piores ameaças para os charcos, devendo ser evitada a todo o custo.

Alterações climáticas - A alteração dos regimes de pluviosidade e o aumento da temperatura e dos períodos de seca podem levar a uma menor disponibilidade e duração da água (hidroperíodo) dos charcos. Tal facto apresenta consequências graves para a biodiversidade, levando nomeadamente à inviabilização da reprodução de diferentes espécies dos anfíbios e outros grupos. Além disso, a redução de profundidade de
massas de água aumenta a exposição dos ovos e girinos dos anfíbios aos raios UV, podendo provocar mutações genéticas e deficiências do sistema imune, aumentando a sua mortalidade e vulnerabilidade a doenças.

In Charcos com Vida - http://www.charcoscomvida.org

sábado, 18 de dezembro de 2010

O Planeta vai continuar com febre


Leonardo Boff*

A COP 16 terminou na madrugada do dia 11 dezembro em Cancún com pífias conclusões, tiradas mais ou menos a forceps.
São conhecidas e por isso não cabe aqui referi-las. Devido ao clima geral de decepção, foram até mais do que se esperava mas menos do que deveriam ser, dada a gravidade da crescente degradação do sistema-Terra. Predominou o espírito de Copenhague de enfrentar o problema do aquecimento global com medidas estruturadas ao redor da economia. E aqui reside o grande equívoco, pois o sistema econômico que gerou a crise não pode ser o mesmo que nos vai tirar da crise. Usando uma expressão já usada pelo autor: tentando limar os dentes do lobo, crê-se tirar-lhe a ferocidade, na ilusão de que esta reside nos dentes e não na natureza do próprio lobo. A lógica da economia dominante que visa o crescimento e o aumento do PIB implica na dominação da natureza, na desconsideração da equidade social (dai a crescente concentração de riqueza e a célere apropriação de bens comuns) e da falta de solidariedade para com as futuras gerações. E querem-nos fazer crer que esta dinâmica nos vai tirar das muitas crises, sobretudo a do aquecimento global.
Mas cumpre enfatizar: chegamos a um ponto em que se exige um completo repensamento e reorientação de nosso modo de estar no mundo. Não basta apenas uma mudança de vontade, mas sobretudo se exige a transformação da imaginação. A imaginação é a capacidade de projetar outros modos de ser, de agir, de produzir, de consumir, de nos relacionarmo-nos uns com os outros e com a Terra. A Carta da Terra foi ao coração problema e de sua possível solução ao afirmar:"Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança nas mentes e nos corações. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global".
Este propósito no se fez presente em nenhuma das 16 COPs. Predomina a convicção de que a crise da Terra é conjuntural e não estrutural e pode ser enfrentada com o arsenal de meios que o sistema dispõe, com acordos entre chefes de Estado e empresários quando toda a comunidade mundial deveria ser envolvida. A referência de base não é a Terra como um todo, mas os estados-nações cada qual com seus interesses particulares, regidos pela lógica do individualismo e não pela da cooperação e da interconexão de todos com todos, exigida pelo caráter global do problema. Não se firmou ainda na consciência coletiva o fato de que o Planeta é pequeno, possui recursos limitados, se encontra superpovoado, contaminado, empobrecido e doente. Não se fala em dívida ecológica. Não se toma a sério a crise ecológica generalizada que é mais que o aquecimento global. Não são suficientes a adaptação e a mitigação sem conferir centralidade à grave injustiça social mundial, aos massivos fluxos migratórios que alcançaram já a cifra de 60 milhões de pessoas, a destruição de economias frágeis com o crescimento em muitos milhões de pobres e famintos, a violação do direito à seguridade alimentar e à saúde. Falta articular a justiça social com a justiça ecológica.
O que se impõe, na verdade, é um novo olhar sobre a Terra. Ela não pode continuar a ser um baú sem fundo de recursos a serem explorados para benefício exclusivamente humano, sem considerar os outros seres vivos que também precisam da biosfera. A Terra é Mãe e Gaia, tese sustentada sem qualquer sucesso pela delegação boliviana, e por isso sujeita de direitos e merecedora de respeito e de veneração. A crise não reside na geofísica da Terra, mas na nossa relação de agressão para com ela. Nós nos tornamos numa força geofísica altamente destrutiva, inaugurando, como já se fala, o antropoceno, uma nova era geológica marcada pela intensiva intervenção descuidada e irresponsável do ser humano.
Se a humanidade não se acertar ao redor de alguns valores mínimos como a sustentabilidade, o cuidado, a responsabilidade coletiva, a cooperação e a compaixão, poderemos nos acercar de um abismo, aberto lá na frente.

Leonardo Boff foi observador na COP-16 em Cancún.

Fonte: Fonte: http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=9869:o-planeta-vai-continuar-com-febre&catid=100:outras-vozes&Itemid=21

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A propósito de um presépio: as escolas também deseducam


Presépio nas Portas do Mar criado com leiva quando a apanha é proibida - Porque a leiva deve ser protegida deixe-a ficar no seu habitat natural!!!

O presépio que a Escola de Formação Turística e Hoteleira dos Açores criou para apresentar nas Portas do Mar no âmbito da iniciativa “Natal da Europa” foi feito com as conhecidas leivas, que são um musgo que é proibido apanhar nos Açores.

Na última semana o “Diário dos Açores” tentou contactar a Inspecção Regional do Ambiente sobre o conhecimento deste caso noticiado terça-feira passada e sobre eventuais consequências para os alegados infractores, mas tal resposta nunca nos foi facultada até ao fecho de edição.

A leiva é a espécie Sphagnum sp. e a proibição da sua apanha já tem vários anos e foi originada devido à sua grande utilização por parte dos produtores de ananases, o que estava a criar diversos problemas em várias zonas endémicas de montanha.

A nossa reportagem procurou perceber as razões que levaram à proibição de apanha desta espécie e consequências que a sua utilização indevida pode trazer.

Em conversa com um anterior dirigente e actual presidente da Associação Ecológica Amigos dos Açores, Teófilo Braga e Diogo Caetano, respectivamente, percebemos que esta foi uma luta que se desenrolou há muitos anos atrás. Com pressão internacional, da Comunidade Europeia, e com uma fiscalização local efectuada muitas vezes pelas próprias associações ONG conseguiu-se salvaguardar através da proibição desta espécie um elemento muito importante do ecossistema.

Mais a mais, utilizar-se agora esta espécie, embora em pequenas quantidades, pode significar, pelo seu simbolismo, um sinal de desinteresse pela educação ambiental que segundo Teófilo Braga se tem vindo a verificar pelo actual elenco governativo açoriano, no caso concreto pela pasta do ambiente.

A proibição da apanha da leiva consigna-se ao facto de este tipo de musgo só existir, maioritariamente, nas áreas protegidas, nomeadamente no Decreto Legislativo Regional n.º 19/2008/A, que estabelece e define o Parque Natural da Ilha de São Miguel.

O regulamento destas mesmas áreas proíbe a recolha deste tipo de musgos e Diogo Caetano explica as razões que relevam a importância do mesmo.

Quando a leiva está carregada 80% do seu peso é constituído por água, água que vai gotejar das zonas mais altas para as zonas mais baixas permitindo não só manter a humidade dos terrenos como contornar a incapacidade humana de impedir que a água vaze directamente para o mar. A leiva tem assim a capacidade de reter, durante algum tempo, a água e é este facto que permite o aspecto verde das paisagens que tanto são apreciadas nas ilhas dos Açores.

A título de exemplo, a escassez de água que se verificou recentemente na ilha Terceira resulta na alteração das zonas altas, onde as próprias pastagens não conseguem agora captar água uma vez que os aquíferos que estão nas zonas mais baixas não se recarregam.

Ou seja, não se trata apenas de uma questão de proibição da apanha numa zona protegida (em termos legislativos), mas também o facto de se estar a proteger os aquíferos. E Diogo Caetano mostra a sua posição de uma forma límpida ao referir que “as pessoas têm aquela percepção de que os presépios ficam bem com estes musgos mas esta é uma ideia desajustada hoje em dia”.

Teófilo Braga dá conta da utilização de leiva, há alguns anos atrás, sobretudo para o cultivo do ananás. Uma prática que, segundo referiu, até saía dispendiosa para os produtores. Mas ressalva um pormenor de extrema relevância. “As leivas eram extraídas essencialmente em duas zonas protegidas: na Serra Devassa, Sete Cidades, e na Reserva Natural da Lagoa do Fogo”.

Com as queixas apresentadas na Comunidade Europeia e com a intervenção do Governo Regional esta foi uma situação que, a muito custo na altura, se conseguiu resolver. Embora se tratasse de uma cultura tradicional nos Açores, o cultivo de ananás conseguiu encontrar formas alternativas mesmo para uma produção biológica.

Outro dos pontos a considerar, tal como o que se registou recentemente nas Portas do Mar: os presépios. Era comum as pessoas utilizarem pequenas quantidades de musgos para se enfeitar os presépios, sobretudo nas paróquias e nas Igrejas. Mesmo depois da proibição algumas igrejas continuaram a expor os seus presépios com a utilização deste tipo de musgos.

Para Teófilo Braga esta foi uma situação que se registou ainda há cerca de 5 ou 6 anos, mas que face a uma fiscalização feita pelo próprio e outros ambientalistas e consequentes denúncias efectuadas na Direcção Regional do Ambiente surtiu algum efeito.

O grande problema da utilização da leivas nos presépios resultava do facto de com estes musgos serem apanhadas outras espécies endémicas. O que não beneficia, obviamente, a protecção do ecossistema.

Quanto ao caso noticiado, Teófilo Braga salienta que embora não tivesse sido utilizada uma grande quantidade, em termos simbólicos não deveria ter sido usada”, esperando que esta não seja uma prática que se volte a instalar.

Para Teófilo Braga em termos de política de educação ambiental, desde o actual elenco governativo tem havido um desinvestimento na educação ambiental. Acrescenta mesmo que antes “havia a aposta no prosseguimento e na intensificação da educação ambiental o que veio a não se concretizar, antes pelo contrário”, disse.

O evento noticiado terminou terça-feira, dia 7 de Dezembro, no Pavilhão do Mar, e visava “abrir a Escola à comunidade local, sobretudo às crianças e aos mais desfavorecidos, contribuindo de uma forma diferente para a celebração do seu Natal”.

Texto: Marco Henriques

Fonte: http://www.diariodosacores.pt/

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Consequências de ver videos de touradas em crianças


Um grupo de investigação de uma universidade espanhola realizou um estudo sobre os efeitos que assistir a uma tourada produz em crianças espanholas.

O estudo efectuou-se com 240 crianças oriundas de Madrid, 120 rapazes e 120 raparigas com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos, de vários contextos socioeconómicos. Foi-lhes mostrado vídeos de touradas com 3 narrações distintas, uma justificando-a como uma “festa nacional”, outra relatando-a como violenta e uma terceira narração que pretendia ser imparcial e neutra.

No presente estudo, 60% das crianças referiu a morte do touro como a parte que menos gostavam das touradas. Ao nível emocional e cognitivo, 52% sentiu mágoa ao ver o evento; mais de metade achou que não se devia fazer mal ao animal e um quarto da amostra, referiu que era um exemplo claro de mal trato animal.

As crianças que viram o vídeo com a narração de que era uma festa nacional (descrevendo a tourada mas ignorando as suas consequências negativas), obtiveram pontuações mais altas na escala de agressão e de ansiedade, em comparação com as que viram o vídeo com uma narração neutra. Dentro do mesmo grupo, os rapazes de nove anos alcançaram níveis de agressividade superiores às raparigas.

O vídeo com uma narração violenta causou maior impacto emocional negativo nas crianças, em comparação com as que viram o vídeo com uma narração neutra e imparcial. A principal conclusão é que a mensagem que acompanha o vídeo, produz grandes consequências na agressividade e ansiedade. As narrações “festivas” produzem maiores níveis de agressão e ansiedade, enquanto que, as narrações focadas nos aspectos negativos, produzem um maior impacto emocional nas crianças.

Assistir e ver episódios ou cenas violentas tem um maior impacto em crianças e no seu comportamento, do que em adultos, esta susceptibilidade dos mais jovens prolonga-se até aos 19 anos de idade (Viemero, 1986; Viemero e col., 1998). As raparigas parecem saber distinguir melhor entre realidade e ficção, enquanto que os rapazes tendem a analisar se o que vêem é possível e se corresponde ao que é esperado deles, identificando-se mais facilmente com personagens agressivas (Huesmann, 1986; Huesmann e col., 1998).

Ao passo que as justificações dadas ás cenas agressivas vão aumentando, também a tolerância das crianças a estes comportamentos violentos vai crescendo, aumentando por sua vez o seu nível de aceitação geral em relação a comportamentos agressivos (Drabman e Thomas, 1975; Drabman e col., 1977; Peña e col.,1999; Ramirez, 1991, 1993; Ramirez e col., 2001).

Podem ler o artigo completo em: “Agressive Behavior. volume 30, pag 16-28, (2004)”.

http://www.artigo19.com/2010/12/consequencias-de-ver-videos-de-touradas-em-criancas/

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Quercus-São Miguel e a Incineração


Não à incineração nos Açores!
No final do passado mês de Novembro, os meios de comunicação em França voltaram a destacar o caso do julgamento da incineradora francesa de Gilly-sur-Isere. Notícias como esta, fazem-nos relembrar os perigos que a incineração representa para o ambiente e para as populações. E alertam-nos para o facto de que quando "os azares acontecem" a culpa geralmente morre solteira, porque ninguém se quer responsabilizar.
Voltando á notícia, o processo foi aberto em Outubro de 2001 com o encerramento administrativo da incineradora de Gilly-sur-Isere, na sequência da contaminação ambiental. Em causa está a libertação de taxas anormalmente elevadas de dioxinas (poluente cancerígeno), chegando a ultrapassar por 750 vezes as taxas máximas autorizadas. Como medida de prevenção foram abatidos cerca de 7000 animais , na sua maioria vacas. Mais de 2 milhões de litros de leite e 23 toneladas de produtos leiteiros foram destruidos para evitar risco de contaminação humana. Esta contaminação por dioxinas é considerada como uma das mais graves da europa desde a catástrofe da fábrica Sevese em 1976, em Italia, que provocou a contaminação de 196 pessoas.
Em Março 2002, cerca de 200 residentes, formularam uma queixa alegando que a poluição nociva da incineradora teria contribuido para um aumento do número de cancros. Seguiu-se a abertura de um processo por homicidio involuntário e ameaça da saúde pública. Durante uma instrução muito mediática que durou 5 anos foram inquiridos dois prefeitos mas este procedimento foi anulado por insuficiência de provas. O juiz ouviu também como testemunhas três antigos ministros do ambiente: Michel Barnier (1993-1995), Corinne Lepage (1995-1997) e Dominique Voynet (1997-2000), mas apenas foram a julgamento o administrador da Novergie Centre-Est, filial de Suez-Environnement e um ex-director, acusados de autoria moral e pelo desrespeito das normas ambientais. Embora considerando-se privado de um "verdadeiro julgamento", as parte fizeram comparecer como testemunhas Corinne Lepage e Dominique Voynet. Estas últimas teriam alertado os prefeitos sobre a necessidade de respeitar as normas europeias de emissão de dioxinas. O advogado das partes cíveis Thierry Billet, fez igualmente comparecer como um antigo prefeito de Savoie Pierre-Etienne Bisch (1996-1999) assim como Albert Gibello, ex-presidente do sindicato intersindical, proprietário da incineradora e antigo Presidente da camara de Albertville, que viria a ser ilibado, mas a incineradora de Gilly viria a ser desmantelada em 2008. Contudo, a população continua, sem esperança, à espera de justiça. "Não espero nada do julgamento , disse Claire Breche, residente e vítima de um cancro da mama em 1996.
Apesar da multa requerida contra o gestor da incineradora de Gilly-sur-Isère, a população residente está descontente. Em albertville, no passado dia 30 de Novembro, ao final do segundo e último dia de julgamento foi requerida uma coima de 200.000 euros contra "Novergie Centre-Est", acusada de obstrução á justiça e insolvência fraudulenta. Os residentes e a associação "Alcalp" consideram este julgamento uma farsa, uma vez que nem o antigo Presidente da Câmara, nem o antigo Prefeito campareceram. Esperavam um grande debate sobre a saúde pública, o que não aconteceu.
No exterior do tribunal estiveram presentes alguns residentes, vítimas da dioxina e alguns familiares que acabaram por ver rejeitado o seu pedido para ser constituido "parte cível". Só duas associações estiveram presentes em sua representação na audiência. As avaliações, que não demostraram nenhuma ligação de casualidade entre a poluição pela dioxina e os cancros, assim como um estudo concluindo á ausência de aumento significativo de cancros, esvaziaram juridicamente o caso.
A incineração, um método sujeito a controvérsias e motivo de grandes "preconceitos resistentes", lamenta um senador UMP dos Yvelines, Dominique Braye, autor de um recente relatório sobre o assunto. Houve erros que tiveram consequências graves para a saúde, admite Braye, evocando o caso de Gilly-sur-Isere. Quando, em 2001, veio a público a notícia sobre as dioximas libertadas por aquela incineradora, descobriu-se que 55 instalações em França estavam a infringir as normas europeias de emissão de dioxinas e foram mesmo encerradas 104 unidades entre 1998 e 2002.
A França paga assim a antiguidade do seu parque constituido por 130 incineradores. Há instalações a funcionar com mais de 20 anos segundo o relatório de M. Bayle.
"E preciso acabar com toda uma rede de incineradoras pequenas que não podem ter as melhores tecnologias nem os mehores técnicos", reconhece Bayle. Mas o projectos de novos incineradoras estão muitas vezes confrontados a oposição local enquanto vários departamentos estão ameaçados por um perda de autonomia em matéria de tratamento de resíduos.
Entre 1995 e 2006, as emissões de dioxina proveniente dos incineradores baixaram dos 94%, passando a respeitar a legislação europeia. Além disso o Ministério do ambiente instituiu a generalização de controles mais drásticos que vão além dos regulamentos europeus. Mas para as associações ecológicas, "muitas são as incertezas sobre as os impactos sobre a saúde" das incineradoras francesesas, que emitem anualmente em CO2 o equivalente a 2.3 milhões de automóveis.
Em 2008, um estudo do Instituto nacional de vigilância sanitária detectou "uma relação estatística significativa entre a exposição ao incineradores e o risco de cancro", considerando um aumento de cancros nos anos 1990 para a população exposta em 10 a 20 anos mais cedo do que ocorreria em condições normais. O instituto alega que "devido ao tempo de aparecimento dos cancros, não se pode excluir que as exposições que aconteceram desde os anos 70 possam ainda favorecer o aparecimento de cancros". O Centro nacional de informação independente sobre resíduos (CNIID) e outras associações, a que se associaram muitos médicos, tinham pedido uma moratória sobre a construção de novas incineradoras, proposta que foi rejeitada. No entanto o Ministério do Ambiente comprometeu-se em reduzir até 2012 o volume de resíduos incinerados e armazenados. Foi também instituído um imposto geral sobre os resíduos poluentes, com a finalidade de diminuir a sua produção e passou a dar-se mais enfoque à reciclagem.
Segundo o artigo, a França apenas recicla 30% dos resíduos municipais, estando atrasada em relação à sua vizinha Alemanha, cuja taxa ultrapassa aos 60%, sendo a taxa de incineração semelhante à francesa.
Após a leitura deste artigo, é inegável que a tecnologia e os sistemas de segurança evoluíram muito desde a década de 80, mas também na altura os decisores proclamaram ás populações a inocuidade da incineração. Quando interesses mais altos se levantam não há limites para tentar pintar de verde aquilo que é e sempre será negro.
Aquilo que hoje se considera seguro poderá não o ser daqui a 20 anos, pois só nessa altura poderemos perceber os efeitos colaterais destas tecnologias. Além disso, argumentos que se ouvem por aí de que "somos ilhas e que sendo assim as dioxinas serão levadas para o mar, não afectando a população", só podem merecer da nossa parte uma enorme indignação. Somos um ecossistema frágil, rodeado de mar. Seria bom que não se colocasse voluntariamente mais uma ameaça a essa fragilidade. Chegam-nos os riscos naturais.
A deposição em aterros não é uma solução viável para os Açores, mas a incineração também não é. Defendemos o tratamento mecânico e biológico combinado com a valorização dos resíduos orgânicos (compostagem ou digestão anaeróbia), a recolha selectiva porta-a-porta de materiais recicláveis (embalagens, papel e matéria orgânica) e, sobretudo um maior apelo ao envolvimento das populações para esta problemática. É mais difícil educar do que queimar, mas em termos futuros temos a certeza de que é a melhor solução.
Esta questão da incineração está a passar ao lado do debate público e dos meios de comunicação social. Ninguém parece querer fazer as questões incómodas.
Estamos em vias de importar mais um modelo que não se adequa às nossas necessidades nem à nossa realidade. Será isto a arte de bem governar os Açores? Será isto um bom exercício da nossa cidadania? Estaremos a defender o que é melhor para nós? Vamos aceitar mais uma medida unilateral e prepotente? Quantas mais "Fajãs do Calhau" teremos que aceitar antes de nos indignarmos?

Fonte:http://quercus-saomiguel.blogspot.com/2010/12/nao-incineracao-nos-acores.html

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Touro morre em Tourada à Corda em São Jorge





Link: http://www.youtube.com/watch?v=8727JoOJXrg

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Respeito pela Tradição ou Desrespeito pelo Ambiente?



Se é verdade que era tradição fazer os presépios usando o que se designa por leivas, não é menos verdade que esta prática tem vindo a ser abandonada nos últimos anos nomeadamente por parte das várias paróquias que costumam fazer os presépios nos adros das igrejas, pelo menos na ilha de São Miguel.

Para esta tomada de consciência o papel da associação ambientalista Amigos dos Açores foi essencial.

Este mau exemplo, vindo de onde vem, é mais um indício de que a educação ambiental anda a regredir a passos largos entre nós.
´
Será por isso que a querem enterrar de uma vez para sempre substituindo-a por aquilo a que designam educação para o desenvolvimento sustentável?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Os Montanheiros: as aparências iludem

A leitura da notícia abaixo poderá dar uma ideia errada acerca de uma das associações que fazem parte do denominado movimento ambientalista açoriano. Com efeito, o facto de, embora em parte do ano, dar emprego a perto de 30 funcionários e de ter quatro núcleos organizados em diferentes ilhas poderá levar à conclusão de estarmos perante uma poderosa organização ambientalista.


No que diz respeito ao número de funcionários, eles existem não para a implementação de actividades próprias, mas sim para satisfazer uma necessidade da SRAM, pois por razões orçamentais, esta prefere que sejam as associações a pagar as despesas com os funcionários, não os integrando nos seus quadros.


No que se refere aos núcleos, a razão da existência prende-se com a tentativa de uma gestão mais próxima das estruturas geridas.


Através de uma leitura atenta da página Web dos Montanheiros, pode-se concluir que a actividade principal, para além da gestão de espaços cuja responsabilidade deveria ser assumida pelo Governo Regional, é a desportiva/recreativa.


Esta componente desportiva/recreativa é a que desde a fundação dos Montanheiros sempre teve mais peso nas suas actividades pelo que a muito custo se pode enquadrar esta associação como ONGA e por consequência dizer que faz parte dos novos movimentos sociais.


Resta-nos desejar que a actividade dos Montanheiros continue por muitos mais anos, reconhecendo o seu pioneirismo em prol de um melhor conhecimento da riqueza espeleológica da Ilha Terceira e dos Açores.



Sociedade "Os Montanheiros" perfaz 47 anos de actividade



Tem núcleos em quatro ilhas e são responsáveis pela gestão de cinco infra-estruturas de visitação e interpretação do património geológico açoriano, a par de outras iniciativas. Além, do Algar do Carvão e da Gruta do Natal, na Terceira, ilha onde está sedeada, a associação "Os

Montanheiros" tem ainda a seu cargo a gestão da Casa da Montanha e da Gruta das Torres, no Pico, além da Furna do Enxofre, na Graciosa. A sociedade espeleológica, que chega a contratar perto de três dezenas de funcionários nas épocas altas, faz hoje 47 anos de existência.Já são 47

anos de existência que a Sociedade de exploração espeleológica "Os Montanheiros" perfaz hoje, dia 1 de Dezembro.

A associação responsável pelas primeiras explorações a grutas e a cavidades geológicas da Terceira e noutras ilhas dos Açores tem actualmente a seu cargo diversos centros de interpretação e de visitação, bem como trilhos pedestres e outras iniciativas na região.

Este aniversário, como referiu ao jornal "a União", o presidente da direcção, Paulo Barcelos, apesar de ser hoje, iniciou ontem as suas celebrações.

"Os Montanheiros assinalam o seu 47.º aniversário com as habituais comemorações que se repartem por dois dias. Na sessão solene de hoje (ontem) à noite, haverá uma intervenção muito interessante sobre o Geoparque Açores. Amanhã (hoje), temos a alvorada, a missa por alma dos sócios falecidos e a última prova de competição/entretenimento «Degraus do Algar do Carvão». À noite haverá a entrega de prémio e convívio".

*Aniversário/balanço*

A efeméride, à semelhança de anos anteriores, é sempre um momento para apresentar um balanço das actividades de 2010. Balanço este, refere o responsável pel´ "Os Montanheiros" que, este ano, foi bastante atarefado: "realmente, não tivemos tempo, nem recursos para o fazer algumas das coisas que tínhamos projectado, porque estivemos envolvidos, este ano, pela primeira vez, na gestão de dois novos espaços: a Casa da Montanha da ilha do Pico e a Furna do Enxofre, na ilha Graciosa. Tivemos um ano bastante atarefado com a gestão de recursos naturais disponíveis aos visitantes, a fazer a gestão de alguns centros de interpretação, do Governo Regional, com o qual Os Montanheiros estabeleceram protocolos".

Além da Casa da Montanha e da Gruta da Torres, no Pico e da Furna do Enxofre na Graciosa, Os Montanheiros têm ainda a seu cargo o Algar do Carvão e a Gruta do Natal, na ilha Terceira, ilha onde detém a sua sede, no centro de Angra do Heroísmo, na Rua da Rocha.

"Os Montanheiros, neste momento, estão estabelecidos em quatro ilhas, com núcleos aí formados. Algumas das estruturas que gerimos são estruturas próprias, outras são geridas através de protocolo com o Governo Regional", explicou.



*Verão com 30 funcionários*



Segundo Paulo Barcelos, as crescentes solicitações levam à contratação de mais recursos humanos, sobretudo na época alta do ano: "colaboradores directos, nós chegamos a ter, no ponto mais alto do Verão -- em Julho e Agosto -- perto de trinta funcionários a trabalhar para a associação".

Pertencentes ao quadro, Os Montanheiros possuem quatro funcionários.Porém, referiu Paulo Barcelos, a criação da Sociedade de Gestão Ambiental e Conservação da Natureza, S.A., a AZORINA, SA, formalmente criada em Abril deste ano, vai reorganizar toda a acção da associação.

Para o ano, antecipa, alguns dos espaços a cargo d´ "Os Montanheiros" passarão para as competências da AZORINA, que, informou, deverá entrar em funcionamento já no início de Janeiro.

"Essa empresa pública vai ajudar o Governo Regional a assegurar a melhor gestão desses espaços", disse, acrescentando que "até lá, Os Montanheiros colaborarão e estarão sempre disponíveis para colaborar nesses projectos".

A nova sociedade anónima ficará responsável pelos centros de interpretação ambiental que existem na Região, além de ecotecas, bem como das estruturas de processamento de resíduos.



No que diz respeito à associação: "esta empresa vai, de alguma forma, aliviar-nos desses compromissos e obrigações, deixando-nos mais disponíveis para as actividades programadas pela associação".



Humberta Augusto (texto)



Fonte: http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=22170

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tourada, vital para o futuro dos Açores?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hortas na Escola

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Carlos Taibo fala sobre o decrescimento

Decrecimiento - Carlos Taibo from ATTAC.TV on Vimeo.



Interessante entrevista de Carlos Taibo, professor titular de Ciência Política e da Administração da Universidade Autónoma de Madrid que explica o que é o decrescimento, sendo o decrescimento uma corrente de pensamento político, económico e social favorável à diminuição controlada da produção económica com o objectivo de establecer uma nova relação de equilibrio entre os humanos e a natureza, bem como entre os seres humanos.